Grande Baía | Empresas de tecnologia de olho no mercado de Macau

Empresas de tecnologia sediadas em Shenzhen, uma das cidades da Grande Baía, pretendem introduzir os seus produtos e serviços em Macau, sobretudo no mercado turístico. Um dos exemplos é a Huawei, com os seus serviços inteligentes pensados para hotéis, ou a Ubtech, ligada à robótica e a programas educacionais sobre inteligência artificial

 

Imagine viver numa casa que faz tudo por si à distância de um clique. A porta abre sozinha, as luzes escolhem-se conforme tenha convidados para um jantar especial ou, simplesmente, se lhe apetecer estar na sala a desfrutar de um momento de lazer. Na casa de banho e nos quartos, também é possível fazer o autoclismo funcionar sozinho ou abrir e fechar portas de roupeiros sem ser obrigatória uma deslocação a essas divisões da casa.

Pode-se pensar que tudo isto não passa de um mero exercício de preguiça com a ajuda da tecnologia, mas, para a Huawei, estas são mesmo as casas do futuro.

Na Huawei Smart Home Ark Lab, sediada em Shenzhen, introduz-se o conceito de casa inteligente com recurso à tecnologia 5G que está longe de ser uma presença comum na maioria das casas dos chineses. Tal deve-se não apenas ao lado embrionário do projecto, mas também ao preço: ter um sistema de casa inteligente num apartamento de 100 metros quadrados custa cerca de 100 mil renminbis.

Oliver Wu Bo, vice-presidente do segmento de casas inteligentes da Huawei, contou que a marca só começou a apostar nesta área há cerca de dois anos, sendo hoje conhecida internacionalmente pelos smartphones e outras soluções tecnológicas com presença em vários mercados. Com o modelo de casa inteligente criado, a aposta é agora

 

feita na criação de padrõesde funcionamento e de regulação para que haja cada vez mais casas inteligentes fora da China.

“Imagine: antes tínhamos apenas telemóveis, agora temos smartphones. Antes tínhamos apenas carros normais, mas agora podem ter uma série de funcionalidades digitais no seu interior. As casas são, talvez, as únicas coisas que não têm ainda um sistema inteligente, à excepção dos elevadores. O que a Huawei está a tentar fazer é colocar este sistema inteligente nas novas construções [habitacionais]”, disse Oliver Wu Bo a uma questão colocada pelo HM.

Além do sistema de casas inteligentes, a Huawei tem apostado, nos últimos anos, na criação de sistemas digitais destinados, por exemplo, a facilitar o check-in em hotéis, entre outras funcionalidades. Na visita que vários órgãos de comunicação social de Macau realizaram à Huawei Smart Home Ark Lab, o responsável da Huawei disse que “mais de 50 por cento dos novos hotéis e casas usam estes sistemas inteligentes”, percentagem que inclui ainda outras marcas além da Huawei.

“Em Pequim e Xangai esta percentagem pode ser maior, sobretudo se falarmos em máquinas que disponibilizam serviços inteligentes”, acrescentou Oliver Wu Bo, que acredita existir em Macau várias oportunidades para a marca, não só através do sistema de casas inteligentes, mas para os restantes serviços tecnológicos da Huawei.

“Relativamente ao mercado de Macau esperamos poder chegar não apenas à área da habitação, mas também a escolas, hospitais e hotéis. Estamos a considerar [parcerias para a implementação] de sistemas de poupança de energia dos quartos de hotéis”, disse Oliver Wu Bo.

Robots e coca-cola

A deslocação à Huawei Smart Home Ark Lab foi um dos vários pontos da agenda da visita de quatro dias feita às cidades da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que começou em Guangzhou e passou por Shaoguan, Dongguan e Shenzhen. Os jornalistas dos meios de comunicação social em português e inglês de Macau viajaram a convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau.

Na viagem, cujo foco foi essencialmente económico, o dia dedicado a Shenzhen incluiu ainda uma visita à Ubtech Robotics Corporation, que, tal como o nome indica, disponibiliza serviços de robótica, com recurso à inteligência artificial, pensados para as necessidades do dia-a-dia, sem esquecer os próprios robots que imitam seres humanos. YoYo, o robot que consegue praticar TaiChi e ir buscar uma coca-cola ao frigorífico, recebeu a comitiva de jornalistas. Mas a Ubtech desenvolveu ainda um outro robot que dança vários tipos de música. Basta carregarmos no botão e assistirmos ao espectáculo futurista.

