Hoje Macau China / ÁsiaONU | Portugal defende reconhecimento internacional da Palestina A representante permanente de Portugal na ONU, Ana Paula Zacarias, considera “muito importante” o reconhecimento internacional da Palestina nas Nações Unidas, admitindo estar convicta de que esse “dossiê evoluirá”, mesmo após a oposição norte-americana. “É fundamental continuar a apoiar a solução dos dois Estados. Só essa solução, só uma resolução pacífica deste conflito que se arrasta há tantos anos, poderá trazer a paz ao Médio Oriente. E para termos uma solução de dois Estados, temos que ter dois Estados efectivamente”, frisou a diplomata, em entrevista à Lusa, em Nova Iorque. “Portanto, é muito importante o reconhecimento internacional da Palestina aqui, nas Nações Unidas. A votação na Assembleia-Geral foi bastante ampla: 143 países a favor do reconhecimento dos direitos da Palestina e um pedido insistente ao Conselho de Segurança para que volte a analisar este dossiê em breve”, acrescentou a embaixadora, que deixará o cargo este mês. Numa entrevista concedida à Lusa antes do anúncio de Espanha, Irlanda e Noruega de reconhecerem conjuntamente o Estado da Palestina, Ana Paula Zacarias referia-se à resolução adoptada a 10 de Maio na Assembleia-Geral da ONU, onde o apoio esmagador de 143 países – incluindo de Portugal – concedeu “direitos e privilégios adicionais” à Palestina e apelou ao Conselho de Segurança que reconsidere favoravelmente o seu pedido de adesão plena à organização, num momento em que mantém o estatuto de “Estado observador”. A elevação ao estatuto de Estado-membro não está nas mãos da Assembleia-Geral, mas sim do Conselho de Segurança, que a 18 de Abril a negou à Palestina devido ao veto exclusivo dos Estados Unidos, que prometem voltar a bloquear a aspiração palestiniana caso o tema seja votado novamente. Porém, tendo em conta os esforços que estão a ser desenvolvidos no terreno por um conjunto de países, a diplomata portuguesa disse estar “convicta” de que este “dossiê evoluirá seguramente”, esperando que essa evolução passe efectivamente pela criação de dois Estados: Israel e Palestina. Momento desadequado Ana Paula Zacarias frisou que Portugal sempre repudiou o ataque do Hamas contra Israel, continua a pedir a libertação incondicional dos reféns e aceita o direito de autodefesa de Israel. “Mas Portugal tem também tido uma posição bastante clara em dizer que a população Palestiniana não pode ser, no seu conjunto, penalizada por esta situação” e que “é preciso que o Direito Internacional e que os direitos destas pessoas sejam tomados em conta”, reforçou, defendendo que “Israel tem que cumprir a Lei Internacional Humanitária”. “Portanto, esperemos que em breve se possa (…) encontrar uma solução para a paz no Médio Oriente, que passe claramente pela solução dos dois Estados, sendo que um deles será seguramente a Palestina”, insistiu a embaixadora. Contudo, no dia em que três países europeus – Espanha, Irlanda e Noruega – anunciaram que vão reconhecer o Estado da Palestina a 28 de Maio, o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que este ainda “não é o momento adequado” para o reconhecimento da Palestina, apesar de defender claramente a solução dos dois Estados. Também fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse à Lusa que Portugal mantém a vontade de reconhecer a Palestina como Estado, mas está a tentar obter o maior consenso possível entre os membros da União Europeia (UE).
