Crianças japonesas juntam-se a Portugal para proteger o oceano

Dezenas de crianças japonesas juntaram-se ontem, na Expo2025, em Osaka, a um apelo para proteger os mares, que o Oceanário de Lisboa quer levar à cimeira da ONU sobre mudanças climáticas, em Novembro, no Brasil.

“Querem ser embaixadores dos oceanos aqui no Japão?”, perguntou, no Pavilhão de Portugal, a bióloga marinha Natacha Moreira, da Fundação Oceano Azul, aos alunos de duas turmas de uma escola de Osaka.

A resposta positiva veio num coro uníssono de 40 vozes, os primeiros jovens japoneses a assinar a Mini 30X30, “uma onda” lançada pela Oceano Azul e pelo Oceanário, em apoio da meta mundial de proteger 30 por cento do oceano até 2030. O director de Educação do Oceanário, Diogo Geraldes, disse à Lusa que uma primeira carta foi entregue durante a terceira Conferência do Oceano da ONU, que decorreu em Nice, França, em Junho.

Uma nova versão do documento será entregue na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que decorre em Novembro em Belém, capital do estado do Pará, no norte do Brasil. O apelo já reuniu o apoio de 9.500 jovens de 27 países, mas na Ásia ainda só tinha contribuições de escolas da Malásia e de Timor-Leste.

O Oceanário preparou materiais sobre o Mini 30X30 em japonês especialmente para a Expo, que já existiam em português, espanhol, francês e inglês. Antes de votarem unanimemente a favor do apelo, os jovens japoneses testaram as experiências interativas do Oceanário numa das duas salas multiúsos do Pavilhão de Portugal, cujo tema é “Oceano: Diálogo Azul”.

Com história

“O Oceanário de Lisboa é, em Portugal, a instituição com mais pergaminhos e experiência em literacia azul. Há mais de 25 anos que ensina professores e alunos a ter uma relação mais sustentável com o mar”, disse à Lusa o administrador executivo da Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha.

Uma experiência que levou o Oceanário e a Oceano Azul, com o apoio da Direcção-Geral da Educação, a desenvolver o programa Educar para uma Geração Azul, que promove a literacia do oceano entre os alunos dos 6 aos 10 anos.

Diogo Geraldes explicou que começaram pelo primeiro ciclo porque “é mais fácil dar formação aos professores, que muitas vezes são os mesmos do primeiro ao quarto ano”.

Durante cinco anos, o projecto deu formação a 1.300 professores numa fase-piloto que decorreu nos municípios de Albufeira, Cascais, Mafra, Moura, Nazaré, Peniche, Silves, Sintra e na região autónoma dos Açores.

Após o fim desta fase, em Maio de 2024, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação decidiu alargar o programa a todas as escolas primárias do país e de incluir o oceano no currículo. Tiago Pitta e Cunha disse que o objectivo é “educar a geração mais consciente de toda a União Europeia no que toca à ligação dos humanos com o oceano”.

“Conseguiríamos, no fundo, ser um pouco, como os nórdicos foram para o ambiente [terrestre] a partir dos anos 70, os cidadãos portugueses seriam para o azul”, explicou o especialista. Criada em 2017 pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos, que inclui no seu património o Oceanário de Lisboa, a Oceano Azul é uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objecto contribuir para a conservação e utilização sustentável dos oceanos.

23 Jul 2025

Osaka 2025 | Arquitecto japonês Kengo Kuma considera IA amiga da arquitectura

O arquitecto japonês Kengo Kuma afirma em entrevista à Lusa que quis mostrar a singularidade entre Portugal e o Japão no projecto do Pavilhão de Portugal na Expo 2025 Osaka e considera a IA (inteligência artificial) amiga da arquitectura.

Questionado sobre se a inteligência artificial (IA) é amiga ou inimiga da arquitetura, Kengo Kuma opta pela primeira opção. “Sim, é uma amiga”, até porque na verdade no processo de design “estamos a trabalhar com a IA”.

A inteligência artificial “é uma equipa muito forte entre nós” e “gostamos de trabalhar” com esta tecnologia, refere. “Quisemos mostrar a relação com o oceano em Portugal”, diz Kengo Kuma, quando questionado qual foi a inspiração do projecto. Portugal participa na Expo Osaka com o tema “Oceano, Diálogo Azul” e está situado na zona “Empowering Lives”, num lote com 1.836,75 metros quadrados, ficando perto do Pavilhão do Japão.

O projecto de Kengo Kuma expressa a dinâmica do momento oceânico, utilizando 9.972 cabos suspensos que pesam mais de 60 toneladas, e redes recicladas para criar um efeito perene e exposto aos elementos naturais como o sol e o vento, de acordo com a organização.

