“Os Resistentes – Retratos de Macau” #2

“Os Resistentes – Retratos de Macau” de António Caetano Faria • Locanda Films • 2014


Realizador e Editor: António Caetano Faria
Produtores: Tracy Choy e Eliz L. Ilum
Câmara e Cor: Gonçalo Ferreira
Som: Bruno Oliveira
Assistente de Câmara: Nuno Cortez-Pinto
Editor Assistente: Hélder Alhada Ricardo
Sonorização e Mistura de Som: Ellison Keong
Música: Orquestra Chinesa de Macau – “Capricho Macau” de Li Binyang
24 Out 2016

“Os Resistentes – Retratos de Macau” #1

Sapataria Wong Lam Kei • 1946

“Os Resistentes – Retratos de Macau” de António Caetano Faria • Locanda Films • 2014


Realizador e Editor: António Caetano Faria
Produtores: Tracy Choy e Eliz L. Ilum
Câmara e Cor: Gonçalo Ferreira
Som: Bruno Oliveira
Assistente de Câmara: Nuno Cortez-Pinto
Editor Assistente: Hélder Alhada Ricardo
Sonorização e Mistura de Som: Ellison Keong
Música: Orquestra Chinesa de Macau – “Capricho Macau” de Li Binyang
17 Out 2016

Paus – “Mo People”

“Mo People”

Com a camisa aberta
A vontade aperta
People com people
À volta da mesa
A vazar garrafas

Com a camisa aberta
A vontade aperta
People com people
À volta da mesa
Sem punhos nem facas

Paus

FÁBIO JEVELIM / HÉLIO MORAIS / JOAQUIM ALBERGARIA / MAKOTO YAGYU

29 Set 2016

Slow J – “Cristalina”

“Cristalina”

Se eu disser só
Tudo o que eu pensei
Transformado em voz

Se eu tiver dó e
Vir tudo o que eu neguei
Transformado em nós

Mano, eu nem sei
Eu só tentei
Chegar mais longe sem sensei

Eu supliquei
Por uma gota desse
Soro que te dei

E veio o choro
Socorro
Salvei mentira e morro

Sufoco
De um louco
Ser Cristalina é pouco ou…

Se ele quebrar
Não resistir
Se eu só calar, para te ver sorrir

Para sobreviver
Matar e morrer
é fundamental

Slow J

18 Jul 2016

Rua de Macau II

[dropcap style=’circle’]”R[/dropcap]Rua de Macau” é um filme da autoria do nosso cineasta Sérgio Perez. Lançado em 2008, conta a história de Miri, uma chinesa de Macau sofisticada, recém-regressada do estrangeiro onde concluiu os seus estudos. (*)

Miri deixa-se deslumbrar pela nova indústria do jogo. Sente-se atraída pela escala, opulência e requinte das novas propriedades acabadas de inaugurar. Por outro lado, entusiasma-se também com a nova comunidade de expatriados anglofónicos que vai populando Macau e com a qual se identifica.

A pequena cidade adormecida onde Miri cresceu, transformou-se e deixou de ser o backwater onde nada se passava. Agora sim, é uma cidade. E internacional.

Por mero acaso – e depois de ter rejeitado um expatriado à porta de um bar – Miri decide dar uma volta a pé por Macau. É assim que descobre um pequeno e humilde restaurante português nas vísceras da malha antiga da cidade.

Interessa-se pelo estabelecimento onde fotografias antigas de Macau com jogadores de hóquei em campo na Caixa Escolar enfeitam as paredes e onde se come minchi ao som de música em patuá. Mas, sobretudo, interessa-se por Miguel, um rapaz Macaense simples, interessante e bem-parecido, filho do dono desse pitoresco estabelecimento.

Apaixonando-se por Miguel, Miri acaba também por se apaixonar pelo charme do seu antigo Macau.

Mas um dia cai em si e decide que não é nada daquilo que quer – e regressa ao seu Macau do bling-bling.

* * *

“Rua de Macau” foi rodado numa época em que a cidade se transformou num grande estaleiro, palco da primeira onda de construção dos novos empreendimentos da indústria do jogo, bem como de outras tantas infra-estruturas materializadas pelo governo visando preparar Macau para a metamorfose que advinha.