Hoje Macau China / ÁsiaChina pede conferência internacional para reconhecimento da Palestina O ministro dos Negócios Estrangeiros da China pediu ontem, durante uma visita oficial à Indonésia, à realização de uma conferência internacional de paz para reconhecer oficialmente a Palestina como membro das Nações Unidas. “Em breve será possível aceitar a Palestina como membro oficial da ONU”, disse Wang Yi, numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo indonésio, Retno Marsudi. Os dois responsáveis pediram a protecção dos civis no conflito na Faixa de Gaza. “Apelamos para uma conferência internacional de paz mais alargada, com mais autoridade e mais eficaz, para abrir caminho a uma solução de dois Estados” em Israel e na Palestina, disse o ministro chinês. Wang apoiou o cessar-fogo exigido pelo Conselho de Segurança da ONU em Gaza e apelou aos Estados Unidos para que ponham de lado “a arrogância” e trabalhem com outros países da ONU para pôr fim às hostilidades entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas. “Apelamos igualmente às partes para que sejam calmas e prudentes”, acrescentou Wang Yi, sublinhando a necessidade de a ajuda humanitária chegar ao enclave palestiniano de forma “rápida, segura e sustentável”. Questão prioritária O ministro indonésio concordou em defender a solução de dois Estados e a importância do cessar-fogo em Gaza. “A Indonésia apoiará a Palestina como membro integrante da ONU. A estabilidade no Médio Oriente não é possível sem a resolução da questão palestiniana”, afirmou Retno. Israel lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza em Outubro passado, depois de um ataque do Hamas em território israelita ter causado cerca de 1.200 mortos. Mais de 33.800 pessoas morreram desde o início da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza e cerca de 30 crianças morreram de desnutrição aguda no meio de um conflito que ameaça alastrar-se a todo o Médio Oriente na sequência dos ataques entre Israel e Irão.
Hoje Macau China / ÁsiaBorrell convida MNE israelita e palestiniano para reunião extraordinária O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) convidou os seus homólogos israelita e palestiniano para participarem na reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) dos 27, convocada após o ataque do grupo islâmico palestiniano Hamas contra Israel. O anúncio foi feito pelo Alto Representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, que convocou uma reunião extraordinária e informal, que decorrerá num formato híbrido — presencial e virtual — em Mascate, Omã, com a participação dos MNE israelita, Eli Cohen, e palestiniano, Riyad al-Maliki. Também na rede social X (antigo Twitter), Borrell divulgou ter telefonado ao MNE iraniano, Hosein Amir Abdolahian, para reiterar “a mais forte condenação dos ataques brutais do Hamas contra Israel”. “Nada pode justificar actos de terror tão desprezíveis e nada pode justificar o apoio a estes”, escreveu ainda Borrell, que se encontra na capital de Omã para uma reunião entre a UE e o Conselho de Cooperação do Golfo. As autoridades israelitas confirmaram mais de 900 mortos e 2.700 feridos desde o início da ofensiva do Hamas, lançada no sábado e apoiada pelo grupo Jihad Islâmica, enquanto mais de 680 palestinianos morreram e 3.700 ficaram feridos na sequência de bombardeamentos e ataques de Israel contra a Faixa de Gaza, aos quais se somam mais de 15 em operações e confrontos com forças israelitas na Cisjordânia ocupada. Irão afasta rumores O ‘ayatollah’ Ali Khamenei, a autoridade máxima do Irão, negou ontem que o seu país tenha estado por trás do ataque lançado no sábado pelo Hamas contra Israel, mas reforçou o apoio iraniano aos palestinianos. “Apoiantes do regime sionista e outros têm espalhado rumores nos últimos dois, três dias, incluindo que o Irão estaria por trás desta acção. Estes rumores são falsos”, disse o ayatollah Khamenei num discurso numa academia militar. Outras autoridades iranianas já haviam rejeitado na segunda-feira as acusações de envolvimento iraniano na preparação do ataque do Hamas, um movimento que Teerão defende abertamente há muitos anos, mesmo que as suas relações tenham vivido altos e baixos. Khamenei declarou ainda que Israel “sofreu um fracasso irreparável nos campos militar e de informação” após esta ofensiva do movimento palestiniano. “Insisto no termo ‘irreparável’”, acrescentou o líder iraniano. “É evidente que defendemos a Palestina, defendemos as suas lutas. Beijamos os rostos e os braços dos promotores [do ataque] e dos corajosos jovens palestinianos. Mas aqueles que dizem que o trabalho foi realizado por não palestinianos, “não conhecem a nação palestiniana e estão a cometer um erro”, acrescentou. “É claro que todo o mundo muçulmano é obrigado a apoiar os palestinianos”, segundo o líder supremo do Irão.
