Bianchi correu duas vezes em Macau. Avô ganhou na Guia

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Fórmula 1 e o automobilismo em geral estão de luto. Vinte e um anos depois de Ayrton Senna, um piloto de Fórmula 1 sucumbiu por lesões causadas por um acidente em pista. Jules Bianchi partiu após nove meses de agonia, quando tinha apenas vinte e cinco anos e estava predestinado a um volante na Scuderia Ferrari em 2016.  
O jovem francês foi vítima de um infeliz incidente durante o Grande Prémio do Japão, em Outubro do ano passado, ficando em estado comatoso desde então. O nome Bianchi faz obrigatoriamente parte da história do Grande Prémio de Macau. Houve um Bianchi a vencer no Circuito da Guia, mas curiosamente não foi Jules, mas sim Mauro. Mauro Bianchi, avô de Jules, venceu o Grande Prémio do território em 1966, para dois anos depois, nas 24 Horas de Le Mans e ao volante de um Alpine, ter ficado bastante marcado fisicamente por um acidente que acabou por colocar um ponto final prematuro na sua carreira.
Jules correu no Circuito da Guia em 2008 e 2009 na prova de Fórmula 3. Já na altura o francês estava extremamente bem cotado na praça e era considerado como um dos melhores da sua geração, sendo a sua carreira gerida por Nicolas Todt, filho do presidente da FIA Jean Todt. Por isso mesmo, e pelos triunfos que arrematou em corridas de Fórmula 3 na Europa, Bianchi sempre teve um estatuto de favorito nas provas em que participou entre nós. Depois de uma estreia discreta em 2008, onde foi 9º classificado na Corrida Principal, após ter sido uma das vítimas da carambola da Corrida de Qualificação, o piloto francês era um dos grandes favoritos à vitória em 2009.

A melhor do mundo

“Macau é a melhor corrida de Fórmula 3 do mundo. Depois de ter vencido o Masters de F3 e a Euro Series, quero mesmo vencer Macau agora”, disse Bianchi, que já estava na órbita da Scuderia Ferrari, aos jornalistas na quinta-feira do 56º Grande Prémio de Macau, em 2009.
Jules também não esquecia o feito do avô 44 anos depois. “Ele venceu aqui e se eu vencer será especial para mim, porque vencer depois do meu avô o ter feito terá um significado especial”.
Contudo, a roleta de Macau ditou outra sorte. Bianchi esteve em destaque na qualificação, andou depressa como lhe competia, marcando até o melhor tempo. Mas quatro pilotos queixaram-se aos comissários desportivos, o que lhe valeu uma penalização de cinco lugares para a grelha de partida da Corrida de Qualificação, aquela que se disputa no sábado à tarde. E foi no sábado que Bianchi perdeu definitivamente a hipótese de repetir o feito do avô no Circuito da Guia. Um acidente na travagem para a subida de São Francisco com Edoardo Mortara, que curiosamente seria o vencedor da edição de 2009, selou o destino do fim-de-semana. O francês, que há época já tinha um contrato para subir à antecâmara da Fórmula 1, a GP2 Series, depois de uma paragem nas boxes para reparação no Dallara-Mercedes, ainda voltaria à corrida para terminar no 21º lugar.
No domingo, sem hipóteses de ambicionar um lugar no pódio, Bianchi conduziu pela última vez no Circuito da Guia, terminando na 10ª posição. Em comunicado, no fim-de-semana, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) lembrou que o desporto motorizado “perdeu um dos maiores talentos desta geração de pilotos “, mas foi Bruno Senna, sobrinho de Ayrton e também piloto, quem tocou na ferida: “Espero que tenhamos aprendido mais uma lição para evitar outras tragédias assim no futuro”.

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