Sofia Margarida Mota Manchete SociedadePME mostram-se satisfeitas com ajuda das grandes empresas A cooperação com as PME foi o tema em destaque no fórum que se realizou ontem no MGM Macau. O evento visou concretizar uma plataforma em que os benefícios para ambas as partes sejam evidentes e apelativos. As operadoras de Jogo estavam lá todas e apresentaram os números e projectos em que estão envolvidas [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]eve ontem lugar no MGM Macau o “Fórum para as Indústrias de Turismo e Lazer de Macau e a sua Responsabilidade Social”. O evento reuniu as operadoras locais numa apresentação de “serviço feito” no que respeita ao apoio às PME. Na tónica esteve a cooperação crescente entre uns e outros, sendo que representa não só um mote para o desenvolvimento do sector do turismo mas também fonte de benefícios para ambas as partes. A polémica da sobrevivência das PME num mercado cada vez mais dominado pelas grandes superfícies não é novidade e muito têm sido as lutas que se registam um pouco por todo o lado e em prol de um ou outro lado. “Na RAEM há um Fórum que ambiciona crescer e promover as boas relações entre grandes e as PME numa relação “win win” que traz vantagens a todos”. As palavras são de Lei Heong Iok , presidente do Instituto Politécnico Macau (IPM), ao HM, à margem do evento. No encontro, realizado ontem, as operadoras fizeram questão tanto de apresentar as suas iniciativas integradas na plataforma que pretende ser este fórum, bem como os números e resultados advindos das mesmas. O objectivo de promover o empreendimento jovem, de incentivar o consumo de produtos locais, dar azo a uma maior diversidade da economia e turismo e a realização de parcerias com as PME são os pilares partilhados pelas seis operadoras presentes e que mantêm programas especiais em que reforçam os laços e negócios com os retalhistas locais. Desde que o MGM iniciou actividade em Macau que mais de 80% dos produtos e serviços têm sido fornecidos por negócios locais num valor total de 23,3 mil milhões de patacas, segundo dados da empresa. A operadora criou, em Novembro de 2015, a Comissão de Pequenas e Médias Empresas, a primeira do sector de turismo e lazer, de modo a aprofundar e alargar a cooperação com as PME locais. A operadora Sands China tem seguido o princípio da prioridade ao local e em 2015 o investimento em aquisições “Made in Macau” foi de 14,2 mil milhões de patacas. Mais de 90% do valor total da aquisição de bens, realizada pela Galaxy Entertainment Group, nos anos 2014 e 2015, veio de empresas criadas em Macau com um valor superior a 85% do total das aquisição em alimentos e bebidas. Já a Wynn Macau tem vindo a colaborar com as PME locais mesmo antes da sua abertura oficial em 2006. Através do Programa de Parceria para Fornecimento para PME locais, a Wynn providenciou uma lista dos produtos que tem interesse em adquirir em mais de 36 categorias. A companhia tem também organizado bolsas de contacto regulares. Em apenas três meses, desde a primeira bolsa de contacto em Abril e até Junho último, os acordos já abrangiam mais de 200 PME com valores na ordem dos 68 milhões de patacas. A Melco Crown não divulgou números, mas salientou o cumprimento da sua responsabilidade social, tendo como lema “Envidar os esforços conjuntos para o ganho mútuo resultante da cooperação”. De acordo com os princípios da aquisição da Melco Crown Entertainment, as PME locais poderão ser prioritariamente selecionadas “caso os seus produtos tenham o preço, a qualidade e outras condições idênticos aos de outros fornecedores”. Por seu lado, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) dá o seu apoio com o objectivo de criar “emprego para os residentes e melhorar a qualidade de vida da população para promover a harmonia social, proporcionar aos visitantes mais opções e manter recordações históricas”. O valor da aquisição local da empresa atinge 80% do seu valor total. A SJM tomou ainda outras medidas para apoiar as PME locais. A título de exemplo a operadora refere a disponibilização do Kam Pek Community Centre às empresas pequenas, para que possam organizar as suas actividades culturais e recreativas. Outra medida que a operadora considera de relevo é a redução e isenção de rendas e melhoramento da forma de pagamento para as PME. PME satisfeitas A importância das PME no desenvolvimento económico da região e na criação de postos de trabalho foi ponto assente no evento de ontem. Na RAEM, 90% das empresas registadas são PME, pelo que na opinião do presidente do IPM o investimento por parte dos “grandes” é “sem sombra de dúvida, um forte contributo para o desenvolvimento das mesmas”. O turismo e lazer