Hoje Macau China / ÁsiaMédio Oriente | PM reúne-se com líder da Palestina O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reuniu-se ontem com o Presidente da Palestina, Mahmud Abbas, num esforço de Pequim para elevar as relações bilaterais e o papel no Médio Oriente. Li, que assumiu o cargo na Primavera, considerou Abbas “um velho amigo do povo chinês” que fez “contribuições importantes para a promoção das relações China-Palestina”. A reunião ocorreu um dia depois de Abbas ter sido recebido com todas as honras militares pelo líder da China e chefe do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping. Os dois dirigentes anunciaram na quarta-feira a formação de uma “parceria estratégica”, abrindo caminho para aumentar a influência da China no Médio Oriente. A visita de Abbas segue-se à realização de negociações pela China entre o Irão e a Arábia Saudita, que resultaram na retoma das relações diplomáticas entre os dois rivais do Médio Oriente. A reaproximação entre Riade e Teerão foi vista como uma vitória diplomática para a China, numa altura em que o principal rival chinês, os Estados Unidos, parece estar a retirar-se do Médio Oriente, depois de os conflitos no Iraque e no Afeganistão e complicações nos laços com a Arábia Saudita. Pequim há muito mantém relações diplomáticas com a Autoridade Palestiniana e nomeou um enviado especial para se reunir com autoridades israelitas e palestinas. Com uma experiência na região limita à construção, manufatura e outros projectos económicos, a China tem procurado estreitar laços com Israel. Desde a reabertura das fronteiras na Primavera, na sequência do levantamento das restrições sanitárias impostas pela política ‘zero-covid’, o Governo chinês tem recebido uma lista crescente de líderes mundiais, incluindo o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Hoje Macau China / ÁsiaMédio Oriente | China preparada para mediar acordo de paz entre israelitas e palestinianos O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, referiu esta segunda-feira, em conversas separadas com os homólogos israelita e palestiniano, que a China está preparada para mediar um acordo de paz no Médio Oriente. As conversas telefónicas com os ministros dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, e do Palestina, Riyad Al-Maliki, citadas pela agência de notícias estatal Xinhua, ocorrem num momento em que a China tem feito um avanço diplomático no Médio Oriente, que causa embaraço aos Estados Unidos. Qin encorajou o seu homólogo israelita a “tomar medidas que permitam a retoma das negociações”, enfatizando que a China está “pronta para desempenhar o papel de mediador”. O chefe da diplomacia chinesa referiu ao seu homólogo palestiniano que a China é a favor da retoma das negociações o mais rápido possível, ainda segundo a agência estatal. O ministro chinês lembrou aos seus dois homólogos que a China apoia uma solução baseada no princípio de dois estados, enquanto o processo de paz israelo-palestiniano está parado desde 2014. ‘Chapéus” há muitos As autoridades norte-americanas têm procurado minimizar o papel da China, argumentando que Pequim ainda está longe de superar os norte-americanos no Oriente Médio, que permanece em grande parte sob a protecção do ‘chapéu’ de segurança de Washington, noticiou a agência France-Presse (AFP). No entanto, este avanço diplomático da China desafia Washington, suspeito de abrir mão gradualmente do seu lugar como actor-chave na região, para se concentrar melhor a curto prazo na guerra da Rússia contra a Ucrânia e, a longo prazo, na China e na Ásia-Pacífico. Eli Cohen divulgou também esta segunda-feira, em comunicado, que pediu ao homólogo chinês, durante a conversa telefónica, que este usasse a sua influência sobre o Irão para “impedi-lo de obter capacidades” nucleares. “Conversamos sobre o perigo do programa nuclear do Irão, perigo compartilhado por muitos países da região, inclusive países que mantêm relações diplomáticas com o Irão. A comunidade internacional deve agir imediatamente para impedir que o regime do aiatolá em Teerão obtenha capacidade nuclear”, salientou o ministro. Esta é a primeira conversa entre os dois ministros e ambos concordaram em continuar o diálogo bilateral, informou o ministério israelita. Os dois também abordaram a próxima visita em Junho à China do Presidente palestiniano Mahmoud Abbas, para se encontrar com o Presidente chinês Xi Jinping. Ano sangrento A Palestina vive o início de ano mais sangrento desde 2000, no quadro de um agravamento da violência entre israelitas e palestinianos que, desde o início de 2023, registou a morte de 96 palestinianos e árabes israelitas em incidentes violentos com Israel e também 19 pessoas do lado israelita, vítimas de atentados. Israel conquistou Jerusalém Oriental durante a Guerra dos Seis Dias, em Junho de 1967, juntamente com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Posteriormente, anexou Jerusalém Oriental, uma decisão nunca reconhecida pela comunidade internacional. Os palestinianos pretendem recuperar a Cisjordânia ocupada e Gaza e reivindicam Jerusalém Oriental como capital do Estado da Palestina.
