Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasPadre, Café e Cucina | Danny Natoly, proprietário: “Tentamos não usar ingredientes artificiais” Aberto há pouco mais de seis meses, o “Padre, Café e Cucina” roubou o nome à rua que o acolheu, do Padre António. Danny Natoli garante que ali se pode jantar e beber bom café, em conjunto ou em separado. O que importa é que o cliente se sinta em casa “Quer um café? Este é bastante forte, costumo beber antes de tomar o expresso de manhã”. Foi desta forma que Danny Natoli, proprietário do restaurante “Padre, Café e Cucina”, recebeu o HM, mostrando o elemento diferenciador de um espaço que abriu há seis meses junto ao Largo do Lilau. Situado na Rua do Padre António, bem junto à esquina, o “Padre” pretende ser um restaurante de comida italiana mas também um café. Os sabores característicos dos grãos misturam-se facilmente com os de uma pizza ou massa acabados de fazer. “Uma coisa boa deste lugar é que as pessoas que vivem aqui entram e perguntam quais são os pratos do dia, há essa ligação. Uma coisa que eu quero que o cliente perceba é que se pode sentar e tomar um café e sair em vinte minutos, ou pode mais tarde jantar com os amigos”, contou ao HM Danny Natoli, proprietário. O menu tem tudo aquilo que poderemos esperar de um restaurante tipicamente italiano. Há as pizzas caseiras, as saladas, massas e pães. Mas depois há uma variedade de cafés para todos os gostos, com grãos vindos de Melbourne e até do Burundi. Danny Natoli aderiu a uma tendência cada vez mais crescente dos produtos livres de glúten e confeccionados de forma mais natural possível. “Tentamos não usar açúcar ou ingredientes artificiais na nossa comida, usamos muito poucos químicos. Queremos que a nossa comida seja o mais natural possível. Uso muitas ervas frescas nos meus pratos. Uma das dificuldades que sentimos aqui em Macau é ter um fornecimento de produtos consistente, sobretudo de produtos naturais. As farinhas são todas importadas de Itália, sendo que a maioria não contém glúten ou químicos. Quero mesmo evitar as farinhas processadas, porque as pessoas começaram a desenvolver alergias a determinados produtos” , contou. O “Padre” assume-se como sendo uma mistura de culturas, tirando partido da cultura local. “Temos comida italiana e receitas inspiradas em pratos locais. Por exemplo temos uma pizza com chouriço chinês, que tem um sabor doce. É como se fosse uma receita de pizza macaense, onde coloquei alguns sabores com os quais as pessoas estão mais familiarizadas”, disse Danny Natoli. Australiano da Sicília Danny Natoli sempre teve uma relação próxima com a cozinha, muito por culpa das origens sicilianas da família, apesar de ter sido criado em Melbourne, na Austrália. “A minha relação com a cozinha está muito relacionada com as minhas raízes italianas, cresci numa família onde as pessoas se reuniam à volta da comida, algo que também é semelhante às famílias portuguesas”, disse. “Este espaço é uma mistura. Podemos dizer que é um restaurante italiano com alguns elementos macaenses e com uma aposta no café. E é isso que faz com que seja um restaurante adaptado a Macau devido à história e à mistura cultural que aqui existe. As pessoas aqui reúnem-se muito à volta da mesa e os macaenses são um pouco como os italianos, que se reúnem sempre às refeições. Se isto fosse só um café italiano, teríamos aqui dez pessoas a beber café e a falar de coisas banais”, explicou. Danny Natoli precisou de seis meses para encontrar o espaço ideal para abrir o “Padre”. Quando o encontrou, foi difícil chegar ao projecto de decoração ideal. Hoje, com uma cozinha aberta para a rua e dois andares, o restaurante está como Danny sempre desejou. “Gostei logo deste espaço porque é junto à esquina, mas remodelá-lo foi difícil, estava completamente diferente.” Os recursos humanos também foi outra etapa difícil que Danny Natoli teve de enfrentar. “As pessoas que trabalham comigo são óptimas, tenho uma pessoa já com alguma experiência em comida ocidental e todos os dias estão a aprender. Há uma rapariga de Macau que está a fazer um part-time. Claro que a barreira da linguagem é um problema, mas assim que começam a cozinhar aprendem depressa. O mais difícil também é encontrar pessoas que estejam interessadas em trabalhar numa cozinha”, rematou.