é considerado um pilar da economia de Macau e as indústrias do sector têm prestado apoio e colaboração à implementação das respectivas políticas do Governo. No Fórum, o sector apresentou as medidas que apoiam as PME e os casos concretos que permitem aos participantes conhecer detalhadamente os resultados do desenvolvimento comum entre as indústrias de turismo e lazer e as PME. Além de proporcionar às PME locais oportunidades de negócios, o sector ainda ajuda os “mais pequenos” a enriquecer as experiências e aumentar a competitividade. Exemplo disso é a Broadway, empreendimento da Galaxy. Linda Wong, vice- presidente assistente que tem a cargo o departamento de projectos especiais promovidos pelo grupo, dá a conhecer através da apresentação de um vídeo a situação “vencedor –vencedor” testemunhada por três das empresas que ali detêm o seu negócio. Sendo todas dedicadas a serviços alimentares, dois dos restaurantes apresentados sublinham que “apesar dos receios contratuais que sentiram no início avançaram para o aluguer de espaço naquela localização integrados no projecto de apoio a PME”. Como tal, o grupo deu início a todo um plano de acção que incluiu formação nas áreas de gestão, marketing, finanças, segurança e higiene que, segundo os proprietários, foi “uma grande mais valia”. Um dos testemunhos afirma que foi ainda “uma possibilidade de aprender “novas técnicas gastronómicas que possibilitaram a renovação da ementa”. “Os pratos são os tradicionais mas com outro ar”, afirma, são “mais apelativos e logo mais vendáveis”. Já a proprietária de um pequeno quiosque situado no espaço da Broadway dedicado às PME locais e que vende doçaria e pequenos snacks diz satisfeita que “aquele espaço tem como vantagem a animação de rua promovida pela operadora”, sendo que “com animação os clientes são mais e acabam por se rentabilizar melhor o negócio”. Fruta com sorte O HM apenas encontrou no evento uma PME local, a Luxury Fruits & Gifts. Os proprietários são marido e mulher que, depois de “se cansarem de trabalhar na indústria do jogo resolveram dar um novo rumo à vida”, como afirmam. A ideia que veio a concretizar-se foi a abertura de uma loja de fruta, que neste momento é fornecedora de um restaurante japonês que integra o espaço do MGM. Para a esposa, “este tipo de iniciativas são muito importantes. Estavam ali a convite do MGM e também para prestar depoimento no evento acerca do seu sucesso. Para o casal a ajuda dada pelas grandes empresas tem sido muito importante porque representa também “uma oportunidade de aprender e cooperar com as empresas grandes e experientes”, como afirmam ao HM. Já o marido, em palco, falava das dificuldades que sentiu e como este contrato de venda de produtos ao restaurante do MGM foi um passo importante para o “pulo da pequena empresa” ao mesmo tempo que incentiva os jovens a “arriscar mais nos seus negócios e a procurarem nesta plataforma uma forma de ajuda e trampolim para voos mais altos e seguros”. Novo alinhamento O vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, Choi Kam Fu, afirmou, na sua intervenção, que “o período de ajustamento económico que Macau está a viver contribui para o acelerar do ritmo de reestruturação industrial e diversificação económica”, lê-se num comunicado. Para a FAOM, as PME locais desempenham um papel importante na promoção da diversificação económica adequada e no constante desenvolvimento económico da região. A Federação acredita ainda que os planos e programas que as indústrias de turismo e lazer lançaram para estreitar a cooperação com as PME locais, são complementares às medidas promovidas pelo Governo sem deixar de referir os tempo que se avizinham: a “inauguração de grandes complexos localizados em Cotai, prevista para o segundo semestre do ano corrente, trará ainda mais oportunidades de negócios às empresas locais”, refere. Já o professor-adjunto Zhou Jinquan, do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do IPM, salientou também citado em comunicado que “o Fórum para as Indústrias de Turismo e Lazer e a sua Responsabilidade Social que teve o início em Abril do ano corrente despertou a atenção da comunidade de Macau”. Na sequência desta edição com o lema “Apoios às Pequenas e Médias Empresas Locais para o Desenvolvimento Comum” fica a promessa que mais virão com o intuito de “intensificar o intercâmbio do sector do turismo e lazer e que permitirão a residentes e visitantes conhecer os trabalho que o sector tem realizado no cumprimento da sua responsabilidade social bem como os afeitos que daí vêm”. Tudo, pela almejada diversificação económica, desenvolvimento comunitário e pela “caridade pública de Macau”.
