Instituto de Estudos Europeus organiza novo curso

[dropcap]O[/dropcap] Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) vai organizar, entre os dias 29 de Outubro e 2 de Novembro, o 15º curso de Direito da Propriedade Intelectual, em colaboração com a Universidade de Maastricht. O programa divide-se em três componentes.

De acordo com um comunicado do IEEM, o curso “continua a atrair estudantes de todo o mundo, é leccionado em regime intensivo, em língua inglesa, e visa proporcionar aos alunos uma introdução ao Direito da Propriedade Intelectual numa perspectiva prática e internacional, com especial ênfase na discussão de casos práticos”.

As aulas são orientadas pelo Professor Anselm Kamperman Sanders, da Universidade de Maastricht, com a colaboração de outros especialistas.

A inscrição está limitada a um número máximo de participantes, de forma a assegurar a qualidade pedagógica. Para a presente edição estão inscritos alunos oriundos da China, Coreia do Sul , Macau, Hong Kong e Europa, aponta o IEEM.

Além do curso, o IEEM organiza também, nos dias 4 e 5 de Novembro, a 18ª edição do Seminário sobre Propriedade Intelectual, intitulado “A Propriedade Intelectual e a Quarta Revolução Industrial: A Economia da Informação”, que vai decorrer no Hotel Grand Lapa. Está agendada uma discussão sobre “os problemas jurídicos levantados pela inteligência artificial, pela realidade virtual e pela tecnologia blockchain”.

“O IEEM convidou os seguintes oradores para fazerem apresentações no seminário: Manuel Desantes Real (Universidade de Alicante), Michael Mattioli (Faculdade de Direito da Universidade de Indiana), Michael Landau (Universidade da Georgia, EUA), Gonçalo Cabral (Administração de Macau), Anke Moerland (Universidade de Maastricht), Anselm Kamperman Sanders (Universidade de Maastricht), Andres Guadamuz (Universidade do Sussex), Marieangela Parra-Lancourt (Unidade de Análise Política e Estratégia do Desenvolvimento, ONU)”, aponta o mesmo comunicado, sendo que está prevista a publicação dos artigos científicos pela Kluwer Law International.

No dia 7 de Novembro decorre ainda uma sessão de actualização profissional em Hong Kong, que terá lugar no Departamento de Propriedade Intelectual de Hong Kong (Wung Chu House, 25º andar, Queen’s Road East, nº 213, Wanchai). As inscrições podem ser feitas online no sítio do IEEM ou através do email e telefone.

25 Out 2018

Seminário| Indústria do jogo em análise no Instituto de Estudos Europeus

Os casinos são o sustento da economia de Macau, logo é essencial traçar estratégias de futuro para a indústria. Hoje à tarde, há alternativas a serem discutidas por quem pensa o sector

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é uma abordagem meramente económica, mas sim uma tentativa de pensar a principal indústria do jogo de forma inovadora. A promessa é deixada pela académica Hester Cheang, responsável por um seminário que acontece hoje, ao final da tarde, no Instituto de Estudos Europeus de Macau.

Desde 2006 que a RAEM ultrapassou as receitas de Las Vegas, Nevada, tornando-se na capital mundial do jogo, com uma subida fenomenal em termos de crescimento económico. Houve uma altura em que parecia que o céu seria o limite, mas os últimos dois anos vieram mostrar que a realidade é outra.

Nesse sentido, a académica irá dirigir-se à audiência “não só numa perspectiva puramente económica, mas também para explorar outras abordagens mais inovadoras ao sector do jogo”. Para tal, é necessário encorajar os estudantes a pensar em formas de melhorar a qualidade da oferta, assim como desenvolver os recursos humanos. A directora do Centro de Pesquisa e Ensino do Jogo do Instituto Politécnico de Macau considera que também se deve ter uma “visão global do mercado, e enquadrar o sector das apostas na economia mundial”.

Neste quadro é importante perceber o que se passa no Sudeste Asiático, especialmente com a liberalização do jogo no Japão e com o crescimento do sector no Vietname. A professora considera que, no que toca ao Japão, ainda haverá um ajustamento temporal, enquanto não surgirem formas novas de apostas comerciais disponíveis. “Já temos muita competição de outros países da região e é nesse sentido regional que considero a concorrência, não por países específicos”. Hester Cheang aponta o caminho da diversificação para seduzir mais turistas. “Não queremos atrair apenas apostadores VIP, mas mais jogadores de recreio, no fundo, diversificar o tipo de pessoas que vêm a Macau jogar”. Para tal será essencial ter uma maior oferta no ramo do entretenimento, assim como no ramo da hotelaria. A diversidade será essencial, oferecendo maior gama de preços e qualidade.

Outra das preocupações prende-se com a aposta na formação de quadros qualificados, assim como na inovação de serviços. Pensar em formas de reinventar as slot machines, encontrar novos jogos, e diversificar as ofertas complementares ao jogo.

