Perfil PessoasVitória Fong, aluna de português: “Primeira impressão que tive da língua foi muito boa” Tomás Chio - 1 Jul 2016 [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]itória Fong gosta de aprender línguas. No início, a agora jovem aluna finalista do curso de Língua Portuguesa não sabia porque decidiu estudar a língua de Camões. Mas o facto de ter sido transferida directamente da sua escola secundária para estudar na Universidade de Macau e de nesta instituição ter sido considerada uma das melhores alunas a Português permite, agora, perceber que a escolha foi bem feita. Depois de quatro anos de estudos, fala fluentemente a língua em que escrevemos. A jovem até fez a candidatura também para estudos em Inglês, mas teve de se decidir por um dos cursos, já que a UM só permitia uma opção. Vitória explica-nos a escolha. “Achei que o Português, sendo uma língua oficial, poderia trazer mais vantagens do que os estudos de Inglês, portanto, optei pela língua de Camões” diz-nos, com um sorriso. Sobre a dificuldade de estudar esta língua, Vitória explica-nos que a atitude na aprendizagem é algo muito importante. “Mesmo que um estudante tenha recursos bons, como os professores, as matérias e outras, se não tiver uma atitude positiva, ou seja não tenha qualquer interesse em estudar a língua, não vai conseguir aprender bem o idioma”, exemplifica ao HM. Vitória dá-nos um exemplo: um professor chinês de Língua Portuguesa é importante para os estudantes, porque “cria um base” para os alunos, ainda que os estudantes chineses não “possam depender tanto desses professores chineses, senão, a capacidade de falar a Língua Portuguesa não vai melhorar”. “Comecei do zero em Português e a primeira impressão que tive da Língua Portuguesa foi muito boa, a minha professora foi muito simpática e isto quebrou o conceito que tinha sobre os professores, diz-nos a jovem local, que ganhou o prémio de Melhor Aluna da Casa de Portugal em 2015. Além do galardão, Vitória conseguiu uma boa nota durante os estudos na UM. Qual o segredo para tal? “Uma grande atenção nas aulas”, diz-nos, juntamente com alguns esforços fora da sala. “Não sou muito trabalhadora, mas estou atenta a tudo o que os professores dizem, faço o que pedem e, às vezes, vejo e leio o que me interessa em Português. Só assim.” O futuro na RAEM Sobre o futuro para os finalistas de Português, Vitória diz que a maioria dos seus colegas aspira ser tradutor na Função Pública, mas nem isto é fácil: neste momento, podem apenas procurar emprego sem qualquer relação com a língua, confessa-nos, porque não existem muitas oportunidades. Além disso, alguns colegas consideram não ter uma qualificação suficiente para procurar um emprego que tem como base o Português, pelo que optam por outras áreas. Mas, a jovem de 22 anos já tem os planos traçados: quer ser professora de Português, até porque já acabou a licenciatura e quer dedicar-se à área da Educação. Mas Vitória ainda tem muito que caminhar: vai continuar os estudos na UM e já se candidatou a um mestrado de Linguística, porque ainda não há um curso de Educação em Português no território. “As instituições pedem uma qualificação elevada nesta profissão, como cinco anos de experiência educativa ou um certificado do curso de Educação em Português, mas no interior da China, o caso não é assim e alguns finalistas de mestrado podem ensinar nas faculdades ou nos colégios de línguas estrangeiras” diz-nos, acrescentando que o Governo deveria oferecer mais oportunidades de ensino para os residentes poderem fazer alguns estágios. Entre Macau e Portugal Nascida em Macau, Vitória reconhece que há uma diferença evidente entre a educação a Ocidente e Oriente. Conta-nos que fez um intercâmbio em Coimbra e relata que viu “que as crianças estavam muitos felizes a brincar” cá fora, algo que “nunca acontece em Macau, o que mostra que a forma de educar é muito diferente entre os dois territórios”. Ainda assim, a jovem preferiu estudar Português em Macau, porque acha que o território tem tudo o que Portugal tem no ensino do Português.