João Luz Manchete PolíticaPescas | Fundo de apoio do Governo emprestou 86 milhões em 16 anos Em 16 anos de existência, o Fundo de Desenvolvimento e Apoio à Pesca concedeu empréstimos superiores a 86 milhões de patacas a cerca de 80 por cento das embarcações de pesca registadas em Macau. Os apoios são concedidos através de empréstimos sem juros para pagar despesas como reparações de barcos e compra de equipamentos Desde que foi criado em 2007, o Fundo de Desenvolvimento e Apoio à Pesca concedeu verbas superiores a 86 milhões de patacas para promover a indústria piscatória de Macau. A informação foi divulgada na sexta-feira por Susana Wong, directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), em resposta a uma interpelação escrita de Leong Sun Iok. O Governo afirmou que, de acordo com os dados estatísticos disponíveis, “cerca de 80 por cento das embarcações de pesca registadas em Macau foram beneficiadas, e algumas delas foram beneficiadas mais do que uma vez”. A directora da DSAMA indicou também que, no máximo, uma embarcação de pesca conseguiu obter, cumulativamente, empréstimos, sem juros, no valor superior a 2,9 milhões de patacas”. Importa referir que estão registados em Macau mais de 120 embarcações de pesca habilitadas a exercer. Recentemente, o Governo aumentou o limite máximo do empréstimo para 600 mil patacas para reparações e aquisição de equipamentos e prorrogou o prazo para o reembolso das verbas atribuídas “para um período não superior a oito anos, em casos devidamente justificados”. É só fazer as contas Feitas as contas ao dinheiro emprestado, desde a criação do fundo, há cerca de 16 anos, o Governo concedeu créditos sem juros a profissionais da indústria piscatória num valor aproximado de 5,37 milhões de patacas por ano. Segundo informações adiantadas por operadores da indústria piscatória, citadas pelo deputado Leong Sun Iok, “o Governo não tem adoptado políticas para promover o desenvolvimento desse sector, e os diversos incêndios que envolveram barcos de pesca no Porto Interior reflectem que a assistência do Fundo de Desenvolvimento e Apoio à Pesca é insuficiente”. O fundo concede empréstimos sem juros a pescadores e proprietários de embarcações, com o objectivo de ajudar a pagar reparações de barcos, reparação ou substituição de instalações e equipamentos, compra de apetrechos e equipamentos de pesca, instalação de instrumentos náuticos e frigoríficos, aquisição ou construção de embarcações de pesca e combustíveis.
Hoje Macau China / ÁsiaAssociação guineense alerta para ameaça à pesca ilegal no país da China, entre outros [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] associação guineense que participa no Festival da Lusofonia de Macau escolheu como tema a pesca tradicional daquele país, ameaçada por actores internacionais, entre eles a China, disse à Lusa a presidente daquela entidade. “Hoje em dia tem havido fluxos de barcos da China que acabam por pôr em causa esse modo de vida”, afirmou a presidente da Associação dos Guineenses, Naturais e Amigos da Guiné-Bissau em Macau. Grazia Lopes criticou a pesca indiscriminada na zona económica exclusiva no país feito pela China, mas também pelos vizinhos da costa de África, como o Senegal, que na sua opinião estão a afectar “o modo de viver” dos guineenses, principalmente nas ilhas. “A nós cabe-nos chamar a atenção às autoridades e às pessoas que têm alguma influência nesta área”, referiu a presidente, constatando que a associação não tem poderes para intervir, mas sim para mudar mentalidades e avisar para o problema. Nesse sentido, a associação decidiu usar ‘palco’ do Festival da Lusofonia, que todos os anos acolhe em Macau milhares de pessoas dos países de língua portuguesa e também residentes locais, para mostrar “a importância da pesca tradicional na cultura guineense”, apontou a presidente. “Dá-nos a oportunidade de mostrámos a nossa cultura e a forma como as famílias vivem”, disse. O Festival da Lusofonia de Macau regressa às Casas-Museu da Taipa, entre 19 e 21 de Outubro, para recriar o ambiente das festas populares portuguesas, com música, artesanato e gastronomia dos países de língua portuguesa. Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Macau vão ter expositores com artesanato e “petiscos e bebidas típicas” junto às Casas-Museu da Taipa.
