Festival | 6ª Mostra do Cinema Português traz filmes de João Canijo

Apresenta-se no final do mês, entre os dias 28 e 30 de Junho, a 6.ª Mostra do Cinema Português em Macau, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. Destaque para a exibição dos mais recentes filmes do realizador português João Canijo, “Mal Viver” e “Viver Mal”. Margarida Moz, curadora do festival, destaca o interesse local pelo cinema português que não se cinge à comunidade lusa

 

Os amantes de cinema podem desfrutar, no final deste mês, de um cartaz que traz o que de melhor se tem feito nesta área em Portugal nos últimos tempos. A 6ª Mostra do Cinema Português apresenta-se no auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, entre os dias 28 e 30 de Junho, sendo que no primeiro dia de exibições se apresenta, às 19h, “Mal Viver”, do realizador português João Canijo, que venceu, com este filme, o prémio “Urso de Prata” no Festival Internacional de Cinema de Berlim, no ano passado, um dos mais importantes desta competição. Destaque ainda para a obtenção do prémio “Melhor Filme” nos Prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema.

No dia seguinte, 29 de Junho, apresenta-se “Viver Mal”, também de João Canijo. Os dois filmes resultam de um trabalho de 12 semanas de rodagem que aconteceu no Hotel Parque do Rio, em Ofir, no concelho de Esposende, no início de 2021, quando o país atravessava o segundo período de confinamento pandémico.

“Mal Viver” “é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e o rancor, que a chegada inesperada de uma neta vem abalar, no tempo de um fim de semana”, lê-se na sinopse. Já “Viver Mal” segue em paralelo e foca-se nos hóspedes que passam pelo hotel gerido por aquelas mulheres.

O elenco conta com Rita Blanco, Anabela Moreira, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto, Filipa Areosa, Leonor Silveira, Nuno Lopes, Rafael Morais, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Leonor Vasconcelos e Carolina Amaral.

Margarida Moz, curadora deste festival e directora da Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português, descreve ao HM que os filmes de Canijo “marcaram o último ano do cinema em Portugal”.

“Apesar do sucesso que o João Canijo já alcançou no nosso país, faltava ao seu currículo uma selecção que fizesse jus ao seu imenso talento. Com a selecção dos dois filmes no Festival de Berlim, em 2023, onde Mal Viver conquistou um Urso de Prata, foi feita finalmente justiça. A partir daqui o filme viajou por todo o mundo, tendo estreado comercialmente (ou seja, mas salas de cinema regulares, fora do circuito dos festivais) em vários países, entre os quais em França, onde foi exibido em 31 cidades.”

Assim, “trazer estes dois filmes a Macau é uma forma de provar a elevada fasquia desta mostra, demonstrando o que de melhor o cinema português tem para oferecer ao mundo”.

Margarida Moz destaca também que no território “existe um interesse pelo cinema português que não é exclusivo da comunidade portuguesa local, mas partilhado por uma comunidade cinéfila atenta à programação dos melhores festivais internacionais e que assim pode ver estes filmes em sala”.

Dois dias de curtas

No dia 29 de Junho, tem lugar a primeira sessão apenas dedicada à exibição de curtas-metragens, a partir das 17h. Incluem-se “The Shift”, de Laura Carreira, apresentado no Festival de Cinema de Veneza em 2020; “Azul”, de Ágata de Pinho, apresentado em 2022 no Festival de Cinema de Roterdão e “Tornar-se um Homem na Idade Média”, de Isadora Neves Marques, vencedor do prémio Tigre para Melhor Curta-Metragem no Festival Internacional de Cinema de Roterdão em 2022.

Incluem-se ainda “As Lágrimas de Adrian”, de Miguel Moraes Cabral, de 2023, apresentado no festival Indie Lisboa e ainda “À Tona da Água”, de Alexander David, apresentado este ano no Festival Internacional de Cinema de Roterdão.

No último dia do festival há ainda tempo e espaço para mais uma sessão de curtas, apresentando-se “Nocturno para uma floresta”, de Catarina Vasconcelos, exibido pela primeira vez no Festival Internacional de Cinema de Locarno, no ano passado.

O público pode ainda ver “Corte”, de Afonso e Bernardo Rapazote, exibido no Festival de Cannes em 2020; “Morning Shadows”, de Rita Cruchinho Neves; “Please Make it Work”, de Daniel Soares, apresentado no Festival Internacional de Cinema de Locarno em 2022.