Hoje Macau China / ÁsiaChina estreita relações com Israel e Palestina [dropcap]O[/dropcap] vice-presidente chinês, Wang Qishan, reuniu-se com dirigentes israelitas e palestinianos, com quem assinou vários acordos, estreitando as relações comerciais com Israel e Palestina. Nos últimos anos, a China está a procurar ter um papel mais ativo no Médio Oriente, região em que se abastece de petróleo e é de importância vital para o seu ambicioso plano de infraestruturas promovido pelo Presidente, Xi Jinping, sob a designação de “Nova Rota da Seda”. Hoje, durante a reunião da comissão conjunta China-Israel sobre cooperação e inovação, que se realiza, alternadamente, em cada país, foram assinados acordos bilaterais, sobretudo na tecnologia e na ciência, anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Na terça-feira, Wang Qishan visitou a Cisjordânia, onde se reuniu com o primeiro-ministro palestiniano, Rami Hamdallah, colocou uma coroa de flores no túmulo de Yasser Arafat e visitou a Igreja da Natividade, em Belém. Durante a reunião de Wang Qishan com vários dirigentes palestinianos, foi decidido iniciar conversações para o estabelecimento de um acordo de comércio livre, conforme o memorando de entendimento assinado. O Governo chinês sempre se posicionou ao lado da Palestina e mostrou o seu apoio ao processo de paz no Médio Oriente e a uma solução pacífica do conflito israelo-palestiniano, com os dois Estados nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital da Palestina.
Hoje Macau InternacionalTrump a favor da solução de dois Estados, israelita e palestiniano [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou-se ontem pela primeira vez favorável a uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, prometendo apresentar um plano de paz para a região “dentro de dois, três ou quatro meses”. “Penso realmente que alguma coisa vai acontecer. É o meu sonho conseguir alcançá-la antes do final do meu primeiro mandato”, em Janeiro de 2021, disse à imprensa no início de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Falando à margem da Assembleia-Geral anual da ONU, em Nova Iorque, Trump disse-se convicto “a 100%” de que os palestinianos, que suspenderam todos os contactos com a Administração norte-americana desde que esta reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, no fim de 2017, “regressarão à mesa das negociações”. “Gosto da solução de dois Estados [para Israel e a Palestina], penso que é o que resulta melhor, é o meu sentimento”, afirmou Trump, sem precisar se é isso que vai propor o plano de paz conjecturado há vários meses no maior segredo por uma pequena equipa liderada pelo seu genro e conselheiro, Jared Kushner. O anúncio desta proposta dos Estados Unidos, destinada a permitir alcançar “o acordo final” entre israelitas e palestinianos, de acordo com a formulação de Donald Trump, foi diversas vezes adiado. Até agora, o Presidente republicano absteve-se de apoiar claramente a solução dos dois Estados, ao contrário dos seus antecessores dos dois lados do espectro político e da comunidade internacional. A linha oficial da Administração Trump consistiu até agora em defender uma solução que obtivesse a aprovação de israelitas e palestinianos, sem apoiar ou rejeitar a solução da coexistência pacífica de dois Estados lado a lado.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim | Palestina integrada na Interpol como estado-membro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) aprovou ontem a entrada da Palestina no organismo com o apoio dos estados-membros, segundo fontes da delegação palestiniana. A votação, que se realizou durante a 86.