Hoje Macau SociedadePesca | Sector está a passar por período difícil, afirma associação [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]evido ao alargamento do período de suspensão de pescas no mar do Sul da China no ano passado, o período dourado para pesca de camarões, o volume de marisco que os pescadores recolheram foi reduzido, lamentou o presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Pescadores de Macau, Chan Meng Kam. A situação, aliada à redução do volume de pescas conseguido durante o período do Inverno, fez com que os pescadores enfrentassem cada vez mais dificuldades. Em geral, o prejuízo ronda os 10 por cento. De acordo com o responsável, há pescadores que optaram por deixar de trabalhar dadas as dificuldade no negócio. Por outro lado, a idade avançada tem feito com que outros profissionais do sector venham a optar pela desistência. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Chan Meng Kam revelou não estar optimista e lamenta a redução de barcos no activo. As dificuldades são sustentadas pelo testemunho de Tam. O pescador com mais de 60 anos revelou à mesma fonte que a actividade está a atravessar tempos difíceis salientando que os problemas foram acrescidos com passagem do tufão Hato. Também Tam está a preparar-se para a reforma. A razão, aponta, tem que ver com a pouca compensação que recebe com o salário que ganha.
Sofia Margarida Mota PolíticaPescas | Deputado quer mais apoio ao sector Os pescadores locais têm cada vez mais dificuldades. São necessários mais apoios à actividade e medidas para que a pesca se alie a outros sectores fundamentais ao desenvolvimento local. O deputado Leong Sun Iok pede ao Governo que actue [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Leong Sun Iok não quer ver desaparecer a pouca indústria pesqueira que ainda existe no território e apela ao Governo que dê mais condições aos pescadores locais. A ideia é que a pesca seja salvaguardada e que a actividade possa vir a complementar os sectores do turismo e da cultura. Em interpelação escrita, Leong Sun Iok é claro: o sector das pescas deve ser apoiado e integrar o desenvolvimento económico e turístico do território, e o Governo deve oferecer mais apoios. O deputado alerta para o decréscimo de recursos dados à pesca local e à protecção desta actividade. “Apesar do apoio ao sector, existem ainda cerca de 100 barcos e mais de 500 pescadores a enfrentar os problemas associados às épocas de pesca e à paragem sazonal desta actividade”, refere. Com a extensão do período de pausa as queixas aumentam no que respeita à diminuição do produto das pescas enquanto as despesas com a manutenção dos barcos tem aumentado, especialmente nos últimos anos, aponta. A causa, diz Leong Sun Iok, tem que ver com o facto dos barcos ficarem muitas vezes parados durante os períodos de suspensão de actividade e, como tal, “agravarem os problemas mecânicos das embarcações”, aponta. Leong Sun Iok não deixa de recordar na missiva dirigida ao Executivo que a pesca é uma actividade que conta com uma longa história e tradição local apesar de se encontrar em declínio desde meados da década de 1990. Apesar dos esforços do Governo em criar actividades de manutenção da actividade e tentar reduzir os danos associados aos períodos de pausa, o deputado considera que os apoios não são ainda suficientes. A solução está aqui Mas o problema tem solução e Leong Sun Iok dá algumas sugestões ao Governo. Para o deputado, o Executivo deve agir em duas frentes simultaneamente. “Por um lado proponho que o Governo aumente a assistência e apoios dados aos pescadores, e por outro, dada a área marítima de Macau ter aumentado para 85 quilómetros quadrados e a necessidade de enfrentar as demandas do projecto da Grande Baía, “o Executivo deve expandir activamente o seu espaço económico ligado às actividades marítimas e proceder à formulação de uma série de medidas suplementares de modo a encorajar o sector à inovação e desenvolvimento”. Para Leong Sun Iok, estas iniciativas devem ser conjugadas com outros sectores de relevo para a economia local e andar em consonância com as actividades culturais e turísticas locais. “O Governo deve promover o desenvolvimento da pesca recreativa”, refere a título de exemplo, de modo a criar “um mundo de turismo e de actividades de lazer ao mesmo tempo que ajuda os pescadores a actualizarem as suas competências de diferentes formas”. É urgente, afirma, que o Governo disponha de medidas que visem proteger a pesca tradicional e a cultura a ela associada. Por outro lado, o deputado pretende ainda saber se o Executivo tenciona aumentar o apoio financeiro aos trabalhadores do sector das pescas durante os períodos de suspensão de actividade bem como se dispõe já de algum mecanismo para actuar em caso de catástrofe.