Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEPM | Paulo Rangel garante aumento de apoio financeiro, após 11 anos de cortes Numa visita relâmpago a Macau, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal defendeu que a posição que o país mantém na União Europeia em nada afecta a relação com a China. Durante a visita de Paulo Rangel foi também anunciado que Sam Hou Fai deverá visitar Portugal durante o Verão Reuniu com Sam Hou Fai, com conselheiros das comunidades portuguesas, representantes associativos, instituições de ensino e empresários portugueses. Foi assim a visita de Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, na curta visita à RAEM, que decorreu na sexta-feira. Não faltaram ainda passagens pela Escola Portuguesa de Macau (EPM) e o Consulado-geral de Portugal no território. No final da tarde, Paulo Rangel deslocou-se ainda a Hong Kong para visitar a exposição “Estórias Lusas”, dedicada à comunidade portuguesa do território, patente no Museu de História de Hong Kong. Na China, Paulo Rangel marcou presença no Fórum Boao, em Hainão. Numa entrevista à TDM, o ministro assegurou que as relações de Portugal com a China mantêm-se boas, negando que o posicionamento do país nas tomadas de posição da União Europeia (UE) possa representar alguma espécie de entrave. “Quem achar que a presença de Portugal na UE é prejudicial para a relação de Portugal com a China, não percebe a relação de Portugal com a China e não percebe o papel de Portugal no quadro internacional. Percebo que algumas pessoas não compreendam, mas sinceramente temos de ver isso como mais valia. E isso é visto assim”, defendeu. Uma das vozes que criticou o posicionamento de Portugal em relação a matérias como a questão da Huawei e rede 5G foi Amélia António, advogada e presidente da Casa de Portugal em Macau. “A minha expectativa não é grande. Gostaria que o senhor ministro, depois de visitar a China, dissesse alguma coisa simpática, na medida em que as relações têm estado muito frouxas. Gostava de ver essa relação ser retomada da forma como era habitual e também que não fôssemos tão seguidores das posições da UE, de forma tão feroz, pois temos aqui interesses muito especiais e temos uma comunidade portuguesa muito grande. A situação é diferente em relação a outros países da UE, e isso não deve ser perdido de vista”, disse ao HM antes da chegada de Paulo Rangel a Macau. A questão EPM Na entrevista concedida à TDM, Paulo Rangel comentou ainda a questão da EPM, frisando os pontos que não estiveram na agenda, nomeadamente as obras de ampliação das instalações. “Esta questão ainda não foi abordada. Há, aliás, várias questões que têm de ser detalhadas e resolvidas, e uma ou outra que não foram ainda postas em cima da mesa. Sabemos que há procura por isso, mas, e estou a ser totalmente transparente, é uma questão que não está ainda posta em cima da mesa.” Segundo a Lusa, Paulo Rangel anunciou também que o Governo aumentou o apoio financeiro à EPM, regressando ao nível previsto legalmente, após 11 anos de cortes. “Acabámos de fazer a reposição da contribuição portuguesa para a Escola Portuguesa de Macau, que (…) tinha sofrido um corte enorme”, disse Rangel na sexta-feira. O Estado português detém a maioria (51 por cento) do capital da fundação da EPM, mas desde 2014 que Lisboa apenas contribuía com 10 por cento das despesas da escola, uma decisão tomada no âmbito do programa de resgate financeiro de Portugal. O financiamento da EPM “está agora nos níveis legais outra vez e é a primeira vez ao fim de 11 anos”, anunciou. Pouco depois, o chefe da diplomacia portuguesa disse aos jornalistas que “já não havia razão nenhuma, sinceramente, para haver esse corte e ele manteve-se”. “Aumentámos cinco vezes esse valor [do financiamento da EPM], portanto isso é algo que é altamente significativo do empenho que nós temos”. “Há governos que realmente dão importância a Macau e à China e há outros que não dão, isto é uma coisa que tem que ser dita”, lamentou o ministro, apontando o dedo ao anterior executivo do Partido Socialista. A reposição do financiamento “é sem dúvida uma ajuda importante” para a EPM, que Rangel descreveu como tendo um papel fundamental para Portugal em Macau. “Também registamos com agrado (…) que nunca houve tantos alunos de português – e agora falo de alunos da comunidade chinesa – como há hoje em múltiplas escolas”, acrescentou o dirigente. “Significa que também a Região Administrativa Especial [de Macau] tem incentivado o ensino de português e o conhecimento de português, e isso é algo que só pode trazer boas relações entre os dois lados”, acrescentou Rangel. Sam em Portugal Do encontro com Sam Hou Fai, que decorreu também na sexta-feira, saíram algumas ideias e opiniões sobre “o intercâmbio e cooperação bilateral nas áreas judicial, económico-comercial, educação, entre outras”, aponta uma nota oficial do Gabinete de Comunicação Social. Sam Hou Fai levou para o encontro temas como “o desenvolvimento mais actual da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Henqing”, além de ter lembrado que “Paulo Rangel é o primeiro responsável ministerial estrangeiro que ele recebe após a tomada de posse como Chefe do Executivo, facto que reflecte as boas relações entre Macau e Portugal com uma história de longa data”. O Chefe do Executivo destacou ainda que depois de 20 de Dezembro de 1999, Macau, “com o forte apoio do Governo Central, tem insistido em manter o princípio de ‘Um País, Dois Sistemas’, preservando o sistema jurídico continental, a cultura e costumes tradicionais, bem como manter, activamente, a ligação e fomentar as relações com Portugal”. O governante disse ainda que “Macau tem aprofundado o papel de ponte e plataforma entre a China e os países lusófonos, impulsionando, de forma contínua, o estabelecimento de relações amigáveis nas diversas áreas de cooperação bilateral”. Outra novidade deste encontro foi a informação, avançada pelo próprio Sam Hou Fai, que “espera visitar Portugal num futuro próximo” sem que, no entanto, tenha sido anunciada uma data concreta. Rangel anunciou que o Chefe do Executivo de Macau deverá visitar Portugal “imediatamente antes de Agosto ou em Setembro”. “Há aqui claramente também um alinhamento das prioridades que é altamente simbólico”, disse o diplomata, à margem de um encontro com a comunidade portuguesa em Macau. Questionado sobre as restrições a portugueses no acesso ao estaturo de residente, Rangel disse que falou com Sam Hou Fai “sobre todas as questões que são relevantes para a relação entre Portugal e a RAEM”. “Mas, como se trata de um diálogo que está em curso, tenho o dever de dar a oportunidade a que possamos, com as questões que foram levantadas de uma parte e da outra, termos agora espaço e tempo para construirmos soluções”, acrescentou. Rangel disse que o “seguimento do diálogo” com Sam Hou Fai acontecerá numa reunião da Comissão Mista Portugal–RAEM, “que será organizada, em princípio, no segundo semestre aqui em Macau”. Paulo Rangel disse ainda, em entrevista à TDM, que a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, “vai acontecer um pouco mais tarde”, precisamente devido à marcação de novas eleições no país. Inicialmente, o objectivo era que Marcelo Rebelo de Sousa viesse a Macau em Junho para comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses. A visita deverá acontecer nos meses seguintes de Verão, previu Paulo Rangel. Encontros e desencontros Paulo Rangel teve ainda um encontro com representantes associativos locais, incluindo com o conselheiro das comunidades portuguesas. Francisco Manhão, presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), aproveitou para falar da burocracia que ainda existe no relacionamento com a Caixa Geral de Aposentações (CGA). “Para despachar um processo de pensões de sobrevivência leva seis meses e depois a correspondência anda para a frente e para trás. Os bancos de Macau não têm IBAN, e isso, por exemplo, atrasa todo o processo. Sempre que um processo vai para a CGA, voltam a insistir que não tem o número de IBAN e o NIF [Número de Identificação Fiscal], que a maioria das viúvas receptoras das pensões de sobrevivência, chinesas, não têm em Portugal”, exemplificou. Manhão deixou ainda elogios ao político português. “Por pouco tempo que esteve aqui, mostrou preocupação. Gostei da presença do ministro”. Além disso, Francisco Manhão frisou que “em boa hora o Governo português nomeou Alexandre Leitão para cônsul”, lembrando também o bom trabalho do anterior cônsul português, Vítor Sereno. “O Consulado nunca esteve a funcionar tão bem como agora. As críticas feitas ao nosso cônsul são injustas. Houve associados nossos que me