À semelhança da Huawei, também a Ubtech Robotics acredita que pode trabalhar com o mercado de Macau, conforme disse aos jornalistas Michael Tam, CBO da empresa. “Macau é uma cidade pequena e penso que cerca de 80 a 90 por cento dos trabalhadores estão alocados à indústria dos serviços. [É importante que se estabeleça uma conexão] entre o turismo internacional e a alta tecnologia de serviços. Se Macau conseguir introduzir diferentes robots na cidade, isso pode inspirar a indústria de serviço, os turistas internacionais e também aumentar o nível de serviços para uma nova fase.”

Mas a Ubtech pretende também expandir os seus serviços educacionais na área da inteligência artificial em Macau. “Temos tentado estabelecer diferentes conexões com Macau, tentando introduzir os nossos robots e fazendo com que as pessoas, sobretudo os estudantes, compreendam como estes estão a ser desenvolvidos, bem como o sistema de inteligência artificial. Queremos contactar primeiro o Governo e depois as escolas, que [em todo o mundo] já apostam em programas educacionais de inteligência artificial. Providenciamos materiais e formação para professores, cobrindo todos os níveis de ensino.”

Para a Ubtech, a robótica e a inteligência artificial vieram definitivamente para ficar. “Queremos ajudar as novas gerações a compreender como a inteligência artificial se está a desenvolver e como está a mudar o mundo. É muito importante introduzir junto deles esta tecnologia avançada.”

Parceria com a UM

Relativamente a Dongguan, a ligação faz-se através de um laboratório que aposta em investigação em materiais aplicados a diversas áreas, intitulado Songshan Lake Materials Laboratory (SLAB), que aceita estudantes de mestrado e doutoramento de todo o mundo para desenvolverem projectos de investigação e que tem acordos de cooperação com várias universidades do mundo, incluindo a Universidade de Macau (UM), assinado há cerca de dois anos. Contudo, nenhum investigador de Macau se deslocou ainda a este laboratório de Dongguan.

“Temos de encontrar uma direcção e realizar mais diálogos para encontrar um caminho [de cooperação] que interesse a Macau. Sem dúvida que damos as boas-vindas a estudantes da UM ou de outra universidade de Macau para virem ter connosco e trabalharem no nosso laboratório”, disse Chen Dongmin, director-executivo associado do SLAB.

O responsável admitiu, contudo, que há ainda poucos estudantes estrangeiros a desenvolverem ali as suas investigações. “Estamos abertos a acolher investigadores de todo o mundo, mas muito francamente não temos recebido muitos investigadores estrangeiros. Não só devido à covid, que teve algum impacto, mas também devido ao novo ambiente geopolítico. Mas queremos divulgar mais o nosso trabalho.”

A visita, realizada entre os dias 2 e 5 de Julho, incluiu ainda deslocações à nova delegação do Arquivo Nacional de Publicações e Cultura da China em Guangzhou. Em Shaoguan, realizou-se ainda uma visita ao centro de dados Huashao Data Valley, enquanto em Dongguan se ficou a conhecer o China Spallation Neutron Source. Por sua vez, a comitiva visitou ainda, em Shenzhen, o espaço de exposições da Build Your Dreams (BYD), marca chinesa de automóveis que tem feito, nos últimos anos, uma forte aposta no segmento das viaturas eléctricas.

José Carlos Matias, ex-presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau, e director da revista Macau Business e do portal Macau News Agency, fez um balanço positivo da visita na qualidade de porta-voz da comitiva de repórteres. “Esta visita proporcionou-nos, por um lado, termos acesso à história e cultura [destas cidades] e, por outro, ao estado de desenvolvimento [económico e tecnológico] da província de Guangdong e destas cidades no contexto da Grande Baía. Quando viajamos para algumas cidades de Guangdong, nomeadamente Shenzhen, sentimos que viajamos para o futuro. [Importa lembrar] que Macau está a caminhar para uma maior diversificação da economia, onde a tecnologia é um elo de ligação comum a estas cidades, assumindo um papel cada vez mais importante. Desse ponto de vista vemos que existe um potencial de cooperação em prol de um turismo mais sustentável e em muitas outras áreas”, rematou.

