Esclarecimento pastoral e agradecimento à Comunidade de Língua Portuguesa

Por P. Daniel Antonio de Carvalho Ribeiro, scj

Aproveitando a proximidade da festa da Natividade da Virgem Santa Maria, padroeira da paróquia da Sé Catedral, e o questionamento de alguns fiéis sobre o momento actual da comunidade Católica de língua portuguesa, gostaria, na qualidade de Vigário Paroquial da Sé Catedral, de dar o meu testemunho sobre a caminhada pastoral da nossa comunidade e agradecer ao Bispo Dom Stephen Lee pelo apoio que nos tem dado nos últimos anos.

Consciente da importância histórica da comunidade de língua portuguesa local, a Diocese de Macau tem procurado dar resposta às nossas necessidades, tendo em conta o número dos fiéis e de sacerdotes na Diocese.

Neste momento contamos com pelo menos 10 missas semanais em língua portuguesa: seis na Sé Catedral, uma ou duas missas semanais na igreja de São Domingos (todos os dias 13 e 25 de cada mês e missas antecipadas), uma na igreja de Nossa Senhora do Carmo, na igreja de São Lázaro e ainda na igreja de Santo António.

Na Sé Catedral, com a graça de Deus, celebramos missas diárias em português, de segunda a sexta, às 18h00, missa antecipada, aos sábados, às 17h30 (na igreja de São Domingos) e missa dominical às 11h00. Em poucas palavras, os horários e a quantidade das missas em português mostram, por si só, a importância da nossa comunidade, no seio da comunidade católica local.

O Bispo Dom Stephen Lee tem feito questão de presidir, apenas em português, às celebrações mais importantes do ano, como a Sexta-feira da Paixão, Domingo de Páscoa, Natal e Pentecostes, sendo que as outras celebrações importantes do ano são realizadas em cantonês e português.

Temos desenvolvido várias pastorais e, no meio da pandemia que abalou Macau, merece destaque a pastoral da comunicação que tem sido de grande valor para os nossos enfermos, familiares e amigos que não podem vir à igreja e desejam acompanhar as nossas celebrações.

Para além das missas em português aos domingos, o canal da Diocese transmite várias outras celebrações ao longo do ano litúrgico e ainda momentos de formação e adoração eucarística mensais. Posso afirmar que sempre fomos atendidos em todas as celebrações que pedimos para serem transmitidas online. Aliás, não me recordo de algo que tenha sido pedido e não nos foi atendido.

Além do serviço exemplar dos padres Luís Sequeira e Andrzej Blazkiewicz (André), merece destaque a designação e trabalho do padre Eduardo Emílio Agüero, scj, na igreja de Nossa Senhora do Carmo, pelo apoio e serviço prestado à comunidade portuguesa. Nas últimas décadas, possivelmente, esta é a primeira vez que temos dois padres designados oficialmente como vigários paroquiais para a comunidade católica de língua portuguesa.

Em resposta ao apelo de Dom Stephen Lee, temos também procurado manter um papel mais activo junto dos jovens de forma a manter viva a comunidade de língua portuguesa, no futuro. Na catequese, por exemplo, contando apenas com a Paróquia da Sé Catedral, existem 11 turmas de catequese, com cerca de 20 catequistas, 80 catequisandos, dos quais 18 foram crismados este ano. Contando com a paróquia de Nossa Senhora do Carmo, temos mais de 150 pessoas envolvidas na catequese.

Para além do Colégio Diocesano de São José, a Diocese disponibilizou ainda um centro pastoral localizado na Rua Formosa, que tem sido frequentado com muita assiduidade pelos jovens da comunidade portuguesa e apoiou a participação de 30 pessoas, na sua maioria jovens, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deste ano, um número nunca antes visto de jovens portugueses de Macau a representarem a cidade numa JMJ.

Depois do fim da pandemia, estamos também a reavivar os projectos pastorais e contamos colocar em prática, ainda este ano, muitas outras iniciativas, nomeadamente a nível da pastoral dos jovens, social e das famílias, actividades que vão ser desenvolvidas por ocasião do Ano Diocesano das vocações, que procura fomentar a cultural vocacional junto da comunidade e das famílias. Contudo, para servirmos melhor, precisamos de mais voluntários envolvidos nas actividades da Paróquia.

