Hoje Macau SociedadeTurismo | Directora da DST explica polémica com táxis [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo notícias publicadas em Taiwan, que dão conta da posição oficial da Direcção de Serviços de Turismo, os turistas que em Macau encontrem um taxista que se recuse a utilizar o taxímetro, devem abandonar a viatura imediatamente. Ontem, segundo o canal chinês da Rádio Macau, Maria Helena de Senna Fernandes veio a público explicar que não era essa a posição da DSAT e que os comentário publicados tinham sido de uma conversa informal. A directora explicou que já foi pedido um maior cuidado dentro dos serviços nas relações com a imprensa e que a posição da DST passa por aconselhar os turistas a apresentarem queixa imediatamente contra o taxista, junto da entidade competente.
Diana do Mar SociedadeMacau espera 40 mil visitantes na Expo Internacional que se realiza em Abril [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, espera que a Expo Internacional de Turismo de Macau, que vai decorrer entre 27 e 29 de Abril, atraia 40 mil visitantes. A previsão encontra-se em linha com o aumento da própria feira, com capacidade para acolher mais de 500 ‘stands’. Até ontem, estava confirmada a presença de quase 300 entidades, oriundas de 36 países e territórios. “Espero que com 10 por cento de aumento em termos de expositores, [ter] pelo menos mais 10 por cento em termos de visitantes. Estamos a apontar para mais ou menos 40 mil”, afirmou ontem Helena de Senna Fernandes. A pesar na influência estará também o facto de o evento ter sido antecipado de Julho para Abril para facilitar a promoção dos produtos turísticos para a época alta das férias de Verão, o que constitui “um benefício para todas as partes”. A partir de agora, vai ser sempre em Abril, o que oferece “mais possibilidades de fazer crescer o evento”, sublinhou ontem à margem da apresentação do programa. Com um orçamento de 16 milhões de patacas, nove dos quais suportados pelo Governo, a Expo Internacional de Turismo de Macau tem cinco destaques, como a zona temática dedicada à gastronomia depois da inclusão de Macau na rede de Cidades Criativas da UNESCO e de 2018 ter sido, por conseguinte, designado o “Ano da Gastronomia de Macau”. As indústrias criativas e culturais também vão estar em foco. “Porta da Arte” reúne expositores de lembranças artísticas relacionados com as indústrias culturais e criativas. “Este ano vamos continuar a promover mais a parte criativa e dar mais ênfase às PME [Pequenas e Médias Empresas] que, além de venderem os seus produtos, podem procurar parceiros da China ou de outros países”, afirmou Helena de Senna Fernandes. Outros destaques – salientados durante a conferência organizada pela DST em conjunto com a Associação das Agências de Viagens – encontram-se em sintonia com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e com o projecto da “Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Em paralelo, a feira vai reservar um espaço a bolsas de contacto de turismo China-Portugal, mantendo como “objectivo futuro” criar uma zona dedicada a Portugal. A Expo Internacional de Turismo, que vai ter lugar no Venetian, conta com a inscrição de 62 empresas de Macau, incluindo 19 agências de viagens, que vão ocupar 165 expositores dos 490 confirmados. Já a Grande Baía vai estar representada com, pelo menos, 11 expositores na feira, em que marcam presença praticamente todos os países de língua oficial portuguesa. No ano passado, a Expo Internacional de Turismo de Macau, com 473 expositores, de 303 entidades de 45 países e territórios, fechou com 31 acordos de cooperação.
