Novos Aterros | Associações não concordam com sugestões do Governo

Para o grupo Energia Cívica falta informação e mais estudos, para as restantes associações ouvidas pelo Governo ainda há muito a mudar nos novos aterros

[dropcap style= ‘circle’]O[/dropcap] grupo Energia Cívica, liderado por Agnes Lam, não concorda com a maior parte das propostas feitas pelo Governo para os novos aterros e para a ponte que vai ligar Macau a Hong Kong e Zhuhai. Num documento enviado aos jornalistas, o grupo explica que são precisas mais informações e outras propostas e que estas têm de ser melhor pensadas.
Está actualmente em consulta pública o planeamento dos novos aterros feito pelo Governo, sendo que são diversas as associações – de acordo com o Governo – que têm vindo a apresentar opiniões. Num comunicado também enviado ontem, o Executivo admite que as opiniões dos intervenientes incidiram sobretudo nos equipamentos comunitários da Zona A e na paisagem da Zona B, que tem gerado controvérsia devido à altura dos prédios.
Na carta do grupo Energia Cívica, é defendida a necessidade de se elaborar um estudo mais aprofundado sobre a ponte em Y, até porque “os planos apresentados não têm informação suficiente para melhores análises” sobre a construção.
“A Zona A está a ser planeada para receber mais de cem pessoas, além de que toda a ligação à ponte vai ser feita através desta zona. O acesso é de maior importância, mas parece ser insuficiente, pelo que deverá precisar de ser redesenhada. A única conexão à ponte pode vir a precisar de uma maior capacidade.”

Dar nas vistas

A paisagem é outra das preocupações do grupo, do qual faz parte também, além da académica e ex-candidata às eleições legislativas, o arquitecto Rui Leão.
“Os dois canais nas zonas a Este e Oeste da Zona A podem servir para uma marina ao longo da costa, de forma a que se crie uma maior interacção com a água, o que é importante para manter o papel de Macau enquanto cidade portuária. O acesso à Zona A é acompanhado por uma auto-estrada, o que pode comprometer o acesso do público à zona ribeirinha e a relação entre as áreas urbanas e da água”, aponta o grupo, que diz ainda ser altamente aconselhável um estudo sobre o local.
O Governo admite, num comunicado separado, que os intervenientes da consulta pública manifestaram que é necessário ter em conta as horas de ponta da entrada e saída dos cidadãos e turistas na ilha artificial do posto fronteiriço de Zhuhai-Macau da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, uma vez que avistarão ao longe a paisagem da costa da Zona A dos novos aterros.
“Propõem, assim, a relocalização do parque escolar da Zona A para uma melhor imagem urbana. Além disso, foi ainda proposto uma maior concentração dos terrenos comerciais da Zona A dos novos aterros na parte central, a fim de se criar então uma zona comercial. Assim sendo, em suma, com a conclusão do estabelecimento do núcleo habitacional, será considerado em pormenor o aspecto dos equipamentos de ensino, sociais, culturais e lúdicas e desportivas, de modo a que os equipamentos comunitários da Zona A estejam à altura das necessidades dos moradores”, adianta o Governo.
A Energia Cívica acrescenta ainda que todos os locais públicos da Zona A têm as mesmas características e que estas deveriam ser diferentes, para que haja “diversos tipos de espaços públicos” e de diferentes tamanhos.

Adeus paisagem

Já no que toca à Zona B, onde o Governo pretende construir edifícios judiciais, é tida como um local onde deve ser bem pensada a construção. A Energia Cívica considera que o património, como a Guia da Penha, vai ser completamente bloqueado ao nível visual, algo que a UNESCO não permite.
“A proposta ameaça de forma grave as paisagens urbanas e naturais da área mais significativa da Colina da Penha, e não apenas a Igreja no topo, mas também as ruas pequenas, os becos e os espaços públicos tão característicos a geografia das cidades de origem portuguesa”, diz o grupo, que pede que outra estratégia seja considerada.
Mais ainda, o grupo de Agnes Lam e Rui Leão aponta que, sem saber as alturas permitidas para as restantes construções na Zona B, não faz sentido definir as alturas máximas para os edifícios judiciais que vão nascer ao lado da Torre de Macau. Mais uma vez, o grupo fala em falta de informação.
Em comunicado, a Administração assegura estar atenta à paisagem.

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