Pedro Arede EventosArte Macau | Ensaio sobre a gastronomia de Macau nas Oficinas Navais A exposição “Macau – Cidade da Gastronomia: Bom Apetite” pode ser visitada até ao dia 3 de Outubro e inclui 15 obras de artistas de Macau como Carlos Marreiros e Konstantin Bessmertny. A mostra está integrada numa série de outras exposições espalhadas pelo território dedicadas às “cidades criativas” de Nanjing, Wuhan e Linz Da reinterpretação do cultivo de ostras à projecção dos mais antigos rituais gastronómicos de Macau sob a forma de arte, abriu ao público na passada sexta-feira a exposição “Macau – Cidade da Gastronomia: Bom Apetite”. A mostra, que pode ser vista nas Oficinas Navais Nº1 do Centro de Arte Contemporânea de Macau, junto ao Templo de A-Má, apresenta 15 obras de 16 artistas de Macau e assume-se como um “banquete visual imperdível” que explora através das artes, “o impacto mútuo da comida na sociedade e na história”. Do grupo de artistas locais seleccionados fazem parte Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny e a dupla Benjamin Hodges e Crystal Chan. À TDM Canal Macau, Benjamin Hodges e Crystal Chan explicaram que a instalação da qual são autores é inspirada na mitologia chinesa e nos espaços tradicionais do Porto Interior, mais precisamente nos restaurantes de marisco, onde a presença de aquários que alojam seres marinhos é uma constante. Segundo Benjamin Hodges, as imagens criadas recorrendo aos aquários e às ostras pretendem “projectar uma miragem” que é usada para falar, não só do passado e futuro de Macau, mas também da relação com a vida animal. Por seu turno, na impossibilidade de expor uma instalação de grandes dimensões no lago do cais das Oficinas Navais, Carlos Marreiros preparou uma versão numa escala mais pequena da obra materializada numa cadeira muito alta que dá acesso a uma mesa longínqua, que pretende simbolizar a ideia de que “para se gozar de boa comida é preciso trabalhar para ela”. “Comer é um acto de prazer (…) mas temos de pensar sempre nas pessoas que nem migalhas têm para comer. Daí que a comida é algo difícil de atingir e, mesmo quando se tem, às vezes, escorrega”, disse à TDM Canal Macau. A curadora da exposição, Yoyo Wong, frisou que a mostra concretiza, de certa forma, o ensaio proposto aos artistas locais de diferentes áreas, de tentar abordar o tema da comida de um ponto de vista artístico. Quatro estações Ao mesmo tempo que a gastronomia dá o mote para à exposição que representa Macau enquanto Cidade Criativa da UNESCO, noutros pontos do território, outras três mostras procuram demonstrar os atributos distintivos de Nanjing (literatura), Wuhan (design) e Linz (arte dos média). Desta feita, sob a curadoria principal de Yao Feng, na Galeria Tap Seac, podem ser vistos, por ocasião da exposição “Nanjing: Cidade da Literatura – Abrindo o Reino”, trabalhos de dezenas de poetas, novelistas, críticos e artistas da cidade, tais como Su Tong e Zhao Benfu, incluindo manuscritos, caligrafias e documentários. Já a exposição “Wuhan: Cidade de Design – Empatia”, patente nas Vivendas de Mong-Há, inclui obras do Presidente da Associação de Fotógrafos da China, Li Ge e da Artista Lou Xian, que dão destaque a indivíduos e a grandes eventos históricos “a partir de uma micro perspectiva” assente na “aura da natureza humana”. Por fim, também patente nas Vivendas de Mong-Há, a exposição “Linz: Cidade da Arte de Média – A Arte da Interface” apresenta nove obras de arte baseadas em interfaces e suportes de difusão, patentes nas Vivendas de Mong-Há, procurando mostrar “o encanto de vanguarda da arte interactiva contemporânea”. As exposições podem ser visitadas até ao dia 3 de Outubro.
