Hoje Macau China / ÁsiaTempestade de areia envolve Pequim em manto de poluição A proximidade com o deserto de Gobi e a fragilidade do ambiente ecológico da região fazem com que entre Março e Abril as tempestades de areia assolem a capital chinesa Pequim acordou ontem envolta numa espessa nuvem de poluição, que reduziu a visibilidade até 300 metros em algumas partes da capital chinesa, devido às maiores tempestades de areia dos últimos dez anos no norte do país. As autoridades emitiram o alerta amarelo, o terceiro mais alto, numa escala de quatro níveis, que implica a suspensão de todas as actividades ao ar livre e o uso de máscaras de protecção respiratória. A concentração de partículas PM2,5 – as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões -, ascendeu a 500 microgramas por metro cúbico, bem acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 25 microgramas. A concentração de partículas PM10 – as segundas mais finas e também susceptíveis de se infiltrarem no sistema respiratório -, chegaram a 10.000 microgramas por metro cúbico em algumas zonas da cidade. Para estas partículas, o limite de concentração recomendado pela OMS é de 50 microgramas. “O fim do mundo está próximo”, ironizaram vários internautas no Wechat, a rede social mais utilizada na China. Um meme com um cenário apocalíptico, retirado do clássico filme de ficção cientifica Perigo Iminente (“Blade Runner”, em inglês), e a icónica torre da televisão estatal chinesa CCTV ao fundo, tornou-se também viral na Internet chinesa. Cerca de um quinto dos voos de e para o Aeroporto Internacional de Pequim – Capital e o Aeroporto Internacional de Daxing, no sul de Pequim, foram cancelados. Segundo o Observatório Meteorológico Central da China, trata-se da maior tempestade de areia no espaço de uma década. A tempestade é resultado dos efeitos combinados do ar frio e dos ciclones na região chinesa da Mongólia Interior e na Mongólia. A desertificação no norte e nordeste da China agravou os seus efeitos. “A tempestade de areia de hoje (ontem) deve-se sobretudo a factores naturais, mas também mostra que o nosso ambiente ecológico ainda é muito frágil”, disse Zhao Yingmin, vice-ministro da Ecologia e Meio Ambiente da China, citado pela imprensa estatal. Luta desigual A China tem tentando reflorestar e restaurar a ecologia da região para limitar a quantidade de areia que atinge a cidade. A capital chinesa plantou uma “grande muralha verde” de árvores para capturar a poeira e tentou criar corredores de ar que canalizam o vento e permitem que a areia e outros poluentes passem mais rapidamente. As tempestades de areia devem deslocar-se para o sul em direcção ao delta do rio Yangtse e desaparecer na quarta ou quinta-feira, previu o ministério do Ambiente da China. Pequim enfrenta tempestades de areia regulares em Março e Abril devido à proximidade com o deserto de Gobi. A Agência Nacional de Gestão de Emergências da Mongólia revelou que as fortes tempestades de areia no país resultaram em seis mortes e 81 pessoas desaparecidas. As tempestades de areia afectaram um total de 12 áreas no norte e noroeste da China, incluindo a região de Xinjiang e as províncias de Shanxi, Gansu e Ningxia.
Hoje Macau China / ÁsiaChina vai construir túnel mais longo do mundo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai construir o túnel mais longo do mundo, com um total de mil quilómetros, para levar água desde o Tibete para o deserto de Taklimakan, na região do Xinjiang, extremo noroeste do país. De acordo com a edição de ontem do jornal de Hong Kong South China Morning Post, a obra vai transportar água a partir do rio Brahmaputra até Taklimakan, deserto com 270.000 quilómetros quadrados, equivalente a três vezes o território português. A proposta foi apresentada em Março ao Governo chinês e as equipas de investigação sobre o projecto integraram mais de 100 cientistas chineses, indicou o jornal. De acordo com Zhang Chaunqing, investigador da Academia de Ciências chinesa, citado pelo diário, Pequim vai adoptar o projecto de forma faseada. Obras em curso Em Agosto passado, a China começou a construir um outro túnel, que terá 600 quilómetros, e vai demorar oito anos a concluir, em Yunnan, província no extremo sudoeste do país, que faz fronteira com Laos, Birmânia e Vietname. A construção desta infra-estrutura, para circulação de comboios de alta velocidade, vai servir de ensaio aos métodos de engenharia que serão utilizados no futuro túnel entre as regiões do Tibete e Xinjiang. O planalto do Tibete impede que a chuva trazida pela monção desde o oceano Índico alcance Xinjiang, região rodeada a norte pelo deserto de Gobi e a sul pelo Taklimakan, inviabilizando assim a actividade humana em 90% do território. A primeira vez que se estudou a possibilidade de transportar água desde o Tibete para Xinjiang foi durante a dinastia Qing, no século XIX, mas o projecto nunca avançou, devido aos custos elevados, impactos ambientais e potenciais protestos dos países vizinhos. O planalto do Tibete é uma das regiões do mundo com mais actividade sísmica.