Andreia Sofia Silva SociedadeFestival de cinema: Helena de Senna Fernandes responde a Agnes Lam [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, respondeu ontem às acusações proferidas pela deputada Agnes Lam na Assembleia Legislativa, onde referiu que a organização Festival Internacional de Cinema tem vindo a distribuir demasiados bilhetes gratuitos. “Há diferentes formas que estamos a tentar explorar junto das escolas. Temos de fazer com que as novas gerações criem este hábito de irem ao cinema. É por esta razão que estamos a trabalhar com as escolas. Desta vez, em termos de entradas no cinema, estamos melhor do que no ano passado, mas há sempre coisas para melhorar. Vamos ouvir as diferentes opiniões e fazer um balanço”, referiu a directora dos Serviços de Turismo. No hemiciclo, Agnes Lam lembrou que o festival, com um orçamento de 20 milhões de patacas, precisa de conseguir atrair os residentes. “De acordo com informações oficiais, 10 mil dos 15 mil bilhetes [distribuídos para a cerimónia de Entrega de Prémios do Festival] eram cupões que foram distribuídos principalmente às escolas, associações e a profissionais do sector cultural e artístico de Macau e do exterior, e da comunicação social”, apontou. “Esta iniciativa custou 20 milhões de patacas do erário público e deveria servir para atrair turistas e criar marcas culturais locais. Se até foi difícil convencer as pessoas a comprar bilhetes, como é que se pode dizer que a iniciativa alcançou os objectivos?”, questionou ainda Agnes Lam.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialMaria Helena de Senna Fernandes: “Abrimos o festival com uma boa nota” O Festival está em andamento. Depois da abertura, quais a primeiras impressões? Estou muito orgulhosa. Temos muito orgulho que desta vez existam alguns filmes dentro do nosso programa que já têm boas expectativas para os Óscares. “Call me by your name” e “The shape of water” são alguns dos filmes que podem entrar nas corrida. A abertura este ano foi feita com a projecção de um filme de caracter comercial. Como correu? Abrimos o festival com o “Paddington 2” e para mim foi uma experiência muito diferente da que tivemos no ano passado. Em 2016 o filme de abertura era mais artístico, mas este ano dedicámos o primeiro dia à família. Que mudanças podemos ter nesta edição e para o futuro? Queremos ser um festival para o público em geral e foi bom ver que na cerimónia de abertura contámos com várias famílias que vieram acompanhadas das crianças. Penso que foi um sucesso. Abrimos o festival com uma boa nota. Qual é agora a prioridade? Acho que é importante cultivar, no público local, o gosto de ir ao cinema porque só assim podemos vir a ter uma indústria neste sector. Precisamos de pessoas a gostar de filmes para que possam ser feitos. Para nós, é importante que este festival seja internacional e para isso tem de ter as projecções, mas também a própria indústria. Este ano temos 14 projectos a procurar investidores. Enquanto membro do Governo, é importante ter esta oportunidade de acolher um festival que possa vir a motivar a nossa indústria. Mike Goodridge – Director do Festival Internacional de Cinema de Macau “Queremos que as pessoas passem a ter o cinema como um hábito” Sofia Margarida Mota O que tem a dizer do início do festival? Acho que começámos muito bem. Com o filme de abertura, dada a escolha, tivemos a presença de muitas crianças no público o que foi muito interessante. Estamos lançados e agora a preocupação é ver a ligação dos filmes com o público. Que expectativas tem agora? As expectativas são boas. A avaliar pelo número de bilhetes vendidos no sistema, estamos mesmo muito entusiasmados por terem sido em grande quantidade. Agora resta saber se as pessoas vão mesmo ver os filmes. De qualquer forma, já deu para ver que há realmente interesse. O que é preciso fazer, a partir de agora? É um festival recente e vai ainda demorar alguns anos para habituar as pessoas à sua existência para que participem activamente nele. Não queremos ensinar ninguém, só queremos que as pessoas passem a ter o cinema como um hábito e que se tornem “agarradas” ao grande ecrã. As expectativas são muito boas. Agora que o festival está em andamento é ver como é que corre e acompanhar o evento.