A exemplo de outras dioceses espalhadas pelo mundo, Macau também participou activamente no período local de preparação para o Sínodo convocado pelo Papa Francisco, onde se recolheram com todo o cuidado e respeito as críticas e sugestões da comunidade e da sociedade em geral, onde todos, que desejaram, inclusive pessoas não católicas, tiveram oportunidade de se expressar, por um período superior a um mês.

Como Vigário paroquial da Sé Catedral, responsável pela comunidade Católica de língua portuguesa, tenho a agradecer todo o apoio prestado pela comunidade que tem participado activamente em todas as iniciativas que temos desenvolvido, bem assim o apoio e incentivo do Sr. Bispo Stephen Lee e da Diocese local em todos os projectos que temos apresentado, contando com a incansável ajuda de dois dos cinco seminaristas diocesanos. Justiça seja feita, o número de dois diáconos e dois seminaristas servindo a comunidade portuguesa é algo que não se vê há décadas em Macau.

A Diocese de Macau tem-se mostrado sempre aberta para acolher novas congregações religiosas e movimentos. Exemplo disso foi a acolhida do movimento Neocatecumenato que estabeleceu em Macau um seminário internacional para o continente asiático (Redeptoris Mater) de formação dos seus próprios candidatos ao sacerdócio, que, depois de ordenados, poderão ser enviados para outros países na Ásia.

A Diocese local tem apoiado o referido seminário cedendo uma das suas propriedades, por um simbólico valor mensal. De acordo com a prática interna da Diocese, e de modo a ser coerente com as outras congregações e movimentos presentes em Macau, as reformas internas do referido seminário serão da responsabilidade do movimento Neocatecumenato. Contudo, a Diocese permitiu ao referido movimento promover junto da comunidade, através das paróquias locais, campanhas de arrecadação para custear as reformas necessárias.

Como sinal do recíproco apoio e bom relacionamento entre a Diocese e o movimento Neocatecumenato, dois Diáconos do movimento serão ordenados sacerdotes em Macau, no próximo mês de Outubro e, com a graça de Deus, serão uma mais valia para a comunidade portuguesa.

Como sacerdote expresso a minha gratidão e alegria em ver a comunidade, sob a orientação de Dom Stephen Lee, a unir esforços para servirmos os nossos fiéis em unidade com a igreja local. Naturalmente, existem muitas coisas para serem melhoradas. Para isso, contamos com a ajuda e comprometimento de todos.

25 Ago 2023

Aniversário da RPC | Bispo Stephen Lee recusa mal-estar com Governo por causa de projecção de luzes

Apesar do comunicado da Diocese de Macau a pedir ao Executivo que tenha em conta o âmbito religioso nas futuras projecções de luzes nas Ruínas de São Paulo, o representante local da Igreja desmentiu haver qualquer insatisfação

 

[dropcap]O[/dropcap] Bispo de Macau, Stephen Lee, recusou a existência de mal-estar na Diocese de Macau em relação à projecção de símbolos do Partido Comunista Chinês nas Ruínas de São Paulo, durante as celebrações do 70.º aniversário do estabelecimento da República Popular da China (RPC). Os esclarecimentos de Lee foram feitos no domingo, depois de a própria Diocese ter emitido um comunicado, na semana passada, a pedir que em futuras projecções nas Ruínas fosse tido em conta “o âmbito religioso” do monumento.

Em declarações aos jornalistas, citadas pelo portal All About Macau, Lee explicou que a circular tinha sido o resultado das várias opiniões recolhidas pela Igreja em Macau, mas que não há “insatisfação” face o Governo. Por outro lado, o bispo defendeu que a Diocese também não pretende “exagerar o impacto do incidente” e estar na origem de “mal-entendidos”.

No comunicado era defendido um maior diálogo entre o Governo e a Diocese de Macau no futuro, e Lee voltou a insistir nesse ponto. De acordo com o bispo, se houver mais comunicação haverá uma maior compreensão entre as diferentes pessoas e sectores da sociedade que irá acabar por aumentar o grau de felicidade e harmonia no território.

Ainda no sentido de desvalorizar o acontecimento, Lee apontou que a situação mostra a multiculturalidade de Macau e que o único objectivo da projecção foi celebrar o aniversário da RPC, afastando qualquer intenção negativa por parte do Executivo.

