Macau acolhe pela primeira vez Exposição Internacional Asiática de Filatelia

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] 35.ª Exposição Internacional Asiática de Filatelia inaugura hoje em Macau, reunindo coleccionadores de selos de 23 países e regiões, que vão competir em diferentes categorias. A mostra, que decorre até segunda-feira no Venetian, conta com mais de mil quadros expositores, tem ainda 40 ‘stands’ de administrações postais e comerciantes filatélicos do estrangeiro.

Um dos pontos fortes da Exposição Internacional Asiática de Filatelia é a área de selos raros, onde estão expostas oito colecções emprestadas pelo Museu Nacional de Correios e Filatelia da China, descritas como “muito raras”. São exemplos o trio de selos “Grande Dragão”, os primeiros selos postais da China, cuja emissão é considerada “um símbolo importante do início dos correios/filatelia da era contemporânea, e o “Manuscrito de R.A. de Villard”, um funcionário alemão das Alfândegas Marítimas em Xangai, que contém “os primeiros esboços de design de selos da dinastia Qing”.

Para assinalar o primeiro certame filatélico internacional a ter lugar em Macau, a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT) preparou três emissões filatélicas dedicadas ao evento. A primeira, lançada a 1 de Março, ilustra a vida quotidiana de Macau, enquanto a segunda, uma etiqueta postal, a ser apresentada hoje – no dia da abertura – tem o edifício-sede dos CTT como protagonista. Já a terceira emissão, composta por um conjunto de quatro selos e um bloco que ilustram festividades tradicionais de Macau, é lançada no domingo, nas vésperas precisamente de uma das festas mais características: a do Bolo Lunar.

Há também uma carteira temática com três conjuntos de produtos filatélicos alusivos ao evento, que reúne emissões da mesma série. Definida como uma “valiosa lembrança para colecção”, vai ser posta à venda na segunda-feira pelo preço unitário de 120 patacas.

Mó de baixo

A filatelia constitui uma importante fonte de receita dos CTT, como sublinhou ontem a sua directora, Derby Lau, à margem da conferência de apresentação da exposição, embora reconhecendo que actualmente atravessa um período menos bom em Macau. “É uma fonte financeira forte”, mas “já não é tanto como antigamente”, indicou, dando conta de que em 2016, por exemplo, as receitas provenientes da filatelia eram três vezes superiores. “Actualmente, [o peso nas receitas] não chega a 20 por cento”, afirmou, ressalvando, porém, que tal depende do “ciclo do mercado da filatelia”. “A filatelia tem um ciclo de mercado – com picos altos e baixos – e, nesta altura, consideramos ser baixo”, observou Derby Lau, para quem as emissões comemorativas podem jogar a favor de Macau, ajudando a despertar mais interesse por parte dos coleccionadores de selos.

21 Set 2018

Efeméride | Correios lançam colecção de selos sobre Pessanha

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Correios de Macau emitiram ontem uma colecção especial de selos sobre o poeta português, cujo aniversário se celebrou esta semana

Os 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha foram ontem assinalados em Macau com uma emissão filatélica dedicada ao poeta que viveu e morreu no antigo enclave português, onde a efeméride tem dado o mote para várias actividades.
O lançamento feito pelos Correios de Macau inclui dois selos e um bloco filatélico desenhados pelo arquitecto Carlos Marreiros, um “estudioso do poeta” que conheceu nos tempos de liceu através da revista Selecta Literária.
Desde os anos de 1970, Marreiros já assinou mais de mil trabalhos, entre desenhos, pinturas e ilustrações, sobre o autor considerado o expoente máximo do simbolismo português.
Camilo Pessanha nasceu em Coimbra. Depois de se ter formado em Direito, foi viver para Macau, em 1894, para exercer funções de professor no Liceu de Macau.
O autor de “Clepsydra” viveu durante 32 anos em Macau até à sua morte, em 1926, mantendo-se os seus restos mortais sepultados no cemitério de São Miguel Arcanjo.
“Dei ênfase a esta relação do poeta com a cidade. Ele realmente é coimbrão, é considerado o maior poeta simbolista português, mas é um poeta de Macau, porque toda a poesia dele está imbuída de sons, de cenários e emoções, paixões da longínqua China e precisamente de Macau e da zona da [cidade chinesa de] Cantão”, disse Carlos Marreiros à agência Lusa.
No bloco filatélico, o arquitecto desenhou Camilo Pessanha a “flutuar” com a “mulher da vida dele”, cujo nome chinês traduzido para português “significa literalmente Águia de Prata”.
“O bloco mostra-o a esvoaçar com a Águia de Prata: ele vestido de mandarim e a Águia de Prata uma senhora delicada, flutuante, doce, mas que tem garras de águia, ao invés de ter pezinhos, mas de forma romântica, sobre o Porto Interior, portanto, a ligação da paixão dele e o Porto Interior [na península de Macau]”, explicou.
Num dos selos, o poeta português aparece com a “Águia de Prata a namoriscar, a poetar, a filosofar – cada um entenda como quiser – numa mesa, a beber qualquer coisa”.
No outro, Pessanha surge sozinho, “sentado, com asas de anjo e pés [transformados] em garras de águia”, em mais uma referência à mulher. Mas neste selo, mais do que a vida íntima de Pessanha, Marreiros quis destacar a ligação do escritor à Maçonaria em Macau.
“Aqui faço uma referência, ele está de branco, mas as asas não são de águia, mas de um anjo. É a ligação, segundo a história, que ele tinha com a Maçonaria em Macau, porque o nome simbólico dele era Angélico”, justificou, acrescentando que “Camilo Pessanha aparece de certa forma angélico neste segundo selo”.
A pedido do artista, os selos são a preto e branco: “São adaptações de desenhos antigos meus e queria mesmo que fosse a preto e branco. A cor pontual só aparece no título e na indicação numérica postal e no preço”.

A exposição

Além da emissão filatélica, Carlos Marreiros é também o autor de uma instalação sobre Camilo Pessanha, que vai estar exposta em duas praças de Macau. A instalação, ainda sem data para inaugurar, intitula-se “Camilo Pessanha no Ano do Galo”, porque “os 150 anos do nascimento coincidem com o Ano do Galo”, iniciado em 28 de Janeiro, sob o signo daquele que figura como um dos doze animais do milenar zodíaco chinês.
Entre outros trabalhos mais antigos, o macaense pintou o acrílico sobre tela “Camilo Pessanha e a Máscara”, um quadro integrado há vários anos na exposição permanente do Museu de Arte de Macau.
Além de Macau, o artista plástico já levou os desenhos, pinturas e ilustrações de Camilo Pessanha até Portugal, Itália, Hong Kong, China ou Japão.
Em 1998, fez a exposição “O Poeta e a Cidade”, com desenhos realizados entre 1977 e 1997, a qual se tornou itinerante e foi mais tarde estendida a “O Poeta, a Cidade e o Mar”.

8 Set 2017