disseram ter ficado admirados por terem feito uma marcação e sido atendidos no dia seguinte”, salientou. Mais aposta na língua Outro ponto importante da visita de Rangel foi a promessa do reforço do ensino do mandarim em Portugal. “Com as autoridades chinesas fiz questão de dizer que nos vamos empenhar muito no ensino do chinês em Portugal”. Na capital chinesa, Rangel encontrou-se com o homólogo chinês, Wang Yi, antes de se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, na ilha de Hainão, onde decorreu o Fórum Boao. “A situação hoje é muito melhor do que era há 20 anos (…). Já temos, de facto, uma capacidade de formação que não tínhamos de todo”, disse Paulo Rangel. A formação de pessoas fluentes em mandarim “é decisivo também para o nosso futuro”, mas “não é suficiente para os desafios que temos pela frente”, alertou. Com Lusa
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteMNE| BIR de portugueses e EPM são temas a discutir com Paulo Rangel Durante a visita a Macau do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Amélia António e Miguel de Senna Fernandes querem discutir o fim da preferência de acesso ao BIR por portugueses. A presidente da Casa de Portugal em Macau associa essa matéria à posição de Lisboa na questão do 5G É mais uma visita de um governante português a Macau, mas a primeira de Paulo Rangel enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros do Executivo de Luís Montenegro, numa altura em que o país se prepara para ir a votos em Maio, após a dissolução da Assembleia da República. Depois de um périplo pelo Interior da China, Paulo Rangel vai reunir com dirigentes associativos locais, no sentido de perceber problemáticas existentes relacionadas com a comunidade portuguesa. Ao HM, Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM), defende que as dificuldades de obtenção de residência por parte de portugueses deve ser um dos assuntos prementes. “A minha expectativa não é grande. Gostaria que o senhor ministro, depois de visitar a China, dissesse alguma coisa simpática, na medida em que as relações têm estado muito frouxas. Gostava de ver essa relação ser retomada da forma como era habitual e também que não fôssemos tão seguidores das posições da União Europeia (UE), de forma tão feroz, pois temos aqui interesses muito especiais e temos uma comunidade portuguesa muito grande. A situação é diferente em relação a outros países da UE, e isso não deve ser perdido de vista.” Amélia António destaca o posicionamento que Portugal adoptou no caso da rede 5G e da Huawei, mas também “o desenvolvimento que houve em relação à vinda de portugueses para Macau, sujeitos ao blue card”. “Tenho a sensação que vem tudo na sequência desta política da UE face à China. Portugal deve ter uma posição no sentido de salvaguardar esses interesses.” Em declarações à Lusa, a responsável fez queixas semelhantes. “Estamos aqui, sofremos as consequências dessas relações [entre Portugal e China], boas ou más. Tivemos relações muito próximas durante muito tempo, o que se alterou com a covid. Ainda não vi as coisas voltarem a ser como eram, e penso que era importante o senhor ministro explicar qual é a posição”, declarou, referindo que Portugal não tem de “alinhar fielmente com tudo o que se diz na Europa e, sobretudo, nos Estados Unidos”, salientou. Antes da pandemia, lembrou a responsável, existia “comunicação permanente” e “muito intercâmbio” entre as autoridades portuguesas e chinesas. Hoje é perceptível um “endurecimento relativamente aos portugueses” em matéria de imigração em Macau, declarou Maria Amélia António, sublinhando, porém, não poder afirmar categoricamente se a posição está relacionada com “esse afastamento” entre a China e o Ocidente. As autoridades de Macau não aceitam desde o ano passado novos pedidos de residência no território para portugueses, para o “exercício de funções técnicas especializadas”, permitindo apenas justificações de reunião familiar ou anterior ligação ao território. Também Miguel de Senna Fernandes, advogado e presidente da Associação dos Macaenses, lamenta a situação da atribuição dos BIR. “Gostaria que o Governo da República portuguesa tivesse em conta a comunidade portuguesa no território, que enfrenta algumas dificuldades em relação à possibilidade de obtenção da residência. É um tópico que talvez possa ser abordado