Hoje Macau China / ÁsiaPaulo Rangel quer que Europa faça “renascer o Atlântico” O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considerou ontem que entre os desafios das novas instituições da União Europeia está a paz e o alargamento, defendendo ainda a necessidade de “fazer renascer o Atlântico”. Depois de uma intervenção na conferência Ágora Jacques Delors sobre União Europeia dirigida a jovens de várias nacionalidades, o governante detalhou que entre os “desafios enormes” dos 27 está “garantir a paz na Europa”, através da manutenção do “apoio decisivo” à Ucrânia e do “modernizar toda a indústria de defesa europeia”. Entre os desafios está também a “preparação do alargamento a leste, que obviamente também está dependente de se encontrar uma solução de paz na questão da Ucrânia”. “Aí temos também os Balcãs que já não estão afectados por essa questão da guerra. Portanto, também temos que ter em consideração isso”, declarou aos jornalistas. Para Rangel “perante o aparecimento, o reforço e a centralidade que tem hoje o Indo-Pacífico, é preciso fazer renascer o Atlântico”, pelo que a Europa deve fazer uma parceria “substantiva, substancial, com a África e com a América do Sul”. “E com a América do Norte, melhores ou piores relações, elas são sempre muito boas, nós é que sentimos todas as oscilações, podemos fazer muito mais, mas aí já há uma grande coesão”, declarou. Outros centros O chefe da diplomacia portuguesa explicou que uma nova centralidade do Atlântico não tem que ser “a principal”. “Queremos é que não haja um mundo unipolar, que está apenas centrado no Indo-Pacífico”, explicou o governante, que, notando estar a falar em abstrato sobre as eleições presidenciais norte-americanas de Novembro, considerou “não ser catastrofista” uma eventual mudança de ciclo. “O que acontece ciclicamente é haver administrações, presidentes mais isolacionistas, que obviamente para nós é menos bom”, o que traduz fases em que cooperação transatlântica “está a um nível inferior”, mas o que não significa deixarem de estar num “nível alto, comparando com aquilo que são as relações a nível de globo entre diferentes blocos”. “Quando elas são mais abertas ao exterior evidentemente que isso dá uma força enorme à parceria transatlântica”, defendeu. Assim, “eu não sou, digamos, catastrofista, mas obviamente para nós não é indiferente que os Estados Unidos da América estejam mais abertos à cooperação global ou estejam mais centrados nas suas dinâmicas internas. Isso não é indiferente”, afirmou o ministro, recusando uma “visão catastrofista” porque as relações têm-se sempre mantido num “nível muito, muito satisfatório”. Às perguntas colocadas pelos jovens sobre relações com a China, Paulo Rangel afirmou as “muito boas relações” entre Portugal e o país asiático, sobre o qual deve haver, num “panorama global”, “de-risking” (redução de riscos), mas não “decoupling” (dissociação), recordando como a pandemia COVID-19 demonstrou os riscos das rupturas de cadeias de valor e da dependência de países. “A China está em todo o lado e a Europa está em todo o lado? É algo em que temos de pensar”, desafiou o governante, aproveitando para defender o reforço das relações entre os países do Atlântico.
Hoje Macau PolíticaMNE/Português | Escolas no estrangeiro são prioridade O ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou ontem que a língua portuguesa é “fundamental”, dentro ou fora da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], e que as escolas portuguesas no estrangeiro são uma prioridade. Perante os deputados da Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, Paulo Rangel indicou que, desde que o actual Executivo tomou posse, foram resolvidas, ou estão em vias de resolução, várias questões relacionadas com as escolas portuguesas no estrangeiro. “Havia questões com a Escola Portuguesa de Luanda, que estão todas resolvidas ou em vias de resolução. Há questões no Brasil, em São Tomé e Príncipe. Muitas vezes nem são problemas, são pontos para resolver”, disse. E assegurou: “A questão da língua portuguesa é fundamental, seja na CPLP ou fora da CPLP. Estamos em contacto direto e permanente com o Ministério da Educação, que está a dar uma prioridade tão grande a isso”.