Letras&Companhia | Luísa Sobral no Teatro D. Pedro V este sábado

Luísa Sobral, cantora e romancista, está em Macau para participar em mais uma edição do festival literário infanto-juvenil “Letras&Companhia”, organizado pelo IPOR. A primeira actuação decorre este sábado no Teatro D. Pedro V, com o espectáculo “Coisas Pequenas”. Segue-se, na terça-feira, a apresentação do seu livro “O Peso das Palavras”

 

O Instituto Português do Oriente (IPOR) volta a apresentar, a partir desta sexta-feira, mais uma edição do festival literário inteiramente dedicado a crianças, jovens e suas famílias, intitulado “Letras&Companhia”. E no meio de workshops de escrita e leitura, exposições e actividades em torno do tema da educação e inteligência artificial, há um destaque no programa: a presença da cantora portuguesa e romancista Luísa Sobral.

Luísa Sobral, que tem uma carreira como compositora e cantora já de alguns anos, traz a Macau o seu “concerto intimista”, intitulado “Coisas Pequenas”, que acontece este sábado a partir das 20h no Teatro D. Pedro V.

Segundo o cartaz do “Letras&Companhia”, este espectáculo traz a Macau “um reportório constituído por músicas dos sete álbuns lançados em nome próprio, canções que escreveu para outros e por algumas composições musicais que a marcaram”.

Desta forma, “será um momento musical de partilha de histórias e memórias, pautado pela poesia das ‘coisas pequeninas’ que participam na beleza da vida”. Além disso, o concerto conta com a presença de Mina Pang, dos Cotton Kids, a acompanhar um tema em palco. Mas Luísa Sobral faz ainda uma segunda participação no “Letras&Companhia”, apresentando o seu livro infantil “O Peso das Palavras”, na próxima terça-feira, na Livraria Portuguesa, a partir das 18h30.

Esta obra, que é ilustrada por “Ligeiramente Canhoto”, inclui a história “do (super)poder das palavras”, escreveu a Lusa, descrevendo que “rouxinóis e um elefante convidam o leitor a reflectir sobre o impacto que a escolha das palavras pode ter no quotidiano”.

Elefantes e rouxinóis

“O Peso das Palavras” nasce “da preocupação em mostrar aos mais novos como algumas palavras têm a capacidade de nos fazer sentir leves como rouxinóis, enquanto outras nos fazem sentir tão pesados como elefantes”, informa a nota de imprensa que acompanha o lançamento da obra.

Luísa Sobral explica que “este poema nasceu de uma conversa que tive com a minha filha quando fez um comentário sobre outra menina”. “Nesse momento, senti a necessidade de lhe explicar de forma simples e descomplicada que as palavras têm um peso e que podem magoar ou ser boas. Que através da palavra podemos fazer bem ou mal às pessoas à nossa volta e que, por isso, é muito importante termos noção das palavras que usamos”, acrescentou, citada pela Lusa.

“Acredito que a ilustração do livro acrescenta uma nova e importante camada à história, explicando que vamos sempre ouvir palavras que não queremos ouvir, “palavras elefante”. Mas que também faz parte da vida saber lidar com esses “elefantes” até porque querer uma vida repleta de “rouxinóis”, não é realista”, acrescenta a compositora e cantora portuguesa.

Árvores e outras histórias

Além de “O Peso das Palavras”, Luísa Sobral lançou, mais recentemente, o seu primeiro romance, desta vez para um público mais adulto, chamado “Nem todas as árvores morrem de pé”.

“Os meus amigos de vez em quando lêem notícias e coisas que acham que podem ser inspiradoras para canções”, então uma amiga enviou a história de “um casal com o apelido Feliz, mas que decidira terminar a vida junto, ou seja, terminar-se”, em Vila Real, onde vivia na altura, disse a cantora em entrevista à agência Lusa.

“Eu achei isso super irónico e poético ao mesmo tempo, então decidi escrever uma canção [‘Maria Feliz’] sobre isso. Só que todos os meus assuntos ficam resolvidos nas canções, mas este não ficou. Foi uma história que parecia que continuava em mim a querer ser mais alguma coisa. Então, decidi começar a escrever um texto que eu achei que ia ser uma peça de teatro, porque eu já ando há um tempo a querer escrever uma peça de teatro, e comecei a escrever, e de repente percebi – eu acho que os personagens aqui têm muita vontade própria – que não queriam ser só canção, depois não queriam ser peça de teatro, quiseram ser romance”, rematou.

