Hoje Macau EventosMagalhães/500 anos | MNE diz que eventos visam celebrar oceanos e contacto entre povos O estabelecimento de uma “rede de escolas Magalhânicas” e a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, são alguns dos eventos pensados para celebrar os 500 anos da viagem protagonizada pelo navegador Fernão de Magalhães, disse o ministro Augusto Santos Silva à Lusa [dropcap]A[/dropcap] celebração do conhecimento, os oceanos e o contacto entre povos são os “temas fortes” das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação, numa lógica de “pensar o passado para projectar o futuro”, anunciou o chefe da diplomacia portuguesa. “As comemorações são circunstâncias que nos convidam a pensar no passado […] para projectar o futuro”, disse Augusto Santos Silva numa entrevista à Lusa a propósito do V centenário da primeira viagem de circum-navegação da Terra, iniciada em 1519 pelo navegador português Fernão de Magalhães ao serviço dos reis de Espanha. A viagem de Magalhães “um grande feito histórico”, que partiu da “mobilização de várias culturas” e “de vário conhecimento científico”, significou “uma descoberta no sentido de procurar descobrir o novo” e “mostrou pela primeira vez que era possível fazer uma travessia marítima a todo o mundo”, características que “são muito importantes para a actualidade”. “Nós, hoje, temos nos oceanos uma das principais agendas que deve mobilizar o mundo. Nós, hoje, dependemos cada vez mais de saber usar o conhecimento e a tecnologia para servir as pessoas. E nós, hoje, precisamos de descobrir: descobrir o espaço, descobrir a realidade do mundo, descobrir as diferentes culturas, nações e povos e comunicar entre nós”, explicou. Santos Silva frisou que o programa de comemorações foi elaborado em coerência com “as opções essenciais” de Portugal em matéria de política interna e externa e, assim sendo, os oceanos assumem nele um lugar de destaque. Preocupação ambiental “Um dos projectos mais emblemáticos do programa do Governo para as comemorações é justamente um projecto da sensibilização ambiental em torno do oceano. Não apenas a questão dos plásticos, que é uma questão complexíssima e gravíssima do lixo que os plásticos não reciclados causam no oceano e a perturbação que infligem à vida marinha, mas mais geralmente a sensibilização, sobretudo das crianças e dos jovens, para exactamente esse cruzamento entre a gestão dos oceanos, a preservação ambiental e o combate às alterações climáticas”, explicou. Além desse projecto de sensibilização, que se articula com “outro grande projecto emblemático que é a constituição de uma rede de escolas Magalhânicas”, o programa inclui a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos e um concurso de projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico em torno dos oceanos. “A lógica das comemorações é investir no conhecimento […] favorecer o conhecimento, não só o histórico, como o conhecimento científico actual em torno do oceano e do espaço”, disse Santos Silva. Mostras em movimento Em relação ao conhecimento histórico, o ministro destacou a exposição luso-espanhola sobre a circum-navegação que começará em Espanha, depois Portugal e seguirá para outros países da rota de Magalhães e Elcano, a exposição nacional no Museu Nacional Soares dos Reis a partir de 2020 e a recriação da viagem através de plataformas digitais, “para que as pessoas possam acompanhar dia a dia o que foi a viagem, 500 anos depois de ser realizada”. As comemorações envolvem um programa nacional, ao nível do Governo e das regiões autónomas, municípios e sociedade civil, e um plano internacional, que passa por um programa conjunto Portugal-Espanha onde se destaca a candidatura a Património Mundial da Rota Magalhães e um estudo conjunto do Instituto Camões e do Instituto Cervantes sobre a projecção global das duas línguas, e pelo envolvimento dos restantes países da rota, do Chile à Namíbia ou do Brasil às Filipinas. A vertente de ligação entre os vários países da rota passará também por iniciativas como a recriação da viagem pelos navios da Marinha portuguesa Sagres e da Armada espanhola Elcano, a criação de uma Rota Magalhães para fins turísticos e o chamado Passaporte de Negócios Magalhães. Interesses comerciais “Magalhães pode ser, e é, um elemento muito importante de contacto entre, por exemplo, empresas portuguesas e empresas chilenas. É uma das coisas que temos em comum, eles têm o Estreito de Magalhães, sabem bem quem é Magalhães […] Portanto, nós usamos naturalmente estes elementos de contacto, que também servem para estimular as trocas entre os países”, explicou. “Nos dias de hoje, é muito importante que nós oponhamos à ideia de que cada um ganha o que os outros perderem, que o melhor é fechar-se em casa e construir muros altos para os outros não poderem invadir a nossa casa e que o comércio é uma nova forma de guerra. É muito importante que nós oponhamos a essa ideia, a ideia, que aliás é a nossa, de que, pelo contrário, como dizia Camões nos Lusíadas, quem pratica o comércio não quer a guerra e que as nossas casas são casas abertas e frequentarmos as casas uns dos outros é bom para todos”, defendeu.
