Cineasta Ali Ahmadzadeh vence Leopardo de Ouro em Locarno

O cineasta iraniano Ali Ahmadzadeh venceu o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, na Suíça, com o filme “Mantagheye bohrani (Critical Zone)”, “um hino à liberdade e resistência no Irão”, filmado em segredo, anunciou a organização.

No comunicado com a lista de vencedores desta edição do Festival de Locarno é referido que a obra foi filmada em segredo nas ruas de Teerão, sem a permissão das autoridades iranianas.

Nas restantes principais categorias do concurso internacional, o Prémio Especial do Júri foi para “Do not expect much from the end of the world”, do romeno Radu Jude, enquanto o prémio de Melhor Direção foi para a cineasta ucraniana Maryna Vroda.

As actrizes Dimitra Vlagopoulou (Grécia), em “Animal” de Sofia Exarchou, e Renée Soutendijk (Países Baixos), em “Sweet Dreams” de Ena Sendijarević, venceram os prémios de melhor performance.

O festival entregou ainda uma menção especial a “Nuit Obscure – Au revoir ici, n’import où, do francês Sylvain George.

A edição do Festival de Locarno que terminou no fim-de-semana tinha sete filmes portugueses ou com produção nacional em competição, que não obtiveram qualquer galardão.

Na competição internacional estiveram “Baan”, a primeira longa-metragem de ficção de Leonor Teles, e “Manga d’Terra”, uma longa-metragem do luso-suíço Basil da Cunha.

Rodado entre Lisboa e Banguecoque, “Baan” acompanha uma viagem emocional de L., uma jovem entre o fim de um relacionamento e a possibilidade de outro, e regista um tempo de gentrificação, imigração e precariedade laboral.

Também na competição internacional esteve “Manga d’Terra”, que Basil da Cunha voltou a rodar nos bairros clandestinos da Reboleira (Amadora, no distrito de Lisboa), desta vez centrando-se em Rosa, uma imigrante de 20 anos que deixa os filhos em Cabo Verde para procurar trabalho em Lisboa. Ameaçada por ‘gangsters’ e pela violência policial, Rosa procura solidariedade de outras mulheres, mas o escape encontra-o na música, indica a sinopse.

Outras fitas

Na secção “Pardi di Domain”, dedicada a novos valores do cinema, estiveram “Nocturno para uma floresta”, curta-metragem de Catarina Vasconcelos que sucede ao premiado “A metamorfose dos pássaros”, a curta-metragem de animação “De Imperio”, de Alessandro Novelli, e “Slimane”, de Carlos Pereira.

Por causa das greves dos argumentistas e dos actores em Hollywood, o Festival de Locarno registou algumas baixas de convidados internacionais, nomeadamente do actor Riz Ahmed, que iria receber um prémio de carreira, e do actor Stellan Skarsgard que decidiu renunciar ao prémio Leopard Club em solidariedade com as paralisações nos Estados Unidos. A 76.ª edição de Festival de Cinema de Locarno começou em 02 de Agosto e terminou sábado.

14 Ago 2023

Filme de Pedro Costa conquista Locarno

[dropcap]O[/dropcap] filme “Vitalina Varela”, do realizador português Pedro Costa, conquistou no sábado, o Leopardo de Ouro, prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, anunciou a organização.

Depois de ter sido distinguido em Locarno, em 2014, com o prémio de melhor realização por “Cavalo Dinheiro”, Pedro Costa regressou este ano ao festival estreando o filme sobre uma mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava “Cavalo Dinheiro”, acabando por incluir parte da sua história na narrativa, mas o novo filme é totalmente dedicado a esta cabo-verdiana de 55 anos.

A actriz cabo-verdiana também foi distinguida na sexta-feira com o Prémio Boccalino d’Oro para melhor actriz, disse à agência Lusa a produtora Optec Filmes.

O Boccalino d’Oro é um prémio paralelo ao Festival Internacional de Cinema de Locarno, entregue por um júri independente, tendo sido criado por um grupo de programadores e cineastas no ano 2000.

Só um realizador português conquistou antes o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno: José Álvaro Morais, em 1987, pelo filme “O Bobo”.

Realizador independente

Nascido em Lisboa, em 1959, Pedro Costa é um cineasta independente, herdeiro das experiências feitas em 16mm no documentário pelos seus pares do chamado Novo Cinema, tendo-se formado na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa.