Finalmente apresenta-se a curta ” Shorroms”, de Jorge Jácome, vencedor do prémio para melhor curta no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong este ano. Exibe-se ainda o filme “A Távola da Rocha”, de Samuel Barbosa, a partir das 19h, exibido pela primeira vez no Festival Internacional de Cinema de Locarno em 2021.

Síntese do bom

Margarida Moz referiu ao HM que o programa desta mostra de cinema pretende “fazer uma síntese dos filmes portugueses que mais se destacaram no circuito internacional”, apresentando-se “uma grande variedade de géneros e temáticas”.

Os pontos de ligação entre as películas são o facto de terem sido seleccionados “em festivais muito relevantes e terem com isso conseguido uma enorme visibilidade internacional”.

“Deixámos de fora tantos outros filmes, alguns porventura até com mais prémios, mas o essencial era que esta mostra apontasse diferentes caminhos para o cinema português e estando limitados a cinco sessões foi importante que o programa revelasse esses estilos diversos”, aponta a responsável.

Margarida Moz acrescenta que “não queremos fazer uma mostra porque sim, queremos mesmo trazer os nossos melhores trunfos e provar que o cinema ´indie’ só o é porque o mercado está muito direccionado para as grandes produções de Hollywood e dá pouco espaço à exibição de filmografias mais pequenas, mas que nem por isso são menos interessantes”.

A responsável recorda que “o cinema português tem fortes ligações a Macau”, frisando nomes de realizadores como Ivo Ferreira, João Rui Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues, ou ainda Leonor Noivo e Jorge Jácome, “de um modo menos óbvio”. Estes realizadores, por exemplo, “viveram a sua infância em Macau e isso reflecte-se indirectamente nos seus filmes”.

Assim, “trazer a Macau os melhores filmes portugueses é divulgar a nossa cultura de um modo positivo num território com quem temos uma enorme afinidade cultural”, frisou. “Não queremos só mostrar este cinema à comunidade portuguesa local que sempre aderiu com tanto entusiasmo a esta mostra, mas estabelecer pontes com a comunidade local mais alargada, que pode assim contactar com a cinematografia portuguesa que tem inspirado jovens cineastas em todo o mundo”, rematou Margarida Moz.

O festival faz parte do cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. Com Lusa

14 Jun 2024

Prémios Sophia premeiam João Canijo e Marco Martins

Os filmes “Mal Viver”, de João Canijo, e “Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins, foram os mais premiados na cerimónia dos prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, que decorreu no domingo no Casino Estoril, Cascais.

Na 13.ª edição dos Sophia, João Canijo recebeu o prémio de Melhor Realização e conquistou ainda o de Melhor Filme por “Mal Viver”. Este é um drama de uma família, de várias gerações de mulheres, que gere um hotel; uma obra que se conjuga num díptico com a longa-metragem “Viver Mal”, ambas produzidas por Pedro Borges, da Midas Filmes. Por conta ainda de “Mal Viver”, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda o Sophia de Melhor Actriz Secundária a Madalena Almeida e o de Melhor Montagem a João Braz.

“Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins, retrato da emigração portuguesa no Reino Unido, somou também quatro prémios para Beatriz Batarda (Melhor Actriz Principal), Romeu Runa (Melhor Actor Secundário), João Ribeiro (Melhor Direcção de Fotografia) e Miguel Martins e Rafael Cardoso (Melhor Som).

“Viva a liberdade, mas sejamos estoicos e façamos da casa da nossa democracia um exemplo para todas as casas do nosso país. Xenofobia, misoginia, transfobia, discurso do ódio, não, não pode, seu ignorante”, disse o ator Romeu Runa no discurso de agradecimento.

“Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, venceu três Sophia nas categorias de Guarda-Roupa, Direcção de Arte e Maquilhagem e Cabelos. O filme “Não Sou Nada – The Nothingness Club”, de Edgar Pêra, que era o mais nomeado desta edição, recolheu duas estatuetas, de Melhor Caracterização e Efeitos Especiais e para Melhor Actor Principal, para Miguel Borges.

Carlos Conceição conquistou o prémio de Melhor Argumento Original para o filme “Nação Valente”. Destaque ainda para prémios atribuídos no cinema de animação.

A longa-metragem “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, venceu o Sophia de Melhor Argumento Adaptado, para Virgílio Almeida, “Sopa Fria”, de Marta Monteiro, venceu o de Melhor Curta-Metragem de Animação, e a longa-metragem “Os Demónios do Meu Avô”, de Nuno Beato, recebeu dois prémios, nas categorias de Melhor Canção e Melhor Banda Sonora.