Abertura total

O incidente foi igualmente comentado por Maria Helena de Senna Fernandes, directora da Direcção de Serviços de Turismo (DST), entidade responsável pelo departamento que organizou a projecção de luzes relativa ao dia de celebração do 70.º aniversário da RPC.

De acordo com a responsável, o Governo mantém uma postura de abertura para dialogar com as diferentes instituições do território e que tem toda a abertura para ouvir as diferentes opiniões.

Por outro lado, Helena de Senna Fernandes defendeu o espectáculo, reconhecendo que foram projectados símbolos da República Popular da China nas Ruínas de São Paulo porque o objectivo era celebrar o estabelecimento do actual regime.

Maria Helena de Senna Fernandes disse ainda que as Ruínas de São Paulo são um dos vários lugares onde têm sido feitas projecções de luz porque é um monumento muito popular. Porém, apontou que já houve outros lugares a receberem espectáculos do género e que no futuro mais lugares de projecção poderão ser identificados, inclusive na Taipa.

Anteriormente, a DST já tinha reconhecido que tinha recebido seis queixas diferentes face à projecção de símbolos nacionais nas Ruínas de São Paulo.

8 Out 2019

Aniversário da RPC | Bispo Stephen Lee recusa mal-estar com Governo por causa de projecção de luzes

Apesar do comunicado da Diocese de Macau a pedir ao Executivo que tenha em conta o âmbito religioso nas futuras projecções de luzes nas Ruínas de São Paulo, o representante local da Igreja desmentiu haver qualquer insatisfação

 
[dropcap]O[/dropcap] Bispo de Macau, Stephen Lee, recusou a existência de mal-estar na Diocese de Macau em relação à projecção de símbolos do Partido Comunista Chinês nas Ruínas de São Paulo, durante as celebrações do 70.º aniversário do estabelecimento da República Popular da China (RPC). Os esclarecimentos de Lee foram feitos no domingo, depois de a própria Diocese ter emitido um comunicado, na semana passada, a pedir que em futuras projecções nas Ruínas fosse tido em conta “o âmbito religioso” do monumento.
Em declarações aos jornalistas, citadas pelo portal All About Macau, Lee explicou que a circular tinha sido o resultado das várias opiniões recolhidas pela Igreja em Macau, mas que não há “insatisfação” face o Governo. Por outro lado, o bispo defendeu que a Diocese também não pretende “exagerar o impacto do incidente” e estar na origem de “mal-entendidos”.
No comunicado era defendido um maior diálogo entre o Governo e a Diocese de Macau no futuro, e Lee voltou a insistir nesse ponto. De acordo com o bispo, se houver mais comunicação haverá uma maior compreensão entre as diferentes pessoas e sectores da sociedade que irá acabar por aumentar o grau de felicidade e harmonia no território.
Ainda no sentido de desvalorizar o acontecimento, Lee apontou que a situação mostra a multiculturalidade de Macau e que o único objectivo da projecção foi celebrar o aniversário da RPC, afastando qualquer intenção negativa por parte do Executivo.

Abertura total

O incidente foi igualmente comentado por Maria Helena de Senna Fernandes, directora da Direcção de Serviços de Turismo (DST), entidade responsável pelo departamento que organizou a projecção de luzes relativa ao dia de celebração do 70.º aniversário da RPC.
De acordo com a responsável, o Governo mantém uma postura de abertura para dialogar com as diferentes instituições do território e que tem toda a abertura para ouvir as diferentes opiniões.
Por outro lado, Helena de Senna Fernandes defendeu o espectáculo, reconhecendo que foram projectados símbolos da República Popular da China nas Ruínas de São Paulo porque o objectivo era celebrar o estabelecimento do actual regime.
Maria Helena de Senna Fernandes disse ainda que as Ruínas de São Paulo são um dos vários lugares onde têm sido feitas projecções de luz porque é um monumento muito popular. Porém, apontou que já houve outros lugares a receberem espectáculos do género e que no futuro mais lugares de projecção poderão ser identificados, inclusive na Taipa.
Anteriormente, a DST já tinha reconhecido que tinha recebido seis queixas diferentes face à projecção de símbolos nacionais nas Ruínas de São Paulo.

8 Out 2019