Activista condenado a oito anos de prisão por subversão

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou ontem o activista Wu Gan, conhecido por denunciar injustiças, a oito anos de prisão por subversão contra o Estado. O Tribunal Popular Intermediário n.º 2 de Tianjin, cidade a cerca de 200 quilómetros a sudeste de Pequim, declarou Wu culpado de subversão contra o Estado e anunciou a sentença de oito anos de prisão.

Conhecido na Internet pelo nome “Super Carniceiro Vulgar”, Wu vai recorrer da sentença, anunciou o advogado Ge Yongxi. Depois da leitura da sentença, o activista disse “estar grato ao partido por lhe conceder tão sublime honra”, acrescentou Ge. “Vou manter-me fiel à nossa aspiração original, arregaçar as mangas e fazer um esforço extra”, afirmou Wu, usando as frases mais conhecidas do Presidente chinês, Xi Jinping, quando pede aos membros do Partido Comunista Chinês para melhorarem o seu trabalho.

O julgamento de Wu Gan começou a 14 de Agosto último. A última detenção de Wu ocorreu em Agosto de 2016, altura em que o activista acusou as autoridades de o terem torturado. Wu Gan foi detido pela primeira vez em Maio de 2015, na sequência de um protesto em Nachang (sudeste) contra a detenção e tortura de quatro homens que as autoridades queriam que admitissem um crime. Os quatro foram absolvidos no ano passado.

O activista também trabalhou como assistente administrativo da firma de advogados Fengrui em Pequim, conhecida por trabalhar em casos sensíveis, como por exemplo, na defesa das vítimas do leite em pó contaminado com melamina, em 2008.

A firma acabou por se tornar central na campanha das autoridades contra advogados e activistas dos direitos humanos, em Julho de 2015, durante a qual foram detidas e interrogadas cerca de 300 pessoas. Muitas foram libertadas posteriormente.

Wu tornou-se conhecido em 2009 quando denunciou o caso de uma jovem, Deng Yujiao, que matou um político local que tentou abusar sexualmente dela. O caso tornou-se muito mediático e inspirou parte do filme “Um Toque de Violência” do realizador chinês Jia Zhangke, cujo argumento foi premiado no Festival de Cannes de 2013.

27 Dez 2017

Protesto em Hong Kong pela libertação de ‘blogger’ Wu Gan

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Partido Cívico de Hong Kong organizou ontem um protesto no exterior do Gabinete de Ligação do Governo Central da China para pedir a libertação imediata do activista dos direitos humanos chinês Gary Wu, informou a imprensa local.

Gary Wu compareceu em tribunal na segunda-feira em Tianjin (nordeste), acusado de subversão.

Trata-se de uma acusação muito grave na China e cuja pena máxima é prisão perpétua.

O tribunal disse que iria lançar o veredicto mais tarde, mas não avançou uma data.

O activista, conhecido na Internet pelo nome “Super Carniceiro Vulgar”, foi um dos primeiros advogados apanhados na campanha de repressão pelas autoridades iniciada em 2015.

Cerca de 300 pessoas foram presas no âmbito dessa campanha, lançada a nível nacional.

Entre 9 e 10 de Julho de 2015, as autoridades chinesas prenderam 319 advogados, outros trabalhadores e activistas de várias zonas do país.

O deputado pelo Partido Cívico Kwok Ka-ki criticou Pequim, afirmando que, se a China quer estar entre os primeiros países a nível mundial, deve, tal como os outros países, garantir os direitos humanos a todos os cidadãos.

“Isto é um direito básico que está inscrito até na Constituição chinesa. Mas o governo chinês nunca segue a sua própria constituição”, disse, citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

Gary Wu foi detido em Maio de 2015, quando protestou em Nachang (sudeste) contra a detenção e tortura de quatro pessoas que as autoridades queriam que admitissem um crime.

Em Agosto de 2016 foi novamente detido e acusou as autoridades de o terem torturado.

Wu tornou-se conhecido em 2009, quando denunciou o caso de uma jovem, Deng Yujiao, que matou um político local que tentou abusar sexualmente dela.

O caso tornou-se muito mediático e gerou uma onda de simpatia para com a jovem, inspirando parte do filme “Um Toque de Violência”, do realizador chinês Jia Zhangke, cujo argumento foi premiado no Festival de Cannes de 2013.

Uma dezena de amigos do ‘blogger’ tentaram aproximar-se do edifício do tribunal n.º 2 de Tianjin, para lhe manifestar apoio, mas foram dispersados pela polícia, segundo o diário de Hong Kong South China Morning Post.

17 Ago 2017