EventosSurrealismo | Marcelo Rebelo de Souza homenageou pintor Cruzeiro Seixas Hoje Macau - 8 Mar 2018 O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, homenageou hoje o artista plástico e poeta Cruzeiro Seixas e afirmou que, quando fizer o balanço do seu mandato presidencial, guardará este momento como um dos mais significativos. “A minha visão de mandatos presidenciais é que são um somatório de momentos irrepetíveis, uns mais agradáveis de recordar, outros menos agradáveis de recordar. E ao fazer o balanço, imagine, dentro de anos, do mandato presidencial, haverá um dia, que é este dia, que guardarei como o dia que simboliza um momento particularmente importante do mandato”, declarou, dirigindo-se a Cruzeiro Seixas. O chefe de Estado, que falava no Centro Português de Serigrafia, em Lisboa, durante uma cerimónia de homenagem e lançamento do catálogo de obra gráfica de Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas, que está com 97 anos, descreveu-o como “alguém que já é história, mas ainda faz história”, a quem agradeceu “por aquilo que tem dado a todos os portugueses”. “A ironia do destino é o mestre estar aqui para poder apreciar a homenagem que lhe é prestada. Muitas vezes se diz que nós em Portugal homenageamos só por morte. Eu tenho tentado fazer o contrário, desmentindo esse aforismo”, referiu, acrescentando: “Mas, no seu caso, seria uma impossibilidade esperar pelo momento de o homenagear, porque é imortal”. Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda a Cruzeiro Seixas que na transição dos anos 70 para os anos 80 do século passado se tornou “um leigo ignorante, mas seu admirador”, e observou: “Eu penso que isso também se compreende no quadro do surrealismo: entender que alguém pode admirar, ainda que não entendendo cabalmente. Começou aí, aliás, o meu tropismo afetivo, que é: onde outros viam a razão, eu chegava lá pelo afeto”. O Presidente da República contestou a ideia de que “o surrealismo não foi intervenção”, defendendo que, pelo contrário, “foi profundamente interventivo na luta e na afirmação da liberdade” e que, portanto, “o mestre Cruzeiro Seixas foi um militante cívico”. Por sua vez, Cruzeiro Seixas apontou os seus pais e Mário Cesariny como fundamentais no seu percurso, descreveu-se como alguém que sempre teve “a ideia de não ser um artista”, mas antes “um homem”, e recordou a sua oposição ao colonismo como “uma coisa que foi bonita”. “A principal, a mais comovente das obras de arte é a liberdade”, sustentou, no final da sua intervenção. Depois de ouvir Marcelo Rebelo de Sousa, Cruzeiro Seixas retomou a palavra para lhe agradecer, afirmando que “é mais do que um Presidente, é um amigo” e “alguém compreensivo, que sabe falar de coisas como poesia”. Recentemente alguns quadros de Cruzeiro Seixas estiveram presentes em Macau, numa exposição no Clube Militar dedicada ao movimento surrealista português, e que foi promovida pela Associação para a Promoção das Actividades Culturais (APAC).