Central de Taishan | Reactor nuclear suspenso para “manutenção”

A empresa responsável pela Central Nuclear de Taishan, a 70 quilómetros de Macau, diz que está a fazer “manutenção e investigação dos danos relacionados com o combustível”. A suspensão do reactor nuclear acontece depois de a parceira EDF ter afirmado que se o complexo fosse em França as operações seriam suspensas

 

A empresa estatal China Guangdong Nuclear Power (CGNPC) suspendeu o reactor da Central Nuclear de Taishan para “manutenção e investigação dos danos relacionados com o combustível”. O anúncio foi feito na sexta-feira, através de um comunicado, em que foi abordado o estado da central que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau.

“Durante o funcionamento da Unidade 1 foi registado um pequeno dano relacionado com o combustível, porém, tudo está dentro dos níveis definidos pelas especificações técnicas, pelo que a unidade pode continuar a operar de forma estável”, assegurou a CGNPC, no mesmo comunicado.

A suspensão do reactor levou a empresa Energia de França, proprietária de 30 por cento da Central Nuclear, através da empresa Taishan Nuclear Power Joint Venture (TNPJVC, na sigla inglesa), a considerar que estão a ser adoptados os melhores padrões para reagir a estas situações.

“A decisão do operador TNPJVC está em linha com o que a EDF teria feito em França, no que diz respeito aos procedimentos adoptados nas centrais que operam em território francês”, vincou.
A eléctrica francesa, controlada pelo Estado Francês, tinha dito no final do mês passado que os problemas registados na Central Nuclear de Taishan teriam levado à suspensão, caso a situação ocorresse em França. O comunicado foi feito numa altura em que a CGNPC ainda não tinha concordado com a suspensão, que aconteceu agora.

Situação desvalorizada

A Central Nuclear de Taishan fica a cerca de 70 quilómetros de Macau e os problemas mais recentes foram dados a conhecer em Junho, através da CNN. A emissora americana teve acesso a um documento em que a EDF pedia autorização ao Governo dos EUA para transferir tecnologia à CGNPC. A empresa estatal chinesa está na lista negra dos EUA por apropriação de tecnologia para desenvolvimento militar.

Após a notificação dos problemas, a CGNPC explicou que houve uma acumulação de crípton e xénon, dois gases inertes, no circuito primário do reactor número da estação. A empresa frisou também que se trata de “fenómeno conhecido, estudado e previsto nos procedimentos operacionais”.

Posteriormente, a agência estatal chinesa responsável por supervisionar as centrais nucleares do país, garantiu que os níveis de radioactividade na região estavam normais, apesar de reconhecer os danos sofridos em cinco barras de combustível.

Na altura, a situação foi igualmente desvalorizada pelo ministério da Ecologia e do Ambiente da China. “Não há problema de derrame radioactivo para o ambiente”, afirmou o ministério em comunicado, acrescentando que a radiação no reactor aumentou, mas manteve-se dentro dos “níveis permitidos”.

2 Ago 2021