Fotografia | Imagens de Macau no Grémio-Clube Sesimbrense

Inaugurou, no último sábado, uma nova exposição de imagens de Macau da autoria de Jorge Veiga Alves, antigo residente no território. Ao todo são 30 imagens que mostram a Macau do antigamente e que podem ser vistas no Grémio-Clube Sesimbrense

 

Chama-se “À Procura de Macau” e é o nome da nova exposição de fotografia da autoria de Jorge Veiga Alves, economista reformado e fotógrafo amador que viveu no território nos anos 80 e 90. Inaugurada no sábado, no Grémio-Clube Sesimbrense, entidade sócio-cultural em Sesimbra, onde vive actualmente Jorge Veiga Alves, a mostra apresenta um total de 30 imagens que, muitas das vezes, revelam elementos sociais e urbanos que já desapareceram do dia-a-dia da cidade. A exposição pode ser visitada até 22 de Junho.

“À Procura de Macau” já esteve patente no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) em Lisboa, sendo que grande parte das imagens estão incluídas em duas exposições digitais permanentes do CCCM e Fundação Macau, com o mesmo nome. De frisar, que a mostra digital do CCCM conta com fotografias mais actuais, capturadas por Jorge Veiga Alves em Macau nos anos de 2005 e 2016, quando o fotógrafo visitou o território.

O HM conversou, em Dezembro do ano passado, com Jorge Veiga Alves sobre as imagens que capturou ao longo dos anos, tendo este declarado que, acima de tudo, este espólio fotográfico constitui um exercício de memória da Macau antiga.

“Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Mas andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.”

Captar vivências

Profissionalmente, Jorge Veiga Alves foi director de um departamento da Autoridade Monetária e Cambial de Macau entre 1986 e 1994, sendo que, nesse período, se dedicou a fotografar as ruas de Macau e as suas vivências nas horas vagas. A pandemia trouxe-lhe a oportunidade de trabalhar no restauro e digitalização das suas fotografias e filmes analógicos.

Um dos exemplos da Macau antiga que pode ser encontrada nas imagens de Jorge Veiga Alves é os estaleiros navais de Lai Chi Vun, em Coloane, espaço actualmente em fase de recuperação por parte das autoridades. “Tenho muitas imagens sobre a construção naval nos estaleiros, e essa é uma actividade que já não existe”, adiantou o fotógrafo.

Em relação ao espaço de exposição, o Grémio-Clube Sesimbrense existe em Portugal há 170 anos, tendo sido fundado em 1853 com o nome “Sociedade Philarmónica” e, depois, “Grémio Philarmónico Cesimbrense”. Neste espaço, a população podia assistir a concertos, peças de teatro, bailes, palestras e conferências. Actualmente o Grémio dedica-se a promover actividades de cariz sócio-cultural.

28 Mai 2023

CCCM inaugura hoje biblioteca e exposição de fotografia

É hoje inaugurada a nova biblioteca do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, depois de um longo período de obras e reestruturação dos serviços. O evento de abertura contará com a presença de Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, além de incluir a inauguração da exposição de fotografia “À Procura de Macau”, da autoria de Jorge Veiga Alves, às 18h (hora de Lisboa).

O projecto de uma nova biblioteca foi, desde o início do mandato, um projecto primordial de Carmen Amado Mendes à frente da presidência do CCCM. Até à data, a biblioteca localizava-se num edifício externo ao Centro, sujeito ao pagamento de renda.

Numa entrevista ao HM, concedida em Fevereiro, a académica dava conta da vontade de mudar esta situação e reduzir despesas. “Temos ainda a questão das instalações provisórias, pois durante todos estes anos de vida do CCCM temos pago renda pelo espaço onde tínhamos a biblioteca e o arquivo, e isso não fazia qualquer sentido. Finalmente conseguimos concluir as obras no nosso edifício onde fica o museu, o que nos permitiu mudar a biblioteca, e deixar de pagar renda. Com isso promovemos o uso de salas de aula para as formações que disponibilizamos e gabinetes para investigadores. Estou contente por estarmos já numa fase final.”

Recordar Macau

Quanto à exposição de fotografia, trata-se de mais uma oportunidade para ver o trabalho de Jorge Veiga Alves, ex-residente em Macau e que há muito se dedica à fotografia nos tempos livres, nomeadamente sobre a Macau antiga, as suas gentes e culturas locais do período anterior à transição.

