Visita | Bolsonaro na China no segundo semestre deste ano

O Presidente brasileiro, que tem agendadas a curto-prazo visitas aos Estados Unidos, Chile e Israel, anunciou agora uma deslocação à China, na segunda metade do ano

[dropcap]O[/dropcap]Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou sexta-feira que vai visitar a China, maior parceira comercial do país, durante o segundo semestre deste ano.

Bolsonaro referiu-se à realização dessa viagem durante uma cerimónia em que recebeu as credenciais do novo embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, e reiterou que a intenção do seu Governo, em termos de política externa, é ampliar as relações comerciais com “todo” o mundo.

“Vamos melhorar a relação. Queremos aproximar-nos (…) expandir os nossos negócios, abrir novas fronteiras”, declarou o chefe de Estado, acrescentando que essa é a “directriz” que passou a todos os seus ministros.

Embora não tenha indicado quando realizará essa visita, o Presidente disse aos jornalistas que a viagem à China será “durante o segundo semestre”, já que a sua agenda externa estará “muito carregada” nos próximos meses.

A China tem sido o principal parceiro comercial do Brasil no mundo nos últimos cinco anos e o destino da maioria das exportações brasileiras de matérias-primas, além de manter investimentos substanciais no país sul-americano, especialmente em matéria de energia.

Após vencer as eleições, o chefe de Estado brasileiro mostrou-se comprometido em manter os laços com a China, independentemente das diferenças ideológicas, declarações que agradaram ao Presidente chinês, Xi Jinping.

No entanto, durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro lançou ataques ao investimento chinês: “A China não está a comprar no Brasil, ela está a comprar o Brasil”, afirmou.

Bolsonaro acusou o país asiático de ter uma atitude predatória nos investimentos realizados no Brasil e tornou-se, em Fevereiro do ano passado, o primeiro candidato presidencial brasileiro a visitar Taiwan, desde que o Brasil reconheceu Pequim como o único Governo chinês, em 1979.

Em Novembro de 2018, logo após a vitória de Bolsonaro nas presidenciais, o jornal China Daily lembrou, no seu editorial, Jair Bolsonaro “não tem motivos” para perturbar as relações com a China, lembrando o peso do país asiático para a economia brasileira.

O jornal oficial em língua inglesa China Daily afirmou que “virar as costas à China talvez sirva algum propósito político”, mas que os “custos para a economia brasileira podem ser duríssimos”.

“Temos a sincera esperança de que, após assumir a liderança da oitava maior economia do mundo, Bolsonaro vai olhar de forma objectiva e racional para o estado das relações China-Brasil”, escreveu o jornal, referindo-se a Bolsonaro como o “Trump Tropical”.

Encontro de irmãos

Bolsonaro assumiu que, no comércio exterior, investirá esforços numa relação com os Estados Unidos, país que visitará no final da próxima semana, naquele que será o seu primeiro encontro com o Presidente norte-americano, Donald Trump, de quem Bolsonaro é um confesso admirador.

Este mês, o chefe de Estado brasileiro também pretende fazer uma visita oficial ao Chile, no âmbito da sua participação numa cimeira convocada pelo Presidente chileno, Sebastián Piñera, para discutir a constituição do Prosul, um novo mecanismo de integração que poderá substituir a União de Nações da América do Sul (Unasul).

Além disso, Bolsonaro anunciou uma visita a Israel até ao final de Março, um país que também está entre as prioridades da sua política externa.

Embora ainda não tenha confirmado oficialmente desde que tomou posse, no dia 1 de Janeiro, Bolsonaro expressou, durante a campanha para as eleições de 2018, a sua intenção de mudar a embaixada brasileira em Israel, transferindo-a da sua actual sede em Telavive para Jerusalém.

Esta possível mudança gerou mal-estar em muitos países árabes, que estão entre os principais importadores de frango do Brasil, um dos maiores produtores de aves do mundo.

11 Mar 2019

Cimeira | Pequim espera que Trump e Kim se encontrem “a meio do caminho”

[dropcap]A[/dropcap]China afirmou ontem que os EUA e a Coreia do Norte devem “encontrar-se a meio do caminho” depois de a cimeira em Hanói ter terminado sem acordo. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Lu Kang afirmou em conferência de imprensa que a situação na península coreana experimentou uma “reviravolta” significativa no ano passado, um “resultado conquistado com muitas dificuldades”. Lu enalteceu o regresso dos EUA e da Coreia do Norte a um caminho rumo ao acordo político, que considerou ser a “única saída”. Na conferência de imprensa após a cimeira, Donald Trump considerou o Presidente chinês, Xi Jinping, como um “líder altamente respeitado em todo o mundo” e afirmou que este foi “muito cooperativo” na questão norte-coreana. Trump lembrou que a China é altamente influente devido ao alto volume de negócios com a Coreia do Norte. Pequim é o maior parceiro comercial e principal aliado diplomático de Pyongyang.