Hoje Macau EventosCinema | Britânico Mike Goodridge é o director do festival internacional Depois da confusão do ano passado, com a desistência do director na fase da contagem decrescente, o Festival Internacional de Cinema de Macau tem o estreante Mike Goodridge como responsável pelo evento. A aposta vai para os novos talentos. O orçamento mantém-se Mike Goodridge vai estrear-se como director artístico de um festival em Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] britânico Mike Goodridge foi escolhido para o cargo de director artístico da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, que vai decorrer de 8 a 14 de Dezembro, anunciou a organização do evento. Apesar de ligado há 27 anos à indústria cinematográfica, na qual desempenhou diferentes papéis, desde jornalista a crítico, a apresentador ou produtor, Mike Goodridge vai estrear-se como director artístico de um festival, um “desafio irresistível” que era o “próximo passo” na sua carreira que incluiu programar, ao longo dos últimos sete anos, a secção Kinoscope do Festival de Cinema de Sarajevo. Mike Goodridge, que foi júri em mais de 25 festivais internacionais de cinema, vai contar com o apoio de uma equipa de cinco consultores internacionais, da Europa, da América e da Ásia, incluindo o produtor de cinema português Luís Urbano. Sob o tema “Novas Vias para o Mundo dos Filmes”, o Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla em inglês) encontra-se dividido em diferentes categorias, entre as quais a de “Competição”, da qual vão fazer parte dez longas-metragens. Nesta secção foram introduzidas ‘nuances’, com o foco apontado a realizadores com menos experiência, estando previsto um prémio máximo de 60 mil dólares. “A parte da competição vai ser sobretudo para realizadores que têm um ou dois filmes, porque queremos incentivar mais os novos talentos”, explicou, por seu turno, a presidente da comissão organizadora do IFFAM, Maria Helena de Senna Fernandes. O programa inclui outras seções como “Gala”, em que vão ser exibidos “três dos mais importantes filmes do ano”; “Adagas Voadoras”, com “seis dos filmes mais inovadores e representativos do atual cinema asiático”; “Fogo Cruzado”, composta por “seis filmes recomendados por realizadores de peso” ou “Panorama”, com “oito películas premiadas nos principais festivais de cinema em 2017”. Famílias e masterclasses Uma das novidades no programa prende-se com a introdução de uma categoria “Para Toda a Família” e com um programa de formação em produção cinematográfica, a ser ministrado por profissionais do Instituto de Cinema Britânico, destinado a jovens de Macau interessados em enveredar pela sétima arte. À semelhança da edição inaugural, realizar-se-ão fóruns de cinema e uma feira de investimento destinados a profissionais da indústria cinematográfica, além de ‘masterclasses’ com profissionais internacionais de renome. O Festival Internacional de Cinema de Macau é organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e pela Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau. O IFFAM vai contar com um orçamento de 55 milhões de patacas, dos quais 20 milhões são assegurados pela DST, ou seja, o mesmo do da edição inaugural realizada no ano passado. Director do IFFAM quer pôr certame no mapa dos festivais O recém-nomeado director artístico do Festival Internacional de Cinema de Macau, Mike Goodridge, identificou uma indústria em crescendo no território, que vê como “porta de entrada” para a China, e quer colocar o certame no mapa dos festivais. “Quero descobrir mais sobre a indústria e a audiência chinesa, que é imensa”, realçou o britânico Mike Goodrige, na apresentação da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. Destacando o seu “real conhecimento” do mundo do cinema, Mike Goodridge espera contribuir para colocar Macau no mapa, embora notando que o território, com pouco mais de 30 quilómetros quadrados e menos de 650 mil habitantes, é um lugar que considera “excitante”, e tem vindo a aparecer cada vez mais na tela. “A questão está em criar um festival com significado no calendário dos festivais. Há tantos festivais no mundo que [o] queres fazer [é] algo à medida de Macau, que tenha valor para que as pessoas venham”, sublinhou o novo director artístico do IFFAM, para quem “parte disso passa por criar uma audiência que queira ver os filmes” que vão ser exibidos. “Queremos casa cheia e as pessoas entusiasmadas em torno do cinema”, afirmou Mike Goodridge, que pretende conceber um cartaz com filmes “artísticos, mas acessíveis”. O britânico afirmou ainda que acredita dispor de