16 Jul 2023

Bandeira mal hasteada em Coloane não era fotomontagem

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Alfândega (SA) anunciaram ontem que abriram um processo disciplinar para “investigação profunda” do caso da bandeira nacional hasteada de forma errada na Ponte Cais de Coloane. Trata-se de um episódio que foi inicialmente catalogado como sendo o resultado de uma fotomontagem, que envolveu a Polícia Judiciária (PJ) e o autor de uma publicação numa rede social, e que agora conhece novos desenvolvimentos.

No passado dia 3, os SA aperceberam-se de que estava a circular uma fotografia numa rede social que mostrava a bandeira nacional hasteada ao contrário no Terminal Marítimo do Porto Exterior. No mesmo dia, a situação foi corrigida.

Acontece que, no dia seguinte, foi de novo detectada outra fotografia, também da bandeira nacional, “hasteada não apropriadamente”. Desta vez, a imagem era relativa à Ponte Cais de Coloane. Após o que dizem ter sido uma “investigação meticulosa”, os SA confirmaram que a bandeira içada na ponte cais, naquele dia, estava hasteada de forma apropriada, pelo que afirmaram que se tratou de uma fotomontagem.

“Os SA informaram de imediato a situação ao secretário para a Segurança e apresentaram também denúncia à PJ, solicitando a sua intervenção e investigação”, recordam os serviços em comunicado.

A investigação envolveu “diálogo” com a pessoa que publicou a fotografia. A PJ fez ainda análises, tendo ficado provado que a foto em questão não era, afinal, uma fotomontagem.

Depois de terem sido informados das conclusões da PJ, os Serviços de Alfândega abriram um processo disciplinar para averiguarem o que aconteceu. “Os SA pedem desculpa pelo mal-entendido provocado e pela informação erradamente fornecida aos superiores e à imprensa no dia 4 do corrente mês”, escrevem os serviços. “De facto, terá sido insuficiente a investigação inicialmente realizada para o correcto apuramento da situação da bandeira hasteada na Ponte Cais de Coloane.”

 Secretário atento

Apesar de os SA garantirem que “aprenderam a lição”, tendo reforçado “as instruções permanentes e medidas de supervisão, e intensificado a formação interna”, o secretário para a Segurança emitiu também um comunicado sobre o assunto em que se demonstra desagradado com este episódio protagonizado por serviços sob a sua alçada.

Wong Sio Chak afirma “prestar atenção aos consecutivos erros, além de achar inaceitável a confusão causada pela comunicação dos SA”. O secretário deu orientações aos serviços para procederem a uma investigação rigorosa aos casos e ao pessoal neles envolvido, devendo divulgar o mais rápido possível os resultados apurados.

O responsável pela pasta da Segurança acrescenta ter dado ordens aos organismos da sua tutela para cumprirem com rigor as leis e instruções sobre as regras de colocação e exibição das bandeiras nacional e regional. Exortou-os também “a melhorar os trabalhos de gestão diários, garantindo a legalidade, o rigor e o profissionalismo dos serviços públicos”.

Turismo | Hotéis com maior ocupação e quartos mais baratos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro semestre do ano foi de subida de taxas de ocupação do sector hoteleiro, que registou um crescimento de 6,3 por cento em relação aos seis primeiros meses de 2016. Por outro lado, os preços dos quartos ficaram mais baratos, verificando-se uma descida de 3,5 por cento. Durante o primeiro semestre de 2017, a taxa de ocupação dos hotéis de Macau situou-se nos 87,2 por cento, um registo que contrasta com os 80,9 por cento de ocupação no período homólogo do ano transacto. De acordo com os dados publicados pelos Serviços de Turismo, o preço médio de um quarto de hotel no primeiro semestre deste ano foi de 1249,6 patacas, um valor ligeiramente inferior ao verificado nos primeiros seis meses de 2016, quando o preço médio foi de 1295,5 patacas.

 

Robótica| Aluno da UM ganha medalha de bronze

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hio Wan Long, aluno da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Macau, ganhou a medalha de bronze na competição WorldSkills Hong Kong 2017 – Mobile Robotics. O evento faz parte de uma iniciativa global, a WorldSkills Abu Dhabi 2017, que acontece em Outubro. Esta feira de tecnologia atrai participantes oriundos da Rússia, Japão, França, Canadá, Malásia, Singapura, China, Macau e Taiwan. A competição começou em 1954 e destina-se a promover a troca de conhecimentos técnicos na área das novas tecnologias. O robot desenvolvido pelo estudante da UM foi construído sob a supervisão do professor Vong Chi Man.

 

21 Jul 2017