Óbito/Papa | HK autoriza cardeal Joseph Zen a assistir ao funeral

O Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, foi autorizado a deixar a cidade semiautónoma da China para assistir ao funeral do Papa Francisco na Cidade do Vaticano, informou ontem a agência Associated Press.

Zen, de 93 anos, deixou Hong Kong na quarta-feira à noite, depois de ter apresentado um pedido num tribunal para recuperar o passaporte, revelou a sua secretária à AP. As autoridades confiscaram o passaporte a Zen após ter sido temporariamente detido ao abrigo de uma lei de segurança nacional imposta por Pequim na região administrativa especial em 2022.

Zen está entre os críticos que, nos últimos anos, afirmaram que o acordo do Vaticano com as autoridades chinesas sobre a nomeação de bispos traiu os católicos chineses que se mantiveram fiéis ao Vaticano. Também criticou o secretário de Estado Pietro Parolin, o responsável pelas negociações com Pequim, como um “homem de pouca fé”.

Parolin é considerado um dos principais candidatos a ser o próximo Papa, dada a sua proeminência na hierarquia católica. Na terça-feira, Zen emitiu uma crítica ao Vaticano, questionando a razão pela qual as reuniões pré-conclave começaram já nesse dia.

A sua secretária disse que Zen regressaria a Hong Kong após o funeral do Papa, que está marcado para sábado. Mas disse não ter a certeza da data exacta do regresso.

25 Abr 2025

Cardeal pró-democracia detido em Hong Kong libertado sob caução

Um cardeal católico pró-democracia detido na terça-feira à noite em Hong Kong ao abrigo da lei sobre a segurança nacional foi libertado sob caução algumas horas depois pelas autoridades pró-Pequim do território, noticiou hoje a imprensa local.

O cardeal Joseph Zen, de 90 anos, bispo emérito de Hong Kong, surge saudando os jornalistas num vídeo divulgado na rede social Twitter, no momento em que sai de uma esquadra da polícia do bairro de Chai Wan. A cantora Denise Ho, detida ao mesmo tempo que ele, foi igualmente libertada sob fiança, segundo um órgão de comunicação social local.

O Vaticano tinha expressado hoje “preocupação” pela detenção de Joseph Zen, conhecido partidário do movimento pró-democrático.

“A Santa Sé tomou conhecimento da detenção do cardeal Zen com preocupação e acompanha muito de perto a evolução da situação”, disse o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, num curto comunicado emitido “em resposta às perguntas dos jornalistas”.

A Casa Branca tinha também já apelado para a libertação imediata pelas autoridades chinesas das figuras pró-democracia detidas em Hong Kong, entre as quais o cardeal emérito Joseph Zen.

“Os Estados Unidos exortam a China e Hong Kong a libertar imediatamente os [ativistas] injustamente detidos e acusados, como o cardeal Joseph Zen”, declarou a porta-voz adjunta da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, numa conferência de imprensa.

Zen foi detido na noite passada pela polícia, noticiou a agência católica Asianews, citando fontes locais e vários meios de comunicação de Hong Kong, segundo os quais a detenção “estava relacionada com a gestão do Fundo 612”, uma organização de beneficência que, até ao seu encerramento, ajudou milhares de manifestantes pró-democracia envolvidos nos protestos de 2019.

As autoridades detiveram-no juntamente com outros promotores do fundo, que deixou de funcionar em outubro do ano passado, entre os quais a conhecida advogada Margaret Ng, o académico Hui Po-keung e a cantautora Denise Ho, indicou o órgão de comunicação católico.

“Aparentemente, a investigação das forças da ordem centra-se em se o Fundo 612 ‘conspirou’ com forças estrangeiras em violação da draconiana lei de segurança nacional imposta por Pequim no verão de 2020”, afirmou, acrescentando que Zen “estava há muito tempo na mira do Governo chinês”.

O cardeal nonagenário criticou “o controlo que o Partido Comunista Chinês exerce sobre as comunidades religiosas”, além de condenar “a retirada de cruzes do exterior das igrejas na China e de ter celebrado, ao longo dos anos, missas em memória dos mártires de Tiananmen, em Pequim: os jovens massacrados pelas autoridades a 04 de junho de 1989 por exigirem liberdade e democracia”.

Segundo a mesma fonte, o cardeal Joseph Zen é igualmente contra o acordo entre o Vaticano e a China sobre a nomeação de bispos.

12 Mai 2022