Andreia Sofia Silva EventosInvestigação | Cinematografia da Ásia lusitana ao serviço do regime [dropcap]F[/dropcap]ilmar em Goa, Timor e Macau representava viagens longas e custos elevados, o que explica o facto da “Ásia portuguesa” ter sido menos retratada no cinema do que as antigas colónias de África. Maria do Carmo Piçarra garantiu ao HM que o que se fez foram, essencialmente, filmes de propaganda. “Durante muito tempo filmou-se pouco nas colónias da chamada Ásia portuguesa. Fizeram-se sobretudo filmes de propaganda políticos e filmes científicos onde os sinais de propaganda são muito fortes.”À época, não havia “uma produção própria, apesar de terem sido feitas tentativas em Goa”. “No geral, Portugal não criou em nenhum dos sítios onde era potência colonial condições para se fazer cinema. Nem sequer havia televisão até à independência africana. Em Goa, a partir dos anos 50, arranca uma maneira muito ligeira de fazer cinema. Em Macau há depois uma produção internacional.”Em Timor, Maria do Carmo Piçarra destaca o trabalho de António Almeida. “Nos anos 40 há uma tentativa de fazer filmes não apenas de propaganda política, mas também económica. É contratado um senhor para fazer três filmes para uma grande empresa que detinha a exploração de cacau em Timor. Nos anos 50 António Almeida, um antropólogo em missão, faz vários filmes que se confundem com os filmes de propaganda ao regime.” Quem também retratou Timor foi o poeta português Ruy Cinatti. “Enquanto estava a fazer o seu doutoramento, Ruy Cinatti foi a Macau e comprou uma câmara de filmar. Depois pediu ajuda a Lisboa ao Instituto de Investigação Científica e Tropical e consegue que lhe enviem o operador que já tinha filmado para o António Almeida, chamado Nascimento Rodrigues. Ambos registaram cerca de 13 horas de materiais que nunca foram montados, sem som. ”Por entre museus, o arquivo da RTP e espólios privados, a investigadora portuguesa denota uma grande dispersão do que se filmou na Ásia na altura, pelo facto dos territórios “terem histórias muito diferentes”.