Japão | Banco central permite subida dos juros das obrigações do Estado

O Banco do Japão decidiu que os juros das obrigações do Estado a 10 anos podem subir até 1 por cento, decisão que poderá antecipar futuros aumentos das taxas de juro de referência

 

Os juros das obrigações do Estado japonês vão subir até 1 por cento, anunciou na sexta-feira o Banco do Japão, numa decisão que pode abrir precedentes em termos de novas subidas das taxas de juro de referência num futuro próximo. O conselho de política monetária do banco central japonês subiu a margem de flutuação das obrigações do Estado, até agora fixada em 0,5 por cento, por oito votos a favor e um contra, no final da reunião, de acordo com um comunicado.

A decisão é encarada como um sinal de que o Banco do Japão (BoJ) poderá estar perto de apertar a política monetária, embora o conselho de política monetária tenha aprovado, por unanimidade, a manutenção de taxas de juro de referência negativas (-0,1 por cento).

Esta revisão, que era já esperada pelo mercado financeiro, tem como objectivo mitigar os efeitos negativos das taxas ultrabaixas e evitar uma forte depreciação da moeda japonesa, o iene, face ao dólar norte-americano, como ocorreu nos últimos meses.

No comunicado, o BoJ destacou as “incertezas extremamente altas” em torno da economia japonesa e da inflação, que tem atingido níveis mais elevados do que os projectados pelo banco.

Preços pelos ares

No passado dia 21 de Julho, o Governo japonês tinha anunciado que a inflação se fixou em 3,3 por cento em Junho, em termos homólogos, estando há mais de um ano acima da meta de 2 por cento fixada pelo banco central.

A inflação japonesa tem apresentado sinais de resistência, uma vez que as empresas estão a adiar a repercussão do aumento dos custos nos preços de venda.

O banco central japonês reviu em alta as projecções para o aumento do índice de preços no consumidor para o ano fiscal de 2023, de 1,8 para 2,5 por cento.

Para o próximo ano fiscal, a começar em Abril de 2024, a instituição prevê uma inflação de 1,9 por cento (um décimo a menos do que na previsão anterior).

“Se os movimentos ascendentes de preços continuarem, os efeitos da flexibilização monetária serão reforçados através de uma queda real nas taxas de juros, enquanto, por outro lado, limitar as taxas de juros a longo prazo pode afectar o desempenho dos mercados de títulos e a volatilidade de outros mercados financeiros “, explicou o BoJ.

O banco central japonês prometeu continuar a aplicar “pacientemente” a política de estímulo à economia, respondendo ao mesmo tempo à evolução económica e à evolução dos preços, para estabilizar a inflação em torno de 2 por cento.

Após o anúncio da decisão do BoJ, o principal índice, da bolsa de Tóquio, o Nikkei, que já tinha começado o dia em baixa, chegou a estar a perder 2,19 por cento.

31 Jul 2023

Novo governador do Banco do Japão mantém flexibilização monetária

O novo governador do Banco do Japão (BoJ) disse hoje que a instituição manterá a sua ampla estratégia de flexibilização monetária, que inclui taxas ultra baixas, porque a inflação ainda não é suficientemente forte para considerar a retirada destas medidas.

“Neste momento, a tendência da inflação está abaixo dos 2%, pelo que devemos continuar a flexibilização monetária”, disse o novo governador do BoJ, Kazuo Ueda, hoje durante um discurso no parlamento japonês.

Ueda tomou posse no início deste mês, e entre quinta-feira e sexta-feira presidirá à primeira reunião do conselho de política monetária do BoJ sob o seu mandato, que decidirá se o banco central prosseguirá ou não com a sua estratégia de estímulo pouco ortodoxo de uma década.

O novo governador disse que, quando a inflação na terceira maior economia do mundo exceder os 2%, o BoJ “terá de normalizar a sua política de estímulos”.