entre o Estado português e a RAEM, para haver uma maior flexibilidade para permitir que a comunidade portuguesa tenha maior acessibilidade ao direito de residência, como existia antes.” Para o causídico, “a RAEM não tem de, aleatoriamente, atribuir mais residências, mas é algo que corresponde apenas a um desejo meu”. “Naturalmente, que a RAEM tem as suas razões e Macau está diferente, e há outras comunidades que têm interesse em ficar no território. A comunidade portuguesa, por maior ligação histórica que tenha ao território, não deixa de ser mais uma comunidade, entre outras. Como portugueses que somos, gostaríamos que houvesse maior flexibilidade”, admitiu. O caso EPM Outro ponto que Amélia António e Miguel de Senna Fernandes querem ver abordado na visita de Paulo Rangel é a situação na Escola Portuguesa de Macau (EPM) e a falta de docentes. “Penso que deve ver a escola e tomar um pouco mais de consciência em relação à situação, embora a EPM não seja da área dele. Como membro do Governo é importante que perceba que esta situação tem sido mal conduzida, pois em Portugal tem-se ido atrás de algumas conversas que têm pouco a ver com a realidade e que só prejudicam. Se ele percebesse um pouco mais da situação, não seria mau”, disse Amélia António. Já Miguel de Senna Fernandes diz que é altura de o Executivo português deixar de olhar para a escola como mais uma instituição de ensino português no estrangeiro. “A EPM é sempre uma questão recorrente, e tudo depende de como o Estado português olha para a escola: se olhar como para qualquer escola portuguesa espalhada pelo mundo, isso é um erro. Não há comparação possível, pois a EPM surgiu num contexto muito especial.” Porém, à agência Lusa, Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da EPM, foi categórico: a escola “não tem nada para pedinchar” a Paulo Rangel. “Não há choradeira, não temos nada para pedinchar, não temos nada para exigir, está tudo normal”, garantiu. O advogado e presidente da Fundação da EPM disse esperar que Rangel “leve uma correcta percepção da escola, para que serve, os objectivos que tem”. “É sempre bom ter conhecimento directo, é muito melhor que nos papéis”, sublinhou Neto Valente. “Temos de dar contas de que a escola está a cumprir o papel que se espera que desempenhe”, acrescentou o dirigente, recordando que o Estado português detém a maioria do capital da fundação da EPM. Ainda sobre o universo da EPM, Miguel de Senna Fernandes, que também lidera a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), sugeriu um olhar atento sobre o ensino do chinês na EPM. “Sempre advoguei que o cantonês deve ter estatuto. Porque os alunos, quando saem da escola, estão num mundo cantonês. Isto com todo o mérito que pode ter o ensino em mandarim”, referiu. “É uma questão que se deve colocar. É uma questão delicada, porque estamos a falar de uma língua oficial”, completou, referindo-se ao mandarim, língua oficial na China. O responsável, também vice-presidente da Fundação da EPM, admite que esta não é uma questão que gere consenso – “muitos pais não concordam com esta visão” -, mas sublinha que a aprendizagem do cantonês “é um veículo de integração”, já que se trata da língua dominante no território. Sim ao voto electrónico Também à Lusa vários líderes associativos defenderam a transição para o voto electrónico, salientando constrangimentos nas opções correntes para a emigração. “Desde que não se avance sem ser testado, estou integralmente de acordo. O futuro é esse e temos que apontar para aí”, sublinhou a presidente da CPM. Nas eleições legislativas, os portugueses no estrangeiro têm a possibilidade de exercer o direito de voto de forma presencial ou por via postal, enquanto nas presidenciais e europeias, a votação é presencial. Na opção por correspondência, o Governo envia para a morada indicada no caderno de recenseamento o boletim de voto e dois envelopes, um de cor verde e outro branco, que devem ser devolvidos ao Ministério da Administração Interna após preenchimento. A opção electrónica “pode oferecer maior segurança”, defendeu Maria Amélia António. “Com os consulados a funcionarem mal, no sentido de terem poucos funcionários, com o trabalho que têm, e em países onde estão muito longe dos sítios onde as pessoas moram, é muito difícil as pessoas irem votar pessoalmente. Também se tem provado