O tempo passa num instante e o filme – que contou com a colaboração do autor desta coluna – está perto de fazer 10 anos. Pelo que ora se decidiu desenvolver aqui uma sequela, uma actualização e contextualização com a nova realidade – de uma forma muito pessoal e peculiar.

* * *

Rua de Macau II

No dia seguinte Miri, confusa e sozinha em casa, contempla a ideia de ir ter com Miguel para lhe explicar a razão da reacção brusca e agressiva da noite anterior. Na verdade, tratou-se tudo de um equívoco.

Miri sabe que deixou Miguel magoado e, por isso, sente-se mal. Tem a consciência pesada e quer ir ter com ele para que possam pelo menos manter uma relação como amigos.

No entanto, hesita.

Não por medo ou por pensar que, regressando ao restaurante onde Miguel trabalha, irá emocionar-se novamente com aquele ambiente de fotografias antigas, comida portuguesa e músicas em patuá.

Tem também a certeza que nem o olhar charmoso de Miguel a fará vacilar.

O problema não está aí.

Miri hesita porque o restaurante fica numa zona altamente inacessível da cidade. É que Miri é sofisticada, mas mora nos blocos de habitação social de Seac Pai Van.

Não conduz porque a carta de condução que tirou no estrangeiro ainda não foi aceite em Macau – a última explicação que lhe deram foi que no país onde tirou a carta conduz-se do lado contrário, pelo que o processo demora um pouco mais.

Vai ter de ir de autocarro. É uma viagem longa – está habituada a comutar diariamente apenas entre Seac Pai Van e Cotai, onde trabalha – e não lhe agrada a ideia de ter de atravessar a cidade toda num autocarro que, quase sempre, está cheio de operários das obras que circulam em grupo porque vivem todos juntos em apartamentos transformados em dormitórios.

Ainda assim, persistente, vai ao seu iMac e faz uma pesquisa para saber qual o autocarro que deve apanhar para se chegar àquele fim-do-mundo. Enerva-se porque não consegue encontrar, de uma forma intuitiva, a informação que procura. E recorda-se que o website da Reolian era, nesse aspecto, o melhor de todos pois permitia visualizar todas as linhas de autocarro em interacção com imagens de satélite do Google Maps.

Agora, encontra apenas tabelas e mais tabelas com números dos autocarros e respectivas paragens identificadas ou pelo nome da rua ou, pior, pelo nome do prédio adjacente – e mais nada.

“Like, I’m supposed to know all the names of the streets or the names of the buildings? WTF?”.

Frustrada e irritada, Miri dá um muro na parede. Por sorte, esta manteve-se intacta – podia ter sido pior.

É no meio disto tudo que Miri recebe uma notificação no seu iPhone 6. Trata-se de um aviso de chuvas intensas. Por essa razão, as escolas vão-se manter fechadas. “Good”, pensa Miri. Finalmente algo positivo, pois não havendo escola haverá menos tráfego – a eventual viagem até ao restaurante será menos morosa.

No entanto, à cautela, decide ficar em casa e não arriscar pois desconfia que a notificação de chuvas intensas se trate apenas de um simulacro. Nunca se sabe e não vale a pena verificar pela televisão pois também eles participam nos simulacros.

* * *

Miguel está sentado sozinho numa mesa do restaurante onde trabalha.

É-lhe servido pelo pai um minchi com arroz branco, mas sem ovo estrelado – Miguel ficou traumatizado com o episódio dos ovos falsos vindos da China e, desde então, deixou de comer ovo.

Nem a criação do Centro de Segurança Alimentar o curou desse trauma. A imagem que viu no noticiário de uma falsa gema de ovo cozida com textura a borracha a saltitar como uma bola de pelota basca ficou-lhe gravada na memória para sempre.

Com ovo ou sem ovo, Miguel decide ir ter com Miri. Sabe que ela mora no Seac Pai Van, que isso fica no fim-do-mundo, mas está decidido a embarcar numa viagem que, com azar, poderá até vir a ser mais longa do que uma ida a Hong Kong.

Miguel tem uma mota, mas prefere ir de autocarro. É que, mesmo com a faixa reservada para motociclos da Ponte de Sai Van, tem consciência do perigo que é atravessar a ponte de mota.

Amor é também determinação e coragem, está certo. Mas Miguel perdeu recentemente um amigo, vítima de um acidente, e não quer arriscar.