1 Mar 2019

Rússia considera “passo perigoso” retirada dos EUA do acordo de armas nucleares

[dropcap]O[/dropcap] vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia classificou ontem como “um passo perigoso” a retirada dos EUA do tratado sobre armas nucleares, anunciada no sábado pelo Presidente norte-americano, que acusou Moscovo de violar o acordo “há vários anos”.

Serguei Riabkov afirmou à agência do Estado russo TASS que o acordo assinado durante a Guerra Fria é “significativo para a segurança internacional e a segurança nuclear, para a manutenção da estabilidade estratégica”.

A retirada dos Estados Unidos do tratado, anunciada no sábado pelo Presidente Donald Trump, “será um passo muito perigoso que não será cumprido pela comunidade internacional e vai mesmo suscitar condenações sérias”.

O vice-ministro condenou o que chamou de tentativas norte-americanas de obter concessões “com um método de chantagem”. Se os Estados Unidos continuam a agir “de maneira maldosa e grosseira” e se retiram unilateralmente de tratados internacionais, a Rússia “não terá outra alternativa senão “tomar medidas de retaliação, inclusive em relação à tecnologia militar”. “Mas não queremos chegar a esse ponto”, frisou Riabkov.

Fala Donald

Os Estados Unidos acusaram Moscovo de violar o acordo “há muitos anos”. “A Rússia não respeitou o tratado. Então, vamos pôr fim ao acordo e desenvolver as armas”, afirmou Donald Trump, citado pela Agência France-Presse, depois de um comício em Elko, no estado do Nevada.

Trump referia-se ao tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF, sigla em inglês), assinado em 1987 pelos então Presidentes norte-americano e soviético, Ronald Reagan e Mikhaïl Gorbachev, respetivamente.
“Eles violam-no há muitos anos”, assegurou Donald Trump. “Não sei por que é que o presidente Obama não o renegociou e não se retirou [do tratado]”, acrescentou, sobre o seu antecessor democrata.

“Não vamos deixá-los violar o acordo nuclear e fabricar armas, enquanto nós não somos autorizados. Nós permanecemos no acordo e temos honrado o acordo. Mas a Rússia, infelizmente, não respeitou o acordo”, criticou o Presidente norte-americano.

A administração norte-americana protesta contra a implantação por Moscovo do sistema de mísseis 9M729, cujo alcance, de acordo com Washington, ultrapassa os 500 quilómetros, o que constitui uma violação do tratado INF.

O tratado, ao abolir o uso de uma série de mísseis de alcance entre os 500 e os cinco mil quilómetros, pôs fim à crise desencadeada na década de 1980 com a implantação dos SS-20 soviéticos visando capitais ocidentais.

22 Out 2018

Diplomacia | Xi Jinping diz que continente africano “promete um futuro radioso”

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou, durante uma visita de Estado ao Senegal para assinar dez acordos de cooperação, que o continente africano “promete um futuro radioso” pelo “grande dinamismo” que demonstra

Depois de ter chegado a Dacar, o Presidente chinês assinou com o seu homólogo senegalês, Macky Sall, novos acordos para reforçar os laços económicos, no âmbito da visita de Xi Jinping, a primeira deste nível desde há uma década. “Cada vez que visito África consigo avaliar o grande dinamismo deste continente, que promete um futuro radioso”, comentou o presidente chinês, afirmando-se “plenamente confiante no futuro da cooperação sino-africana”.

Os dois dirigentes assinaram dez acordos nos domínios da justiça, da cooperação económica e técnica, infra-estruturas, valorização do capital humano e aviação civil.

Os dois chefes de Estado falaram sobre “a cooperação bilateral, as relações sino-africanas e a actualidade internacional”, declarou, na altura, o presidente Macky Sall, comentando que a China “é uma das grandes economias da era moderna”, cujo percurso do povo prova que “o subdesenvolvimento não é uma fatalidade e que a batalha pelo progresso se ganha, em primeiro lugar, pelo espírito combativo”.

A China é o segundo parceiro comercial do Senegal, a seguir à França, fornecendo àquele país africano materiais de construção e aparelhos de recepção de som e imagem, ascendendo a 559 milhões de euros, enquanto as exportações do país africano para a China atingiram mais de 115 milhões de euros em 2017, sobretudo em minerais e amendoins.

Inúmeras infra-estruturas no Senegal foram construídas pela China, nomeadamente estádios, autoestradas, um hospital, um teatro nacional e um museu das civilizações negras.