que há muitas falhas nas garantias de receberem voto [via correio]”, acrescentou. A escolha electrónica é uma reivindicação de longa data do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Rui Marcelo, presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas da Ásia e Oceânia, que tem um encontro agendado com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, disse que o “tema já faz parte da agenda” do CCP “há alguns anos e já foi abordado várias vezes e com vários governos”. “Com o avanço da tecnologia e a possibilidade de implementação de sistemas de segurança que possam garantir a segurança do voto – o que acontece hoje através da prestação de serviços noutras áreas também do Governo – estão criadas as condições para que possamos eventualmente evoluir para uma situação onde ele possa ser obviamente um complemento, mas não um substituto”, notou. Em Fevereiro, o Parlamento português aprovou uma resolução proposta pelo PSD para testar o voto electrónico na emigração. O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, sugeriu, em Dezembro, uma experiência piloto de voto electrónico nos círculos da emigração. O chefe da diplomacia portuguesa chega hoje a Macau depois de passar por Pequim e por Haikou, na província de Hainão, onde marcou presença no Fórum Boao. Em Macau, Paulo Rangel tem agendados encontros com o chefe de Governo local, Sam Hou Fai, bem como com os conselheiros das comunidades portuguesas, representantes associativos, instituições de ensino e empresários portugueses. Visita ainda a EPM e o Consulado-geral de Portugal no território. No final da tarde, o MNE segue para Hong Kong, para visitar “Estórias Lusas”, uma exposição dedicada à comunidade portuguesa, no Museu de História de Hong Kong. Com Lusa
Hoje Macau China / ÁsiaRangel destaca importância do investimento chinês para a economia O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, destacou ontem o “importante papel” do investimento chinês na economia portuguesa, durante um encontro com o homólogo chinês, Wang Yi, segundo um comunicado emitido pelas autoridades chinesas. O chefe da diplomacia portuguesa convidou “mais empresas chinesas a investir e prosperar em Portugal” e indicou que Lisboa “está disposta a reforçar a cooperação com a China nos domínios da economia e do comércio, da energia, da saúde, das finanças, das infraestruturas e da transformação ecológica”. Rangel afirmou que Portugal e a China “têm uma longa história de interacção” e que as relações entre os dois países “têm vindo a desenvolver-se bem”, lê-se na nota difundida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Pequim e Lisboa “deram um exemplo ao mundo” ao resolverem pacificamente a questão de Macau, acrescentou. Citado no mesmo comunicado, Wang Yi destacou a “boa tradição de respeito e apoio mútuos” entre os dois países. “Portugal é um dos países da União Europeia que recebe mais investimento chinês ‘per capita’”, disse o chefe da diplomacia chinesa, que apelou ao “alargamento da cooperação nos domínios do investimento em projectos, transformação ecológica, economia digital, inovação e investigação e desenvolvimento, informação e comunicação”. Wang destacou o papel que Macau pode desempenhar “como uma ponte para promover a relação entre os dois países para alcançar um maior desenvolvimento”. O diplomata chinês manifestou o seu “apoio à Europa na manutenção da sua autonomia estratégica” e a esperança “de que Portugal desempenhe um papel activo” no “desenvolvimento saudável das relações entre a China e a Europa”. Os dois ministros “discutiram questões de interesse comum, como a ‘crise’ na Ucrânia”, de acordo com o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, que não deu mais pormenores. Investidor de peso A China tornou-se, na última década, o quarto maior investidor directo estrangeiro em Portugal. Empresas chinesas, estatais e privadas, detêm uma posição global avaliada em 11,2 mil milhões de euros na economia portuguesa, segundo o Banco de Portugal. Os investimentos abrangem as áreas de energia, banca, seguros ou saúde. Em 2018, os dois países assinaram um memorando de entendimento sobre a iniciativa “Faixa e Rota”, um megaprojecto de infra-estruturas lançado por Pequim que visa expandir a sua influência global através da construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas.
