Hoje Macau China / ÁsiaVisita | Lagarde diz em Pequim que é necessário “agir” para evitar novas tensões comerciais A líder do BCE está em Pequim, onde apelou a uma cooperação activa contra a fragmentação global e as “as políticas comerciais coercivas” A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu ontem em Pequim que “as políticas comerciais coercivas não resolvem os desequilíbrios” globais e apelou à acção para evitar uma “escalada de tensões mutuamente prejudicial”. Lagarde encontra-se na capital chinesa para reuniões com o Banco Popular da China (banco central), segundo anunciou na terça-feira, através da rede social X. A responsável destacou num discurso as crescentes dificuldades à cooperação internacional num cenário de “tensões comerciais” e “complexidade geopolítica”. “Os ajustamentos unilaterais para resolver fricções globais revelaram-se frequentemente insuficientes ao longo da história”, afirmou Lagarde, sublinhando que estas medidas podem gerar “consequências imprevisíveis ou onerosas”, sobretudo quando substituem políticas estruturais destinadas a lidar com as causas profundas dos desequilíbrios. A presidente do BCE alertou para o aumento das fricções entre regiões com interesses geopolíticos desalinhados, num contexto em que essas mesmas regiões “estão mais integradas economicamente do que nunca”. “O incentivo à cooperação está a enfraquecer, mas os custos da não-cooperação aumentaram”, advertiu. Num mundo em processo de fragmentação, após décadas de globalização que não garantiu a todos os países as mesmas condições, Lagarde defendeu que a cooperação deve ser preservada. “Alguns países de baixo rendimento registaram avanços notáveis – nenhum mais do que a China”, salientou. “As economias avançadas também beneficiaram, ainda que de forma desigual”, notou, recordando que os consumidores obtiveram preços mais baixos e que muitas empresas europeias colheram ganhos substanciais ao subir na cadeia de valor. Proteccionismo destrutivo Contudo, Lagarde sublinhou que o cenário actual é marcado por “níveis tarifários inimagináveis há poucos anos”, impulsionados por um “realinhamento geopolítico” e pela percepção crescente de “injustiças no comércio internacional”. A presidente do BCE considerou que excedentes e défices não são problemáticos por si só, quando reflectem factores como a vantagem comparativa ou a evolução demográfica. “Tornam-se polémicos quando não são corrigidos ao longo do tempo e se atribuem a decisões políticas”, apontou. “Poucos países estão dispostos a manter dependência de outros”, reconheceu, ressalvando que isso “não significa abdicar dos benefícios mais amplos do comércio”. Para Lagarde, o proteccionismo não constitui uma solução sustentável: “as políticas comerciais coercivas não resolvem os desequilíbrios estruturais, apenas corroem os alicerces da prosperidade global”. A responsável apelou a soluções “cooperativas”, que envolvam ajustamentos das políticas macroeconómicas tanto por parte de países com excedente como dos que registam défices, e defendeu uma transição para uma economia global “mais sustentável e assente em regras comuns – ou melhoradas”. Banca de acordo O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco Popular da China (banco central) assinaram ontem um memorando de entendimento para cooperar na área da banca central. O BCE informou que a assinatura do memorando ocorre por ocasião da visita a Pequim da sua presidente, Christine Lagarde, onde se reuniu com o governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng. Este memorando de entendimento, que actualiza o assinado em 2008, inclui a base para o intercâmbio de informações, diálogo e cooperação entre as duas instituições regularmente. “É importante que mantenhamos a cooperação global e estou muito satisfeita por assinar este memorando de entendimento com o governador Pan como sinal do nosso diálogo contínuo com o Banco Popular da China”, disse Lagarde.
Hoje Macau China / ÁsiaLíder do FMI saúda avanços da China relativamente à dívida dos países emergentes [dropcap]A[/dropcap] directora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, saudou hoje os avanços da China quanto à sustentabilidade da dívida, depois do compromisso do presidente Xi Jinping para ter mais “transparência” nos empréstimos aos países emergentes. “O processo em que a China se aproxima dos princípios de sustentabilidade da dívida deve ser saudado”, disse Christine Lagarde, citada pela AFP, no Fórum de Paris, dedicado este ano ao crescente endividamento dos países em desenvolvimento. A directora geral do FMI precisou depois, em conferência de imprensa, que Pequim tinha tomado essa decisão “no seguimento de longas discussões” tidas entre a instituição sediada em Washington e “as autoridades chinesas, o Ministério das Finanças e o Banco Central” chinês. “Reafirmamos o nosso apoio aos princípios de transparência e de informação sobre a dívida”, acrescentou a responsável, reagindo às propostas do presidente chinês durante a recente cimeira do projecto Nova Rota da Seda, que decorreu em Pequim e contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Xi Jinping tentou então responder aos críticos da sua iniciativa da Nova Rotas da Seda, acusada de ser uma “armadilha da dívida” para os países pobres. “Tudo deve ser feito de maneira transparente e devemos ter tolerância zero com a corrupção”, disse então o presidente chinês. A questão da dívida dos países ligados a Pequim é uma das críticas frequentes ao projecto da Nova Rota da Seda, lançado por Xi. Por exemplo, o Sri Lanka, incapaz de honrar os seus compromissos com a China, cedeu a Pequim o controlo de um porto de águas profundas por 99 anos.
