Pequim questiona veracidade das imagens de Omram, o menino Sírio

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]televisão estatal chinesa questionou no domingo passado, a autenticidade do vídeo do rapaz sírio Omran, que se tornou viral em todo o mundo, alegando que se pode tratar de uma montagem feita pela “propaganda de guerra” ocidental. O registo mostra uma criança de quatro anos em choque, coberta de sangue e pó, após um ataque aéreo executado na semana passada na cidade de Aleppo.
Pequim suporta o governo sírio, liderado por Bashar al-Assad, e goza de boas relações com a Rússia, ambos responsáveis pelos ataques aéreos contra os rebeldes, levados a cabo naquela cidade. A televisão estatal CCTV questionou o vídeo com Omran, exibindo as imagens de sofrimento, com o subtítulo “Vídeo suspeito de ser falso”. Sugeriram que o vídeo é parte de propaganda de guerra designada para justificar o envolvimento dos países ocidentais na Síria, com o argumento falso de altruísmo. “Os trabalhadores, em vez de avançaram prontamente para prestarem auxílio às vítimas, instalaram a câmara”, acrescenta.
Omran e a família foram atingidos por escombros, na sequência dos bombardeamentos de quarta-feira passada no bairro de Qaterji, uma área no leste de Aleppo, controlada pelos rebeldes que combatem Assad. No vídeo, a criança surge numa ambulância, com os olhos fixados, antes de levantar os braços e tocar a testa coberta de sangue, olhando depois para mão, que limpa no assento cor de laranja. O irmão mais velho de Omran, Ali, morreu no sábado, após não ter resistido aos ferimentos provocados pelos bombardeamentos.
A CCTV alega que o grupo de defesa civil sírio que filmou o vídeo, também conhecido como “Capacetes Brancos”, é de “discutível independência” e tem ligações ao exército do Reino Unido. Na semana passada, o oficial superior do exército chinês Guan Youfe reuniu com o ministro da Defesa da Síria, em Damasco, e afirmou que quer estreitar os laços militares com o governo sírio, segundo a imprensa estatal. O porta-voz do governo russo Igor Konashenkov classificou as imagens da criança como uma “exploração cínica” e “propaganda cliché contra a Rússia”. O conflito sírio causou já mais de 290.000 mortes e milhões de deslocados, desde o seu início, em 2011.
 

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