Hoje Macau China / ÁsiaCATL / HK | Fabricante de baterias prepara entrada na bolsa Se se concretizar, esta será a entrada com maior impacto na bolsa de Hong Kong desde 2021 A empresa chinesa Contemporary Amperex Technology (CATL), a maior fabricante de baterias para veículos eléctricos do mundo, iniciou ontem o processo para entrar na Bolsa de Valores de Hong Kong, segundo a imprensa local. De acordo com o jornal de Hong Kong South China Morning Post, se confirmada, seria a maior entrada na bolsa de Hong Kong, desde a da plataforma de partilha de vídeos Kuaishou, no início de 2021, que arrecadou cerca de 6,2 mil milhões de dólares. A CATL não revelou o valor proposto para a venda de acções ou o calendário do processo. A empresa já está listada desde 2018 na bolsa de valores da cidade vizinha de Shenzhen, na China continental. As suas acções naquele mercado subiram 0,71 por cento durante a sessão da manhã de ontem, embora tenham caído pouco mais de 2 por cento até agora este ano e permaneçam um terço abaixo do seu pico, que data do final de 2021. A CATL disse que vai utilizar parte do capital angariado através da entrada na bolsa de Hong Kong para projectos na Hungria, aprovados em 2022, que incluem um investimento de cerca de 7,34 mil milhões de euros numa fábrica com uma capacidade de produção de cerca de 100 gigawatts-hora (GWh) e que poderá entrar em funcionamento ainda este ano. Expansão eléctrica Em Dezembro, a CATL também formalizou um acordo com o grupo automóvel Stellantis para abrir uma fábrica em conjunto, perto de Saragoça, com um investimento de cerca de 4,1 mil milhões de euros. Prevê-se que o complexo esteja operacional em 2028, empregue cerca de três mil pessoas e produza um milhão de baterias por ano. “A CATL ambiciona expandir a sua presença global, uma vez que pode obter maiores lucros fora da China. Com vantagens em termos de produção e tecnologia em relação aos concorrentes internacionais, os operadores chineses do sector eléctrico são bem-vindos no estrangeiro, para localizarem a sua capacidade de desenvolvimento e fabrico”, afirmou Davis Zhang, um executivo da empresa de materiais de protecção de baterias Suzhou Hazardtex, citado pelo SCMP. A CATL, sediada na cidade de Ningde, no sudeste da China, é líder mundial no sector das baterias para carros eléctricos há oito anos, controlando 37 por cento da quota de mercado mundial, com clientes importantes como a Tesla e a BMW. No início de Janeiro, os Estados Unidos incluíram a empresa numa lista de companhias consideradas colaboradoras do exército chinês, uma decisão que a CATL classificou de “falsa designação”, avançando com uma acção judicial.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | China “não aceita e não concorda com” taxas sobre veículos eléctricos A entrada em vigor de taxas europeias sobre os veículos eléctricos chineses, até 35,3 por cento, levou a uma resposta enérgica de Pequim A China afirmou ontem que “não aceita e não concorda com” a decisão da União Europeia (UE) de aplicar, desde ontem, tarifas alfandegárias de até 35,3 por cento sobre veículos eléctricos importados do país asiático. O Ministério do Comércio chinês recordou, em comunicado, que apresentou um recurso ao mecanismo de resolução de litígios da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A China continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas de forma determinada”, disse Pequim. Em Agosto, as autoridades chinesas iniciaram um processo de resolução de litígios junto da OMC, afirmando que a iniciativa da UE “violava gravemente” as regras da organização e não tinha “qualquer base objectiva e jurídica”. Embora o porta-voz para o comércio tenha sublinhado ontem que a investigação anti-subvenções da UE constitui uma “manifestação de proteccionismo”, o responsável reiterou também a vontade de Pequim de continuar a negociar para “chegar a uma solução mutuamente aceitável o mais rapidamente possível”. “A China sempre se empenhou em resolver os diferendos comerciais através do diálogo e da consulta, e tem feito tudo o que está ao seu alcance neste domínio. Actualmente, as equipas técnicas das duas partes estão a realizar uma nova ronda de negociações”, lê-se na mesma nota. “Esperamos que a UE trabalhe de forma construtiva com a China, siga os princípios do pragmatismo e do