ª Assembleia-Geral da agência internacional que decorreu nos últimos dias em Pequim, contou com o apoio de 75 Estados-membros. No entanto, durante a votação 34 países abstiveram-se e outros 24 votaram contra, entre eles Israel e os Estados Unidos, que se opuseram desde o primeiro momento à entrada da Palestina na Interpol. A última tentativa para conter a entrada da Palestina no organismo aconteceu na terça-feira quando os EUA apresentaram uma moção para travar o processo de admissão, que não foi aprovado pelos outros Estados-membros. A Palestina já tinha tentado integrar a Interpol durante a anterior Assembleia-Geral que decorreu em Bali, na Indonésia, quando a votação sobre a admissão foi suspensa. Na altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a polícia israelita mostraram-se satisfeitos com a decisão, que consideraram um “triunfo para a diplomacia de Israel”. A Palestina, que em 2012 foi admitida “como Estado observador” na ONU, esperava integrar a Interpol como parte da sua estratégia para conquistar o reconhecimento internacional face à estagnação do processo de paz com Israel e à falta de perspectiva de um acordo entre as partes. Em 2011, a Palestina foi admitida como membro da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e em 2015 do Tribunal Penal Internacional. A Assembleia-Geral da Interpol aprovou também a entrada das Ilhas Salomão. O Kosovo, que também tinha pedido a adesão, retirou a candidatura na terça-feira por falta de apoio. Com a entrada da Palestina e das Ilhas Salomão, a organização fica composta por um total de 192 membros.
Hoje Macau China / ÁsiaLuanda | Empresa chinesa substitui Odebrecht [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma empresa chinesa começa este mês a construir a nova marginal sudoeste de Luanda, com oito quilómetros de extensão, após o Governo ter rescindido o contrato para a mesma obra com os brasileiros da Odebrecht. Segundo uma decisão governamental, o Governo angolano escolheu o grupo China Railway 20 (CR20) para realizar a segunda fase da marginal entre a praia do Bispo e a Corimba, por 142,3 milhões de dólares (123,5 milhões de euros), aprovando em simultâneo a rescisão do contrato para a execução da mesma empreitada pela Odebrecht. Aquela construtora está envolvida no escândalo “Lava Jato”, investigado pela Justiça do Brasil, mas o despacho assinado pelo Presidente angolano, de 12 de julho, não adianta motivos para a rescisão com a Obebrecht. A empreitada de edificação da nova via, que se insere no Plano Diretor Metropolitano de Luanda e que permitirá descongestionar a estrada da Samba, ponto principal de entrada e saída da capital, para sul, já foi consignada à CR20 pelo Ministério da Construção, na terça-feira, devendo estar concluída dentro de 18 meses. A obra envolve, entre outros trabalhos, a requalificação de áreas atualmente ocupadas por habitações precárias, “de modo a garantir a melhoria da circulação viária da cidade de Luanda com destaque para o acesso à região sul, bem como para o desenvolvimento urbano da região costeira ocidental”, conforme se lê no despacho assinado por José Eduardo dos Santos, autorizando a contratação. A construção vai envolver cerca de 2.000 trabalhadores e, além de duas faixas de rodagem em cada sentido, envolverá uma área para futura criação de corredores exclusivos para transportes públicos. Palestina | Xi reafirma solução dois estados O presidente da China, Xi Jinping, garantiu nesta terça-feira, num encontro com o líder da Palestina, Mahmoud Abbas, o apoio de Pequim a uma solução para o conflito entre palestinianos e israelitas baseada no princípio de dois Estados. Segundo Xi, a China defende a criação de um Estado palestino independente, soberano, com território delimitado pelas fronteiras de 1967 e tendo Jerusalém Oriental como sua capital. Após uma reunião a portas fechadas entre os dois líderes, o vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Zhang Ming, disse em conversa com jornalistas que a China criará um mecanismo de