A narrativa é construída com base em duas histórias paralelas, uma das quais, acompanha Emmi, nascida antes do início da Segunda Guerra Mundial, com uma adolescência difícil e pobre, que se casa com um homem de Berlim Leste e vai viver para a RDA, até que a construção do muro, a separação da família e uma carta anónima a enterram numa profunda depressão.

A outra, acompanha M., nascida após a divisão das Alemanhas, educada por uma ama, numa família onde imperam os valores do socialismo. M. vive no total desconhecimento do mundo ocidental e ao sabor de uma realidade distorcida, até ouvir um testemunho de uma rapariga, que mudará a sua vida.

2 Abr 2025

Luísa Sobral faz o elogio da imperfeição em “Rosa”, o novo álbum, quase como um concerto

[dropcap]A[/dropcap] cantora e autora Luísa Sobral definiu o seu novo álbum, “Rosa”, a editar na próxima semana, como “um disco de ‘cantautor’, em que as letras são mais importantes”, em que “é quase como estar num concerto”.

Em entrevista à agência Lusa, Luísa Sobral afirmou que pensou neste novo álbum, que é editado na próxima sexta-feira, como “um disco de ‘cantautor’, em que as letras são mais importantes, e que é quase como estar num concerto, porque é tudo muito verdadeiro”,

“Gravámos tudo ao mesmo tempo, os ‘takes’ imperfeitos, deixámo-los imperfeitos, porque tanto eu como o produtor [Raül Refree] gostamos da imperfeição. Foi tudo muito orgânico, muito verdadeiro, e era isso que me importava”, disse.

Relativamente ao novo CD, todo gravado em português, a cantora afirmou que pretendia “algo mais despido, simples e direto”, e daí o convite ao espanhol Raül Refree, que trabalhou com Sílvia Pèrez Cruz e Rosalía, para o produzir.

Luísa Sobral assina, letra e música, das onze canções que constituem o CD, que tomou o nome de “Rosa”, em homenagem à sua filha, pois foi composto durante a sua gravidez, o que influenciou o trabalho final.

“Este disco conta histórias e fala de amor, como todos os meus álbuns, mas este tem uma sonoridade diferente, e as canções estão mais expostas, além da minha voz estar um bocadinho diferente, porque durante a gravidez fiquei muito rouca, o que influenciou a forma como compus, mas decidi gravar assim, com a voz que me fez escrever as canções”, disse.

Luísa Sobral reconheceu existirem expectativas, relativamente a este seu novo álbum, mas disse: “Tentei não pensar muito nisso, para sair tudo de uma forma natural: não pensei, mesmo, muito nisso”.

“O mais diferente é o disco ser todo cantado em português, o facto de ser tão despido, e mudei o grupo de acompanhadores, que anteriormente eram guitarra, piano, bateria e contrabaixo, mas continuo a ser eu na composição, e com as minhas características”.

Neste CD, Luísa Sobral, além da voz, toca guitarra clássica, e é acompanhada pelos músicos Raül Refree, que assina a produção, nas guitarras clássica, acústica, elétrica, ‘Hammond’ e ‘Fender Rhodes’, Antonio Moreno, na percussão, Sérgio Charrinho, no fliscorne, Gil Gonçalves, na tuba, e Ângelo Caldeira, na trompa.

Um disco “simples”, disse, mas que é o que mais gosta na arte, “pois é mais directo e chega ao coração das pessoas”.

“A palavra simples é muitas vezes subestimada, mas, para mim, simples é o melhor, é o mais fácil de chegar às pessoas. E, às vezes, vamos analisar o ‘simples’ e não é nada tão simples assim, mas acaba por parecer, e é o que mais gosto na arte, parecer simples e afinal não é”, argumentou.

Neste CD, a intérprete partilha a canção “Só um Beijo”, com o irmão Salvador Sobral, que poderá vir a ser um dos convidados dos concertos de apresentação do álbum, em Fevereiro, no Porto, dia 9, na Casa da Música, e, no dia 22, no TivoliBBVA, em Lisboa.

“Não pensei ainda nestes concertos, mas, a convidar, seria o meu irmão [Salvador Sobral], a ver se ele pode, e o Raül Refree”, disse.

O CD abre com a canção “Nádia”, que remete para o drama dos migrantes que atravessam o mar Egeu, para alcançarem a Europa, para sobreviverem. E, através de outras, como “Querida Rosa”, “Benjamim”, “Mesma Rua, Mesmo Lado”, “Dois Namorados” ou “Maria do Mar”, Luísa Sobral vai apresentando personagens e contando a suas histórias.

4 Nov 2018