Angela Ka SociedadeAnalistas querem políticas sobre altura dos edifícios [dropcap style=’circle’]V[/dropcap]árias figuras ligadas ao meio político e do urbanismo, ouvidas pelo Jornal do Cidadão, consideram que a definição da altura máxima dos edifícios a construir em Macau é algo que deve ser mais discutido e ponderado, por ser uma matéria que envolve o património cultural, o planeamento urbanístico e o meio ambiental. Já o deputado Ng Kuok Cheong fala na necessidade de se manter a Lei da Sombra. Recentemente um membro do Conselho da Renovação Urbana (CRU), ligado ao sector da construção, defendeu que o Governo deve repensar a altura máxima dos edifícios, por forma a alargar a capacidade proporcional da zonas a serem alvo de renovação. Caso contrário, não vão existir incentivos suficiente para que os proprietários participem no processo, diz. Lam U Tou, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e também membro do CRU, considerou que a definição de uma altura máxima dos edifícios será feita com base à análise da zona, das suas estruturas e densidade populacional. “Se for acrescentada uma altura máxima em zonas antigas e com elevada densidade populacional, isso só vai criar mais problemas e aumentar ainda mais a população a residir nessas zonas”, disse ao jornal chinês. Das prioridades Para Lam U Tou, os trabalhos do CRU devem basear-se no princípio do “tratamento prioritário dos problemas fáceis”, sugerindo que seja colocado em primeiro lugar a renovação dos edifícios em risco de queda. Lam U Tou pede ainda que sejam tidas em conta as questões fiscais, já que os proprietários, mesmo que concordem com a renovação do prédio, necessitam de pagar o imposto de 200 mil patacas novamente, aquando do regresso ao novo apartamento já reconstruído. Já o deputado democrata Ng Kuok Cheong considera que o mais importante é manter a Lei daS, defendendo que os construtores devem ter limites para os seus interesses no sector imobiliário. “A regulação da Lei da Sombra dos edifícios permite manter uma relação saudável entre a cidade e o meio ambiente, permitindo a passagem da luz solar e do ar. O Governo deve garantir a lei da sombra”, defendeu ao Jornal do Cidadão. Ng Kuok Cheong referiu ainda que é necessária uma discussão aberta por parte do CRU para uma nova definição da altura dos edifícios.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeAcidente de autocarro faz 32 feridos e desaloja residentes [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma mulher em estado crítico e mais duas em estado grave é o balanço de um acidente ocorrido ontem na Rua da Entena. A informação foi dada ontem por Ma Hok Cheung, director do Hospital Kiang Wu, em conferência de imprensa. A estas vítimas que se encontram na Unidade de Cuidados Intensivos, juntam-se mais seis pessoas hospitalizadas com múltiplas fracturas, sendo no total 30 os feridos que resultaram do acidente. Todos integravam uma excursão que passava em Macau e eram provenientes da China continental. A chamada que dava conta do acidente, que aconteceu ontem por volta da hora do almoço, chegou aos Bombeiros pelas 14h40, como afirmou Chao Ka Cheong, segundo-comandante. Um autocarro de turismo desceu a rua sem o condutor lá dentro e chocou com um edifício, mas as causas ainda não foram definitivamente apuradas. Para Wong Chi Fai, segundo-comandante substituto da PSP, e tendo em conta uma primeira investigação, o acidente terá ocorrido porque o travão de mão não funcionou ou poderá não ter sido activado. Segundo a PSP, o motorista terá saído do veículo por ter sido “alegadamente atingido por um outro nas traseiras do autocarro”. Ao sair, pode não ter levantado o travão de mão, o que fez com que o autocarro começasse a descer a rua tendo acabado por colidir violentamente com um pilar mestre de um prédio. Sem casa O prédio em que o autocarro embateu foi de imediato evacuado. Aquando do acidente encontravam-se no edifício dez pessoas. Neste momento, e segundo Li Canfeng, Director dos Serviços de Solos, Obras Públicas Transportes, vai ter lugar uma inspecção ao edifício para averiguar a sua segurança através da monitorização das estruturas. Esta monitorização está a ser levada a cabo por máquinas até existirem condições de segurança para que possam entrar equipas no terreno. Até lá, as famílias não poderão entrar em casa por razões de segurança, pelo que o Instituto de Acção Social está a disponibilizar alternativas e, até ontem, quatro famílias precisaram de ser acolhidas. O motorista é local, tem mais de 50 anos e conta com anos de experiência, como afirma a PSP. O autocarro é novo e só começou a ser conduzido a partir deste ano. As vítimas em estado grave receberam a visita do Chefe do Executivo, Chui Sai On, no Hospital Kiang Wu.