O que Miguel não sabe é que está para vir uma grande tempestade de chuvas intensas. Miguel, sendo Maquista, tem por teimosia instalado no seu telemóvel a versão em língua portuguesa da aplicação que faz essas notificações – mesmo sabendo que, por esse motivo, essas tardam a chegar porque precisam de ser traduzidas; ou por vezes não chegam sequer a ser enviadas.

No caso em concreto, fica-se sem perceber bem o que aconteceu – o filme não revela esse pormenor desnecessário.

Por outro lado, o seu pai irritou-se com todo o episódio dos anteneiros e a partir daí deixou-se de ver televisão no restaurante. É que o homem, sendo um antigo de Macau, apreciava a clandestinidade do sistema montado pelos anteneiros e das 90 patacas que pagava por mês que lhe dava acesso a todos os canais, incluindo o tal de desporto tailandês onde via o seu futebol.

Assim, quando se deu cabo do esquema e se criou a Canais de Televisão Básicos de Macau, S.A., por solidariedade com os anteneiros o velho botou prontamente a televisão no lixo.

Desconectado e sem informação actualizada, Miguel está à espera do autocarro numa paragem provisória sem cobertura – porque a rua está em obras para a instalação de cabos da MTEL – quando cai uma chuvada que o deixa molhado até à cueca. Frustrado, regressa ao restaurante.

* * *

Passado uns tempos, quis o destino que Miri ganhasse uma oportunidade para finalmente ir ter com Miguel ao restaurante: foi notificada pelo Centro de Saúde da Areia Preta para ir a uma consulta marcada uns anos atrás.

É que, tal como muitos que não têm casa própria, Miri mudou de casa umas 20 vezes antes de se fixar em Seac Pai Van. E, pelo percurso, chegou a morar na Areia Preta.

Deslocou-se a essa zona da cidade através da Uber. Por azar, o carro que a transportou foi parado pela polícia. Miri é persuadida pelos agentes da autoridade a confessar que estava a utilizar um transporte ilegal. Ao condutor foi aplicada uma multa pesada.

Atrasada, Miri acaba por faltar à consulta. Decide então caminhar em direcção ao restaurante. Para a sua enorme surpresa, o estabelecimento já lá não estava. No seu lugar encontra uma loja que vende não se sabe bem ao certo o quê. Perdida, Miri pergunta ao homem da loja – um sujeito com ar de artista – pelo restaurante.

“Não sabes?”, respondeu o artista. “Não aguentou a renda e fechou as portas!”.

Surpreendida e insatisfeita, Miri responde: “E tu? Como aguentas tu a renda?”

“Tenho um subsídio do Fundo das Indústrias Criativas.”

Miri encolhe os ombros e desiste. Afasta-se de tudo e todos, sorrindo sempre.


(*) “Rua de Macau” tem a duração de 45 minutos e está disponível no YouTube, podendo ser visto no topo deste artigo.

15 Abr 2016

Ladrões do Tempo – “Rua”

“Rua”

Se nada eu posso ter
Aquilo que eu quiser aqui
Não será ninguém que me vai dizer
Esse tempo já sei de cor

Um retrato a mais
Num quadro de um pintor qualquer
Teorias de um senhor capaz

De conspiração
Elementar a condição de tudo ter e nada ser
Esse tempo já eu sei de cor…

Se nada eu posso ter
Aquilo que eu quiser aqui
Não será ninguém que me vai dizer
Esse tempo já eu sei de cor…

Um segredo a mais
a construir uma ilusão
de tudo ser sem ter que agir
Esta condição de tudo ser sem ter que agir
É a pura da contradição

Esse tempo já eu sei de cor…

Ladrões do Tempo

DONY BETTENCOURT / PAULO FRANCO / TÓ TRIPS / ZÉ PEDRO / SAMUEL PALITOS

12 Abr 2016

Clã – “O Tal Canal”

“O Tal Canal”

Adoro a tua luz, a tua cor, o teu sinal
Mas o que mais adoro em ti é o Tal Canal
Adoro a tua voz, a tua escrita, a tua oral
Mas o que mais adoro em ti é o Tal Canal
Adoro o teu olhar, teu gaguejar, teu ar fatal
Mas o que mais adoro em ti é o Tal Canal
Adoro a tua grelha, a tua taxa, o teu jornal
Mas o que mais adoro em ti é o Tal Canal