Hoje Macau China / ÁsiaVisita | Rangel sublinha estado “muito positivo” da relação com Pequim O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, sublinhou ontem à agência Lusa, em Pequim, o estado “muito positivo” da relação com a China, desvalorizando a ausência de visitas nos últimos cinco anos. “Existe um estado muito positivo nas relações. O facto de ter havido esse hiato não desacelerou o interesse que ambos os países têm na sua relação bilateral”, disse, após reunir-se com o homólogo chinês, Wang Yi. O ministro português iniciou ontem uma visita de quatro dias ao país asiático, que põe termo a mais de cinco anos sem visitas de alto nível de Portugal a Pequim, numa altura de reconfiguração da ordem internacional.
Hoje Macau Manchete PolíticaDiplomacia | Paulo Rangel tem encontro com Sam Hou Fai na sexta-feira O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros visita a China esta semana, numa deslocação de quatro dias que inclui contactos com representantes do Governo chinês e uma passagem por Macau. A agenda de Paulo Rangel inclui um encontro com Sam Hou Fai e a visita à Escola Portuguesa de Macau O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, começa amanhã uma visita à China que irá incluir uma passagem por Macau e Hong Kong, na sexta-feira, o último dia da passagem pela China. Na RAEM, o político português irá encontrar-se com representantes de associações, instituições de ensino e empresários portugueses e fará uma visita à Escola Portuguesa de Macau. Paulo Rangel vai reunir-se igualmente com o Chefe do Executivo da RAEM, Sam Hou Fai, e com os conselheiros das Comunidades Portuguesas eleitos pelo círculo da China (China, Coreia, Japão, Singapura e Tailândia). O programa oficial da visita de Paulo Rangel termina com uma visita à exposição “Estórias Lusas”, iniciativa dedicada à comunidade portuguesa, no Museu de História de Hong Kong. Casa da partida Porém, antes de rumar a Macau, a agenda do chefe da diplomacia portuguesa arranca amanhã em Pequim, pelas 10h, com um encontro com o director-geral do Departamento Internacional do Partido Comunista Chinês, o ministro Liu Jinchao, indica uma nota divulgada na sexta-feira pelo Ministério tutelado por Rangel. Segue-se uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e um encontro com o reitor da Beijing Foreign Studies University, Jia Wenjian. Ainda na capital chinesa, Paulo Rangel dará uma palestra na Beijing Foreign Studies University (BFSU) subordinada ao tema “Língua e Cultura Portuguesa”. No dia seguinte, já em Haikou (sul da China), o ministro português intervém no “Boao Forum for Asia 2025”, a conferência anual realizada na província chinesa de Hainão que visa promover e aprofundar o intercâmbio, a coordenação e a cooperação económica entre a Ásia e outras partes do mundo. Ainda na quarta-feira, Paulo Rangel tem previsto um encontro bilateral com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding XueXiang. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros participa igualmente na quinta-feira na sessão plenária do “Boao Forum for Asia 2025” e tem agendados encontros bilaterais.