Embora o índice de preços no consumidor (IPC) tenha atingido 3,1% em março passado, o BoJ espera que este indicador atinja um pico nos próximos meses e abrande para menos de 2%, o objetivo fixado pelo banco central japonês, no ano fiscal em curso, de acordo com Ueda.

Para que o BoJ repense a sua estratégia atual, “as previsões da tendência da inflação para os próximos seis meses, um ano ou um ano e meio deverão ser bastante fortes e próximas de 2%”, sublinhou Ueda.

Questionado se o BoJ está a considerar alterar o seu plano para controlar a curva de rendimento das obrigações do Estado, Ueda disse que isto dependeria da evolução da economia, da inflação e de outros fatores.

O banco central japonês mantém as suas taxas de juro de referência negativas e o objetivo para os juros das obrigações a 10 anos em torno de 0%, embora no final do ano passado tenha decidido permitir mais espaço para a curva dos juros destes ativos, que foi interpretado pelos mercados como um indicador de futuras subidas de taxas.

Contudo, tanto o governador cessante, Haruhiko Kuroda, como Ueda insistiram na necessidade de manter as atuais medidas de flexibilização, dada a situação da economia japonesa, e apesar da aceleração da inflação nos últimos meses devido principalmente à subida global dos preços da energia e das matérias-primas.

Ueda admitiu no seu discurso parlamentar de hoje que o BoJ “já fez muitas estimativas sobre como uma normalização (da sua política monetária) poderia afetar as suas finanças e os mercados”, embora tenha evitado dar pormenores.

24 Abr 2023

Banco do Japão mantém política monetária intacta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco do Japão manteve ontem intacto o seu programa de flexibilização monetária, cuja meta é conseguir uma subida estável dos preços de cerca de 2% para pôr fim a uma década de deflação.

A reunião mensal do banco japonês terminou um dia depois de a Reserva Federal norte-americana ter subido as taxas de juro em 0,25 pontos percentuais pela primeira vez desde Dezembro, exercendo uma pressão nas taxas de longo prazo nos Estados Unidos e no Japão.

Ainda assim, o Banco do Japão não considerou necessário modificar o seu programa baseado na flexibilização “quantitativa e qualitativa” e no controlo da curva dos rendimentos.

O banco vai continuar a adquirir dívida soberana japonesa no valor de 80 biliões de ienes por ano para que o rendimento dos títulos japoneses a dez anos permaneça perto dos 0%.

No que toca às taxas a curto prazo, o organismo vai continuar a investir em depósitos dos bancos a uma taxa de referência de -0,1%.

As compras massivas de activos vão continuar a centrar-se na aquisição de fundos cotados e imobiliários para que a sua carteira aumente a um ritmo anual de seis biliões e 90 mil milhões de ienes (49.314 milhões e 739 milhões de euros), respectivamente.

Vai também continuar a aumentar o valor do seu portfólio no que toca a títulos corporativos a curto e longo prazo, a um ritmo anual de 2,2 e 3,2 biliões de ienes (18.083 e 26.303 milhões de euros).

Boas tendências

O Banco do Japão considera que a terceira economia mundial mantém a sua “tendência de recuperação moderada” e que o consumo, pilar do PIB nacional, se mantém sólido.

As exportações e a produção industrial estão a recuperar, indica o comunicado divulgado no final da reunião. O investimento imobiliário e público mantém-se “mais ou menos plano”, enquanto a inflação continua perto de 0%, longe da meta de 2%.

O Banco do Japão tenta desde 2013 promover a subida dos preços, mas a recente queda do preço do petróleo que reduziu os efeitos do seu programa e obrigou a adiar a data de conclusão dos seus objectivos para depois de 2018.

Ainda assim, o IPC (Índice de Preços no Consumidor) subiu em Janeiro, pela primeira vez em 13 meses, o que pode indicar uma recuperação futura dos preços.

17 Mar 2017