 

 

Trata-se da quarta visita do chefe de Estado da República Popular da China a África e irá passar por vários países, como o Ruanda e a África do Sul – país que organiza a 10.ª Cimeira BRICS – que reúne um grupo de potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) -, e ilhas Maurícias.

Num texto assinado por Xi Jinping e publicado na sexta-feira no jornal senegalês Le Soleil, o Presidente chinês recorda que a China é o segundo maior parceiro comercial do Senegal, tendo as trocas comerciais crescido 16 vezes nos últimos dez anos. Xi Jinping assinala que a China é a maior fonte de financiamento e enumera alguns projectos lançados com fundos chineses, como a ponte de Foundiougne e a autoestrada que liga as cidades de Thies e Touba, que vão permitir ao Senegal “aumentar fortemente o crescimento económico” do país.

“Para que haja desenvolvimento e prosperidade entre todos, temos de nos juntar e criar uma relação China-África ainda mais forte e de olhos postos no futuro”, apelou o Presidente chinês no texto.

A 10.ª Cimeira BRICS terá como tema a “Colaboração para o Crescimento Inclusivo e Prosperidade Partilhada na 4.ª Revolução Industrial” e decorrerá entre os dias 25 e 27 de Julho, em Joanesburgo.

Nos últimos anos, a China realizou vários investimentos em África, incluindo uma base naval na costa do Djibuti que custou cerca de 590 milhões de dólares.

23 Jul 2018

Nova agência chinesa torna “mais eficaz” apoio de Pequim ao exterior

A nova agência encarregue de supervisionar a ajuda prestada pela China além-fronteiras permitirá a Pequim desempenhar um papel “mais eficaz” como doador e coordenar o apoio financeiro com a sua agenda diplomática, afirmam analistas

 

 

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]esignada como Agência de Cooperação e Desenvolvimento Internacional, a nova entidade aprovada esta semana no órgão legislativo chinês vai responder directamente ao Conselho de Estado, o órgão executivo máximo do país, e consolidar funções até agora dispersas entre os ministérios do Comércio e dos Negócios Estrangeiros. “A agência ajudará a reduzir a lacuna entre os crescentes recursos financeiros disponibilizados pela China e a sua posição como parceiro de desenvolvimento”, escreve Annalisa Prizzon, investigadora no centro de pesquisa com sede no Reino Unido Overseas Development Institute (ODI).

“Apesar do importante papel da China como doador, a sua visibilidade e participação nos mecanismos de coordenação dos países têm sido baixas”, refere.

Segundo a proposta apresentada pelo Governo chinês aos quase 3.000 deputados da Assembleia Popular Nacional, a nova agência “servirá a estratégia global do país, para avançar com a Nova Rota da Seda”.

A decisão surge numa altura de crescente sofisticação da diplomacia chinesa, materializada naquela iniciativa – um gigantesco projecto de infraestruturas lançado em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que abrange China, Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.

 

Pontes para o mundo

Parte das novas ligações ferroviárias, portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre previstas no programa estão a ser desenvolvidas em países e regiões voláteis.

Barnaby Willitts-King, também investigadora no ODI, lembra como “as ambições globais da China a levam para regiões frágeis” do globo. “A China precisa de gerir os riscos de se envolver em regiões afectadas por conflitos e a nova agência poderá ser crucial nesse esforço”, explica.

Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, Mao Shoulong, professor do departamento de Administração Pública na Universidade Renmin, em Pequim, concorda que a nova agência reflecte a crescente importância do apoio financeiro na estratégia global da China. “Diplomacia e exército têm sido os dois pilares da sua estratégia internacional, mas a China depende cada vez mais dos laços económicos, incluindo ajuda financeira, para alcançar os seus objectivos”, afirma.

A China compete já com os Estados Unidos como maior doador do mundo, numa tendência que beneficia sobretudo África e Ásia, com Angola a figurar entre os três maiores receptores do apoio financeiro prestado por Pequim, logo atrás da Rússia e Paquistão, segundo a unidade de investigação sediada nos EUA ChinaAid.

Entre 2000 e 2014, o país africano recebeu 11,5 mil milhões de euros em empréstimos e doações de Pequim, detalha a mesma fonte. Em troca, o país asiático “obteve condições favoráveis para a exploração de minérios” na nação africana, lê-se na pesquisa da China Aid.

Aquela unidade de investigação estima que, no total, o país asiático doou cerca de 286 mil milhões de euros a 140 países, entre 2000 e 2014.

Durante o mesmo período, a ajuda financeira prestada pelos EUA fixou-se em cerca de 319 mil milhões de euros.

9 Abr 2018