Macaense faz investigação sobre crioulo da terra

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]lisabela Larrea está a fazer um doutoramento sobre Comunicação Intercultural e que versa sobre a Identidade Macaense e o Patuá. Para a autora, esta recolha permite revelar muito da história deste crioulo que apareceu no século XVI e que está em risco.
Para reunir informação sobre este passado cultural, a macaense tem feito entrevistas e pesquisa sobre o assunto. O objectivo é reunir informação para que o Patuá não desapareça. A autora acredita que cabe também à sua geração desenvolver este trabalho de recolha e compilação, por se tratar da identidade cultural de um povo. O objectivo: deixar um legado escrito, para as gerações futuras.
A curiosidade despertou quando em 2007 Elisabela Larrea fez um documentário que se chama “Filhos da Terra” e que versa sobre a identidade de Macau. Depois disso, continuou a estudar o assunto e, como entretanto o Patuá foi classificado pela UNESCO como língua em risco de desaparecer, “uma coisa levou à outra”.

Defesa de identidade

“Acho que a minha geração também tem de ter responsabilidade de documentar e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que não deixemos o Patuá desaparecer. Claro que nunca será uma língua para ser falada no dia-a-dia, porque é muito difícil de aprender, mas pelo menos devemos recolher toda a informação possível, para que fique documentado. Já há poucos a falar este dialecto, por isso temos de ser rápidos.” Importante também é não só perceber o que pode a população em geral fazer, mas o que pode e deve o Governo fazer para evitar o desaparecimento definitivo deste pedacinho de identidade cultural, diz Elisabela Larrea, que afirma ter ideias muito precisas sobre várias possibilidades.
“Ceder um espaço ao teatro em Patuá, para que pudessem ter um sítio fixo para desenvolverem várias actividades, nomeadamente workshops de teatro. Uma peça por ano no Centro Cultural não chega para garantir a sobrevivência, é preciso mais”, diz, referindo-se ao grupo Dóci Papiaçam de Macau.
Defender o Patuá, na opinião de Elisabela Larrea “não é defender uma língua, é muito mais do que isso”.
“É uma maneira de ser, de estar. É a cultura, as raízes de um povo. É isto que dá a identidade cultural às pessoas, que lhe dá o sentimento de pertença e é isso que quero continuar a estudar e a documentar para que fique registado e nunca seja esquecido.”
O inquérito está a ser levado a cabo online, em www.zh.surveymonkey.com/r/teatropatua. Os resultados deverão ser conhecidos para o próximo ano.

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