Salões de Beleza | Associação traça cenário dramático do sector

Cheng Lai Ngan, presidente Associação de Negócios de Indústria de Beleza, revela perdas de 20 a 30 por cento no sector, só este ano. Segundo a responsável, muitos comerciantes estão a “lutar” para pagar os empréstimos sem juros contraídos no ano passado

 

Um sector a lutar pela sobrevivência e a sofrer cada vez mais com a suspensão do negócio, num ano em que as receitas estão piores que as registadas em 2020. Foi este o cenário traçado por Cheng Lai Ngan, presidente da Associação de Negócios de Indústria de Beleza de Macau, de acordo com o Jornal do Cidadão.

Na sequência das oito medidas de apoio anunciadas pelo Executivo para as Pequenas e Médias Empresas (PME), Cheng considerou o “pacote” um sinal positivo, mas levantou dúvidas sobre a eficácia e adequação ao momento actual da economia.

A medida de novos empréstimos levanta mais questões à dirigente associativa. Cheng explicou que os salões de beleza actualmente em maiores dificuldades foram os que recorreram a empréstimos semelhantes no ano passado e que estão com “muitas dificuldades” para os pagar.
Os apoios anunciados ontem pelo Governo incluem apelos à redução das rendas e juros por parte de privados e bancos, e ainda cobertura de prejuízos de empresas num valor que pode chegar às 200 mil patacas. Cheng Lai Ngan admitiu que numa primeira análise o programa “leva oxigénio à garganta do paciente”, mas “é insuficiente para chegar aos pulmões”.

Luta diária

A representante associativa explicou a situação do sector com a suspensão compulsória do negócio, os diferentes surtos que assolaram o território e as restrições de circulação.

Segundo Cheng Lai Ngan, as principais dificuldades dos salões são as despesas acrescidas com os trabalhadores que vêm de Zhuhai e que agora precisam de pernoitar em Macau, o pagamento de salários numa altura em que o Governo decretou a suspensão dos negócios e as elevadas rendas. “Para os salões de beleza trata-se de um ano sem qualquer tipo de esperança, só podemos desejar sobreviver e esperar por melhores tempos”, desabafou.

Depois das perdas recordes de 2020, o primeiro ano da pandemia, Cheng informou que este ano está a ser pior, com as receitas a caírem mais 20 a 30 por cento, face a 2020. Os números têm levado à extinção de negócios, mas Cheng avisa que se o contexto actual se prolongar que vai haver uma “onda de encerramentos” sem precedentes.

Além dos apoios para a crise financeira, a presidente Associação de Negócios de Indústria de Beleza apelou igualmente ao Governo para actualizar a legislação em vigor e passar a considerar os Salões de Beleza prestadores de serviços, em vez de serviços de entretenimento. Segundo Cheng, com a mudança de classificação é mais adequada e iria fazer com que os salões pudessem continuar a operar, mesmo nas condições actuais.

12 Out 2021