O Tal Canal (o Tal Canal)
O tal canal (o Tal Canal)
O tal o tal o tal o tal o Tal Canal

Adoro o teu andar, teu ondular sinusoidal
Mas o que mais adoro em ti é o Tal Canal
Adoro os teus botões e etcetera e tal
Mas o que mais adoro em ti é o Tal Canal
Adoro assim ligar-te e desligar-te no final
Mas o que mais adoro em ti é o Tal Canal
Adoro e em geral dá-me a impressão que faço mal
Mas posso lá passar sem ti, sem o Tal Canal!

O Tal Canal (o Tal Canal)
O tal canal (o Tal Canal)
O tal o tal o tal o tal o Tal Canal

Clã

MANUELA AZEVEDO / HÉLDER GONÇALVES / MIGUEL FERREIRA / PEDRO BISCAIA / PEDRO RITO

2 Abr 2016

CCM | Décimo Festival de Cinema e Vídeo arranca a 21 de Abril

São 13 filmes internacionais e 26 produções locais aquelas que vão dar vida ao ecrã do Centro Cultural de Macau. Portugueses incluem a lista, num evento que pretende chegar a todo o público

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rranca a 21 de Abril e vai até 5 de Junho a 10.ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo (FICV), evento de carácter anual que acontece no Centro Cultural de Macau (CCM) e traz uma selecção de projectos locais e produções internacionais. São obras provindas de mais de uma dezena de países as que se vão juntar em Macau, paralelas a um conjunto de actividades promotoras da cultura cinematográfica.
Abrem as hostes a projecção de 13 filmes internacionais, que abarcam um leque que vai dos “mestres conceituados” aos “realizadores emergentes e aos destaques de festivais de cinema de autor”. Para abrir o apetite, a organização adianta que farão parte desta rubrica a exibição de “Mamã, trabalho realizado pelo jovem talento Xavier Dolan, galardoado pelo Festival de Cannes, “De Longe”, uma produção venezuelana vencedora do Leão de Ouro para Melhor Filme no Festival de Veneza em 2015, “Coração Canino”, o mais recente trabalho de Laurie Anderson que lida com a temática do amor, da paz e da perda e o inspirador documentário “Meru”, que conta uma “história triunfante”.
“Jacky no reino das Mulheres”, uma comédia com Charlotte Gainsbourg no principal papel que aborda as questões de género numa perspectiva inversa, e “Festa de Despedida” e “A Façanha” são outras das películas, que trazem os temas da sobrevivência e da morte ao CCM.
Mas, o evento pretende abraçar um público de todas as idades, pelo que as famílias e os mais pequenos têm a si dedicados “A Múmia do Príncipe” e “Operação Árctico”.

Made in Macau

Do programa fazem parte obras dos “Macau Indies” que, segundo a organização, “foca as suas lentes em perspectivas mais familiares” em que as estrelas são as produções independentes locais. A presente edição vai contar com um total de 26 trabalhos distribuídos entre curtas-metragens, animação e documentário.
Nesta secção integram os nomes dos portugueses Filipa Queiroz (com “Boat People”), António Caetano Faria (com “Eric – Caminhar no Escuro”) e Catarina Cortesão Terra (com Macau – Tempo do Bambu).
“As crónicas de Wu Li”, de James Jacinto, e “Uma Década de Blademark”, de Emily Chan e que retrata o percurso da banda com o mesmo nome, são outras das atracções.
Os bilhetes já estão disponíveis e contam com vários preços e descontos.

Para todos, mesmo todos

Acompanham ainda toda a edição workshops, seminários, mostras e projecções e, como o objectivo geral é de aproximação do cinema a todos, o CCM lança ainda outro desafio: “Filme a la Minute” propõe aos interessados a criação de um filme usando como câmara o telefone numa realização com duração máxima de um minuto num período de 24 horas. Estes “tele” realizadores são ainda convidados a publicar as mini-produções na página do Facebook dedicada ao evento, sendo que o filme com mais “gostos” vencerá o desafio. As inscrições para esta rubrica terminam às 18h00 de 20 de Maio.