total autonomia editorial: “Tanto quanto sei, tenho. Absolutamente”. Mike Goodridge respondia assim aos jornalistas, depois de a primeira edição Festival Internacional de Cinema de Macau ter ficado marcada pela saída do italiano Marco Müller, que esteve à frente de festivais de cinema como o de Veneza, Roma ou Locarno. Müller demitiu-se do cargo de director artístico do IFFAM a menos de um mês do arranque do evento, invocando divergência de opiniões. Mike Goodridge, que deixou recentemente a produtora Protagonist Pictures, foi escolhido entre “cinco a seis candidatos”, entre recomendados e autopropostos, indicou a presidente da comissão organizadora do festival, Maria Helena de Senna Fernandes.
Sofia Margarida Mota EventosHelena de Senna Fernandes: “A minha responsabilidade é dar continuidade aos trabalhos” Helena de Senna Fernandes assumiu a representação da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. Uma posição repentina que vem na sequência da demissão de Marco Mueller da direcção do evento. A também directora dos Serviços de Turismo fala da sua “inesperada” função e do acontecimento pelo qual dá a cara [dropcap]H[/dropcap]erdou a representação repentina da primeira edição do Festival de Cinema Internacional de Macau. Como é estar neste papel? É verdade. Foi uma situação inesperada mas, depois de termos recebido a notícia da demissão de Marco Mueller na noite de sexta-feira, impunha-se a manutenção da estabilidade da organização. A demissão do director não é positiva, nesta altura do campeonato, sobretudo numa altura em que estamos na fase final de preparação do evento. Depois de falarmos com os consultores internacionais do festival, era necessário transmitir confiança aos nossos parceiros e ao nosso público. Era necessário alguém que substituísse Mueller na direcção e não seria justo convidar outro director para continuar o trabalho que outra pessoa já tinha feito. Não seria agora que iríamos mudar alguns dos conceitos que foram deixadas por Marco Mueller. Neste sentido, a melhor solução foi a presidência da comissão organizadora assumir a representação do evento. Não tenho experiência na área do cinema, mas considero que a minha responsabilidade é dar estabilidade e continuidade aos trabalhos que ainda têm de ser realizados de modo a garantir o sucesso do projecto. Quais são, agora enquanto representante, as expectativas para o MIFF? Para já, o mais importante é dar continuidade ao evento, principalmente no que respeita à promoção dos jovens de Macau que têm o sonho de fazer os seus próprios filmes. A intenção é avançar com a ideia de tornar a iniciativa numa plataforma em que os cineastas locais consigam ter uma oportunidade para darem a conhecer ao exterior os seus trabalhos. Penso que esta é uma forma privilegiada de dar a conhecer as indústrias criativas de Macau. Também tencionamos, através do festival, dar uma oportunidade para que seja criado um público local, ou seja, para que os residentes possam ter acesso a mais géneros de cinema. A ideia é que o público conheça, não só o cinema comercial, mas que também tenha acesso e comece a apreciar filmes mais artísticos. Esta é uma altura em que as pessoas de Macau podem abrir mais os olhos para que, eventualmente, esteja aberta a possibilidade de criar uma indústria nesta área. Queremos também criar os consumidores destes produtos que são os filmes. Tem de existir gente que assista e compre, nós temos de criar esta componente referente às audiências de Macau. Falou de indústria do cinema mas Macau não tem essa dinâmica. Em que é que o MIFF vai ajudar, concretamente? Acho que essa ajuda não se vai verificar já. Esta é a primeira edição e não se pode esperar esse tipo de retorno imediatamente. Quando olhamos para este festival, temos de estar conscientes de que não estamos só a projectar filmes ou a dar prémios. Estamos também a criar espaço para que a indústria internacional venha a Macau e possa conhecer o território. Existe também uma componente formativa e que é concretizada pela realização, por exemplo, de masterclasses. Para que haja uma indústria a funcionar tem de existir conhecimento e faz parte do evento