equilíbrio, aborde as principais preocupações de cada uma das partes (…) e evite uma escalada das fricções comerciais”, insistiu o porta-voz. Taxas e mais taxas O executivo comunitário aplicou taxas punitivas de 35,3 por cento ao fabricante chinês SAIC (MG e Maxus, entre outras marcas), 18,8 por cento à Geely e 17 por cento à BYD, por um período máximo de cinco anos. A medida afectará também as empresas ocidentais que produzem na China, como a norte-americana Tesla, que ficará sujeita a uma taxa de 7,8 por cento, enquanto outras que tenham cooperado com a Comissão na investigação que esta desenvolveu antes de aprovar as taxas ficarão sujeitas a uma taxa de 20,7 por cento. A UE está a tomar esta medida depois de, apesar da divisão entre os 27, ter recebido apoio suficiente na votação dos governos da UE no início deste mês: cinco países opuseram-se às taxas, dez apoiaram-nas e doze abstiveram-se. A Comissão declarou que suspenderia os direitos aduaneiros em caso de acordo com a China durante os próximos cinco anos, mas não os cancelaria, a fim de ganhar tempo para os voltar a aplicar se Pequim não cumprisse o acordo. Em retaliação, a China anunciou nos últimos meses investigações sobre as importações de aguardente, produtos lácteos e carne de porco da UE.
Hoje Macau China / ÁsiaVeículos eléctricos | BYD cria primeira fábrica fora da Ásia O investimento chinês em tecnologia verde vira-se para o Brasil com investimentos de quase 600 milhões de euros para produzir entre 150 mil a 300 mil veículos por ano A empresa chinesa BYD vai investir três mil milhões de reais (570 milhões de euros) no Brasil, na primeira fábrica de automóveis eléctricos fora da Ásia. A BYD planeia construir um complexo fabril no estado da Baía, no nordeste do Brasil, incluindo uma fábrica de automóveis totalmente eléctricos assim como de híbridos ‘plug-in’, para começar a operar até 2024, indicou num comunicado. A fábrica terá inicialmente capacidade para produzir 150 mil automóveis por ano, com potencial para atingir uma produção anual de 300 mil veículos. O complexo vai ter ainda uma fábrica especializada em chassis para autocarros e camiões eléctricos e uma unidade para processamento de lítio e fosfato de ferro para o mercado internacional. A vice-presidente da BYD, Stella Li Ke, disse que a empresa chinesa tem, também no Brasil, “um pequeno projecto de extração” de lítio, um metal raro essencial para o fabrico de baterias para automóveis eléctricos. A BYD previu que o complexo na Baía gere mais de cinco mil empregos directos, esperando que o investimento atraia fornecedores locais que se poderão especializar em partes e equipamento para veículos eléctricos e híbridos. Stella Li disse, na quarta-feira, numa entrevista à agência de notícias financeiras Bloomberg, que o complexo vai ser “um centro de inovação”: “como possuímos a tecnologia, temos a capacidade de ajudar” os fornecedores locais. Li disse que o mercado do Brasil tem potencial para se desenvolver da forma semelhante ao da China, com veículos híbridos a gradualmente dar lugar a veículos totalmente eléctricos, à medida que a infra-estrutura de carregamento melhora. De confiança As vendas de veículos híbridos ou eléctricos no Brasil representaram apenas 2,5 por cento do total em 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores brasileira, devido à competição dos carros movidos a etanol de cana-de-açúcar. A consultora Bright Consulting disse num relatório que os veículos híbridos ou eléctricos devem representar 7 por cento das vendas de veículos ligeiros até 2030, muito abaixo da média mundial estimada de 37 por cento. O anúncio da BYD surge depois de uma visita do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China em Abril, que incluiu uma reunião com a direcção da BYD. “Este é um país em que confiamos e este é um governo em que confiamos”, disse Stella Li numa entrevista em São Paulo, no sul do Brasil. À margem da visita de Lula da Silva, o governador da Baía, Jerónimo Rodrigues Sousa, disse à Lusa em Xangai que gostaria que a BYD recuperasse um parque industrial detido pela norte-americana Ford, em Camaçari. A BYD produz já autocarros elétricos e painéis fotovoltaicos em Campinas, no estado de São Paulo, e tem uma fábrica de baterias para veículos eléctricos em Manaus, capital do estado do Amazonas.