O flautista de Hamelin

[dropcap]E[/dropcap] começa então o Ano Do Rato!

Estamos em Hamelin, cidade alemã no lendário século treze onde antes como agora o excesso de intimidade levantava pragas, pragas essas associadas aos ratos esses inimigos da espécie humana com sistema de eliminação eficaz, mas estes lindos e inquietantes roedores tão sensíveis como fios de cabelo são passíveis de enfeitiçamentos, o que os predispõe para uma improvável dimensão estética que não sabemos contemplar dado que somos elementos desmesurados de ruído mórbido trajando repelências várias.

Ele não só define a sua sensibilidade neste aspecto, bem como é encadeado de fulminante esplendor perante a soberba serpente, e assim, este ser que tanto nos assusta e nos fustiga nos convida também a interpretar qualidades surpreendentes: seria injusto afirmar que não são belos e que não encontramos ali uma extrema plasticidade no vivo olhar que tantas vezes se deixa enganar pela avidez que as coisas lhe produzem, não sendo por isso, apenas e só, o varredor de canos, ruas e esgotos, com sua barriga rente ao solo varrendo qualquer probabilidade de êxito junto a nós – não – ele encerra duas dimensões tão distintas que não podemos de facto ignorá-las.

Quase todos trazemos da infância estes animais, calhou-me assim encontrar aquela que viria a ser uma experiência comovedora; aquando a plantação de flores o jardineiro encontra um ninho e rápido se ausenta para buscar armas assassinas, mas a velocidade das crianças é maior que esse ímpeto incontido, e, com mão pequena arranco um bebé sem pêlo coberto ainda com os cinzentos de sua mãe, numa briga tento proteger a ninhada, sem sucesso, mas esse, que um coração pequenino batia na palma da mão, foi um êxito e um encontro maravilhoso. Logo lhe arranjei alojamento debaixo da cama – olhos fechados, frágil como uma pluma, mas resistente – pelas noites altas levava-o a beber leite numa pedra de mármore, e como bebia!

Remoçou e fez-se grande em poucas semanas, o que provocou o conhecimento da sua existência e a automática remoção seguida de análises e outros cuidados, mas, a dor de perder este insólito amigo viajou no tempo e dele não mais me esqueceria. Eles falam! Emitem sons agudos e conhecem as nossas vozes, são atentos e divertidos e conseguimos passar horas em deslumbrante maravilha perante um focinho que se move como um pequeno radar.

Mas aqui, eis-nos então na presença de um Flautista, «A Flauta Mágica», o caçador de ratos, que é também uma espécie de andarilho, de mágico, que negociou a extinção e não foi pago, e sabemos como os sedutores são vingativos! Ele volta à cidade e desta vez exerce o mesmo poder com crianças, levando-as, dizem, para grutas, que naquelas florestas da Baixa Saxónia não devem ser fáceis de encontrar, e assim, ratos e as crianças nunca mais foram vistos na cidade. Ainda estávamos longe da Peste Negra mas o arauto das vestes coloridas já actuava preventivamente. Um Papagino? Ou como insinuam as vozes, um predador sexual, um pedófilo, um canibal? Nem sempre nos encantam pelas melhores das razões, e esta associação entre ratos e crianças é indisfarçavelmente dirigida aos perigos bravios da sedução perante os mais frágeis. Já os nazis depreciativamente chamavam ratos aos judeus que depois se vingaram fazendo um Estado no Ano do Rato. E que dizer dos nossos “ratinhos” que sazonalmente andavam para cima e para baixo? E nunca esquecer que a grande imagem do século vinte é a de um rato: «Mickey», tão imortal como Jesus Cristo.

Lembrarmo-nos então do penúltimo Ano do Rato que foi exactamente, 2008, tentando recordar o que nos destabilizou, ter presente as mentiras dos cofres repletos de dinheiro bem como de outros armazenamentos mitigados de “fortunas” e não despejar a mercadoria com a água do banho, apertar os cordões à bolsa, e ao invés de escutar flautas, fazer desde logo neste Ano a nascer uma orquestra de ribombar de tambores: é que não esqueçamos, os ratos não serão tão mais perigosos do que inoportunos, e caso ele esteja sempre em movimento numa chamada «roda viva» ainda, e mesmo assim, todos ao redor podem ser vítimas de umas vibrantes dentadas o que não fará mal, servindo, quem sabe, até de antídoto a toda esta pouca inteligência mundial. Não sejamos, contudo, pessimistas, mas averiguemos a apetência para a avidez que pode muito bem ficar embruxada quando encontrar o delírio para fins matrimoniais. A união deste assombramento seria vista como uma tentativa de manipulação de dados fazendo recrudescer imagens de Flautistas — Hamelin seria agora o mundo. Quem negoceia com pragas que lhes pague atempadamente.