diálogo trilateral e realizará um simpósio com representantes de Israel e Palestina para ajudar a resolver a histórica disputa, conforme relatou a AFP. A data do evento ainda não foi definida, mas será neste ano. Na presença de Abbas, que está em visita oficial à China até o próximo dia 20, Xi Jinping cobrou do governo israelita o cumprimento imediato da resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, que determina que Tel Aviv suspenda o estabelecimento ilegal de assentamentos em territórios palestinos. De acordo com o presidente chinês, citado pela agência Xinhua, a China foi um dos primeiros países a apoiar a justa causa dos palestinos, reconhecendo nestes verdadeiros “amigos, parceiros e irmãos”. Mau tempo atrasa voos A aviação civil da China teve uma menor taxa de pontualidade em Junho devido ao mau tempo, declarou um funcionário na terça-feira. A taxa de pontualidade ficou em 57,23%, 11,2 pontos percentuais menor que no mesmo mês de 2016, disse Zhang Chunzhi, da Administração de Aviação Civil da China. O mau tempo causou a demora de 65,81% dos voos. Muitas regiões no país experimentaram tempestades que fecharam os aeroportos. O Aeroporto Internacional de Pequim foi afectado por fortes chuvas por oito dias, com mais de 240 voos desviados, 2,3 mil cancelados e mais de 3 mil atrasados. As tempestades também afetaram Shanghai, Guangzhou e Shenzhen. O número de voos aumentou 11,22% em termos anuais em Junho. A China não teve nenhum acidente de aviação civil no primeiro semestre. Baleia Azul | Detido curador do jogo O brasileiro Matheus Moura da Silva, de 23 anos, um dos organizadores do jogo Baleia Azul, foi detido esta terça-feira depois de ter confessado a sua influência com 30 vítimas do jogo, no Brasil. O jovem vai responder por crimes de associação criminosa, tentativa de homicídio e agressão à integridade física, de acordo com o jornal O Globo. A detenção foi feita na sequência da operação Aquarius, que pretende identificar os ‘curadores’ do jogo. As autoridades tinham mandados de buscas, que permitiram a apreensão de telemóveis e computadores do jovem, que confessou ser o responsável por fazer cumprir as tarefas do jogo. O caso continua a ser investigado para identificar outros ‘curadores’ noutros estados do Brasil. Preso suspeito de atear cinco fogos Um homem foi detido por suspeita de ter ateado cinco focos de incêndio florestal no concelho de Santa Comba Dão, distrito de Viseu, entre 08 e 11 de julho, foi hoje anunciado. A Polícia Judiciária (PJ) “procedeu à detenção de um homem, solteiro, padeiro, pela presumível prática de cinco crimes de incêndio florestal, em terrenos povoados com mato, acácias e lenha”, informa, num comunicado enviado hoje à agência Lusa, aquela força policial. O suspeito, de 51 anos de idade, “ateou os incêndios por gostar de ver os bombeiros a combater as chamas”, refere a mesma nota da Diretoria do Centro da PJ. Em 2017, a Judiciária já identificou e deteve 37 pessoas pela autoria do crime de incêndio florestal. Ex-banqueiro morto com tiro no peito O ex-banqueiro espanhol Miguel Blesa, condenado por fraude num dos casos mais mediáticos em Espanha, apareceu morto com um disparo no peito efectuado com uma espingarda de caça. A imprensa espanhola noticia que o cadáver do ex-presidente da Caja Madrid foi encontrado numa quinta na localidade de Villanueva del Rey, na província de Córdoba (sul de Espanha). O ex-banqueiro foi condenado em Março último a seis anos de prisão pelo seu envolvimento no caso dos “cartões black” que a Caja Madrid, que agora se chama Bankia, dava aos seus dirigentes e pessoas de confiança, para pagar despesas pessoais sem limite e sem declarar nada ao fisco. O tribunal considerou-o culpado de se apropriar indevidamente de património, ao gastar 436.688 euros através desse cartão de crédito especial.
