Covid-19 | Alvis Lo nega perda de cadáveres no hospital público

O director dos Serviços de Saúde negou o rumor de que teria sido perdido um cadáver no Hospital São Januário e garantiu que as agências funerárias têm capacidade para lidar com o crescente número de mortes registadas no território. No entanto, reconhece que houve desafios para organizar tantos funerais

 

Apesar da vaga de mortes gerada pela coexistência com a covid-19, o director dos Serviços de Saúde recusa a perda de cadáveres no hospital público. As declarações foram prestadas na sexta-feira, em resposta às várias informações que circulam sobre a desorganização no Centro Hospitalar Conde de São Januário face à falta de capacidade para lidar com o crescente número de mortos.

“Posso garantir que não houve qualquer perda de corpo, porque temos um sistema de armazenamento adequado para cada falecido, de acordo com as regras de higiene”, afirmou Alvis Lo, à margem da Cerimónia de Entrega de Medalhas e Títulos Honoríficos, citado pela TDM. “Não houve qualquer caso de perda do corpo”, sublinhou.

O director dos SSM, garantiu também que há capacidade para lidar o aumento a mortalidade e apelou à população para não se sentir preocupada. “De acordo com o nosso plano de contingência, os corpos são armazenados de forma adequada, nas diferentes instalações de saúde e agências funerárias”, justificou. “Vamos empenhar-nos ao máximo no tratamento adequado dos corpos. Os residentes não precisam de ficar muito preocupados”, vincou.

Limites reconhecidos

Confirmado foi o desafio causado pelo aumento das mortes nas últimas semanas, que coincidem com a estratégia de convivência com a covid-19. Alvis Lo admitiu que as funerárias enfrentaram problemas para lidar o elevado fluxo de trabalho, mas que a situação deve estar ultrapassada.

“Existia uma grande sobrecarga para o tratamento dos corpos. Comunicámos com as agências funerárias e, após um certo esforço dos funcionários do sector, sabemos que, neste momento, o processo de tratamento dos corpos foi melhorado e consegue responder às necessidades dos residentes”, indicou.

O director dos SSM considerou igualmente que os problemas foram causados pelo facto de as pessoas quererem realizar funerais de familiares antes do Ano Novo Lunar. “Podemos ver também que antes do Ano Novo Chinês a procura mantém-se elevada, porque muitos familiares querem tratar dos velórios dos falecidos antes deste período”, indicou.

Além disso, no início da coexistência, Alvis Lo indicou que vários trabalhadores do sector foram infectados com covid-19, pelo que não puderam trabalhar, e limitaram a capacidade de resposta. Porém, esta fase está ultrapassada.

Oito mortes no fim-de-semana

Entre sexta-feira e domingo houve mais oito mortes por covid-19, de acordo com os critérios dos Serviços de Saúde. Além disso, neste período, as autoridades admitiram que foram internadas nos hospitais locais mais 30 pessoas devido a covid-19. Segundo a estatística oficial, desde o surgimento da pandemia houve 3.425 casos de covid-19 em Macau.

16 Jan 2023

Saúde | Número de cadáveres por reclamar cresce nove vezes num ano

O número de corpos por reclamar no ano passado foi de 18, o que representa um aumento de nove vezes o valor de 2016, quando apenas tinham ficado por reclamar dois corpos. A maior parte são de residentes de Macau e do Interior da China

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de cadáveres por reclamar junto dos Serviços de Saúde de Macau cresceu nove vezes de 2 cadáveres, em 2016, para 18, no ano passado. Este é um número que ganha especial relevo, devido ao facto do número para o ano de 2015 ter sido igual ao de 2016, ou seja, apenas dois corpos em cada um dos anos ficaram por reclamar.

“No Centro Hospitalar Conde São Januário [CHCSJ] ficaram por reclamar: dois cadáveres em 2015, dois cadáveres em 2016 e 18 cadáveres em 2017”, responderam os SSM, ao HM, após terem sido questionados sobre o assunto.

Em relação aos dados sobre os corpos não reclamados, o Governo diz que são “principalmente residentes de Macau e do Interior da China”, com uma média de idades de “43 anos”. No entanto, a proporção de corpos de pessoas com o passaporte de Macau e do Interior da China não é especificada. De acordo com a resposta do Governo, não houve assim cadáveres de cidadãos com nacionalidade portuguesa por reclamar.

Este é um aumento que se regista, apesar do número de mortos ter sofrido uma quebra entre 2016 e 2017, do total de 2.248 mortos para 2.120, no ano passado. Mesmo em 2015, o número de mortos tinha sido mais reduzido, tendo ficado nos 2.002 mortos.

Os números agora avançados, ajudam a explicar o aumento recente dos avisos, por parte do Governo, a apelar para que determinados cadáveres de mortos sejam reclamados.

Prazo de sete dias

Quando um corpo fica por reclamar o Instituto de Acção Social encarrega-se de tratar das questões ligadas ao enterro ou cremação do corpo. “Se o cadáver não for levantado pela sua família no prazo de 7 dias [após um anúncio do Gabinete de Comunicação Social], considera-se a situação como cadáver não reclamado. A Conservatória do Registo Civil é notificada e é solicitado o apoio do Instituto de Acção Social (IAS) para as exéquias de morte”, explicaram os SSM, ao HM.

No entanto, quando há suspeitas de ter havido a prática de um crime, existe primeiro uma investigação. Nestes casos após o apuramento dos factos, quando a família não reclama o corpo, é o órgão judicial que pede ao CHCSJ que dê início aos procedimentos necessários, que depois passam pela notificação da Conservatória do Registo Civil e pelo IAS.

Além destas situações, acontece ainda haver cadáveres não reclamados originados por mortes fetais. Neste casos, na maior parte das situações, as famílias recebem o certificado médico do óbito do feto, mas não registam a morte na conservatória, o que impede um futuro contacto. “De um modo geral, são casos de não residentes que saíram de Macau após o parto”, explicaram os SSM, ao HM.

27 Fev 2018