Peggy Chan | Artista plástica: “Macau cresce com demasiada velocidade”

Abre amanhã ao público a exposição “Cem Espécies – Obras de Peggy Chan”, no Museu de Arte de Macau. A mostra leva-nos numa interacção entre pessoas, a sua manifestação no espaço e a natureza em asfixia. Em discurso directo ao HM, Peggy Chan levanta uma ponta do véu da nova exposição

O que é o público pode ver em “Cem Espécies”?

Pode ver três séries de trabalhos gráficos, assim como um estúdio que montei na galeria. A primeira série é centrada em torno de “Bobo”, o urso preto, que vive no Parque Erlogyan com os seus amigos. Este animal faz parte do meu imaginário infantil enquanto crescia em Macau. A segunda série é focada na imagem de uma espécie de ecossistema, o mangal. Enquanto a terceira série se centra na ideia de uma floresta de mangal.

O que pretende dizer com esta exposição?

Quero que as pessoas prestem mais atenção ao meio ambiente, algo que é fundamental para a nossa existência. Especialmente em Macau, uma cidade que cresce com demasiada velocidade.

Por que quis recrear na galeria um estúdio experimental?

Durante a exposição vou estar, “in loco”, a fazer alguma pesquisa para trabalhos futuros, assim como a produzir peças novas. Além disso, também quero experimentar a interacção com o público enquanto crio.

Tenta explorar a relação entre humanos e a natureza. Porquê o interesse neste tópico?

Durante a pesquisa que fiz para um documentário sobre ecologia em Macau, cruzei-me com variadíssimos estudos e relatórios sobre o assunto. Ver como o meio ambiente tem evoluído no território é uma experiência, como observar a evolução de uma ilha artificial. 

Como vê essa relação entre humano e natureza?

Esta relação… Entristece-me tanto. É um relacionamento que serviu apenas para extinguir a pureza natural de Macau. Visitei os pântanos e zonas ecologicamente protegidas onde vi, e senti, o confronto entre o desenvolvimento urbano e a protecção ecológica.

Na obra que expõe agora trabalhou com cianótipos. Por que escolheu trabalhar com esta técnica?

O cianótipo é um processo antigo de impressão de fotografia e tem sido o meu veículo criativo preferido nos trabalhos mais recentes. É um método que, no processo criativo, depende totalmente da luz solar. O cianótipo traz um grau de incerteza natural aos trabalhos que, de certa forma, simboliza a maneira como a nossa vida flui através dos ambientes em constante mudança. Além disso, gosto da tonalidade azul que o processo dá à impressão e que permite fazer camadas de imagens muito bonitas.

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