1 Abr 2016

Boogarins – “Avalanche”

“Avalanche”

A maior demonstração
De propagação do ser é o eco
Com ele o meu grito tem força
Para derrubar todos os prédios

Que não me deixam ver o sol
Eles não deixam eu ver o sol
Que não me deixam ver o sol
E eles não deixam eu ver o sol

Que não me deixam ver o sol
Eles não deixam eu ver o sol
Que não me deixam ver o sol
Para me prender nesse labirinto de tédio

Boogarins

FERNANDO “DINHO” ALMEIDA / BENKE FERRAZ / RAPHAEL VAZ / YNAIÃ BENTHROLDO

31 Mar 2016

DJ Ride (feat. Capicua) – “Fumo Denso”

“Fumo Denso”

Tu fumas à janela, olho pra ti espelhado nela,
A noite é longa e dentro dela, a chuva pinta uma aguarela
Somos tu e eu, só tu e eu, tu e eu, só tu e eu…
E é quando me tocas que eu sei. Eu sei.
Porque é que eu ainda não te ultrapassei. E sei…
Que nada eu que eu vivi ou viverei
Pode ser maior que o nosso fogo e neste jogo todo és rei.

O lume, o fumo, o perfume, o cheiro…
O lume, o fumo, o perfume, o cheiro…
O lume, o fumo, o perfume, o cheiro…
O lume… o cheiro…

E é quando me falas que eu sinto…
Que as palavras são amargas como o tinto
E esses lábios doces cor de vinho
Só me mentem ao dizer “Eu não te minto”!
E nesses olhos verdes absinto
Eu só consigo ver um labirtinto.
E é quando tu te calas que eu penso…
Porque é que não és feito de silêncio?
Dás-me um copo que eu dispenso
Estendo o corpo e adormeço
sono tenso, sonho intenso
entre nós só fumo denso
fumo denso…
é só fumo denso…
fumo denso…
Dás-me um copo que eu dispenso
Estendo o corpo e adormeço
sono tenso, sonho intenso
entre nós só fumo denso
só fumo denso…
fumo denso…
é só fumo denso…

Tu fumas à janela, olho pra ti espelhado nela,
A noite é longa e dentro dela, a chuva pinta uma aguarela
Somos tu e eu, só tu e eu, tu e eu, só tu e eu…
O lume, o fumo, o perfume, o cheiro…
O lume, o fumo, o perfume, o cheiro…
O lume, o fumo, o perfume, o cheiro…
O lume… O cheiro…

DJ Ride

OLIVEIROS TOMÁS OLIVEIRA, ANA MATOS FERNANDES

5 Mar 2016

Virgem Suta – “Ela Queria”

“Ela Queria”

Ela sonhava com um herói
Ele playboy
Tinha alta pinta de jingão
Ela queria ser feliz
Ele um petiz
Queria apenas diversão
Ela sonhava com o amor
Ele estupor
Achava isso uma aflição
Mas algo havia entre os dois
Havia pois
E era para lá do bom

E o final foi bestial
Tudo ligou
O Dom Juan lá com o charme
Romeu virou

Ela adorava o céu azul
Ele ser cool
E lançar charme para o ar
Ela era tão bom coração
Ele um pimpão
Para com outras se embeiçar
O que pra ela era bem bom
Pra ele não
Tanto mais tinha em que pensar
Mas algo havia entre os dois
Havia pois
E era coisa pra durar

E o final foi bestial
Tudo ligou
O Dom Juan lá com o charme
Romeu virou

O tempo venceu o herói
Tudo lhe doi
E mesmo assim bem ela o quer
Agora é ele que lhe diz
Sou tão feliz
Por ter-te aqui supermulher
Ela sorri por tê-lo ali
Cutchi, cutchi
Tão manso, agora mimo quer
E nem aquele olhar mongol
De quem vê mal
Esconde o brilho a irromper

E o final foi bestial
Tudo ligou
O Dom Juan lá com o charme
Romeu virou

Virgem Suta

JORGE BENVINDA / NUNO FIGUEIREDO

24 Fev 2016

Trânsito | Macau continua sem regulação para capacetes

Foi anunciado há dois anos, mas Macau continua sem um regulamento que obrigue as lojas a vender capacetes que realmente protejam a cabeça. Deverá ser este ano, diz a DSAT, mas a situação já levou um realizador local a fazer um vídeo-teste dos capacetes que por cá se vendem. Os resultados não são agradáveis

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau continua sem ter qualquer regulamento que aprove capacetes para os motociclistas. Ainda que a maioria dos condutores de Macau se desloque de motociclo pelo território, por cá só existem “orientações” sobre os modelos que devem ser comprados e a aplicação de sanções no caso de o condutor não os utilizar.