promover isso também. Os jovens locais não devem ter apenas o sonho em ser realizadores, têm de ter conhecimento. Por outro lado, esta é uma indústria que deve desenvolvida passo a passo e não de um dia para o outro. Como estamos a iniciar este caminho, temos ainda de ter em conta que é importante trabalharmos muito com a China e mesmo com Hong Kong. A China, por exemplo, representa uma grande parcela de público de cinema e como tal, ao pensar na criação da indústria em Macau, temos de ter em atenção as perspectivas de entrada no mercado chinês e as colaborações que possamos vir a ter com cineastas da China Continental. É lá que está o grande público que irá consumir os produtos do cinema de Macau. É a directora do Turismo de Macau. Qual é o impacto do MIFF no sector? Claro que é importante utilizar este evento enquanto plataforma para promover Macau. Uma das questões é a promoção do território internacionalmente de modo a que seja mais conhecido e que mais pessoas queiram vir de visita. Por outro lado, e de muita importância, é a promoção da terra enquanto espaço de produção de cinema, ou seja, que Macau se torne capaz de chamar os cineastas internacionais para que cá venham fazer, por exemplo, a rodagem das películas. É fundamental esta aposta no sentido de que realizadores internacionais escolham a região para os seus cenários e, desta forma, projectar Macau para audiências internacionais. O embaixador do MIFF é Jang Keun Suk, um actor coreano essencialmente conhecido pelo seu trabalho em novelas. Qual foi o critério para esta escolha? Também estamos a falar de turismo e, desse ponto de vista, a Coreia é o nosso mercado mais importante. É uma estratégia de marketing turística? Sim. É uma estratégia para atrair os olhos dos coreanos para Macau. Na óptica do turismo, e agora falo enquanto directora do organismo, é importante ter um forte representante coreano porque é que aí que está o nosso grande alvo internacional. Neste momento, é um mercado que está a crescer na ordem dos dez por cento e, como tal, não foi ao acaso que escolhemos Jang Keun Suk como embaixador. Cannes ou Locarno são conhecidas precisamente devido aos festivais de cinema que acolhem. Poderiam ser desconhecidos, mas estão nas bocas do mundo e são destinos por muito apetecidos por serem uma referência da sétima arte. Acha que Macau pode vir a fazer parte dos destinos culturais associados ao cinema e com o contributo do MIFF? Locarno, Cannes e mesmo Hong Kong já são festivais com uma forte afirmação no mercado e já existem há muitos anos. Sim, acho que podemos pensar nisso como um objectivo a atingir no futuro. Não vamos pensar nisso como um objectivo que se atinge dentro de pouco tempo, mas podemos começar agora a criar um nicho próprio. Espero que com o tempo e com a continuação do trabalho possamos conseguir um lugar de relevo. Disse na conferência de imprensa de apresentação que o MIFF ainda iria ter algumas surpresas… Não posso ainda dizer quais serão porque a comissão ainda está em fase de contactos e negociações. Mas estamos a falar de convidados especiais que, esperamos, vão fazer do festival um evento mais completo. Gosta de cinema? Infelizmente não tenho possibilidade nem tempo para ir ao cinema. Vejo essencialmente através da internet, mas a altura em que dedico mais tempo a ver filmes é, realmente, dentro dos aviões. E sim, gosto de filmes e de diferentes géneros de cinema. Quais são os filmes da sua vida? O primeiro filme que me lembro de ver é o “Música no Coração” e este é realmente um filme de que gosto. É um filme que tenho sempre presente. Como é que vê este festival no futuro? Penso que vai ser estabelecido como um dos festivais de referência a nível mundial. Espero que seja, num primeiro passo, um festival obrigatório, primeiro dentro da Ásia, e com o tempo vá ganhando terreno ao nível internacional.