Iniciou a actividade nos anos 1990, tendo sido assistente de realização de Jorge Silva Melo e de João Botelho, criando, até hoje, 15 longas e curtas-metragens como “Ne Change Rien” (2009), “Juventude em Marcha” (2006), “Ossos” (1997), “Casa de Lava” (1994) e “O Sangue” (1989).

O filme “No Quarto da Vanda” deu-lhe o Prémio France Culture para o Cineasta Estrangeiro do Ano, no Festival de Cannes de 2002.

O novo filme de Pedro Costa estará ainda em competição, em Setembro, no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá, e no 57.º Festival de Cinema de Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde tem garantida distribuição em 2020.

No Festival de Cinema de Locarno foram também exibidos filmes dos realizadores portugueses Basil da Cunha e João Nicolau, na competição internacional.

Felicitações presidenciais

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou o cineasta português Pedro Costa por ter conquistado o Leopardo de Ouro, prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça. “Felicito o cineasta Pedro Costa pelo Leopardo de Ouro que o Festival de Locarno atribuiu a ‘Vitalina Varela’”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa numa mensagem publicada na página oficial da Presidência da República. O Presidente português considera ainda que, “se o reconhecimento internacional de um cineasta luso é sempre motivo de regozijo, é-o ainda mais quando demonstra que o cinema pode ser empatia intransigente e rigor fulgurante”.

19 Ago 2019

Filme “A Land Imagined” de Yeo Siew Hua vence Leopardo de Ouro em Locarno

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme “A Land Imagined”, de Yeo Siew Hua, venceu hoje o Leopardo de Ouro no Festival de Cinema de Locarno, tornando-se no primeiro filme de Singapura a concorrer e a conquistar o certame.

Numa edição em que Portugal teve direito a destaque na secção “First Look” (“Primeiro olhar”), mas em que nenhuma produção portuguesa coube no palmarés, o prémio especial do júri foi para “M”, de Yolande Zauberman, enquanto a melhor realização foi atribuída à chilena Dominga Sotomayor por “Tarde para morir joven”.

O prémio para melhor atriz foi dado a Andra Guti, por “Alice T”, de Radu Muntean, e o melhor ator foi Ki Joobong, em “Hotel by the River”, de Hong Sangsoo, tendo sido atribuída uma menção especial a “Ray & Liz”, de Richard Bilingham.

Na secção “Signs of Life” (“Sinais de Vida”), o vencedor, anunciado já na sexta-feira, foi “The Fragile House”, de Lin Zi.

O prémio do público distinguiu “BlacKkKlansman”, de Spike Lee.

A edição deste ano de Locarno foi a última sob direção de Carlo Chatrian, que viaja até Berlim para assumir o festival de cinema da capital alemã.

O festival de Locarno contou com os filmes portugueses “3 anos depois”, de Marco Amaral, e “Sobre tudo sobre nada”, de Dídio Pestana, em competição.

“3 anos depois”, curta-metragem de Marco Amaral, competiu na secção “Pardi di domani”, enquanto a longa-metragem “Sobre tudo sobre nada”, primeira obra de Dídio Pestana, foi apresentada na secção “Signs of Life”.

O festival contou ainda com duas coproduções portuguesas: “Grbavica”, do catalão Manel Raga Raga (Portugal/Bósnia Herzegovina/Espanha), na secção “Pardi di domani”, e “Como Fernando Pessoa salvou Portugal” (Portugal/França/ Bélgica), do realizador norte-americano Eugène Green e com elenco português, no programa “Signs of life”.

Nesta 71.ª edição do festival de Locarno, que decorreu desde 01 de agosto, o cinema português esteve em foco no programa “First Look”, no qual foram exibidos vários filmes portugueses em fase de pós-produção para uma audiência composta apenas por profissionais, entre programadores, exibidores, distribuidores e produtores.

Nesta categoria, o documentário português “Campo”, de Tiago Hespanha, venceu o principal prémio, no valor de 65 mil euros em serviços de pós-produção.

Já “Viveiro”, de Pedro Filipe Marques, produzido por Luis Urbano e Sandro Aguilar, de O Som e a Fúria, recebeu os prémios de serviços de publicidade, no valor de 5.600 euros, e de design do cartaz internacional do filme, avaliado em 5.000 euros.

Em fevereiro, quando o festival anunciou a escolha de Portugal para este programa, a diretora artística adjunta de Locarno, Nadia Dresti, afirmou que “o cinema português tem sido sempre aclamado pela excelência artística por parte da crítica, mas ao mesmo tempo tem cativado os distribuidores e os principais festivais internacionais”.

12 Ago 2018