1dsat_Shoot and chopEm 2014, o Governo anunciou que iria estabelecer a “obrigatoriedade de uso de capacetes certificados” pelos condutores e passageiros de motociclos. Na altura, contudo, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse que estava “a ultimar” um regulamento administrativo para estipular os modelos de capacetes com padrões internacionais de segurança, mas nunca mais foram anunciadas novidades. Questionada pelo HM sobre o estado da situação, a DSAT garante que poderá ser para breve esta obrigatoriedade e diz que tem em conta essa necessidade.

“Dado que os capacetes são aparelhos de protecção para os condutores e passageiros dos motociclos e ciclomotores, o Governo tem procedido de forma activa à elaboração de um Regulamento Administrativo de aprovação de modelos de capacetes para uso de condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos, com vista a regular os padrões de uso deste aparelho”, começa por apontar o organismo. “O projecto do referido Regulamento Administrativo foi entregue ao departamento dos assuntos de justiça para revisão e alteração final, para poder entrar, tanto quanto possível, no processo de legislação ainda este ano.”

Está a salvo?

Antes de entrar em vigor este Regulamento, a DSAT lançou em 2014 um documento de “orientações sobre capacetes e respectivo uso pelos condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos”, com o objectivo, diz, “de lembrar os utilizadores sobre a importância do uso de capacetes”. Nesse documento constam “informações sobre a estrutura, a eficácia de protecção e os padrões técnicos” reconhecidos em diversos territórios, para servirem como referência na compra destes.

Mas as coisas nem sempre funcionam assim e foi isso mesmo que Kenny Leong, realizador local conhecido pelos vídeos sarcásticos que faz sobre algumas políticas e medidas do Governo, quis provar. Numa experiência em vídeo, o jovem provoca impactos em cerca de meia dezena de capacetes, sendo que dois deles são os mais comumente utilizados em Macau. Só os dois últimos – de valor mais elevado e não disponíveis em todas as lojas – conseguem mais ou menos resistir. Foi precisamente a falta de legislação que fez Kenny alertar as pessoas.

“Sou condutor de motos e sabia que os capacetes à venda em Macau são uma porcaria. As pessoas não têm onde comprar a não ser nessas lojas e assumem que, como eles são vendidos a toda a gente que conduz, são bons e protegem as cabeças… é treta”, começa por dizer o realizador ao HM. “Queria alertar as pessoas de Macau. Na verdade, há muitos testes disponíveis para as pessoas verem em vídeos, mas nem toda a gente tem acesso. Por isso, decidi fazer eu um vídeo para que as pessoas possam ficar a saber disto. Especialmente quando o Governo não parece estar muito preocupado face à situação”, explica, acrescentando que “já passaram dois anos desde que o Executivo disse que iria fazer algo”. “Estou cansado de esperar e acho que devemos nós fazer alguma coisa”, termina o realizador e proprietário da Shoot and Chop, que lançou o vídeo nas redes sociais.

No ano passado, Macau contava com quase 250 mil veículos, sendo que destes 52% eram motociclos.

24 Fev 2016

Cavalheiro – “Este Dia”

“Este Dia”

Nunca pensei estar aqui
Nunca esperei por este dia
Andei em frente e recuei
Caí numa vala vazia
E tudo foi acontecendo
Enquanto eu fazia outros planos
Agora o que tenho eu
De pouco em já tantos anos?

O tempo corre contra mim
Tira-me tempo para mudar
Eu tive tantas mais certezas
De como isto ia acabar
E tudo foi acontecendo
Enquanto eu fazia outros planos
Agora o que tenho eu
De pouco em já tantos anos?

Cavalheiro

JOÃO FILIPE / RICADRO CIBRÃO / JOÃO COUTADA

20 Fev 2016

David Bowie – “Lazarus”

“Lazarus”

Look up here, I’m in heaven
I’ve got scars that can’t be seen
I’ve got drama, can’t be stolen
Everybody knows me now

Look up here, man, I’m in danger
I’ve got nothing left to lose
I’m so high, it makes my brain whirl
Dropped my cell phone down below
Ain’t that just like me?