Ligações ao mar

A vida de Portugal e do Japão está “muito ligada com o oceano”, no sentido em que “comemos peixe, viajamos muito pelos oceanos e a história e a vida estão intimamente ligadas ao oceano”, acrescenta o arquitecto. Há esta “singularidade de Portugal e do Japão e queremos mostrar” essa semelhança entre os dois países.

O volume do Pavilhão de Portugal é caracterizado por uma instalação cénica que simboliza a praça superior suspensa como uma onda.

“Este design é muito, muito novo para a história da arte. Há muito tempo tentamos usar linhas como um recurso para a navegação. Com essas linhas, tentamos mostrar a beleza dos fenómenos naturais”, no mar “vemos a luz natural e a brisa”, explica.

“Tentámos trazer esse tipo de fenómeno natural para a Expo, talvez seja a primeira tentativa na história da Expo de trazer a própria natureza para o pavilhão”, sublinha o arquitecto. Sobre o que vai acontecer ao pavilhão depois de terminar a Expo, o arquitecto diz querer levar a diversidade do projecto (que inclui cabos de diversos diâmetros e comprimentos) para diferentes lugares.

“Quero levar essa diversidade para diferentes lugares” e “agora estamos a planear trabalhar com alguns artistas” sobre isso. Kengo Kuma adianta que o projecto do Matadouro, no Porto, está a concluir-se e que tem mais dois projectos em Portugal.

O arquitecto diz adorar o lado das grandes cidades em Portugal, mas também o lado montanhoso e o oceano do país. “Queremos desfrutar da diversidade de Portugal”, sublinha.

Criar memórias

Questionado como é que se pode tornar actualmente a arquitectura mais sustentável, Kengo Kuma considera que “o mais importante para a sustentabilidade é deixar a memória da arquitectura para sempre”. Ou seja, “a arquitectura, a vida, basicamente, não são tão permanentes”.

Contudo, “podemos deixar a memória da arquitectura para sempre, que é a conexão entre arquitectura e humanidade” e isso “é o mais importante para a sustentabilidade”, remata. Instado a comentar a polémica à volta da sua escolha para projectar o Pavilhão Português, o arquitecto salienta que tem um escritório internacional que trabalha em Portugal.

“Talvez seja por isso que fomos convidados”, conclui. Sobre os desafios que a arquitectura enfrenta actualmente, Kengo Kuma refere que o seu custo está a aumentar “drasticamente” e que todos querem reduzi-lo.

“Mas, ao mesmo tempo, as pessoas querem criar um novo monumento” para este pilar. “E o custo e a monumentalidade devem andar juntos” na actualidade. A Expo 2025 decorre desde 13 de Abril e vai até 13 de Outubro na ilha artificial de Yumeshima, localizada na orla de Osaka, Kansai, no Japão.

12 Mai 2025

Osaka, no Japão, volta a sediar Expo em 2025

[dropcap]A[/dropcap] cidade de Osaka, no Japão, vai acolher a Exposição Universal em 2025 (Expo 2025), pela segunda vez na história, depois de ultrapassar Ecaterimburgo, na Rússia, e Baku, capital do Azerbaijão, numa votação realizada sexta-feira em Paris.

“Estou muito feliz (…) que o Japão tenha sido escolhido como sede da Expo”, disse o primeiro-ministro Shinzo Abe, num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, no qual expressou gratidão “pela amizade e solidariedade dos países que apoiaram o Japão”.

Osaka foi palco da Exposição Universal em 1970, sob o tema “Progresso e Harmonia para a Humanidade”. Desta vez, apresenta-se ao mundo com o tema “Conceber a sociedade do futuro, imaginar a nossa vida amanhã”, entre Março e Novembro de 2025.

O líder nipónico descreveu a notícia como uma “grande oportunidade para transmitir o encanto do Japão ao mundo” e mostrou-se convicto de que o evento irá contribuir para o aumento do número de turistas no país e para a revitalização das economias regionais.

As Exposições Universais são realizadas a cada cinco anos, podem durar até seis meses e permitem que os países participantes construam seus próprios pavilhões. A última Expo teve lugar em Milão, em 2015, sob o tema “Alimentar o planeta, energia para a vida”.

A próxima será realizada em 2020, no Dubai, que venceu a ‘corrida’ com o tema “Unindo mentes, criando o futuro” e com a intenção de abordar três sub-temas: mobilidade, sustentabilidade e oportunidade. Será a primeira vez que a Expo se realizará no Médio Oriente.

A Expo é o terceiro maior evento internacional em termos de impacto económico e cultural, atrás do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos.

26 Nov 2018