Poesia – Georg Trakl

Música em Mirabell[1] 2ª versão

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma fonte canta. As nuvens estão

No azul claro, brancas, ternas.

Pensativos, homens caminham em silêncio

À noite através do velho jardim.

 

Dos antepassados o mármore encaneceu.

Aves em migração tracejam o longe.

Um fauno com olhos mortos vê

Sombras que deslizam para a escuridão.

 

A folhagem cai encarnada da velha árvore

E entra em círculos pela janela aberta para dentro de casa.

Uma chispa de fogo encandece no espaço

E pinta fantasmas perturbados pela angústia.

 

Um estranho branco entra dentro de casa.

Um cão precipita-se por corredores apodrecidos.

A criada apaga uma vela.

O ouvido escuta de noite sons de sonatas.

 

Musik im Mirabell
Zweite Fassung

Ein Brunnen singt. Die Wolken stehn

Im klaren Blau, die weißen, zarten.

Bedächtig stille Menschen gehn

Am Abend durch den alten Garten.

Der Ahnen Marmor ist ergraut.

Ein Vogelzug streift in die Weiten.

Ein Faun mit toten Augen schaut

Nach Schatten, die ins Dunkel gleiten.

Das Laub fällt rot vom alten Baum

Und kreist herein durchs offne Fenster.

Ein Feuerschein glüht auf im Raum

Und malet trübe Angstgespenster.

Ein weißer Fremdling tritt ins Haus.

Ein Hund stürzt durch verfallene Gänge.

Die Magd löscht eine Lampe aus,

Das Ohr hört nachts Sonatenklänge.

 

[1] TRAKL, GEORG. (2008). Das dichterische Werk: Auf Grund der historisch-kritischen Ausgabe. Editores: Walther Killy e Hans Szklenar. Munique. Deutscher Taschenbuch Verlag, p. 13.

 

Crepúsculo de Inverno[1]  Dedicado a Max von Esterle

 

Negro céu de metal.

Nas tempestades encarnadas gralhas

enlouquecidas de fome, voam de noite

Lívidas, sobre o relvado do parque.

 

Nas nuvens, congela um raio até morrer;

E ante as maldições de Satanás, elas contorcem-se

em círculo e em número

de sete descem para poisar sobre a terra.

 

Na podridão, doce e sem sabor,

Aparam, em silêncio, os seus bicos.

Ameaçam as casas das paragens em redor;

Há claridade no teatro.

 

 

Winterdämmerung[2]
An Max von Esterle

 

Schwarze Himmel von Metall.

Kreuz in roten Stürmen wehen

Abends hungertolle Krähen

Über Parken gram und fahl.

 

Im Gewölk erfriert ein Strahl;

Und vor Satans Flüchen drehen

Jene sich im Kreis und gehen

Nieder siebenfach an Zahl.

 

In Verfaultem süß und schal

Lautlos ihre Schnäbel mähen.

Häuser dräu’n aus stummen Nähen;

Helle im Theatersaal.

 

Kirchen, Brücken und Spital

Grauenvoll im Zwielicht stehen.

Blutbefleckte Linnen blähen

Segel sich auf dem Kanal.

[1] KL, GEORG. (2008). Das dichterische Werk: Auf Grund der historisch-kritischen Ausgabe. Editores: Walther Killy e Hans Szklenar. Munique. Deutscher Taschenbuch Verlag, p. 14.

[2] https://lyricstranslate.com/pt-br/duu07-winterd%C3%A4mmerung-cr%C3%A9puscule-dhiver.html#ixzz50H6qb4AY

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