Hoje Macau China / ÁsiaNarcotráfico | Pequim espera que EUA valorize trabalho conjunto As autoridades chinesas aplaudem a retoma da cooperação bilateral no combate ao tráfico de fentanil A China reconheceu ontem que houve dificuldades em retomar a cooperação com os Estados Unidos na luta contra o opióide fentanil, mas espera que Washington “valorize a oportunidade” de “trabalhar lado a lado” com Pequim. “Retomar a cooperação na luta contra os estupefacientes não tem sido fácil, mas esperamos que os EUA valorizem o lançamento de um grupo de trabalho como uma oportunidade de trabalhar lado a lado com a China”, disse ontem o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, em conferência de imprensa. De acordo com Wang, Washington deve “trabalhar de forma pragmática e com base na igualdade” no grupo de trabalho anti-drogas, que reuniu na terça-feira em Pequim para abordar os mecanismos de combate à entrada de fentanil em território norte-americano. A imprensa oficial chinesa referiu ontem que os EUA mudaram o seu foco “da culpabilização da China para a procura de cooperação”, e que este é “o caminho a seguir para os dois países resolverem os seus problemas”. “A atitude condescendente dos Estados Unidos não beneficia a cooperação entre os dois países em matéria de luta contra a droga”, afirmou ontem o académico Sun Chenghao, citado pelo jornal oficial Global Times. Sun acusou Washington de ser “incapaz de controlar o tráfico de droga, do qual a China não é culpada”. “As recentes conversações não são apenas um gesto de boa vontade, mas também um favor aos Estados Unidos nos seus esforços para combater esta crise. Em vez de criticar a China, os Estados Unidos deveriam concentrar-se em melhorar a sua própria governação”, afirmou Sun. No bom caminho Os Estados Unidos saudaram na terça-feira a promessa da China de cooperar numa maior coordenação contra a distribuição e exportação de precursores químicos utilizados na produção de fentanil, mas salientaram que ainda há muito trabalho a fazer. De acordo com a Casa Branca, o grupo é “um mecanismo fundamental para coordenar os esforços bilaterais para combater o fabrico e o tráfico global de drogas sintéticas ilícitas, incluindo o fentanil”. Segundo a presidência norte-americana, as duas partes sublinharam a necessidade de coordenar as acções de aplicação da lei em questões que vão desde a “utilização indevida” de precursores químicos até ao financiamento ilícito de organizações criminosas. A reunião de terça-feira marca o recomeço da cooperação bilateral sobre o tráfico de droga entre as duas potências, que teve início com o encontro entre o Presidente norte-americano Joe Biden e o seu homólogo chinês Xi Jinping, em Novembro do ano passado, em São Francisco.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim nega ser origem de opióide que matou dezenas de milhares nos EUA [dropcap]C[/dropcap]hina negou ontem ser a origem de um poderoso opióide que matou já milhares de pessoas nos Estados Unidos, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter acusado o país de estar por detrás daquele fenómeno. A droga geralmente chega aos EUA por correio ou através da fronteira com o México. É mais forte e letal do que a heroína e responsável por dezenas de milhares de mortes no país todos os anos. No mês passado, o líder norte-americano pediu a todas as transportadoras que “procurassem e recusassem entregas de fentanil enviadas da China ou qualquer outro país”. “O Presidente [chinês], Xi [Jinping], disse que ia parar, mas não parou” com o tráfico do opióide, acrescentou Trump. Liu Yuejin, vice-director da Comissão Nacional de Controlo de Narcóticos da China, afirmou que as alegações de Trump sobre o fentanil são “completamente infundadas e falsas”. Liu afirmou que Pequim está a fazer grandes esforços para controlar a produção daquele poderoso opióide e que não deve ser rotulada como a principal fonte de fentanil dos EUA. Em Maio passado, o país asiático começou a regular todos os medicamentos compostos por fentanil como uma classe de substâncias controladas, visando conter o tráfico de drogas. Desde que as novas medidas foram aplicadas, não foi descoberto nenhum caso de contrabando de fentanil entre os EUA e a China, disse Liu. No entanto, as autoridades norte-americanas disseram, na semana passada, que a China estava ligada a uma apreensão de fentanil suficiente para matar 14 milhões de pessoas. Uma das 39 pessoas detidas na sequência da operação, que envolveu polícias de vários Estados, é acusada de encomendar fentanil a um vendedor localizado em Xangai, a “capital” económica da China. Visões distintas “A grande maioria do fentanil ilícito que chega aos EUA tem origem na China e muito chega pelos correios”, disse G. Zachary Terwilliger, advogado pelo Distrito Leste do Estado da Virgínia, citado pela imprensa norte-americana. Liu observou que as mortes por fentanil nos EUA continuam a aumentar, apesar do controlo cada vez mais rigoroso do lado chinês, sugerindo que é uma indicação de que a droga não é proveniente da China. Liu acusou ainda “alguns políticos” nos EUA de enganarem o público norte-americano sobre o trabalho desenvolvido pela China para ajudar os EUA a combater a crise de opióides. As autoridades chinesas e norte-americanas estão a trabalhar juntas para lidar com crimes relacionados com drogas, afirmou o responsável.