Hoje Macau PolíticaDiplomacia | Paulo Rangel confirma viagem a Pequim e Macau O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, vai deslocar-se a Macau e à China no final do mês, adiantou à Lusa fonte oficial, estando ainda o programa da deslocação a ser definido. No início deste mês, a TDM indicava a presença do número dois do Executivo português em Macau e na China, estando prevista a participação no Fórum Boao, que decorrerá entre 25 e 28 de Março, na província de Hainan, e a realização de contactos com as autoridades chinesas, designadamente com o homólogo chinês, Wang Yi. À Lusa, fonte do gabinete de Paulo Rangel confirmou a deslocação no final do mês, indicando que o programa da deslocação ainda não está encerrado. Macau receberá ainda este ano as comemorações do 10 de Junho, que se iniciam em Lagos, segundo informou em Fevereiro a Presidência da República, numa nota publicada no seu site. “O Presidente da República designou a cidade de Lagos como sede das comemorações, em 2025, do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, estendendo-se as celebrações à comunidade portuguesa em Macau”, lê-se no texto datado do dia 7 de Fevereiro. Segundo a mesma nota, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu constituir para a organização das comemorações “uma comissão presidida pela Dr.ª Lídia Jorge, escritora, e que integra o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, a secretária-geral da Presidência da República e o chefe do Protocolo do Estado”. Em Dezembro do ano passado, o chefe de Estado já tinha admitido que o seu último 10 de Junho do seu mandato – que termina em 9 de Março do próximo ano – viesse a ser celebrado junto de comunidades emigrantes portuguesas mais longínquas como as da Ásia-Pacífico, na Austrália, em Macau ou em Goa.
Hoje Macau PolíticaDiplomacia | Paulo Rangel em Macau e Pequim no fim do mês Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, fará uma visita oficial a Macau e China no final de Março, confirmou o próprio gabinete do ministro à TDM. A agenda inclui uma ida a Pequim para um encontro com o seu homólogo, Wang Yi, com o ministro português a marcar presença no Fórum BOAO. O Fórum BOAO para a Ásia deste ano será realizado entre os dias 25 e 28 de Março na província de Hainão, dedicando-se ao debate em torno de assuntos comerciais, económicos e de cooperação entre países, com foco na Ásia. O tema da edição deste ano será “Asia num Mundo em Mudança: Em Direcção a um Futuro Partilhado”, focando-se “no desenvolvimento, na exploração de formatos inovadores e na promoção do desenvolvimento internacional e cooperação”, consta na informação oficial sobre o evento. Na RAEM está previsto um encontro entre Paulo Rangel e Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, bem como a realização de encontros com a comunidade portuguesa local e com Alexandre Leitão, cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong. A visita de Paulo Rangel não só será a primeira de um político português a Macau desde a pandemia, como é também a primeira vez que um representante do Estado português, ao mais alto nível, reúne com o novo Chefe do Executivo da RAEM, Sam Hou Fai. Dose dupla Ainda segundo a notícia da TDM, Paulo Rangel deverá voltar mais tarde a Macau acompanhando a visita do Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. A comitiva portuguesa virá ao território por ocasião das celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das comunidades portuguesas. Na mesma notícia é referido que Portugal vai abrir novos postos diplomáticos a Oriente, sendo que o primeiro será uma embaixada no Vietname. As mais recentes visitas de governantes portugueses do Executivo de Luís Montenegro a Macau, passaram pela presença da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, em Junho do ano passado, bem como de Pedro Reis, ministro da Economia, que veio de propósito para a sexta reunião ministerial do Fórum Macau. Paulo Rangel é uma figura histórica do Partido Social Democrata e, durante anos, foi deputado no Parlamento Europeu, nomeadamente entre 2009 e 2024. É licenciado em Direito, tendo exercido advocacia.