Que o Ano traga a graça, a fortuna e a sorte. Que o Rato, esse, é também um Flautista! Mas não leva ninguém para a borda do rio e muito menos para cavernas na Saxónia. Tresvaria-se em presidente luso e exerce a sua conduta com desbragado e altaneiro encanto. Assim são eles no seu melhor. Quanto aos cofres, atirem-nos borda fora! (Mozart, era de lá perto, tão Rato como os que são, e não morreu afogado).
Bom Ano, então.

4 Fev 2020

Ano Novo Chinês | IC apresenta 27 actividades para celebrar Ano do Rato

A fim de celebrar a chegada de um novo ano de acordo com o calendário chinês, o Instituto Cultural programou um total de 27 actividades que decorrem em vários bairros e espaços culturais do território

 

[dropcap]E[/dropcap]ntre os dias 25 e 27 de Janeiro decorrem as festividades que celebram o Ano do Rato. A pensar nesta importante celebração da comunidade chinesa, o Instituto Cultural (IC) programou um conjunto de actividades para residentes e todos aqueles que queiram celebrar a chegada de um novo ano.

De acordo com um comunicado, as “Actividades de Ano Novo Chinês 2020” terão lugar nas manhãs dos primeiros três dias do Ano Novo Lunar (de 25 a 27 de Janeiro), no Jardim do Mercado do Iao Hon, na Área de Lazer do Edifício Lok Yeung Fa Yuen no Fai Chi Kei, no Largo do Pagode da Barra, na Rotunda de Carlos da Maia, no Templo de Pak Tai na Taipa e no Jardim de Eduardo Marques em Coloane.
Nestas manhãs vão ser apresentadas actuações de teatro de marionetas, música e dança folclórica pelo Grupo de Artes Performativas de Jiangsu e Grupo de Artes Performativas de Guangxi, “para criar uma atmosfera alegre e animada”.

Por volta das 13h30, nos mesmos dias, os espectáculos voltam a acontecer no espaço Anim’Arte NAM VAN, “onde se encontrarão stands expositivos e se realizarão workshops sobre o património cultural intangível, permitindo o público experimentar estes ricos costumes folclóricos”, descreve o IC.
Nesses mesmos dias, mas às 15h, acontecem os espectáculos “Actuação de Dança do Leão” na Casa de Mandarim e o “Concerto do Ano Novo Chinês” na Casa de Lou Kau.

Música para todos

O cartaz pensado pelo IC para celebrar a chegada do Ano do Rato inclui ainda uma série de concertos que decorrem em vários locais do território. A Orquestra Chinesa de Macau irá apresentar o “Concerto de Ano Novo Chinês”, no dia 18 de Janeiro, pelas 15h horas, na Rotunda de Carlos da Maia. Segue-se depois o Concerto de Ano Novo Chinês “Onde Pairam Melodias Chinesas”, integrado no Ciclo “Concertos em Museus” da Orquestra Chinesa de Macau, no dia 22 de Janeiro, pelas 15h e pelas 16h30, na Academia Jao Tsung-I.

O espaço Anim’Arte Nam Van será o palco escolhido para o Concerto do Ano Novo Chinês – “Comemoração do Ano Novo Chinês 2020”, no dia 23 de Janeiro, pelas 18h. Além disso, a Escola de Música do Conservatório de Macau irá apresentar o “Concerto de Primavera 2020”, no dia 19 de Janeiro, pelas 15h, no Auditório do Conservatório.

As celebrações ficam completas com a realização de uma parada, já anunciada pelo Governo, que se realiza no terceiro e oitavo dia do Ano Novo Lunar (27 de Janeiro e 1 de Fevereiro) e que conta com um total de 34 grupos de animação, desfile de 18 carros alegóricos, concertos e fogo-de-artifício.

