Sérgio Fonseca Desporto“E-racing” | Corridas virtuais ganham o seu evento na RAEM Num ano atípico, a temporada de automobilismo em Macau não terminou com o habitual Grande Prémio Internacional de Karting, que este ano não se realizou, mas sim com o primeiro grande torneio de “sim racing” organizado na RAEM Para aqueles que não estão familiarizados com o fenómeno, o “sim racing” (ou “e-racing”) é a modalidade dos e-sports, ou desportos electrónicos, que engloba as corridas de carros que têm por base simuladores de automóveis, que conseguem reproduzir praticamente tudo o que acontece num verdadeiro carro de competição. Um simulador é diferente das corridas de videojogos e consolas, pois estas não conseguem reproduzir estes efeitos. Estes simuladores, a um nível menos complexo, são usados há muito tempo pelas equipas de Fórmula 1. O GBA Sim Racing Grand Prix (SRGP) ficará para a história como o primeiro grande evento de “sim racing” organizado em Macau. Com 500 mil yuans de prémios monetários, o dobro que ofereceu o Grande Prémio de Macau este ano, este torneio, que usou a plataforma Assetto Corse, foi lançado em meados de Outubro em Jiangmen, Guangzhou, Zhuhai, Hong Kong e Macau, tendo só a eliminatória de Zhuhai reunido mais de quinze mil participantes “online” e “offline”. No anfiteatro do “The House of Dancing Water”, no City of Dreams, realizaram-se as pré-finais e a grande final. Durante quarenta minutos, ou dezoito voltas ao Circuito da Guia virtual, os dezoito finalistas, todos ao volante do mesmo carro (Audi R8 GT3), discutiram o triunfo. Yin Zheng de Pequim veio à Grande Baía levar a melhor sobre Zheng Zhaojie de Shenzhen e Huang Kuisheng de Guangzhou. A selecção dos pilotos de Macau para a final foi feita no local, com uma corrida de qualificação para os vinte mais rápidos nas voltas de selecção e que apurou os três representantes do território. E do trio da RAEM, o melhor na decisiva corrida foi Filipe Veloso Chan que acabou na quarta posição, deixando uma boa imagem dos praticantes do território. “Temos jogadores com muito potencial em Macau e espero que haja mais participantes em torneios de e-racing no futuro”, disse Filipe Veloso Chan no final do evento. Com o apoio de várias entidades de peso de Guangdong, a competição foi transmitida em directo em plataformas online da CCTV e da iQiyi Sports, aguçando assim o apetite de muitos que perderam esta oportunidade e que não quererão perder uma próxima. Até porque a promessa do sucesso deste ano é para repetir para em 2021. Razões para repetir Este evento não contou com a colaboração da Associação SimRacing Macau-China, que apesar de tudo se manteve atenta ao que foi realizado. Para o piloto das corridas de carros de Turismo locais, Sabino Osário Lei, que começou o seu trajecto desportivo nas corridas virtuais, este evento foi um sucesso e o interesse que gerou em seu redor é merecedor de uma repetição. “Macau é uma cidade especial, onde se incluí o Circuito da Guia e sua história, portanto como é que não poderia existir um evento de ‘sim racing’ aqui?”, interrogava-se o também participante do primeiro SRGP do território. “É algo novo para Macau. Honestamente, não sabia que o evento ia ser tão grande, só me apercebi da sua dimensão quando cheguei ao City of Dreams. Fui ver a corrida final e os lugares sentados estavam todos ocupados, até eu tive que ficar de pé para ver a corrida”, afirmou ao HM. Lawrence Ho, o CEO da Melco, em comunicado, reconheceu o porquê desta aposta: “O turismo desportivo é um segmento chave do turismo actual, com mais e mais pessoas a viajarem pelo mundo para participar. Os e-sports são um desporto emergente com um grande potencial”. Mais próximo do real As provas de simuladores viram a sua exposição mediática crescer abruptamente com a pandemia de COVID-19. Com os circuitos fechados e campeonatos parados, os pilotos profissionais, como as estrelas de Fórmula 1 Max Verstappen ou Charles Leclerc, viraram-se para o “sim racing”, trazendo toda atenção mediática e dos fãs consigo. Contudo, esta já era uma actividade em crescimento por todo o mundo, com uma cada vez maior proximidade ao mundo real, proximidade essa que começa também a acontecer na Ásia. A SRO Motorsports Group, co-organizadores da Taça do Mundo de GT da FIA no Grande Prémio de Macau e do GT World Challenge Asia, organizou o seu primeiro campeonato virtual, um exemplo seguido pela FRD Sports de Hong Kong que fez o mesmo com o Campeonato Asiático de Fórmula Renault e o troféu Renault Clio. A proximidade entre o virtual e o real nunca esteve tão perto e até as equipas com base em Zhuhai seguem a tendência. A Champ Motorsport organizou o primeiro torneio do género na cidade vizinha, a Absolute Racing vai participar na competição virtual World eX e a Asia Racing Team fez este ano uma parceria com a equipa virtual Team Squadios. “O nosso foco claro é continuar a interagir com uma nova geração de jovens fãs do automobilismo”, explica Rodolfo Ávila, o Chefe de Equipa da Asia Racing Team. “A acessibilidade que o ‘sim racing’ oferece uma nova entrada no mundo das corridas para apaixonados das corridas e novos fãs. Espero que esta parceria (com o Team Squadios) nos ajude a ligar o ambiente virtual com o desporto na vida real na China e na região da Ásia-Pacifico”.