Universidade Estadual da Califórnia terá dois cursos de português

[dropcap]A[/dropcap]Universidade Estadual da Califórnia, Fresno vai lançar dois cursos em Língua Portuguesa e Estudos Portugueses no próximo ano lectivo, disse à Lusa a professora Inês Lima, responsável pela criação dos novos cursos.

“Estamos à espera da aprovação das disciplinas novas”, adiantou a docente, que foi contratada em 2018 para leccionar Língua e Cultura Portuguesa no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas e Clássicas da Faculdade de Artes e Humanidades.

A professora falava à margem da inauguração do novo Instituto Português Além-Fronteiras na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, que teve a presença de uma comitiva portuguesa liderada pelo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.

A “minor” em Português irá focar-se na literatura e “num nível de língua portuguesa mais avançado”, enquanto a “minor” em Estudos Portugueses “será mais abrangente” e terá opções lectivas ensinadas em inglês, para que alunos de qualquer área de ensino possam “aprender sobre a cultura portuguesa e países lusófonos”.

De acordo com Inês Lima, o objectivo é começar com quatro disciplinas e mais tarde, ainda sem horizonte temporal concreto, avançar para uma “Major” em Português e Estudos Portugueses.
“Há de facto muito interesse”, adiantou a professora, que neste momento tem 50 alunos nas cadeiras de língua e cultura portuguesa.

“Tenho alunos que estão sempre a perguntar se já vão poder escolher as novas disciplinas para Setembro e quando é que temos disponíveis cursos de nível mais avançado de língua”, revela a professora.

Além dos estudantes com ascendência portuguesa, Inês Lima refere que muitos dos interessados pretendem estudar português “porque tem um ponto de contacto com as suas áreas”.

É o caso dos alunos de enfermagem e de segurança pública, que querem comunicar melhor com a população luso-americana da região do vale central da Califórnia, onde há elementos da comunidade que “não falam bem inglês”.

Há também alunos de Agricultura “que querem fazer um período de estudos ou mestrado em Portugal”.

Inês Lima lecciona actualmente Língua Portuguesa e Culturas dos Países de Língua Portuguesa, que abrange Portugal, Brasil, Moçambique, Angola e Cabo Verde e se debruça sobre “aquilo que partilham em termos de história, em termos de património cultural, e aquilo que é específico”.

As disciplinas eram leccionadas por uma professora da área de espanhol. “Agora viram que havia potencial para avançar e desenvolver os estudos portugueses”, afirmou Inês Lima.

A professora, natural do Porto, estava a dar aulas na Universidade de Massachusetts, Darmouth, e trocou a Nova Inglaterra pela Califórnia devido à “possibilidade de criar os cursos” numa universidade com potencial de crescimento.

As “Minor” serão leccionadas por Inês Lima e Diniz Borges, director do recém-criado Instituto Português Além-Fronteiras (Portuguese Beyond Borders Institute) na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, que vai iniciar um projecto de recolha das histórias orais da imigração portuguesa na região. No futuro, Inês Lima considera que “serão precisos mais professores” de português.

15 Fev 2019

Número de alunos de português aumenta 18% na Califórnia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de alunos matriculados em cursos de língua e cultura portuguesas aumentou 18% na Califórnia no novo ano letivo, de acordo com dados preliminares da Fundação Luso-Americana para a Educação.

No ano letivo 2018/2019, que acaba de começar, deverá ser ultrapassada, pela primeira vez, a fasquia dos dois mil alunos de português, de acordo com informações fornecidas à Lusa pelo professor Diniz Borges, um dos encarregados pelo protocolo assinado entre a Fundação Luso-Americana para a Educação (LAEF, na sigla inglesa) e o Instituto Camões para coordenar o ensino da língua portuguesa na Califórnia.

Os dados referem-se a cursos no ensino primário e secundário, abrangendo escolas privadas e públicas.

“Nos últimos quatro anos foram criadas cinco escolas comunitárias e abriram-se cursos em três escolas do ensino secundário”, avançou o responsável, que coordena o protocolo com o professor José Luís da Silva.

Só neste ano escolar, a Califórnia terá mais duas escolas secundárias a ensinar português, em Ceres, Vale de San Joaquin, com duas professoras e 270 alunos.

Abriu também uma nova escola comunitária na cidade de Tracy, junto das montanhas que separam o vale da zona da baía de São Francisco.

Duas outras zonas “estudam a possibilidade da criação de escolas portuguesas”, Manteca no norte e Chino no sul, na zona de Los Angeles.

De acordo com Diniz Borges, foram ainda criados cursos em faculdades comunitárias, como é o caso da College of the Sequoias em Visalia, no Vale de San Joaquin, e da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno, que vai abrir o semestre de outono de 2018 com quatro cursos de língua e cultura portuguesas.

As últimas estatísticas oficiais da Modern Language Association, referentes a 2016, apontavam para cerca de dez mil alunos de português em todo o território dos Estados Unidos no ensino pós-secundário.

Outros “cursos inovadores” estão abertos na CSUS em Turlock, na Universidade Estadual da Califórnia em San Diego e nas universidades da Califórnia em Santa Barbara e Berkeley, além do distrito escolar de Hilmar.

Está ainda a ser registado um crescimento nos cursos ministrados pela comunidade de origem brasileira no norte da Califórnia.

O incremento do número de alunos deve-se, segundo o professor, ao “trabalho constante da comunidade” após a assinatura do protocolo, que se refletiu na aposta em contactos com as entidades de ensino, aproximação às escolas comunitárias, formação de professores e criação de um plano estratégico para o ensino da língua e cultura portuguesas.

A Califórnia é “o primeiro estado norte-americano com semelhante projeto”, garantiu Diniz Borges, sendo que o plano estratégico juntou entidades dos ensinos público e privado, entidades políticas e líderes da comunidade de origem brasileira e macaense.

Além do ano letivo, o programa de ensino inclui dois projetos durante o verão, um curso da LAEF com meia centena de jovens e o programa Startalk do distrito escolar de Hilmar, com cerca de 100 crianças.

A adesão da comunidade e das entidades públicas a este plano estratégico cria “todas as probabilidades” para que o ensino da língua e cultura portuguesas tenha “um contínuo crescimento” anual, considerou Diniz Borges,

4 Set 2018