China / ÁsiaHong Kong | Membro do Partido Democrata diz que foi raptado e torturado Hoje Macau - 14 Ago 2017 [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m membro do Partido Democrata de Hong Kong denunciou sexta-feira que foi raptado e torturado por agentes chineses, para aparentemente evitar um contacto com a viúva do ativista Liu Xiaobo. Acompanhado por deputados do Partido Democrata – o maior partido da oposição em Hong Kong – e outras figuras do campo pró-democracia, Howard Lam descreveu, em conferência de imprensa, o ataque e mostrou as pernas ainda com agrafos, informou a imprensa local. Lam afirmou que os raptores lhe perguntaram se conhecia Liu Xia, a viúva do prémio Nobel da Paz 2010 Liu Xiaobo, e avisaram-no para desistir do plano de lhe enviar um postal autografado do jogador do Barcelona Lionel Messi, o qual tinha recebido no mês passado. O activista disse acreditar que o ataque foi uma retaliação contra a intenção de enviar o postal à viúva do dissidente chinês que morreu em Julho, vítima de cancro. Antes, o pró-democrata tinha tido a ideia de enviar o postal a Liu Xiaobo, por saber que ele era um grande fã da estrela argentina. Liu Xia, de 56 anos, foi colocada em prisão domiciliária no apartamento de Pequim, logo após o marido ter sido galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2010. A distinção do Comité Nobel Norueguês aconteceu depois de Liu ter sido condenado a 11 anos de prisão por subversão por ter exigido reformas democráticas na China. A viúva de Liu Xiaobo nunca foi alvo de qualquer condenação ou processo. Apanhado em Mong Kok Howard Lam afirmou que foi raptado em Portland Street, no bairro de Mong Kok, na quinta-feira por quatro ou cinco homens que falavam mandarim. A língua comummente falada em Hong Kong é o cantonês. O activista contou que foi metido numa carrinha e que lhe deram um químico que o fez ficar inconsciente, segundo a Rádio e Televisão de Hong Kong (RTHK). Lam disse ter recuperado os sentidos durante alguns minutos já numa sala onde alegadamente foi torturado e os atacantes o avisaram para não reportar o ataque à polícia porque “era um assunto nacional”. Lam afirmou que depois de agredido voltou a ficar inconsciente e que acordou numa praia em Sai Kung. Demasiado assustado para ligar à polícia, afirmou ter caminhado até à estrada e apanhado um táxi. O membro do Partido Democrata comentou que o ataque era um aviso para todas as pessoas de Hong Kong. O deputado do Partido Democrata Lam Cheuk-ting classificou o incidente como “ultrajante”. “É uma violação da Lei Básica, do princípio ‘Um país, dois sistemas’. Raptar, ameaçar e torturar pessoas de Hong Kong é um crime muito grave em Hong Kong, não importa as suas identidades, se são autoridades da China ou não”, disse o deputado. “Insto o governo de Hong Kong a abrir uma investigação”, acrescentou. Howard Lam disse que planeava ir ao hospital para tratamento e que iria reportar o caso à polícia. Um porta-voz do gabinete da chefe do Executivo, Carrie Lam, disse que o Departamento de Segurança da cidade e a polícia iriam responder às questões da imprensa sobre o caso, informou o South China Morning Post. Uma fonte da polícia, citada pelo mesmo jornal, afirmou que iam questionar a vítima e verificar imagens das câmaras de segurança para reunir provas sobre o caso.