Sofia Margarida Mota EventosHusam Abed, artista: “Não sei o que é ter uma casa” Husam Abed é palestiniano, mas podia ser da Jordânia. Nasceu em Baka, um campo de refugiados a norte de Amã, e não conhece as origens. Está em Macau para apresentar hoje, sábado e domingo, o espectáculo “Uma Vida Suave”, com Réka Deák, mulher e directora de cenografia. A peça junta realidade, marionetas e público à mesa [dropcap]É[/dropcap] palestiniano, mas nasceu na Jordânia. Nasci num campo de refugiados. Em 1949, a minha família fugiu de uma pequena aldeia e ficaram num campo em Jericó. Em 1967, tiveram de mudar de novo e foram para Karama, para um campo de palestinianos. No ano seguinte mudaram para o campo de Baka, a norte de Amã. Hoje é um campo que acolhe cerca de 150 mil pessoas. Foi lá que nasci. No início, as pessoas viviam em tendas mas, aos poucos, foi mudando e agora têm casas. Mas é ainda sobrepovoado e vive numa situação ambígua. Não é reconhecido pelo estado da Jordânia, nem as Nações Unidas prestam lá cuidados. As pessoas estão no meio de dois fogos. Como é crescer num campo de refugiados? Vivia na Jordânia, mas só conheci alguém de lá já deveria ter uns 20 anos. É viver numa comunidade muito fechada onde se levanta a questão da identidade de uma forma muito forte. Muitas pessoas não sentem que são da Jordânia, mesmo depois de 60 anos a ali viverem, nem que são da Palestina, que já não passa de uma memória longínqua. Eu, por exemplo, conheci a minha avó há apenas dois anos. Ela ficou em Jericó e nunca a tinha visto. O meu pai morreu e a minha mãe foi lá buscá-la. É uma senhora muito velhinha, com o corpo cheio de cicatrizes da guerra. Ali, a guerra é diária. Por outro lado, toda a gente fala da Palestina e no direito de regressar. Não sei o que é ter uma casa. Nunca pude construir essa ideia. Há um sentimento nostálgico de que a “casa” existe, mas eu não sei o que é, nunca lá estive. É mais um sentimento de diáspora ou de exílio. Quando queremos ter educação ou saúde, não somos de lá, e não temos direito a nada. Como é que fez para estudar? A questão da educação na Palestina sempre foi muito forte. E esse foi o meu caso também. Apesar de o meu avô paterno ser talhante, teve o cuidado de possibilitar educação superior aos filhos e eu fui educado nessa perspectiva. A única hipótese era ir estudar para as mesquitas na Síria. O meu professor de inglês costumava dizer que, quando uma catástrofe atinge algumas pessoas, haverá outras a beneficiar com isso. Na Síria, que foi colonizada pelos franceses, o ensino do inglês era muito mau mas, com o regresso dos palestinianos, vieram muitos académicos que acabaram por se tornar professores de inglês e colmataram uma falha. A educação sempre foi uma questão essencial para os palestinianos. Como é que apareceram as marionetas? Quando estava a estudar Química tornei-me voluntário no orfanato que existia no campo de Baka. Não havia actividades para os mais jovens e não havia como libertar a energia. Existia um clube de desporto em que as pessoas se encontravam e a associação dos órfãos. Para conhecer a dinâmica da comunidade era necessário fazer algum trabalho voluntário ou social. Fazia campos de Verão e programas educacionais com as crianças. Queria também fazer qualquer coisa que ajudasse as crianças na formação do seu carácter e lembrei-me de fazer algo mais artístico. Foi quando apareceu a ideia das marionetas. Até então, só tinha visto os bonecos na televisão e nem sabia como fazer. Falei com os meus colegas e discutimos como fazer um guião, fazer os bonecos, etc.. Começou aí. Na altura, tinha uma ideia baseada no budismo, em