Hoje Macau EventosMagalhães/500 anos | MNE diz que eventos visam celebrar oceanos e contacto entre povos O estabelecimento de uma “rede de escolas Magalhânicas” e a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, são alguns dos eventos pensados para celebrar os 500 anos da viagem protagonizada pelo navegador Fernão de Magalhães, disse o ministro Augusto Santos Silva à Lusa [dropcap]A[/dropcap] celebração do conhecimento, os oceanos e o contacto entre povos são os “temas fortes” das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação, numa lógica de “pensar o passado para projectar o futuro”, anunciou o chefe da diplomacia portuguesa. “As comemorações são circunstâncias que nos convidam a pensar no passado […] para projectar o futuro”, disse Augusto Santos Silva numa entrevista à Lusa a propósito do V centenário da primeira viagem de circum-navegação da Terra, iniciada em 1519 pelo navegador português Fernão de Magalhães ao serviço dos reis de Espanha. A viagem de Magalhães “um grande feito histórico”, que partiu da “mobilização de várias culturas” e “de vário conhecimento científico”, significou “uma descoberta no sentido de procurar descobrir o novo” e “mostrou pela primeira vez que era possível fazer uma travessia marítima a todo o mundo”, características que “são muito importantes para a actualidade”. “Nós, hoje, temos nos oceanos uma das principais agendas que deve mobilizar o mundo. Nós, hoje, dependemos cada vez mais de saber usar o conhecimento e a tecnologia para servir as pessoas. E nós, hoje, precisamos de descobrir: descobrir o espaço, descobrir a realidade do mundo, descobrir as diferentes culturas, nações e povos e comunicar entre nós”, explicou. Santos Silva frisou que o programa de comemorações foi elaborado em coerência com “as opções essenciais” de Portugal em matéria de política interna e externa e, assim sendo, os oceanos assumem nele um lugar de destaque. Preocupação ambiental “Um dos projectos mais emblemáticos do programa do Governo para as comemorações é justamente um projecto da sensibilização ambiental em torno do oceano. Não apenas a questão dos plásticos, que é uma questão complexíssima e gravíssima do lixo que os plásticos não reciclados causam no oceano e a perturbação que infligem à vida marinha, mas mais geralmente a sensibilização, sobretudo das crianças e dos jovens, para exactamente esse cruzamento entre a gestão dos oceanos, a preservação ambiental e o combate às alterações climáticas”, explicou. Além desse projecto de sensibilização, que se articula com “outro grande projecto emblemático que é a constituição de uma rede de escolas Magalhânicas”, o programa inclui a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos e um concurso de projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico em torno dos oceanos. “A lógica das comemorações é investir no conhecimento […] favorecer o conhecimento, não só o histórico, como o conhecimento científico actual em torno do oceano e do espaço”, disse Santos Silva. Mostras em movimento Em relação ao conhecimento histórico, o ministro destacou a exposição luso-espanhola sobre a circum-navegação que começará em Espanha, depois Portugal e seguirá para outros países da rota de Magalhães e Elcano, a exposição nacional no Museu Nacional Soares dos Reis a partir de 2020 e a recriação da viagem através de plataformas digitais, “para que as pessoas possam acompanhar dia a dia o que foi a viagem, 500 anos depois de ser realizada”. As comemorações envolvem um programa nacional, ao nível do Governo e das regiões autónomas, municípios e sociedade civil, e um plano internacional, que passa por um programa conjunto Portugal-Espanha onde se destaca a candidatura a Património Mundial da Rota Magalhães e um estudo conjunto do Instituto Camões e do Instituto Cervantes sobre a projecção global das duas línguas, e pelo envolvimento dos restantes países da rota, do Chile à Namíbia ou do Brasil às Filipinas. A vertente de ligação entre os vários países da rota passará também por iniciativas como a recriação da viagem pelos navios da Marinha portuguesa Sagres e da Armada espanhola Elcano, a criação de uma Rota Magalhães para fins turísticos e o chamado Passaporte de Negócios Magalhães. Interesses comerciais “Magalhães pode ser, e é, um elemento muito importante de contacto entre, por exemplo, empresas portuguesas e empresas chilenas. É uma das coisas que temos em comum, eles têm o Estreito de Magalhães, sabem bem quem é Magalhães […] Portanto, nós usamos naturalmente estes elementos de contacto, que também servem para estimular as trocas entre os países”, explicou. “Nos dias de hoje, é muito importante que nós oponhamos à ideia de que cada um ganha o que os outros perderem, que o melhor é fechar-se em casa e construir muros altos para os outros não poderem invadir a nossa casa e que o comércio é uma nova forma de guerra. É muito importante que nós oponhamos a essa ideia, a ideia, que aliás é a nossa, de que, pelo contrário, como dizia Camões nos Lusíadas, quem pratica o comércio não quer a guerra e que as nossas casas são casas abertas e frequentarmos as casas uns dos outros é bom para todos”, defendeu.