Economia | Pequim procura recuperar valor da sua moeda

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]valor da moeda chinesa, o yuan, subiu ontem 202 pontos base, ou 0,29 por cento, face ao dólar norte-americano, segundo o Sistema de Comércio de Divisas da China (CFETS). Um dólar valia ontem 6,85 yuan, após aquele organismo ter anunciado que os bancos chineses reiniciaram o ajuste “anticíclico”, como parte do mecanismo de fixação de preços de paridade do yuan face ao dólar.
Segundo o CFETS, a maioria dos bancos de divisas realizaram o ajuste por iniciativa própria, desde princípios de Agosto, para contrariar o sentimento pró cíclico, face a um yuan debilitado no mercado de divisas.
Nos últimos meses, o yuan experimentou uma tendência negativa, em parte devido ao dólar norte-americano mais forte e a um “clima volátil no comércio mundial”, segundo a entidade, face à guerra comercial instalada entre Pequim e Washington.
“O ajuste terá um papel activo para ajudar o yuan a manter-se estável num nível razoável e equilibrado”, indica o regulador.
Em Maio de 2017, o regulador de divisas da China introduziu o facto de ajuste anticíclico no modelo de fixação dos preços, para travar flutuações no mercado de divisas. Após o mercado voltar à normalidade, com fluxos de capital equilibrados, os bancos reduziram o ajuste e colocaram o factor anticíclico em nível neutro.
A taxa de paridade do yuan, face ao dólar, baseia-se na média dos preços oferecidos antes da abertura do mercado interbancário e pode oscilar, no máximo, 2 por cento por dia.

28 Ago 2018

Moeda chinesa estabiliza face ao dólar norte-americano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] moeda chinesa voltou ontem a subir ligeiramente face ao dólar norte-americano, pelo terceiro dia consecutivo, confirmando a estabilização do yuan após a súbita e acentuada desvalorização de 4,6% registada na semana passada.
Segundo as cotações do banco central chinês, ontem de manhã, um dólar valia 6,3966 yuan, menos 0,0003 do que na véspera e menos 0,0009 do que sexta-feira passada.
O euro também desceu, para 7,0816 yuan – menos 0,0127 do que na segunda-feira passada.
Pelas regras do Banco Popular da China, o yuan pode variar diariamente até 2% face às principais moedas internacionais.
Na semana passada, entre terça e quinta-feira, a moeda chinesa desvalorizou sucessivamente 1,9%, 1,6% e 1,1% face ao dólar norte-americano, na maior descida do género desde 1994.
As autoridades chinesas caracterizaram a desvalorização do yuan como uma medida destinada a “reflectir melhor o mercado”, no âmbito de um processo de “ajustamento” que já estará “basicamente concluído”
“O valor do yuan voltou gradualmente aos níveis do mercado depois das quedas nos dias anteriores, e permanecerá uma moeda forte a longo prazo, sem bases para uma persistente e substancial desvalorização”, afirmou Zhang Xiaohui, vice-governador adjunto do Banco Popular da China, na quinta-feira passada.
O mesmo responsável disse que “havia um fosso de 3% entre a cotação do yuan e as expectativas do mercado”.
A desvalorização do yuan foi considerada também uma forma de aumentar a competitividade das exportações chinesas, cujo valor, em Julho passado, diminuiu 8,3% em relação a igual período de 2014.
A União Europeia e os Estados Unidos são os principais destinos das exportações chinesas.
 

