Startups lusófonas na Beyond Expo com interesse na China

Potenciais parcerias, fabrico de equipamento a custos inferiores e acesso a 1,4 mil milhões de chineses são os motivos que levaram startups do Brasil e de Portugal à feira de tecnologia Beyond Expo 2023, em Macau.

O programa da feira incluiu ontem a segunda edição do Brazil-Portugal Innovation Company Roadshow (Mostra de Empresas de Inovação Brasil-Portugal), com 10 projectos brasileiros e portugueses. A mostra vai ainda passar por Hong Kong, pela Zona de Cooperação Aprofundada, criada em conjunto com a província de Guangdong na vizinha Hengqin (ilha da Montanha), e pela zona especial de Nansha, na capital da província, Guangzhou.

Tal como para as outras startups, a DruGet procura mais clientes na China, disse à Lusa a cofundadora da uma plataforma brasileira que acelera o desenvolvimento de novos medicamentos. “O nosso foco inicialmente sempre foi a Europa, só que quando nós começámos a analisar, vimos que a China é o país que mais pesquisa sobre novas drogas”, sublinhou Lorane Hage Melim.

Também a portuguesa R5 Marine Solutions, que desenvolveu uma ferramenta de previsão da erosão costeira, vê a China e os seus 14 mil quilómetros de costa como “um potencial mercado gigantesco”, explicou o director comercial.

André Cardoso sublinhou que a R5 Marine Solutions, com sede em Aveiro, encara ainda a ida vinda a Macau como “um primeiro passo para perceber se existem empresas de engenharia da área que tenham interesse em criar uma parceria para utilizar a nossa solução aqui na China”.

Saúde e afins

Um objectivo semelhante tem a presidente executiva da PLUX Biosignals que gostaria de identificar startups chinesas interessadas em cooperar no desenvolvimento de dispositivos individuais de monitorização da saúde.

A empresa portuguesa está a ponderar estabelecer uma presença em Macau, aproveitando vantagens como benefícios fiscais, a língua portuguesa e a legislação baseada no Direito português, revelou Rita Cristóvão.

Um passo que a Virtuleap deu ontem, criando uma empresa em Macau, revelou à Lusa Amir Bozorgzadeh, cofundador da startup, com sede em Lisboa, que usa a realidade virtual para ajudar a aumentar os níveis de atenção, tratar doenças cognitivas e retardar o início do declínio cognitivo.

A brasileira Key2Enable chegou à Beyond Expo já com reuniões marcadas em Macau, Hong Kong e Pequim, para levar o seu equipamento e tecnologia para ajudar crianças e pessoas com deficiência “um dos países mais populosos do mundo”, disse o director de vendas.

Por outro lado, acrescentou Marcelo Rubinger, a startup, que já tem uma base em Braga, acredita que fabricar o equipamento na China pode reduzir os custos, tornando-o mais acessível a países em desenvolvimento. “Estamos a ajudar pessoas com deficiência motora ou intelectual a terem uma vida mais inclusiva. A gente tem de levar isso para o mundo”, sublinhou Rubinger.

11 Mai 2023

Beyond Expo | Startups lusófonas procuram investimento em Macau

Dez startups do Brasil e de Portugal vão participar na feira de tecnologia Beyond Expo 2023, que arranca em Macau amanhã. O organizador do evento, Jason Ho (filho do Chefe do Executivo), quer aproximar os investidores chineses dos mercados lusófonos

 

Uma dezena de startups portuguesas e brasileiras vão marcar presença na Beyond Expo 2023, que decorre entre amanhã e sexta-feira no Centro de Convenções do Venetian, num evento que se propõe a fomentar contactos empresariais entre China e os países lusófonos.

“Sendo Macau uma cidade onde se fala português, creio ser muito importante manter esta tradição e esperamos ajudar as startups lusófonas a conhecer melhor os mercados chinês e asiáticos”, disse o cofundador da Beyond Expo, Jason Ho Kin Tung, filho do Chefe do Executivo Ho Iat Seng, em declarações à Lusa.

O programa da feira inclui, na quinta-feira, a segunda edição do Brazil-Portugal Innovation Company Roadshow (em português, Mostra de Empresas de Inovação Brasil-Portugal).

A Beyond Expo vai contar com “pelo menos 60 grandes fundos de capital de risco”, incluindo o fundo soberano de Singapura, Temasek, para os quais os países lusófonos ainda estão “algo fora do radar”, disse Jason Ho.

Apesar de admitir que “vai haver um período de aprendizagem”, o empresário acredita que vários grandes grupos financeiros chineses poderão investir em startups como um primeiro passo para entrar nos mercados de Portugal e Brasil.

Jason Ho elogiou ainda “o espírito de aventura” das startups que tentam, através de Macau, dar o salto para a China, “um mercado imenso, com muito potencial, mas também com enorme competição”.

Céu é o limite

Quatro das dez startups foram distinguidas em concursos de inovação e empreendedorismo organizados em Macau para tecnológicas de Portugal e do Brasil, incluindo a Biosolvit, biotecnológica luso-brasileira na área da protecção ambiental que venceu em 2021 a primeira edição do concurso.

Duas outras empresas distinguidas em 2021 vão participar: as brasileiras Bioo, que desenvolve soluções de saúde para diabéticos, e Pocket Clinic, que quer desenvolver uma seringa inteligente para doenças crónicas que requerem injecção contínua de medicamentos.

A lista inclui ainda a vencedora da segunda edição do concurso, em 2022, a portuguesa Virtuleap, que combina neurociência e realidade virtual para ajudar a aumentar os níveis de atenção, no tratamento de doenças cognitivas e para retardar o início do declínio cognitivo.

Após duas edições da Beyond Expo limitadas pela pandemia, Jason Ho disse que não foi possível convidar mais startups, porque Macau abriu as fronteiras a todos os estrangeiros “de forma tão repentina”, a 5 de Janeiro.

O organizador disse esperar que em 2024 possa contar com mais projectos de países lusófonos além de Portugal e do Brasil, mercados onde “o ecossistema para startups já está mais maduro”.

Mais de 600 empresas vão participar este ano na feira, mas Jason Ho não esconde uma ambição maior: “até 2026, queremos que, quando o mundo quiser conhecer a inovação tecnológica na Ásia, venha à Beyond Expo”.

8 Mai 2023