Hoje Macau China / ÁsiaFMI rejeita proteccionismo em todas as formas A directora-geral do FMI elencou ontem a rejeição do proteccionismo, a prevenção dos riscos financeiro e orçamental e a defesa do crescimento de longo prazo como as três principais mensagens dos Encontros da Primavera [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]um discurso proferido na Universidade de Hong Kong, a líder do Fundo Monetário Internacional (FMI) vincou que estas são as três principais mensagens que serão sublinhadas no relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais, a lançar na próxima semana em Washington. As três mensagens, assim, começam pela rejeição do proteccionismo: “Os governos precisam de rejeitar o proteccionismo em todas as suas formas; a história mostra que as restrições à importação prejudicam toda a gente, especialmente os consumidores mais pobres”, vincou Lagarde. A declaração acontece numa altura em que a maior economia do mundo, os Estados Unidos, lançou um forte aumento dos impostos alfandegários sobre o alumínio e o aço, originando por parte da China, a segunda maior economia mundial, uma resposta semelhante, o que poderá desencadear uma guerra comercial mais alargada. O sistema de comércio multilateral, acrescentou, “transformou o nosso mundo na última geração” e seria “um falhanço político colectivo” se este sistema de regras e responsabilidade partilhada fosse posto em perigo. Janela aberta A segunda mensagem que vai ser enfatizada para a semana em Washington é o perigo que decorre do aumento da dívida pública e privada, que chegou ao nível mais alto de sempre: 164 biliões de dólares. “Novas análises do FMI mostram que, depois de uma década de condições financeiras fáceis, a dívida global chegou ao maior valor de sempre; a dívida pública nas economias avançadas está a níveis inéditos desde a Segunda Guerra Mundial, e se as tendências recentes continuam, muitos países de baixo rendimento vão enfrentar um peso da dívida insustentável”, acrescentou a diretora-geral do FMI no discurso proferido em Hong Kong. Como um peso da dívida elevado deixou os governos, as empresas e as famílias mais vulneráveis a condições financeiras mais restritivas, a construção de almofadas orçamentais é fundamental. “Isto significa criar mais espaço de manobra para agir quando o próximo ciclo económico descendente inevitavelmente surgir”, concluiu Lagarde sobre a segunda mensagem do FMI. Sobre a criação de riqueza inclusiva a longo prazo, a directora-geral do Fundo salientou que “mais de 40 países emergentes e em desenvolvimento devem crescer mais devagar, em termos per capita, que as economias avançadas”, o que significa uma importância acrescida de os sectores dos serviços aumentarem a produtividade. “O governo digital pode garantir serviços públicos mais eficazmente, o que ajuda a melhorar a vida das pessoas”, disse, concluindo que “ao usar novas ferramentas, como análise de grandes dados, os governos conseguem reduzir as fugas, que estão muitas vezes diretamente relacionadas com a corrupção e a evasão fiscal”. “O mundo está a viver um forte crescimento… e como vão ver nas nossas perspectivas na próxima semana, continuamos a estar optimistas”, disse Christine Lagarde no discurso de lançamento dos Encontros da Primavera, que decorrem durante a próxima semana em conjunto com o Banco Mundial. Para Lagarde, este momento de crescimento sustentado é ideal para os governos apostarem em reformas políticas, já que “a janela de oportunidade está aberta”. No entanto, acrescentou a antiga ministra das Finanças de França, “há um novo sentido de urgência porque as incertezas aumentaram significativamente, desde as tensões comerciais, ao aumento dos riscos financeiro e orçamental, até à geopolítica mais incerta”.
Hoje Macau China / ÁsiaFMI | Lagarde recomenda à China que termine divisões digitais e regulatórias [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, enalteceu ontem o desejo da China em se continuar a abrir, mas recomendou que o país termine com a divisão digital e regulatória. O Presidente chinês, Xi Jinping, “foi muito especifico: falou da abertura de sectores como a banca, seguros, automóveis, redução das taxas alfandegárias e barreiras, e um ambiente mais atrativo para as empresas estrangeiras”, destacou Lagarde. A directora-geral do FMI falava na abertura do fórum Boao. Lagarde elogiou ainda a vontade expressa por Xi em melhorar a protecção dos direitos de propriedade intelectual, destacando que isso contribuirá para o progresso do país. Há várias décadas que firmas estrangeiras acusam empresas chinesas de pirataria e roubo de tecnologia. A responsável do FMI apelou ainda ao país que termine com a divisão digital e regulatória. “Na Ásia, assistimos a um florescimento da ‘fintech’ [o uso de novas tecnologias por empresas do sector financeiro]. Isso revela a existência de ‘gaps’ regulatórios, que se não forem resolvidos nos níveis domésticos e transfronteiriço, podem causar riscos sistémicos”, afirmou. Lagarde referiu ainda o que designa de “divisão na inovação”. A responsável explicou que o FMI publicou recentemente um documento que “identifica como o comércio facilita a transferência de tecnologia”. A directora lembrou que a inovação e novas tecnologia não pertencem mais apenas a um pequeno número de países, notando que dois terços dos ‘robots’ no mundo encontram-se agora no Japão, Coreia do Sul e China. “Devemos continuar assim e é através do comércio que a inovação continuará a ser compartida. Além de ser um importador de tecnologia, a Ásia converter-se-á num exportador de tecnologia”, afirmou.