19 Ago 2015

AMCM prevê impacto negativo da desvalorização do yuan

Consequências ao nível da competitividade das exportações e dos investimentos da Reserva Financeira: eis o impacto para a economia local da desvalorização do yuan, analisadas pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Autoridade Monetária de Macau (AMCM) prevê que a desvalorização do yuan tenha impacto na economia de Macau nomeadamente na competitividade das exportações, no número de visitantes e nos investimentos da Reserva Financeira, sem traçar, porém, cenários alarmistas.
Numa avaliação preliminar, divulgada na passada sexta-feira, a AMCM estima um “enfraquecimento, a curto prazo, da competitividade das exportações”; e que “pode eventualmente diminuir a atracção” de visitantes da China, a principal fonte de turistas, um cenário passível, por seu turno, de “conduzir a um impacto negativo de curto prazo, quer para o sector do turismo, quer para o sector retalhista”.
A AMCM calcula também “um impacto negativo de curto prazo sobre os rendimentos e medidas de controlo de risco prestes a aplicar”, apesar de ressalvar que tem diminuído a proporção de activos denominados na moeda oficial chinesa.
A rentabilidade do yuan tornou-se “bastante atraente” nos últimos anos, com as taxas de juros nos países desenvolvidos a aproximarem-se do nível zero, acrescendo o enfraquecimento do câmbio. No entanto, continua a AMCM, “face à mudança da direcção das políticas monetárias internacionais, nomeadamente ao aumento da taxa de juros do USD [dólar norte-americano] e ao fortalecimento do seu câmbio, a Reserva Financeira reduziu, gradualmente, no início do ano, a percentagem dos activos denominados em RMB para controlar o risco”.An employee counts yuan banknotes at a bank in Suining
Assim, “até finais de Junho, depois de ajustar a carteira de posições – contratos de ‘swap’, os activos denominados em RMB representavam 33% dos activos da Reserva Financeira, número inferior ao nível dos 48,6% em 2014”, especifica a entidade reguladora da banca em comunicado.
Sublinha ainda a AMCM que, segundo as estimativas preliminares, até Junho, a rentabilidade anual da Reserva Financeira será de cerca de 4%, prognosticando-se, como consequência da queda do câmbio do yuan, uma diminuição da mesma no período de Janeiro a Agosto.
No entanto, “o desempenho anual depende ainda da evolução dos mercados financeiros internacionais nos restantes meses do ano [e], segundo as previsões, a Reserva Financeira continua a registar uma rentabilidade positiva”, ressalva.

O lado bom

Em contrapartida, na análise da AMCM, a desvalorização do yuan pode ter pelo menos um efeito positivo: aliviar a inflação que, no primeiro semestre, foi de 4,92%. “A queda do câmbio do RMB pode baixar o preço dos bens importados e diminuir a pressão sobre a vida da população em geral”, já que uma larga variedade de produtos alimentares provém do interior da China.
A AMCM refere ainda que “uma resposta às recomendações das organizações internacionais pode beneficiar o reforço dos rendimentos a médio e longo prazo”, realçando ser “do conhecimento geral do mercado que a implementação das medidas da reforma para aperfeiçoamento do câmbio do RMB visa responder ao relatório de avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre ‘Direitos de Saque Especiais’, publicado na última semana”.
“A adopção pelo Banco Popular da China das políticas de reforma do câmbio pode eliminar os obstáculos que existam na adesão do RMB aos ‘Direitos de Saque Especiais’ [SDR, na sigla em inglês], o que pode contribuir, a longo prazo, para o impulso da transferência, por uma grande variedade de bancos centrais e investidores institucionais, dos seus activos para os denominados em RMB”, antecipa a AMCM na mesma nota.
“Em consequência, a detenção pela Reserva Financeira dos activos em RMB pode contribuir para o aumento da sua rentabilidade a médio e longo prazo, no contexto em que são adoptadas estratégias de investimento caracterizadas pelo controlo rigoroso do risco”, conclui a entidade reguladora.
Esta quarta-feira, o FMI vincou, porém, que as medidas de Pequim “não têm implicações directas” nos critérios referentes à eventual inclusão do yuan no cabaz de moedas usado pelo FMI, isto apesar de ter saudado a reforma cambial como um “bom passo” para a abertura e flexibilização do mercado de divisas da segunda economia mundial.
Nos últimos três dias, a moeda chinesa desvalorizou sucessivamente 1,9%, 1,6% e 1,1% face ao dólar norte-americano, na maior descida do género em mais de duas décadas.

17 Ago 2015