que, depois de não existirem árvores, água e animais, o homem descobre que não pode comer dinheiro. Era essa a reflexão que queria passar. Fui ao mercado, comprei umas bonecas e precisava de uma personagem que fosse o contador de histórias. Num desses dias de compras vi um homem a vender melão. É um fruto que tem uma espécie de rugas e achei interessante. Tirei o interior e transformei-o num boneco. Foi a minha primeira marioneta. No entanto, acabei o curso em Química Aplicada, trabalhei numa refinaria de petróleo durante dois anos e depois comecei a dar aulas. Passado um ano decidi que não era aquilo que queria. Foi um choque para a minha família o facto de estar a perder uma oportunidade de estabilizar e ter um futuro. Decidi que queria trabalhar com marionetas. Estudou em Praga. Sim, mas foi uma coincidência. Quando fiz a minha escolha, em 2009, tive o meu próprio espectáculo e fiz alguns workshops para campos de refugiados. Em 2010 comecei a trabalhar com refugiados iraquianos. Trabalhei em Zaatari com a comunidade em geral e já fazia coisas também para adultos. Mas sentia que ninguém estava convencido com o meu trabalho e que precisava de algum tipo de reconhecimento internacional. Comecei à procura de opções. Apareceu-me uma formação na Alemanha, mas não podia ingressar sem um curso de língua. Ainda comecei a estudar mas só me aceitariam por meio ano porque já tinha mais de 26 anos. Continuei à procura e encontrei cursos em inglês em Praga. A capital internacional das marionetas… Sim, mas eu não sabia. Foi o que me apareceu. É uma história muito estranha. Descobri quando lá cheguei e nem queria acreditar. Os bonecos que tinha visto na televisão, que eram os meus favoritos, tinham sido criados ali, e eu estava ali. Fui admitido numa escola de teatro e estavam marionetas em todo o lado. Fiz o curso, durante três semanas, e o meu professor, responsável pelo programa, perguntou-me se não me queria candidatar ao programa de mestrado. Foi muito complicado. Não tinha um background no teatro e sentia-me completamente perdido. Sentia que não conseguia encontrar a minha forma de expressão. Vinha de uma cultura muito diferente e não me sentia pronto. Fui à Índia, onde vi alguns festivais que me inspiraram e me proporcionaram uma abordagem diferente das coisas. Regressei a Praga e consegui fazer um projecto mais pessoal. Aprofundei a área do teatro documental, que conta histórias. O que é que vamos ter com “Uma Vida Suave” aqui em Macau? Comecei a sentir que tinha de fazer teatro em que pudesse jogar com os limites da realidade e da fantasia, e em que pudesse juntar alguma actividade. Nesta peça estamos em casa, à mesa, e as pessoas vêm ouvir algumas histórias acerca da minha infância. A mesa tem estampado o mapa da Palestina e, ao mesmo tempo que vou contando as histórias, as pessoas vão bebendo chá. A peça acaba com a partilha de uma refeição tipicamente palestiniana que, traduzindo, se chama “de pernas para o ar”. É uma refeição especial que se faz especialmente ao fim-de-semana. A cenografia está a cargo da Réka Deák. Concebeu uma mesa com gavetas e as histórias vão saindo delas. É também uma peça sobre a família e as memórias. Acima de tudo, o que quero mostrar é que cada pessoa tem a sua história que deve ser contada. Estamos num tempo em que as pessoas se reduzem a números. Lidamos como as pessoas como se fossem algarismos. Por exemplo, diz-se que três mil pessoas foram mortas, mas quem são estas pessoas? As pessoas tornam-se números e os números esquecem-se. Mas as histórias não. As histórias devem fazer a diferença, e ficar no coração e na memória das pessoas.