“Ao longo do tempo temos vindo a promover o nível da qualidade da parada de recepção do Novo Ano Lunar, esperando melhorar a organização de cada edição (…), pois queremos com este grande evento do ano, proporcione uma atmosfera festiva e repleta de cultura e tradições chinesas a todos”, disse Cheng Wai Tong, director substituto da Direcção dos Serviços de Turismo, aquando a apresentação do evento.

15 Jan 2020

Ano Novo Chinês | IC apresenta 27 actividades para celebrar Ano do Rato

A fim de celebrar a chegada de um novo ano de acordo com o calendário chinês, o Instituto Cultural programou um total de 27 actividades que decorrem em vários bairros e espaços culturais do território

 
[dropcap]E[/dropcap]ntre os dias 25 e 27 de Janeiro decorrem as festividades que celebram o Ano do Rato. A pensar nesta importante celebração da comunidade chinesa, o Instituto Cultural (IC) programou um conjunto de actividades para residentes e todos aqueles que queiram celebrar a chegada de um novo ano.
De acordo com um comunicado, as “Actividades de Ano Novo Chinês 2020” terão lugar nas manhãs dos primeiros três dias do Ano Novo Lunar (de 25 a 27 de Janeiro), no Jardim do Mercado do Iao Hon, na Área de Lazer do Edifício Lok Yeung Fa Yuen no Fai Chi Kei, no Largo do Pagode da Barra, na Rotunda de Carlos da Maia, no Templo de Pak Tai na Taipa e no Jardim de Eduardo Marques em Coloane.
Nestas manhãs vão ser apresentadas actuações de teatro de marionetas, música e dança folclórica pelo Grupo de Artes Performativas de Jiangsu e Grupo de Artes Performativas de Guangxi, “para criar uma atmosfera alegre e animada”.
Por volta das 13h30, nos mesmos dias, os espectáculos voltam a acontecer no espaço Anim’Arte NAM VAN, “onde se encontrarão stands expositivos e se realizarão workshops sobre o património cultural intangível, permitindo o público experimentar estes ricos costumes folclóricos”, descreve o IC.
Nesses mesmos dias, mas às 15h, acontecem os espectáculos “Actuação de Dança do Leão” na Casa de Mandarim e o “Concerto do Ano Novo Chinês” na Casa de Lou Kau.

Música para todos

O cartaz pensado pelo IC para celebrar a chegada do Ano do Rato inclui ainda uma série de concertos que decorrem em vários locais do território. A Orquestra Chinesa de Macau irá apresentar o “Concerto de Ano Novo Chinês”, no dia 18 de Janeiro, pelas 15h horas, na Rotunda de Carlos da Maia. Segue-se depois o Concerto de Ano Novo Chinês “Onde Pairam Melodias Chinesas”, integrado no Ciclo “Concertos em Museus” da Orquestra Chinesa de Macau, no dia 22 de Janeiro, pelas 15h e pelas 16h30, na Academia Jao Tsung-I.
O espaço Anim’Arte Nam Van será o palco escolhido para o Concerto do Ano Novo Chinês – “Comemoração do Ano Novo Chinês 2020”, no dia 23 de Janeiro, pelas 18h. Além disso, a Escola de Música do Conservatório de Macau irá apresentar o “Concerto de Primavera 2020”, no dia 19 de Janeiro, pelas 15h, no Auditório do Conservatório.
As celebrações ficam completas com a realização de uma parada, já anunciada pelo Governo, que se realiza no terceiro e oitavo dia do Ano Novo Lunar (27 de Janeiro e 1 de Fevereiro) e que conta com um total de 34 grupos de animação, desfile de 18 carros alegóricos, concertos e fogo-de-artifício.
“Ao longo do tempo temos vindo a promover o nível da qualidade da parada de recepção do Novo Ano Lunar, esperando melhorar a organização de cada edição (…), pois queremos com este grande evento do ano, proporcione uma atmosfera festiva e repleta de cultura e tradições chinesas a todos”, disse Cheng Wai Tong, director substituto da Direcção dos Serviços de Turismo, aquando a apresentação do evento.

15 Jan 2020