“Rabo de Peixe” vencedor

O Sophia de Melhor Série ou Telefilme foi para a “Rabo de Peixe”, realizada por Augusto Fraga e Patrícia Sequeira, e produzida para a plataforma de ‘streaming’ Netflix. Joana Botelho venceu o Sophia de Melhor Curta-Metragem Documental com “Coney Island – As Primeiras Vezes”, Basil da Cunha venceu na categoria de curta-metragem de ficção, com “2720”, e “Viagem ao Sol”, de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias, obteve o Sophia de Melhor Documentário.

Durante a cerimónia, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda os Sophia de Carreira ao músico e compositor Luís Cília e ao realizador Rui Simões.

28 Mai 2024

João Canijo: Chegar à ‘shortlist’ dos Óscares com “Mal Viver” seria fantástico

A entrada do filme português “Mal Viver” na ‘shortlist’ de candidatos para a nomeação aos Óscares “seria fantástico”, disse à agência Lusa o realizador João Canijo, em Los Angeles, onde se encontra em plena campanha de promoção do filme. “Chegar à ‘shortlist’ seria óptimo. Era garantia de que haveria uma distribuição nos Estados Unidos”, afirmou o cineasta português, que já esteve em Washington no início de Dezembro numa mostra onde o filme foi exibido.

Submissão oficial de Portugal aos Óscares 2024, na categoria de Melhor Filme Internacional, “Mal Viver” está agora a ser promovido em exibições privadas junto de membros da Academia em Los Angeles. A ’shortlist’ dos 15 filmes internacionais seleccionados será anunciada no próximo dia 21 de Dezembro.

“A minha expectativa é fatalista. Será o que for. Mas claro que seria muito bom”, disse João Canijo, considerando que há um “espaço interessante” para o filme junto do público norte-americano. “Há um nicho de mercado nos Estados Unidos que serve para o meu filme. Não é o generalista, com certeza, mas há um nicho de mercado que funciona”.

Protagonizado por Anabela Moreira, Madalena Almeida, Rita Blanco e Cleia Almeida, “Mal Viver” – “Bad Living” no circuito internacional – venceu o Urso de Prata de Melhor Realização no Festival de Berlim. Foi um prémio que João Canijo considerou muito importante, já que é pelo reconhecimento internacional que o cinema português pode contornar as lacunas da sua indústria.

“Pode contornar com um Urso em Berlim, uma Palma em Cannes ou um Leão em Veneza”, disse. “Por isso é que os festivais europeus são tão importantes, porque fazem com que o filme circule pelo mundo inteiro”.

“Mal Viver” tem já garantida distribuição comercial em França, Brasil e México, com Espanha a seguir. Se chegar à ‘shortlist’ dos Óscares, terá espaço nos Estados Unidos, ampliando de forma significativa um alcance que não consegue ter só com o mercado doméstico. “Nós não temos mercado. O país é muito pequenino e não tem o poder de compra nem o nível de vida de países do mesmo tamanho em termos de população, como a Bélgica e Holanda”, frisou o cineasta.

Isso reflecte-se na pouca elasticidade dos investimentos. “Não há orçamentos em Portugal que permitam fazer um filme como os países nórdicos ou os espanhóis”, frisou, “que permitam fazer um filme com características técnicas e de produção que permita sonhar com os Óscares”.

Optimismo real

Em 2023, a dupla João Gonzalez e Bruno Caetano fez história quando a ‘curta’ de animação “Ice Merchants” foi nomeada para um Óscar. É uma categoria “mais equilibrada”, disse Canijo, algo que não acontece na ficção. “As nossas produções são muito baratas, os filmes são muito artesanais, são feitos com muito esforço e não têm os meios que têm por exemplo os filmes espanhóis”.

Mas as limitações não significam menor qualidade. “Os novos são bastante melhores que os velhos. Há melhores profissionais e os filmes são melhores”, considerou João Canijo. “Eu nesse aspecto estou bastante optimista que ‘a coisa’ tem vindo a melhorar constantemente”. Satisfeito com a receção de “Mal Viver”, o cineasta reflectiu na forma como a crueza do filme tem tocado as audiências.

“Talvez porque o filme é muito real. Tanto na história como nas atuações das actrizes”, afirmou. “E talvez essa realidade possa ser comovente ou perturbante”. “Mal Viver” é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, “que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e rancor”, abalada pela chegada inesperada de uma neta, como se lê na sua sinopse.

