Empresa chinesa vai construir e gerir futura ligação ferroviária na Malásia

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro da Malásia anunciou ontem que a empresa chinesa responsável pela construção da ligação ferroviária no leste do país também vai ajudar a gerir e a operar a infraestrutura, para reduzir a carga financeira do país.

As declarações de Mahathir Mohamad surgem três dias depois do Governo malaio ter anunciado que vai retomar este projecto de ligação financiado pela China, depois de o construtor chinês ter baixado os custos.

O acordo pôs fim a meses de impasse sobre a linha férrea da costa leste, de 668 quilómetros de comprimento, que liga a costa ocidental da Malásia aos estados rurais orientais, numa ligação essencial à iniciativa chinesa de construção de infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”.

O orçamento para a construção das primeiras duas fases da ligação ferroviária é agora de 44 mil milhões de ringgits (9,5 mil milhões de euros), uma descida de um terço em relação ao custo inicial de 65,5 mil milhões de ringgits.

Sob o novo acordo, a China Communications Construction Company (CCCC) formará uma empresa conjunta com a Malaysia Rail Link para operar e manter a rede, afirmou Mahathir Mohamad.

Rota em movimento

Esta ligação ferroviária é parte fundamental da iniciativa chinesa, lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e que inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao período do Império Romano, e então percorridas por caravanas.

Construídos por empresas chinesas e financiados pelos bancos estatais da China, os projectos no âmbito daquela iniciativa estendem-se à Europa, Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

No entanto, o crescente endividamento dos países envolvidos relativamente a Pequim acarreta riscos. Exemplo disso, é o Sri Lanka, onde um porto de águas profundas construído por uma empresa estatal chinesa acabou por ser uma despesa incomportável para o país, que teve de entregar a concessão da infraestrutura, e dos terrenos próximos, à China por um período de 99 anos.

17 Abr 2019

China e Polónia com ligação ferroviária

Xi e Duda juntaram-se para esperar o comboio que agora liga a China à Polónia. Uma viagem de quase duas semanas que substitui mais de um mês por mar. Mais um passo no mapa “Uma Faixa, Uma Rota” e uma oportunidade para trincarem umas maçãs polacas, que a Rússia não quis e a China compra

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, e o seu homólogo polaco, Andrzej Duda, saudaram na segunda-feira a chegada a Varsóvia de um comboio de mercadorias chinês, simbolizando o reforço da cooperação económica entre os dois países.
Os dois estadistas assistiram lado a lado ao fim da travessia de 13 dias do China Railway Express, que partiu de Chengdu, capital da província de Sichuan.
Cerca de 20 comboios de mercadorias fazem semanalmente a viagem entre a China e a Polónia, transportado produtos electrónicos, alimentos, bebidas alcoólicas e peças para automóveis.
Lançada em 2013, a viagem demora entre 11 e 14 dias, uma fracção do tempo despendido pelo transporte marítimo, que é feito entre 40 e 50 dias.
Trata-se de uma das mais extensas ligações ferroviárias do mundo e faz parte da iniciativa chinesa “nova Rota da Seda”, um gigantesco plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste asiático.

Maçã polaca é boa

Especialistas consideram que Varsóvia quer utilizar a ligação para corrigir um crónico desequilibro na balança comercial, reforçando as exportações de produtos agrícolas, como leite, carne e maçãs.
A Polónia é o maior parceiro comercial da China no leste da Europa e, em 2015, as trocas comerciais somaram 15,2 mil milhões de euros, segundo dados oficiais chineses.
Xi e Duda mastigavam também uma rosada maçã polaca, à medida que o comboio chegava.
A Polónia, um dos maiores produtores de maçãs da União Europeia, tem sido gravemente afectada pela decisão da Rússia de proibir a importação de frutas do país, como retaliação às sanções impostas pela União Europeia a Moscovo, em 2014, devido à crise na Ucrânia.
Os acordos assinados durante a visita de Xi permitem ao país começar a exportar maçãs para a China.

Olhai para o BAAI

Xi Jinping urgiu ainda a Polónia a “tirar máximo proveito da sua posição como membro fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas” (BAAI).
Visto inicialmente em Washington como um concorrente ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), duas instituições sediadas nos EUA e habitualmente lideradas por norte-americanos e europeus, o BAAI acabou por suscitar a adesão de mais de vinte países fora da Ásia, incluindo Portugal.
Das grandes economias mundiais, apenas os EUA e o Japão ficaram de fora.
Referindo-se ao BAAI como o “maior fundo de investimentos do mundo”, o vice primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, disse aos jornalistas que Varsóvia está a discutir “investimentos enormes” com Pequim.
“É ainda cedo para dizer que chegamos a algum tipo de conclusão”, afirmou, revelando apenas que estão envolvidos “milhares de milhões”.
Lusa|HM

22 Jun 2016