Manuel Nunes Manchete PolíticaHelena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo: “Ruas fechadas podem ser uma vantagem” Proteger a herança, valorizar a história da cidade e diversificar os mercados para atrair turistas interessados em sentir a cidade são pontos fundamentais do discurso de Helena Fernandes. A responsável fala ainda da agilização de processos para o licenciamento de hotéis “low budget” e da necessidade de guias turísticos poliglotas, bem como do encerramento de ruas e consultas públicas na calha Como define o seu papel como Directora dos Serviços de Turismo? Tentar gerir o turismo como deve de ser. Atingir o objectivo de transformar Macau num centro mundial de turismo e lazer. Transformar Macau num lugar bom para viver e bom para visitar. Pensa-se que é apenas um papel do turismo mas isso, naturalmente, é uma acção concertada de vários departamentos do Governo. E qual o vosso papel nesse contexto? Desenvolver o turismo para aumentar os rendimentos da população local e simultaneamente a visibilidade de Macau transformando a cidade num local atraente para visitantes de várias partes do mundo e não apenas para chineses. Mas como será isso possível com um serviço de transportes deficiente e com tantas pessoas ligadas à actividade turística que não dominam o Inglês? Temos de trabalhar com os outros departamentos. Temos um diálogo constante com a DSAT (Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego), por exemplo. Tem a ver com a Educação também e com quase todas as áreas de Macau. Por isso, para além de fazer o nosso trabalho de promover Macau e criar mais produtos turísticos para a cidade, este diálogo é importante. Só assim podemos resolver as questões. É um processo gradual. Não pode ser de um dia para o outro. Sim, mas já andamos há quase 20 anos nesse processo e as pessoas continuam a não falar Inglês… Se não houver incentivo as pessoas não aprendem. Mas temos de trazer mais turistas de fora para que os locais percebam que vai existir um mercado potencial para eles e sentirem-se pressionados para aprenderem. Usa muito a palavra “transformar”, o que pressupõe algo de novo em relação ao que existe. De que estamos a falar? Por um lado temos de aproveitar o que temos, a história e a cultura mas, por outro, precisamos de inventar coisas novas. Não podemos estar sempre a fazer o mesmo. É assim que transformamos. Faz lembrar um parque de diversões, sempre à procura de atracções novas… Estamos sempre a abrir os olhos e a tentar perceber o que a concorrência está a fazer e a produzir coisas diferentes, como o Festival de Luz. Não é original, fomos buscar à Europa, mas achámos que se adapta a Macau. Quais são os pontos fracos de Macau? Ou seja, o que a preocupa mais? O baixo número de guias turísticos poliglotas mas sei que algumas agências de viagens estão a importar mão de obra especializada para proverem essa lacuna. Mas Macau parece exclusivamente voltado para o mercado chinês… É o mercado mais fácil para os operadores. Naturalmente, as entidades comerciais programam o seu trabalho em função do que entendem mais fácil. O nosso papel é motivá-los para serem mais abertos. Mais algum mercado? Os tradicionais como a América, a Austrália e a Europa. Quem são os nossos maiores concorrentes? Cada vez há mais. Antigamente o Japão e a Coreia eram mais emissores do que receptores mas hoje recebem muitos turistas. Num futuro próximo a zona ASEAN. Antes apenas Singapura, Malásia e Tailândia. Mas agora temos de levar em consideração o Camboja e o Vietname, que pretendem ter cada vez mais peso no mercado turístico. Temos de estar atentos a todos eles. Mas se tiver de escolher o maior deles todos? Se calhar é mesmo a China. Porque tem muitas coisas para as pessoas visitarem. Mas se falarmos nos turistas do norte da China tenho de dizer Japão e Coreia porque estão muito mais perto. Quando fala na diversificação dos mercados turísticos quais são os mercados preferenciais? Os mais próximos em primeiro lugar. Nordeste Asiático, Japão e Coreia como os mais importantes. Mas também o Sudeste Asiático. Estamos a apostar cada vez mais na Índia e também no Médio Oriente e Rússia. Não quer dizer que estes últimos se transformem de repente em emissores, mas estamos a trabalhá-los, a investir, a preparar-nos. No que respeita aos mercados muçulmanos estamos também a sensibilizar o comércio local para que existam ofertas “halal” nos menus. Como se convence um australiano ou um americano