Perfil PessoasAriel Tang, designer: “Saí para encontrar o que gosto” Flora Fong - 10 Jun 2016 [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]arece que quem trabalha na área da arte e design não tem um caminho fácil. Não basta gostar, também é preciso ganhar dinheiro. Mas Ariel Tang rompeu com um estilo de vida estável, deixou o seu trabalho e dedica-se hoje à área do design. “Sempre gostei de desenhar e comecei a contactar com o mundo das artes desde a escola. Os professores deram-me essa oportunidade. Entre o sétimo e o décimo segundo ano eu e uns colegas fizemos os boletins de turma, os professores sabiam que eu gostava de fazer isso”, contou ao HM. Em 2007 chegou a altura de escolher um curso superior e Ariel Tang considerou que as indústrias culturais e criativas ainda não eram muito desenvolvidas e poucas pessoas estudavam design. Então resolveu escolher o curso de gestão empresarial, respondendo às expectativas da família para garantir um bom emprego no futuro. Contudo, a formação não trouxe grande satisfação à jovem. “Depois de acabar a licenciatura, trabalhei em várias empresas, o último emprego que tive foi num banco. A remuneração era relativamente boa, a vida estava tão estável que eu só pensei em fazer o que gosto mais”, apontou. Em 2014, Ariel conseguiu a oportunidade de estar presente na Feira de Arte na Praça de Tap Seac sem pagar a concessão do espaço e então começou a vender as suas obras. São postais, calendários, capas para telemóveis ou estátuas de madeira cujo design é totalmente feito por Ariel, sempre com os gatos como inspiração. “Tenho gatos em casa e sempre quis desenhá-los, penso que devem haver outras pessoas que gostem de animais. O resultado foi bom e vendi os meus trabalhos rapidamente”, lembrou. Criar e gerir Depois de várias participações na feira, Ariel criou a “Little DoDo NaNa”, uma página na rede social Facebook para desenvolver os seus próprios produtos. “Para além de saber desenhar, entendo que também é preciso saber como gerir a venda dos produtos. Combinando com os meus conhecimentos em marketing, surgiu-me a ideia de desenvolver os gatos como uma personagem e uma marca. Espero que no futuro alguém queira usar esta marca em outros produtos.” Mesmo sendo bem sucedida no mundo das artes, Ariel continuou o seu trabalho no banco. Até que no final do ano passado tomou uma decisão. “O meu chefe no banco queria que eu aprendesse coisas novas mas disse que eu não estava muito entusiasmada. Sabia isso porque nunca gostei da área. Depois da segunda participação na desisti do trabalho e comecei a estudar design.” Ariel teve sorte: conseguiu entrar na licenciatura em design gráfico do Instituto Politécnico de Macau (IPM) com uma bolsa de estudos. Já nessa altura a família estava preocupada com o facto da jovem poder vir a ficar sem rendimentos. Hoje em dia a jovem artista continua a trabalhar como freelancer. Faz design de interiores e trabalhos de design gráfico como, por exemplo, cartões de contactos para vários negócios e pessoas. A jovem vende alguns produtos em lojas e num website com alguma projecção lá fora. Para ela, esses pequenos trabalhos e colaborações fazem com que ela consiga manter alguma estabilidade financeira. Quando acabar a licenciatura, Ariel pretende tornar-se numa verdadeira designer, com mais profissionalismo. Depois da mudança de rumo, Ariel não se arrepende da decisão de estudar gestão empresarial, porque acabou por se revelar útil no seu actual negócio. Na feira do Tap Seac conheceu amigos e pessoas da área das artes, mas lamenta o grande número de desistências. “Há pessoas que não olham para a arte de forma série e acham que não têm um elevado salário, por comparação à maioria das pessoas. São poucos os que têm vontade de se dedicar apenas a esta área porque estão mais preocupadas com o dinheiro. Isso é uma realidade em Macau”, notou. Ariel considera-se ela própria um exemplo muito raro porque nem todos conseguem fazer o que ela fez: mudar de vida. Para ela, o que importa é ganhar dinheiro com o que se gosta, sem dar importância ao que os outros dizem.