By the time I got to New York
I was living like a king
Then I used up all my money
I was looking for your ass

This way or no way
You know I’ll be free
Just like that bluebird
Now, ain’t that just like me?

Oh, I’ll be free
Just like that bluebird
Oh, I’ll be free
Ain’t that just like me?

DAVID BOWIE

12 Jan 2016

Prana – “Raiva”

“Raiva”

Raiva é amor mal canalizado
É uma prenda enfim
Que ofereço só a mim
E aceito com agrado

Raiva é saudade de tudo o que nunca foi teu
É um tesouro achado
Que estimo e que guardo
Como se fosse meu

E não tens de a esconder
Quando ela vem
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também

E a raiva não dá murros
Não dá turras nem pontapés
Quem a tem sempre a experimenta
Dos 8 aos 80 e de lés a lés

Porque a raiva não é feia
Não é crime nem é pecado
É uma fogueira ao frio
Uma santa com feitio um bocadinho ao lado

E não tens de a temer
Quando nada corre bem
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também

Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!

E se caso com a alma
Não distingo o mal do bem
Guarda longe essa raiva
Antes que mates alguém
Guarda longe essa raiva
Antes que mates alguém

Prana

MIGUEL LESTRE / JOÃO FERREIRA / DIOGO LEITE

26 Nov 2015

“Nada Tenho de Meu” – #02

“Nada Tenho de Meu, um Diário de Viagem no Extremo Oriente”

Autoria: Miguel Gonçalves Mendes, Tatiana Salem Levy, João Paulo Cuenca
Montagem: Pedro Sousa
Narrador: Siung Chong
Desenho de Som: 1927 Audio
Tema Original: Pedro Gonçalves
Produção: JumpCut

21 Jul 2015

Sérgio Godinho – “Espalhem a Notícia”

“Espalhem a Notícia”

Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
Espalhem a notícia do que é quente
e se parece
com o que é firme e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse

Divulguem o encanto
o ventre de que canto
que hoje toco
a pele onde à tardinha desemboco
tão cansado
esse ventre vagabundo
que foi rente e foi fecundo
que eu bebia até ao fundo
saciado

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita

A terra tremeu ontem
não mais do que anteontem
pressenti-o
O ventre de que falo como um rio
transbordou
e o tremor que anunciava
era fogo e era lava
era a terra que abalava
no que sou

Depois de entre os escombros
ergueram-se dois ombros
num murmúrio
e o sol, como é costume, foi um augúrio
de bonança
sãos e salvos, felizmente
e como o riso vem ao ventre
assim veio de repente
uma criança

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita

Falei-vos desse ventre
quem quiser que acrescente
da sua lavra
que a bom entendedor meia palavra
basta, é só
adivinhar o que há mais
os segredos dos locais
que no fundo são iguais
em todos nós

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita

Sérgio Godinho

18 Jul 2015

MAM | Exposição de Robert Cahen inaugura esta sexta-feira

Imagens e sons que transmitem histórias. É assim a mais recente mostra de Robert Cahen, que usa a vídeo-arte para mostrar que é possível cada um compreender a arte à sua maneira

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura na sexta-feira a mais recente exposição de Robert Cahen, no Museu de Arte de Macau (MAM). Intitulada “Transversal: Instalação Vídeo de Robert Cahen”, a mostra reúne de uma dezena de trabalhos do autor.
“O famoso artista de vídeo-arte irá revelar-nos um novo mundo, através das suas interpretações e justaposições de imagens e sons”, começa por dizer o comunicado da organização, conjunta entre o MAM e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Instituto Cultural e o Consulado Geral da França em Hong Kong e Macau.
Inserida no Festival Le French May, a exposição reúne 17 dos seus trabalhos realizados entre 1978 e 2015, com destaque para duas instalações utilizando elementos visuais de Macau.
Através de câmara lenta – a sua assinatura – e explorando as interacções entre sons e elementos gráficos, Cohen cria uma ambiência poética servindo-se das imagens mais corriqueiras. Com técnicas de inserir, saltar, recuar, fading out e in, entre outros processos de pós-produção e alongando os tempos, o artista apresenta aos espectadores uma nova consciência sobre a realidade, indicando novos rumos para a arte vídeo.

