Negociações | Pyongyang quer ponderação ao abordar Washington e Seul

A Coreia do Norte pediu ontem “prudência, auto-controlo e paciência”, na sua primeira posição pública sobre a aproximação à Coreia do Sul e aos Estados Unidos, apesar de acusar as forças conservadoras destes países de procurarem “estragar a atmosfera”

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma nota divulgada pela agência estatal norte-coreana KNCA, Pyongyang considera que se criou um ambiente de reconciliação com Seul e que há uma “demonstração de mudança” na sua relação com Washington, mas sem mencionar as históricas cimeiras entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e os presidentes sul-coreano e norte-americano, previstas para Abril e Maio, respectivamente.

“Gostaríamos de recordar que este é um momento em que todos devemos encarar a situação com prudência, autocontrolo e paciência”, acrescentou o país asiático.

Por outro lado, o regime norte-coreano condenou representantes dos Governos dos Estados Unidos e do Japão e a oposição conservadora de Seul por “distorcerem a verdade” sobre a actual aproximação, ao insistirem que tal foi possível graças à política de pressão e sanções internacionais sobre Pyongyang.

A Coreia do Norte assegurou, pelo contrário, que a melhoria das relações entre as duas Coreias, que tecnicamente continuam em guerra, não poderia ter sido alcançada sem “vontade para conseguir a paz” e as “medidas pró-activas” adoptadas pelo seu regime.

“A comunidade internacional felicitou-se pelos nossos esforços para conseguir a melhoria da relação Norte-Sul e a resolução pacífica da situação na península coreana”, afirmou, no mesmo comunicado.

O regime norte-coreano considera que os comentários daqueles que asseguram que as sanções encurralaram o país procuram “estragar a atmosfera” de aproximação “mesmo antes de os actores envolvidos terem tido tempo de estudar as intenções da sua contraparte e de estarem sentados na mesa da negociação”.

Cimeira à vista

Esta foi a primeira ocasião em que Pyongyang falou da aproximação, desde que no início deste mês foi anunciado que Kim Jong-un terá encontros com os presidentes da Coreia do Sul, Moon Jae-un, e dos Estados Unidos, Donald Trump, para falar sobre a possível desnuclearização do regime.

No entanto, estes dois encontros não foram confirmados pela propaganda oficial do regime norte-coreano.

A realizar-se, a cimeira de Abril será o primeiro encontro entre os líderes das duas Coreias em 11 anos, enquanto em Maio poderá realizar-se a primeira reunião da história entre os mandatários da Coreia do Norte e EUA.

Entretanto, o Presidente sul-coreano sugeriu ontem a possibilidade de as duas Coreias e os EUA realizarem uma cimeira trilateral, caso seja satisfatório o resultado dos encontros separados.

“Devemos resolver completamente os impedimentos para conseguir a desnuclearização e o estabelecimento da paz na península através das próximas negociações e das que virão depois”, considerou Moon.

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