a vir a Macau? Que tipo de turistas estamos a falar? No caso dos australianos, ou americanos, o que fazemos são pacotes que englobam para além de Macau, Hong Kong e as zonas mais próximas da China. É assim que podemos atraí-los. Mas que existe em Macau que lhes possa interessar? A cultura e a história. Não vêm cá por causa de um evento. Como se vence a eterna guerra dos dois dias de permanência? Que fazer para que as pessoas fiquem mais tempo? Depende do mercado. Não é possível com todos. Temos de começar com os que têm mais interesse nisso e depois utilizarmos esse método com outros. Japão e Coreia são os mercados onde estamos a tentar mudar essa tendência. Estamos a trabalhar o que se chama de “silver market” (reformados), pessoas que têm mais tempo, pessoas mais interessadas em cultura. Falou da história. Macau foi considerada durante muitos anos a Monte Carlo do Oriente. Nos últimos anos passou a Las Vegas. Perdeu-se alguma coisa neste processo? Há sempre coisas que se perdem. Sei que as pessoas se queixam que a cidade perdeu a sua tranquilidade. Até que ponto a cidade não podia viver por si própria, ser ela a atracção per si, sem precisarmos de estar sempre a inventar coisas novas? O que estamos a ver é que devemos salvaguardar a nossa herança. Pode-se sempre pensar em festivais durante o ano mas temos de proteger a nossa herança, a nossa cultura, que é o coração da nossa cidade. É isso que nos distingue. A propósito de “coração”, há quem diga que o centro da cidade parece mais um lobby de aeroporto ao ar livre do que o centro de uma cidade histórica. Concorda com um programa de protecção ao comércio tradicional? (risos) Faz sentido. Mas não podemos recusar a entrada de outras marcas. As lojas precisam de ter o seu “competitive edge”. Se não conseguem competir… Mas quando as rendas aumentam 300 e 400% é difícil ser competitivo… Há-de haver formas de apoiar o comércio tradicional mas temos de aceitar que Macau é uma cidade aberta. Não podemos fechar as nossas portas. Mesmo que se arrisque a descaracterização da cidade? Há sempre formas de proteger a cidade mas não fechando as portas. Não acho que isso proteja Macau no longo prazo. Ao longo da nossa história fomos sempre uma cidade que recebeu pessoas de diferentes partes do mundo. É daí que vem a nossa cultura e não por sermos fechados. Dava jeito que existissem esplanadas nas ruas? As esplanadas são um bom produto, muito procurado sobretudo na Europa. Se pudermos aplicar em Macau claro que pode atrair pessoas e até ajudar a prolongar a estadia. E que pode fazer a DST para que o IACM comece a licenciá-las? É uma conversa que temos de continuar mas o nosso Secretário tem a ideia de fazer isso, de testar nas Casas Museu da Taipa. Testar? Macau sempre teve esplanadas, mas um dia deixou de ter… Realmente não consigo dizer por quê. Há sempre razões para isso, mas eu não as domino. E a Lei do Fumo? Não fumar numa discoteca faz sentido? Como convencer um turista para divertir-se à noite, pagar bebidas caras e não poder fumar? É um espaço comum. Faz sentido que seja proibido para o bem estar de todos. Acho que estamos bem como está. Falou das Casas Museu da Taipa, em que ponto está o programa AniMarte Macau? Da nossa parte está tudo pronto para introduzirmos animações, tendo em conta, claro, as habitações próximas. Mas como a zona passou há pouco tempo para o Instituto Cultural é natural que eles precisem de algum tempo para se prepararem. Mas vejo com um bom espaço de lazer para se comer, beber e desfrutar. Quando se fala em promoção turística a noção que fica é que a preocupação é sempre trazer mais turistas. Acha que a cidade aguenta tanta gente? Nem sempre. A nossa promoção hoje em dia não serve para trazer mais turistas mas sim turistas diferentes. Os nossos operadores estão mais virados para os que estão à porta mas a nossa estratégia é ir para além de Guangdong. Pessoas que nunca vieram para Macau, com um poder de compra diferente daqueles que vêm cá habitualmente. Mas Macau tem capacidade para acolher tantos visitantes? “Poder de compra diferente” falamos do quê? Não procuramos números mas sim pessoas que pretendam ficar mais