Olhar para a terra

A oradora, local de Macau, considera que a cidade tem condições únicas que não devem ser desperdiçadas no contexto do mercado do jogo. “Temos de aproveitar a história da cidade, em harmonia com os sectores do jogo, turismo e cultura”, acrescenta. Nesse sentido, a RAEM está repleta de atracções e o território tem um conjunto classificado como património mundial da UNESCO. “Todos trabalhamos, ao fim ao cabo, para o sector do turismo.” As palavras de ordem devem ser complementaridade e colaboração, aproveitando estas ofertas culturais como um chamariz natural, principalmente tendo em conta a inversão na procura. “As receitas de jogo dos sectores VIP e apostadores de massa estão, neste momento, mais equiparadas”, comenta a palestrante. O importante é atrair um público mais diversificado e abrangente, de todas as zonas do globo. Não interessa que sejam clientes habitais de casinos, “alguns podem até não vir com a intenção de jogar”, mas uma vez em Macau terão essa possibilidade disponível. A académica vê o segmento dos apostadores de massa como “uma tendência”.

No que diz respeito ao crescimento das receitas do sector, Cheang está optimista. Em especial nesta altura, com a cidade animada pelas festividades natalícias, as paradas, os inúmeros festivais e o ano novo chinês. O frenesim fará aumentar o fluxo de turismo, e isso é um factor de excitação para a indústria do jogo.

No entanto, é preciso um “optimismo cauteloso porque estamos sempre sujeitos a factores externos que não podemos prever”. A académica não sabe se iremos assistir a um ponto alto de receitas como houve em 2013, nem espera que o sector cresça eternamente. Circunstâncias como o ambiente económico global, especialmente na China e no Sudeste Asiático, serão determinantes, porque nem só de oferta vive a equação económica. Obviamente, “as pessoas têm de ter o mesmo crescimento económico para vir a Macau jogar”.

15 Dez 2016

Instituto de Estudos Europeus organiza conferência sobre múltiplas modernidades

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]asceu da “necessidade intelectual interna” do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), que quer estar com os sentidos alerta, e dos contornos que o mundo tem assumido nos últimos tempos. Amanhã, numa sala da Universidade de Macau, vai falar-se de múltiplas modernidades, um conceito que não é novo – deve-se ao sociólogo Shmuel Eisenstadt –, para se perceber até que ponto é que continuam a ser relevantes nos dias que correm.

“Decidimos que seria muito interessante trazer uma discussão sobre aquilo que é o mundo hoje, com todos os problemas que temos à nossa frente, com todas as contradições e conflitos que vemos por aí, e fazer uma reflexão a partir de Macau”, explica ao HM o presidente do IEEM, José Luís Sales Marques. “Aqui no instituto sempre pensámos – e continuamos a pensar – que, apesar de Macau ser uma terra com uma dimensão geográfica pequena, foi sempre muito mais do que isso: historicamente falando, com algumas excepções, somos um ponto de referência no mundo de uma certa abertura à diversidade”.

Para este palco historicamente tolerante foram chamados académicos dos Estados Unidos, da Europa e de Hong Kong que se juntam aos do território para debaterem “os novos paradigmas de diálogo e convivência entre culturas diferentes, de aceitação da diversidade”. Sales Marques sublinha que “o mundo hoje está muito intolerante”: “Basta vermos o que se está a passar nas eleições americanas”. A incapacidade de aceitação do que é distinto “está também noutras partes do mundo, inclusive na velha Europa e na própria União Europeia, que antes dava a ideia de uma grande tolerância e de uma grande solidariedade, mas que, nestes últimos anos, tem dado alguns maus exemplos, nomeadamente em relação à questão dos refugiados”.

Os pontos da reflexão

Com a duração de apenas um dia mas com um programa intenso, o seminário começa com intervenções em torno das modernidades e culturas. Julia Tao, professora em Hong Kong, traz a perspectiva confucionista sobre a harmonia e a dignidade humana. Jack Snyder, dos Estados Unidos, fala sobre as modernidades iliberais. “Começam a aparecer cada vez mais sinais de ideias, no que diz respeito à governação, pautadas por um liberalismo um bocado invertido”, anota Sales Marques. Em foco vai estar a questão do desenvolvimento das nações, assim como o modo como está relacionado com o liberalismo de ideias. “São reflexões importantes”, afiança o presidente do IEEM.

Depois, debate-se a boa sociedade e as múltiplas modernidades, com a presença de Henning Meyer, do Reino Unido, e de um consultor da Aliança das Civilizações das Nações Unidas, Hanifa Mezoui, com uma intervenção sobre a construção de sociedades inclusivas no século XXI. Tak Wing Ngo, da Universidade de Macau, completa a reflexão ao falar sobre as variantes do modernismo.

Para a tarde, é esperada a presença de Thomas Meyer, que vem da Alemanha, que se debruça sobre a boa governação e as múltiplas modernidades.

O painel que fecha a conferência é sobre segurança humana, um conceito que vai além de preocupações como o terrorismo. “Hoje em dia, quando falamos de segurança, falamos nas várias dimensões do conceito. Parece-me um tema muito importante”, diz José Luís Sales Marques. No debate de Macau, vai ser abordado por Amitav Acharya, dos Estados Unidos, a dar aulas em Pequim, e por Inge Kaul, de Berlim.

“De certeza que não vamos encontrar uma resposta, mas vamos reflectir em conjunto e dar um pouco o nosso contributo para procurarmos encontrar algumas pistas para respostas que todos nós procuramos, hoje em dia, no mundo conturbado em que estamos a viver”, remata o presidente do IEEM.

3 Nov 2016