Novos espaços

“Cada peça da minha arte faz uso da câmara lenta”, diz Robert Cahen, citado em comunicado. “E tenta ampliar um novo espaço entre as coisas, invisíveis entre si. Os meus trabalhos são como uma palestra aberta, na qual os espectadores acabarão por encontrar as suas próprias projecções na câmara lenta, que eventualmente será capaz de contar as suas próprias histórias.” robert cahen
Robert Cahen nasceu em Paris em 1945 e formou-se pelo Conservatório Nacional Superior de Música (CNSM), sendo um pioneiro tanto da música electrónica como da video-arte a nível internacional. Iniciou as suas criações ainda na década de 1970, utilizando os seus conhecimentos profissionais e métodos criativos da música para produzir vídeos, esbatendo as fronteiras entre os dois média e tornando-se uma referência mundial no campo da arte vídeo.
Foi a partir de meados do século XX, com o florescimento das tecnologias, que o vídeo se tornou uma parte integrante da vida diária e é isso que “Transversal” quer mostrar.
“Transversal apresenta uma selecção de 37 anos de trabalho de Cahen, incluindo ‘O Tempo Suficiente’, a aclamada obra marcante da vídeo-arte internacional da década de 1980 e as suas duas instalações que operam sobre elementos visuais de Macau, ‘5 Olhares e Aparição’.”
A exposição estará patente até 20 de Setembro, sendo que a inauguração está marcada para as 18h30 de sexta-feira. Poderá ser visitada diariamente, das 10h00 às 19h00, e a entrada é gratuita aos domingos e feriados, tendo o custo de cinco patacas nos restantes dias.

25 Jun 2015

“Nada Tenho de Meu” – #01

“Nada Tenho de Meu, um Diário de Viagem no Extremo Oriente”

Autoria: Miguel Gonçalves Mendes, Tatiana Salem Levy, João Paulo Cuenca
Montagem: Pedro Sousa
Narrador: Siung Chong
Desenho de Som: 1927 Audio
Tema Original: Pedro Gonçalves
Produção: JumpCut

24 Jun 2015

PZ – “Sem Ponta Por Onde Se Pegue”

“Sem Ponta Por Onde Se Pegue”

Se tens problemas com o passado
Abre uma janela para o futuro
Se tens problemas com o presente
Quebra a tua quebra recorrente e vem

Oh Malhão Malhão
Parte a partitura e vem
Oh Trim Tim Tim

Se te encontras congestionado
Expulsa o atum da narina
Se te encontras amachucado
Deixa o teu corpo na oficina e vem

Oh Malhão Malhão
Quebra a tua quebra e vem
Oh Trim Tim Tim

Não tenho mais
Voto na matéria…

Sem ponta por onde se pegue
Sem ponta por onde se pegue
Sem ponta por onde se pegue
Não tem…

PZ

23 Jun 2015

Márcia e Samuel Úria – “Menina”

“MENINA”

Menina assenta o passo
Sem medo ou manha
Ou muito te passa da vida
Tem que haver quem faça o que muito queira
Caminha sem falsa fascinação
O teu coração
Ainda pára
Forçando a apatia pelo medo de dançar
Não se avista um dia em que um ego não destrate
Uma mais bela parte
Escondida em ti.

Menina sê quem passa para lá da ideia
Quem muito se pensa fatiga
Nem vais ver quem são
Sem os olhos no chão
Os que andam para ver-te vencida a ti.
O teu coração
Sem querer dispara
Força e simpatia ao Ser que te vê dançar
Vai chegar o dia em que o medo não faz parte
E, por muito que tarde, esse dia é teu.

Desfaz o Nó
Destrava o pé
Desmancha a trança e avança
Chocalha o chão
Esquece os que estão
Rasga o marasmo em ti mesma
Vê corações
Na cara que pões
Vira do avesso esse enguiço
Desamordaça a dança para te convencer

O teu coração
Sem querer dispara
Força e simpatia ao Ser que te vê dançar
O teu coração
Ainda pára
Forçando a apatia pelo medo de dançar

MÁRCIA E SAMUEL ÚRIA

19 Jun 2015