Pedro Arede EventosArte Macau | Obras de artistas locais no Grand Lisboa e Grand Lisboa Palace Sete artistas locais deram ontem o mote para a inauguração da exposição “Harmonia do Oriente e Ocidente” no Grand Lisboa, que só ficará completa a partir do dia 28 de Julho com as obras produzidas exclusivamente para a mostra que poderá também ser vista no Grand Lisboa Palace. Carlos Marreiros revelou que, na calha, está uma peça em azulejo português e outra de grandes dimensões em acrílico Enquadrada na Bienal Internacional de Arte de Macau 2021, foi ontem inaugurada no Grand Lisboa a exposição “Harmonia do Oriente e Ocidente”, uma mostra que engloba obras de sete artistas locais e pretende assumir uma fusão de trabalhos artísticos chineses e ocidentais, recorrendo a estilos, texturas e abordagens diversas. A mostra inaugurada ontem no Grand Lisboa inclui obras de Carlos Marreiros, Ambrose So, Ung Vai Meng, Konstatin Bessmertny, Denis Murrel, Eric Fok e Cai Guo Jie e só ficará completa no próximo dia 28 de Julho, altura em que serão adicionados novos trabalhos produzidos exclusivamente para a ocasião. As obras ficarão expostas no lobby do Grand Lisboa até 31 de Agosto, seguindo depois para o Grand Lisboa Palace, a ser inaugurado em breve, onde serão exibidas entre 1 e 31 de Outubro. Uma das obras que pode ser vista desde ontem no Grand Lisboa dá pelo nome de “Corrida para a Glória” e é da autoria de Carlos Marreiros. Ao centro da obra produzida em 2012, é possível ver o poeta Luís de Camões. Segundo Marreiros, este é um exemplo do estilo em constante mutação característico da sua pintura. “A minha pintura muda sempre. Ora é abstracta e de grandes dimensões, ora opto por fazer figuração, estou sempre a pesquisar. Sou novo demais para ter um estilo próprio”, começou por dizer ao HM Carlos Marreiros. “A obra que podemos ver nesta exposição é de 2012 e serve como introdução para a grande exposição que vai acontecer na altura da inauguração do Grand Lisboa Palace, onde os artistas irão apresentar trabalhos específicos produzidos no último ano e meio”, acrescentou. Sem revelar detalhes, Marreiros partilhou ainda que as obras da sua autoria que poderão ser vistas a partir de dia 28 de Julho contemplam “uma peça em azulejo português” e uma outra em acrílico de “dimensões brutais” com temas relacionados com Macau. Outro dos artistas presentes na inauguração, Denis Murrell, apontou que a obra “sem título” que pode ser vista no Grand Lisboa foi feita de propósito para a ocasião e que, como é seu apanágio “não segue temas”. “Não exploro temas em específico, pinto simplesmente o que me vem à cabeça. Não sigo temas, apenas sigo a técnica. O único objectivo é criar uma pintura que seja interessante para as pessoas. É um estilo de pintura abstracta espontânea”, referiu. Cultivar a cultura Durante o discurso que marcou a inauguração da exposição, Angela Leong, directora da SJM Resorts, sublinhou a importância de apoiar eventos culturais e artísticos, não só como forma de contribuir para o desenvolvimento de Macau enquanto Centro Mundial de Turismo e Lazer, mas também para apoiar os novos artistas locais. “Estamos honrados por colaborar com tantos artistas locais, colocando ao centro a harmoniosa mistura entre a cultura chinesa e ocidental. Vibrantes e coloridas, as obras de arte abrangem um espectro alargado de suportes através dos quais os artistas retratam habilidosamente [essa] maravilhosa mistura”, apontou Angela Leong. A responsável disse ainda que a exposição é demonstrativa da “riqueza da cultura chinesa” e do “poder da arte contemporânea”, servindo como janela para as trocas culturais entre o Oriente e o Ocidente. Paralelamente, também no Grand Lisboa e no Grand Lisboa Palace, estará patente uma exposição de cerâmica de Heidi Lau intitulada “Reformulação do Império”.