Apresentam-se, assim, 30 fotografias tiradas entre os anos de 1986 e 1994, no formato analógico, e que foram digitalizadas e incluídas no projecto pessoal do fotógrafo também intitulado “À Procura de Macau”. Esta mostra pode ser vista até final de Janeiro.

De frisar que desde Janeiro que as imagens e vídeos do espólio pessoal de Jorge Veiga Alves estão à guarda do CCCM e disponíveis para consulta na biblioteca digital da entidade.

O fotógrafo confessou ao HM, em Janeiro, que grande parte do seu espólio serve de exercício de memória de uma Macau que já não existe. “Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Às vezes andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.”

19 Dez 2022

Fotografia | Espólio de Jorge Veiga Alves no arquivo digital do Centro Científico e Cultural de Macau 

As imagens e os vídeos do espólio pessoal de Jorge Veiga Alves vão passar a estar disponíveis para consulta na biblioteca digital do Centro Científico e Cultural de Macau. Foi também assinado um acordo para preservar o material capturado pela sua esposa no período em que a família viveu em Macau. O fotógrafo amador destaca o facto de muitas das suas imagens retratarem vivências que já desapareceram

 

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, irá disponibilizar na sua biblioteca digital o espólio fotográfico e de vídeo do fotógrafo amador Jorge Veiga Alves, economista que viveu em Macau entre 1986 e 1994. Além das fotografias relativas a esse período, o acervo inclui ainda fotografias e vídeos dos anos 2005 e 2016, bem como de alguns países asiáticos que Jorge Veiga Alves visitou com a família. O acordo não é de exclusividade com o CCCM, uma vez que algumas destas fotografias também estão disponíveis no website da Fundação Macau. De frisar que o espólio pessoal de Margarida Gomes Branco, esposa de Jorge Veiga Alves, também vai ficar disponível para consulta.

“Tinha o gosto de preservar essas fotografias e a pandemia deu-me tempo para me dedicar a esse conjunto de imagens”, contou Jorge Veiga Alves ao HM. Hoje reformado, o fotógrafo amador tem publicado algumas destas fotografias nas redes sociais, tendo vindo a obter muitas reacções da parte de pessoas que viveram em Macau e não esquecem algumas vivências.

Depois de criar também duas exposições digitais, em formato vídeo, Jorge Veiga Alves teve a iniciativa de contactar diversas entidades ligadas a Macau, situadas em Portugal, para que alguns planos pudessem ser desenvolvidos com o seu espólio.

“Surgiu a possibilidade de uma das instituições fazer uma exposição este ano, e surgiu a proposta do CCCM, porque eles querem começar a ter uma biblioteca digital com imagens. E isso conjugou-se com a minha disponibilidade e com o facto de ter um arquivo com dezenas de fotografias e vídeos”, adiantou.

Outra Macau

Neste espólio podem ser encontrados retratos de uma Macau que já não existe, ou que se reconfigurou. “Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Às vezes andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.”

Jorge Veiga Alves considera, portanto, que este espólio tem sobretudo interesse do ponto de vista documental. Um dos exemplos de lugares em extinção é os estaleiros de Lam Mau e Lai Chi Vun, em Coloane, hoje ao abandono. “Tenho muitas imagens sobre a construção naval nos estaleiros, e essa é uma actividade que já não existe.” Mas há também lojas que desapareceram, sendo que as diferenças já são notórias mesmo em relação a 2005.

O fotógrafo amador gostaria de ver contadas as histórias da diáspora portuguesa de Macau, “de como [os portugueses] viviam e interagiam com o território”, sendo esta uma história que está por contar por oposição à da diáspora macaense em Portugal, defende o também ex-trabalhador na Autoridade Monetária e Cambial de Macau.

Já reformado, Jorge Veiga Alves não quer ficar por aqui no que à fotografia diz respeito. “Há outros temas que já estão a nascer e que estão relacionados com isto, como a percepção de que o tempo está a passar. Há sítios que já não são os mesmos, como ruas, lojas ou pessoas. Existem como há 20 anos, mas já são completamente diferentes.”

13 Jan 2022