tempo. Não é uma questão de dinheiro. São pessoas com menos facilidade de vir a Macau e que por isso terão vontade de ficar mais tempo e visitarem para além das zonas centrais e para além das compras do dia. Actualmente, por dia, vêm muitos “turistas” desses. Não é mau mas temos de diversificar. Alexis Tam afirmou recentemente ser contra a extensão de vistos individuais a mais cidades chinesas. Concorda? Para já não temos uma necessidade imediata, de facto. Neste momento temos 49 cidades, o que já é muita gente e ainda não estão maximizadas. Temos de trabalhar essas origens, perceber como os podemos atrair, ficar mais tempo e conhecerem Macau melhor. A campanha anti-corrupção em curso na China está directamente implicada na descida do número de turistas? Os segmentos mais afectados devem ser o comércio de luxo e, claro, as excursões de custo zero, um fenómeno que a China também tem vindo a atacar. Neste caso, até acho que a descida é benéfica. Mas os tempos mudam, a boa vida não dura para sempre, e as agências e hotéis estão a trabalhar em conjunto para diversificar os seus mercados. Pensa-se em turistas de médio e “low budget”? Vir a Macau não é propriamente económico… Um mercado deve ter diferentes escolhas. Não somos nós que investimos nos hotéis mas pretendemos criar condições para que surjam alojamentos de menor custo. Em termos concretos… Para os hotéis que chamamos de alojamento económico temos uma equipa de licenciamento com vista a aconselhar e facilitar o processo de licenciamento. Já há alternativas ao programa “Sentir Macau Passo a Passo”? Queremos continuar com ele para incentivar as pessoas a irem outros lugares e conhecerem melhor a cidade. Estamos a dar incentivos como “caças ao tesouro”. Isso pode ajudar a diversificar a oferta. Não quer dizer que corra bem em todo o lado. Isso não vai perturbar ainda mais os residentes? Focamo-nos apenas em pontos com interesse turístico. Era positivo que existissem ruas fechadas ao trânsito? Isto tem sido falado internamente e poderão vir a existir tentativas em diferentes áreas mas tem de ser coordenado com outros departamentos. Pode ser uma vantagem, sim. Se dependesse de si que ruas fecharia já? (risos) Têm vindo diferentes grupos de comerciantes ter connosco para debater a ideia como, por exemplo, os da Rua de São Paulo. Outros perguntam-nos porque não fechamos a Almeida Ribeiro. Há várias hipóteses sugeridas. Outra zona onde existe esse interesse é a zona de São Lázaro. Mas precisamos de equilibrar a vida quotidiana dos residentes com o interesse dos comerciantes, o Governo tem de estudar o assunto bem. Fechar a rua porquê? Têm de existir vantagens claras. Que gostava de ver considerado no plano director da cidade? Uma visão global para o turismo, um plano exequível e não apenas um relatório bom para uma conferência de imprensa para depois ser arquivado. Mas têm algumas ideias sobre o assunto? Temos, mas não quero condicionar opiniões porque vai ser feita fazer uma consulta pública em breve. A vossa publicidade pouco varia na mensagem mostrando sempre uma cidade em constante efervescência e, parece-me, virada exclusivamente para um determinado tipo de público. Estão a vender gato por lebre? Acho que este ano mudámos. O lema agora é “Sentir Macau ao seu Estilo” e temos muitos comentários na internet a dizerem que são os melhor filmes promocionais de sempre. Mas também existem os filmes do Instituto Cultural que mostram outras facetas de Macau. A imagem gráfica institucional é tida por alguns especialistas como antiquada e desadequada de uma imagem de qualidade, nomeadamente o logótipo. Como comenta isso? Não sei… não vamos mudar só por que alguém disse. Temos de ter uma razão, um objectivo. Para já o logótipo vai ficar. Como faz o balanço destes seus quatro anos à frente da DST? Muito para aprender. Temos uma boa equipa mas muitos desafios. Precisamos de nos reinventar. Sempre a aprender e sempre a tentar fazer melhor. Se um dia sair do Turismo que espera venha a ser o seu legado? Não sei se deixarei algum… Mas talvez que as pessoas vejam este departamento como sempre vocacionado para tentar fazer o melhor pela indústria e por Macau.