China / ÁsiaXi Jinping condena “conspirações” dentro do PCC Hoje Macau - 4 Nov 2016 Após ter sido declarado líder “central” do PCC, durante o sexto plenário do Partido, o Presidente chinês define o rumo para combater o nepotismo e as ambições políticas pessoais [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, condenou na quarta-feira as “conspirações” dentro do Partido Comunista da China (PCC), afirmando que a corrupção e fraude nas votações prejudicam a governação e que é necessário maior controlo ideológico. O comentário surge após Xi ter sido na semana passada declarado líder “central” do PCC, após uma reunião de quatro dias entre a elite do partido, que anunciou ainda uma reforma “das directrizes para a vida política” dos seus membros. Após ascender ao poder, em 2012, Xi lançou uma campanha anti-corrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista. Na quarta-feira, o Diário do Povo, jornal oficial do PCC, publicou dois documentos em que detalha as decisões tomadas durante a reunião, acompanhados de um comentário de Xi. “Existe um grupo de altos funcionários do partido, que dominados pela ambição política e sede de poder, recorrem à conspiração, trabalhando com pretensa dedicação, enquanto formam grupos, que visam interesses egoístas”, escreve Xi. “O nepotismo e as fraudes nas votações perduram”, afirma o líder chinês, acrescentando que o “abuso de poder, a corrupção e as violações da disciplina e da lei têm aumentado”. Ecologia política Xi Jinping destaca ainda vários altos quadros do regime punidos por corrupção, incluindo o ex chefe da Segurança Zhou Yongkang, o mais alto líder da China condenado por este crime desde a fundação da República Popular, em 1949, e que a imprensa estatal acusou de conspirar para alterar a liderança do Partido. O seu comportamento “expõe não só os seus sérios problemas com a corrupção, mas também expõe os seus sérios problemas políticos”, afirma Xi, também secretário-geral do PCC. A campanha anti-corrupção lançada por Xi Jinping resultou já na punição de um milhão de membros do partido. Os alvos incluíram oficiais menores, a que o líder chinês se refere como “moscas”, mas também mais de uma centena de “tigres” – altos quadros do partido, com a categoria de vice-ministro ou superior. No braço político do exército, a Comissão Militar Central, que era considerada intocável até então, dois ex-vice-presidentes foram já investigados por corrupção. A campanha terá também servido para alterar o funcionamento interno do partido. “Como na ecologia natural, a ecologia política é também vulnerável à poluição”, escreveu Xi. “Uma vez que os problemas surgem, temos que pagar um alto preço para restaurar o seu estado original”. As novas “regras de disciplina interna” do PCC declaram um controlo ideológico mais rigoroso, apelando aos membros do partido para se oporem a acções contrárias à liderança da organização. “Nenhum membro do Partido deve fazer ou difundir afirmações contrárias à teoria, princípios, caminho, políticas e decisões” do PCC, refere o documento. As medidas que visam reduzir a corrupção não incluem, porém, a instituição de regras de transparência, como a declaração de bens dos líderes do partido ou a supervisão da organização por um organismo independente.