ONG’s | UE deve suspender diálogo com a China sobre direitos humanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] União Europeia “deve cancelar” o diálogo sobre direitos humanos que tem marcado com a China e “suspender” este intercâmbio, “até que traga genuínas melhorias” ao país asiático nesta área, apelaram ontem várias organizações não-governamentais.

Em comunicado, sete ONG, incluindo a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, lembram que a União Europeia (UE) se comprometeu a “colocar todo o seu peso na defesa da liberdade, democracia e direitos humanos em todo o mundo”.

No entanto, não tem demonstrado intenção de travar a corrente de abusos dos Direitos Humanos na China, referem.

As organizações lembram que Bruxelas não apelou à libertação de presos políticos, durante a cimeira UE-China, no início de Junho, ou celebrou o aniversário do Massacre da Praça de Tiananmen, em 4 de Junho.

“A UE não devia prejudicar a sua própria credibilidade, mas antes redireccionar os seus esforços no sentido de trazer mudanças credíveis na China”, acrescenta.

Da inutilidade

O próximo diálogo UE-China na área dos Direitos Humanos está marcado para os dias 22 e 23 de Junho, em Bruxelas.

Aquele encontro conta, porém, com uma “participação governamental de baixo nível” do lado da China e “está desde o início comprometido com a falta de objectivos claros de progresso, vulnerabilidade à pressão chinesa e exclusão de vozes chinesas independentes”, apontam as organizações.

“Como resultado, o diálogo deteriorou-se progressivamente até um exercício cujo propósito é sobretudo assegurar mais uma ronda de diálogos, e não trazer alterações significativas na China”, afirma.

A mesma nota lembra que as sete organizações de defesa dos Direitos Humanos têm feito ao longo da última década “várias recomendações” sobre como o diálogo pode ser melhorado, mas que “poucas foram aceites”.

“A UE devia suspender o diálogo, ao invés de proceder com um encontro de baixo nível e inútil”, referem.

E apelam ainda a que os países europeus estabeleçam metas claras para o progresso chinês nos Direitos Humanos, incluindo “a libertação de individuais, detidos, presos ou desaparecidos, pelo exercício pacífico dos seus direitos básicos, incluindo criticar o Governo chinês”.

“Em vez de um encontro que visa promover os Direitos Humanos, o diálogo China-UE tornou-se um álibi para os líderes europeus evitarem questões delicadas em outras discussões de alto nível”, aponta.

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