Pedro Arede EventosArte Macau | Obras de Júlio Pomar marcam presença na exposição principal A Bienal Internacional de Arte de Macau 2021 arrancou ontem com a inauguração da Exposição Principal, que conta com obras em azulejo do artista português Júlio Pomar. Para o curador-chefe, a obra do artista português é “muito importante” e contribui para reflectir sobre o futuro da Globalização. Mok Ian Ian apontou que as obras expostas permitem um “diálogo transcendente” entre público e artistas A abertura da Exposição Principal da Bienal Internacional de Arte de Macau marcou ontem o arranque do mais reconhecido festival de arte e cultura do território que irá acolher, ao longo dos próximos quatro meses, um total de 30 exposições em 25 localizações. Durante uma sessão de perguntas ao curador-chefe que precedeu a cerimónia de inauguração do evento, Qiu Zhijie revelou que a Exposição Principal da Arte Macau 2021 inclui uma obra em azulejo do artista português Júlio Pomar, composta por quatro peças. Considerando Júlio Pomar como o “Picasso português”, Qiu Zhijie apontou que, juntamente com outras obras em azulejo de artistas portugueses e de Macau, a obra de Pomar está em destaque numa das partes da Exposição Principal do evento, denominada por “O Sonho de Mazu”. Isto, quando esta parte da mostra pretende retratar Macau como uma cidade “imersa na cultura marítima e um elo importante na Rota da Seda” que foi fulcral para promover o intercâmbio e o “desenvolvimento de várias técnicas e tecnologias nacionais e internacionais durante a época das grandes navegações”. “Na sala da exposição dedicada ao “O Sonho de Mazu”, a obra [de Júlio Pomar] está relacionada com o tema dos descobrimentos de Colombo. Júlio Pomar é um artista muito importante na história de Portugal”, vincou o curador. Abordando a temática da Globalização e o papel desempenhado por Macau na confluência de culturas, Qiu Zhijie sublinhou que “por ser uma cidade pequena e costeira”, Macau consegue “preservar a cultura, a religião e a relação de proximidade que existe entre a população local”. Contrapondo, frisou que nas grandes cidades como Hong Kong “não há espaço para tolerar e aceitar novidades”, já que “até quando estamos a atravessar a rua, os semáforos fazem barulho para despachar as pessoas”. “Através da tolerância e da tolerância do seu povo, Macau desempenhou um papel muito importante ao longo da história da globalização. Ao mesmo tempo, Macau é uma cidade muito importante para continuarmos a reflectir sobre o avanço e o desenvolvimento da globalização que é algo unânime e que permite aceitar a diversificação de diferentes elementos”, partilhou o curador. Contas feitas, a Exposição Principal da Bienal reúne mais de cem obras de mais de quarenta artistas provenientes de cerca de 20 países e regiões. Labirintos de criação Durante a cerimónia de inauguração, Qiu Zhijie destacou ainda as obras que exploram o encontro das culturas oriental e ocidental, como o trabalho de Jeffrey Shaw (Austrália), Sarah Kenderdine (Nova Zelândia) e Hing Chao (Hong Kong), que utilizam meios audiovisuais para explorar o Kung Fu chinês através de uma instalação que incluiu um vídeo interactivo. Da autoria das artistas Efstathia (Grécia) e Léa Pagès (França), estão também expostas na área “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”, várias pinturas a óleo e fotografias “criadas sob a influência das paisagens chinesas”. “Em suma, há muitos diálogos entre obras, escondidos no salão da exposição”, apontou o curador. Por seu turno, durante a cerimónia de inauguração, a presidente do Instituto Cultural (IC), Mok Ian Ian, referiu que a Arte Macau “concentra-se no enriquecimento da vida dos residentes através de meios artísticos de nível mundial, no estímulo da sabedoria e da imaginação da cidade”. “A Bienal reúne magníficas obras de arte de Macau, do Interior da China e do resto do mundo. A flexibilidade e a vividez dos seus modelos artísticos possuem conotações profundas e de longo alcance”, disse Mok Ian Ian no seu discurso. “A demonstração artística da paixão, ideias, imaginação e inspiração dos artistas, com uma dedicação individual à ‘beleza de cada um’, contribui para uma visão artística no conceito geral de ‘diversidade’ e ‘integridade’, o que possibilita um ‘diálogo transcendente’ entre o público e artistas de diferentes regiões, com estilos e características distintas”, rematou.