Hoje Macau China / ÁsiaPaulo Rangel quer que Europa faça “renascer o Atlântico” O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considerou ontem que entre os desafios das novas instituições da União Europeia está a paz e o alargamento, defendendo ainda a necessidade de “fazer renascer o Atlântico”. Depois de uma intervenção na conferência Ágora Jacques Delors sobre União Europeia dirigida a jovens de várias nacionalidades, o governante detalhou que entre os “desafios enormes” dos 27 está “garantir a paz na Europa”, através da manutenção do “apoio decisivo” à Ucrânia e do “modernizar toda a indústria de defesa europeia”. Entre os desafios está também a “preparação do alargamento a leste, que obviamente também está dependente de se encontrar uma solução de paz na questão da Ucrânia”. “Aí temos também os Balcãs que já não estão afectados por essa questão da guerra. Portanto, também temos que ter em consideração isso”, declarou aos jornalistas. Para Rangel “perante o aparecimento, o reforço e a centralidade que tem hoje o Indo-Pacífico, é preciso fazer renascer o Atlântico”, pelo que a Europa deve fazer uma parceria “substantiva, substancial, com a África e com a América do Sul”. “E com a América do Norte, melhores ou piores relações, elas são sempre muito boas, nós é que sentimos todas as oscilações, podemos fazer muito mais, mas aí já há uma grande coesão”, declarou. Outros centros O chefe da diplomacia portuguesa explicou que uma nova centralidade do Atlântico não tem que ser “a principal”. “Queremos é que não haja um mundo unipolar, que está apenas centrado no Indo-Pacífico”, explicou o governante, que, notando estar a falar em abstrato sobre as eleições presidenciais norte-americanas de Novembro, considerou “não ser catastrofista” uma eventual mudança de ciclo. “O que acontece ciclicamente é haver administrações, presidentes mais isolacionistas, que obviamente para nós é menos bom”, o que traduz fases em que cooperação transatlântica “está a um nível inferior”, mas o que não significa deixarem de estar num “nível alto, comparando com aquilo que são as relações a nível de globo entre diferentes blocos”. “Quando elas são mais abertas ao exterior evidentemente que isso dá uma força enorme à parceria transatlântica”, defendeu. Assim, “eu não sou, digamos, catastrofista, mas obviamente para nós não é indiferente que os Estados Unidos da América estejam mais abertos à cooperação global ou estejam mais centrados nas suas dinâmicas internas. Isso não é indiferente”, afirmou o ministro, recusando uma “visão catastrofista” porque as relações têm-se sempre mantido num “nível muito, muito satisfatório”. Às perguntas colocadas pelos jovens sobre relações com a China, Paulo Rangel afirmou as “muito boas relações” entre Portugal e o país asiático, sobre o qual deve haver, num “panorama global”, “de-risking” (redução de riscos), mas não “decoupling” (dissociação), recordando como a pandemia COVID-19 demonstrou os riscos das rupturas de cadeias de valor e da dependência de países. “A China está em todo o lado e a Europa está em todo o lado? É algo em que temos de pensar”, desafiou o governante, aproveitando para defender o reforço das relações entre os países do Atlântico.
Hoje Macau PolíticaMNE/Português | Escolas no estrangeiro são prioridade O ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou ontem que a língua portuguesa é “fundamental”, dentro ou fora da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], e que as escolas portuguesas no estrangeiro são uma prioridade. Perante os deputados da Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, Paulo Rangel indicou que, desde que o actual Executivo tomou posse, foram resolvidas, ou estão em vias de resolução, várias questões relacionadas com as escolas portuguesas no estrangeiro. “Havia questões com a Escola Portuguesa de Luanda, que estão todas resolvidas ou em vias de resolução. Há questões no Brasil, em São Tomé e Príncipe. Muitas vezes nem são problemas, são pontos para resolver”, disse. E assegurou: “A questão da língua portuguesa é fundamental, seja na CPLP ou fora da CPLP. Estamos em contacto direto e permanente com o Ministério da Educação, que está a dar uma prioridade tão grande a isso”.