A ‘shortlist’ de candidatos à nomeação de Melhor Filme Internacional será divulgada a 21 de Dezembro, com as nomeações finais marcadas para 23 de Janeiro. A 96.ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas decorrerá a 10 de Março de 2024.

12 Dez 2023

Cinema | João Canijo diz que prémio de Festival de Berlim “significa uma nova vida”

O realizador João Canijo disse hoje à Lusa que o prémio atribuído ao seu filme “Mal Viver” pelo Festival de Cinema de Berlim “significa uma nova vida” e “prova que o cinema português tem qualidade”. “Mal Viver” venceu no sábado o Urso de Prata para prémio do júri do 73.º Festival de Cinema de Berlim.

À Lusa, o cineasta afirmou que a distinção “significa uma nova vida”. “Pelo menos tenho a certeza de que consigo fazer mais um filme”, assinalou, apontando “Mal Viver” como o seu “melhor filme”. Para João Canijo, o prémio recebido no Festival de Berlim foi a recompensa de um trabalho em equipa.

“Foi uma equipa muito dedicada, deu tudo, o que tinha e não tinha, para fazer este filme, foram recompensados”, frisou, expressando que “a equipa está toda delirante” com a distinção.

Depois do Urso de Prata, “mais um prémio que prova que o cinema português tem qualidade”, João Canijo admite “ter eventualmente melhores condições para fazer um próximo filme”. E o próximo, ainda em projeto, será sobre a encenação de uma peça de teatro, tendo como protagonistas mulheres, novamente.

“Mal Viver” é, segundo a sinopse, “a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e o rancor, que a chegada inesperada de uma neta vem abalar, no tempo de um fim de semana”.

O elenco conta com as atrizes Rita Blanco, Anabela Moreira, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto, Filipa Areosa, Leonor Silveira, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Leonor Vasconcelos e Carolina Amaral, às quais se juntam os atores Nuno Lopes e Rafael Morais.

O filme estreia nas salas portuguesas em 11 de maio. Com a longa-metragem “Sangue do Meu Sangue” (2011), que conta igualmente com Rita Blanco e Anabela Moreira no elenco, João Canijo ganhou diversos prémios em festivais de cinema europeus.

27 Fev 2023

Festival de Cinema de Berlim | “Mal Viver”, de João Canijo, ganha prémio do júri

O realizador português levou para casa o Urso de Prata para o prémio do júri pelo seu filme “Mal Viver”, uma distinção que já mereceu os parabéns dos principais dirigentes políticos portugueses. Canijo agradeceu à equipa que com ele trabalhou neste filme e não esqueceu o conflito na Ucrânia

 

O filme “Mal Viver”, de João Canijo, venceu este sábado o Urso de Prata para o prémio do júri do 73.º Festival de Cinema de Berlim, anunciou o júri na cerimónia de palmarés. No seu discurso, Canijo agradeceu à equipa de produção e distribuição, assim como à equipa que consigo criou o filme, “composta quase completamente por mulheres”, nomeando em especial a directora de fotografia, Leonor Teles.

“Para terminar, [agradeço] às mulheres que me deram a sua vida para este filme, as actrizes, são maravilhosas e deram-me a sua vida”, afirmou o realizador português. O realizador terminou a sua intervenção declarando “Slava Ukraini!” (“Glória à Ucrânia!”).

João Canijo esteve na competição desta edição do festival com duas longas-metragens interligadas, que tiveram estreia em secções distintas: “Mal Viver” esteve na competição oficial e “Viver Mal” na secção Encontros.

“Mal Viver” “é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e o rancor, que a chegada inesperada de uma neta vem abalar, no tempo de um fim de semana”, lê-se na sinopse. “Viver Mal” segue em paralelo àquela história, focando-se nos hóspedes que passam pelo hotel.

O elenco conta sobretudo com mulheres, com Rita Blanco, Anabela Moreira, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto, Filipa Areosa, Leonor Silveira, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Leonor Vasconcelos e Carolina Amaral, às quais se juntam Nuno Lopes e Rafael Morais.

A produtora Midas Filmes descreve as duas longas-metragens como “um dos mais ambiciosos empreendimentos artísticos dos anos mais recentes” no percurso de João Canijo. Ambos se estreiam nos cinemas portugueses a 11 de Maio.

João Canijo já tinha estado presente noutros festivais de cinema de relevo, como Cannes, com “Noite Escura” (2004), Veneza, com “Mal Nascida” (2007), e San Sebastian, onde venceu dois prémios com “Sangue do meu Sangue” (2011).
Leonor Teles, a directora de fotografia de “Mal Viver”, conquistou o Urso de Ouro do Festival de Berlim, em 2016, na competição de curtas-metragens, com “Balada de um Batráquio”.

