Semicondutores | China pede ao Japão que reconsidere restrições

A China pediu no domingo ao Japão que não imponha restrições à exportação de equipamento para fabrico de ‘chips’ semicondutores, como parte de uma batalha geopolítica pelo domínio de componentes essenciais à produção de alta tecnologia.

“Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, ao homólogo japonês, Yoshimasa Hayashi, num encontro em Pequim, segundo um comunicado divulgado pela diplomacia chinesa. O ministro chinês lembrou que os Estados Unidos reprimiram também, no passado, de “forma brutal”, a indústria de semicondutores do Japão, e que, agora, estão a tentar “repetir os seus velhos truques” contra a China. Tal bloqueio vai “apenas estimular a determinação da China em se tornar autossuficiente”, acrescentou Qin Gang, de acordo com o mesmo comunicado.

Foi a primeira visita de um alto diplomata japonês a Pequim em mais de três anos, depois de a China ter mantido as suas fronteiras encerradas, desde Março de 2020, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19, entretanto suspensa.

Os semicondutores e a tecnologia necessária para a sua produção são cada vez mais sensíveis, à medida que Pequim tenta desenvolver a sua própria indústria de alta tecnologia, o que tem implicações militares.

4 Abr 2023

EUA impede que empresas e indivíduos chineses comprem semicondutores

O Departamento do Comércio dos EUA anunciou sexta-feira que vai impedir que empresas e indivíduos chineses comprem alguns semicondutores e materiais norte-americanos. A ordem visa impedir que empresas ou indivíduos chineses tenham acesso a microchips ou componentes fabricados nos EUA, o que vai limitar a sua capacidade de produção das peças necessárias ao funcionamento de supercomputadores ou sistemas militares avançados. A possibilidade de esta medida ser tomada tinha sido avançada durante a última semana por vários meios.

“O Partido Comunista Chinês dedicou uma grande quantidade de recursos a desenvolver capacidades de computação avançada e pretende ser líder na inteligência artificial até 2030”, comentou a subsecretária para a Gestão de Exportações do Departamento, Thea Rozman, em comunicado.

O anúncio de restrições ocorre poucas semanas depois de o Congresso ter aprovado uma lei para estimular a produção de microchips nos EUA. Na quinta-feira, a IBM anunciou que vai investir 20 mil milhões de dólares no Estado de Nova Iorque nos próximos 10 anos, projecto apoiado directamente pelo Presidente Joe Biden, que o apresentou como exemplo dos resultados produzidos pelo seu plano de fomento da produção de microprocessadores e outros produtos relevantes em território norte-americano.

Já sábado, Biden, em visita a uma fábrica da Volvo, voltou a realçar os investimentos “históricos” que estão a ser feitos nos EUA para produção de numerosos produtos.

China critica medidas

Por seu lado, a China criticou os EUA por ter decidido reforçar o controlo à exportação de ‘chips’ de computação, acusando o país de violar as regras comerciais e internacionais.

“Pela necessidade de manter a sua hegemonia no que se refere à tecnologia científica, os EUA abusam das medidas de controlo à exportação para bloquear e suprimir maliciosamente as empresas chinesas”, defendeu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mão Ning, citado pela agência Associated Press (AP).

Pequim considera que tal decisão vai prejudicar os interesses das empresas chinesas, mas também das americanas.

Na sexta-feira, os EUA actualizaram a lista de controlo à exportação, incluindo determinados ‘chips’ de computação de alto desempenho e equipamentos utilizados para a fabricação de semicondutores.
Washington defendeu que esta actualização surge para proteger a segurança nacional e os interesses da política externa. As relações entre os EUA e a China têm-se deteriorado nos últimos anos devido a questões ligadas à tecnologia e segurança.

10 Out 2022