Costa e companhia

Foram vários os dirigentes políticos portugueses que dirigiram os parabéns ao realizador português. O primeiro-ministro, António Costa, saudou a atribuição considerando um “merecido reconhecimento internacional” para o realizador português com uma “obra marcante e de grande maturidade”.

“João Canijo está de parabéns pelo Urso de Prata Prémio do Júri atribuído ao filme “Mal Viver” na Berlinale. Merecido reconhecimento internacional para um cineasta português com uma obra marcante e de grande maturidade. O cinema nacional demonstra uma vez mais a sua excelência”, felicitou António Costa. O chefe de Governo divulgou esta mensagem através da rede social Twitter.

Por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, disse ser “um grande orgulho” a distinção, sendo “uma das provas da excelência” do cinema feito em Portugal.

“É espectacular. O cinema português está de facto num momento muito, muito bom e é uma das provas da excelência do nosso cinema a todos os níveis”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. Numa nota divulgada no ‘site’ da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “o reconhecimento internacional do cinema vivido e intenso de Canijo, na sequência de outras nomeações e premiações de cineastas portugueses, muito diferentes entre si, tem feito prova do mérito” do cinema português, “bem como da sua diversidade e tenacidade”.

O presidente da Assembleia da República salientou que o Urso de Prata atribuído a João Canijo “reconhece a coerência e valia da sua obra”, num momento “particularmente significativo para todo o cinema português”. “O Urso de Prata atribuído hoje, no Festival de Berlim, ao filme de João Canijo, reconhece a coerência e valia da sua obra. É também um momento particularmente significativo para todo o cinema português”, escreveu Augusto Santos Silva.

Os outros premiados

Na edição deste ano do Festival de Berlim, o Urso de Ouro de Melhor Filme, prémio principal do festival, foi para “Sur l’Adamant”, do realizador francês Nicolas Philibert. O troféu foi entregue aos produtores Céline Loiseau, Gilles Sacuto e Miléna Poylo.

“Roter Himmel”, do realizador alemão Christian Petzold, recebeu o Urso de Prata do Grande Prémio do Júri. O Urso de Prata de Melhor Realizador foi para o cineasta francês Philippe Garrel, por “Le Grand Chariot”.
Nome da ‘nouvelle vague’, criador de “O Sal das Lágrimas” e “Os Amantes Regulares”, Garrel dedicou o prémio a Jean-Luc Godard (1930-2022), o ‘patriarca’ do cinema novo com filmes como “O Acossado” e “Pedro, o Louco”.

O Urso de Prata de Melhor Interpretação distinguiu a jovem Sofía Otero, pelo desempenho em “20.000 especies de abejas”, primeira longa-metragem da espanhola Estibaliz Urresola Solaguren. Otero interpreta a figura de Aitor, um rapaz de nove anos de uma pequena comunidade basca que se considera uma menina, e que como tal quer ser tratada. O Urso de Prata de Melhor Interpretação de Apoio (Secundária) foi atribuído a Thea Ehre, por “Bis ans Ende der Nacht”, do alemão Christoph Hochhäusler.

Na competição de Curtas-Metragens, o Urso de Ouro foi para “Les chenilles”, dos irmãos libaneses Michelle e Noel Keserwany, que ficou automaticamente nomeado para os Prémios do Cinema Europeu, com esta vitória.

Na secção Encontros, dedicada a “novas visões cinematográficas”, o prémio de Melhor Filme foi para “Here”, do belga Bas Devos, e o de Melhor Realização, para a cineasta salvadorenha de origem mexicana Tatiana Huezo, pelo filme “The Echo”, que também recebeu o prémio de Melhor Documentário do festival.

Nesta secção, foi ainda atribuído o Prémio Especial do Júri ex-aequo a dois realizadores espanhóis: Paul B. Preciado, por “Orlando, My Political Biography” (igualmente menção honrosa nos documentários), e Lois Patiño, por “Samsara”.

O júri da Competição Internacional da Berlinale deste ano foi presidido pela atriz norte-americana Kristen Stewart, e composto pela atriz iraniana Golshifteh Farahani, pela realizadora alemã Valeska Grisebach, pelo romeno Radu Jude, pela diretora de ‘casting’ norte-americana Francine Maisler, pela realizadora espanhola Carla Simón e pelo realizador de Hong Kong Johnnie To.

26 Fev 2023