Joana Freitas Manchete SociedadeEconomia | Anselmo Teng admite baixo interesse pelo consumo em Macau Ano de oportunidades e desafios para a economia, depois de, no ano passado, as receitas públicas terem descido 29,7% face a 2014. A cooperação está em cima da mesa como forma de alcançar oportunidades [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ste ano é de oportunidades e desafios para a economia de Macau. É o que diz o presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), no último relatório anual do organismo, onde se pode constatar que as receitas públicas somaram um pouco mais de 109 mil milhões de patacas em 2015, um decréscimo de 29,7% face a 2014. De acordo com o relatório da AMCM, ontem publicado, os desafios da RAEM vão surgir especialmente devido às “incertezas” na economia dos “países desenvolvidos”, mas também por causa da própria economia interna, que passam pelo sector do Jogo e do Turismo. “Podem aparecer situações contrárias às intenções iniciais. A economia local, que se encontra numa fase de ajustamento, é afectada por factores externos e revela uma desaceleração contínua do ritmo de crescimento, emergindo uma nova tendência económica traduzida pela verificação de desafios como a diminuição do número de turistas, baixo interesse pelo consumo, diminuição dos preços dos imóveis e queda das receitas do jogo”, pode ler-se no relatório. Lado positivo No entanto, frisa Anselmo Teng, quando aparecem desafios também aparecem oportunidades. Acordos com as províncias de Guangdong e Fujian, face à participação de Macau em projectos de investimento, foram algumas das tarefas da AMCM no ano passado e que o organismo também quer continuar este ano, principalmente no que “ao desenvolvimento da utilização transfronteiriça do yuan” diz respeito. “Em 2015, a recuperação das principais economias internacionais não conseguiu criar a dinâmica necessária, enquanto a economia do interior da China continuou a crescer, embora a uma taxa desacelerada. Após ter vivenciado expansões rápidas, a economia local entrou num período de ajustamento. No entanto, à luz dos esforços persistentes do Governo para promover a diversificação económica e aprofundar a cooperação regional, o ambiente dos negócios na RAEM manteve-se em boa forma.” Em 2015, o organismo continuou a “fazer investimentos razoáveis no mercado da bolsa dos bancos da China e no mercado de capitais, fortalecendo a estrutura dos activos da carteira das reservas”, sendo que, até finais de Dezembro, os activos da Reserva Financeira totalizaram 345,1 mil milhões de patacas, enquanto os saldos da Reserva Cambial ascenderam a 150,8 mil milhões, aumentos na ordem dos 40% e 14%. Números positivos para Anselmo Teng. “Creio que o sector financeiro continuará, como sucedeu no passado, a actuar em harmonia com a execução das linhas de acção governativa, tendo cada vez mais uma noção realista das crises. Assim, para além do aperfeiçoamento contínuo da gestão do risco, através da criação constante de produtos e serviços, do reforço contínuo da qualidade e da eficácia, do aproveitamento pleno de todas as oportunidades que surgirem, serão prestados mais e melhores contributos, quer para o desenvolvimento saudável, estável e contínuo do sector, quer para a diversificação da economia local.” Finanças em cima De acordo com o relatório da AMCM, as receitas dos impostos directos sobre o Jogo foram mais uma vez “fonte dominante das receitas correntes”, tendo totalizado 93,4 mil milhões patacas, número abaixo do normal devido à quebra das receitas dos casinos. Em contraste, outros impostos directos registaram um crescimento: por exemplo, as receitas do imposto profissional subiram 18,5% e as provenientes da contribuição predial aumentaram 31,5%. Já as despesas públicas cresceram 22,4% para 80,5 mil milhões de patacas. Responsável por estes números foram os custos dos serviços públicos (que cresceram 12,3%) “devido maioritariamente aos aumentos salariais e às novas contratações de pessoal no sector público”. Estas despesas subiram até 10,1 mil milhões. Já a compra de bens e serviços decresceu 6,5% para 3,8 mil milhões, numa descida que a AMCM atribui à implementação de medidas de austeridade pelo Governo. No que aos apoios diz respeito, onde se encaixa o Plano de Comparticipação Pecuniária e o Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde, fizeram aumentar os custos em 7,2%, para 11,3 mil milhões de patacas. Na mensagem que acompanha o relatório, o presidente da AMCM fala ainda de uma economia que, em 2015, entrou em fase de ajustamento, mas onde a cooperação com outros países – nomeadamente a China continental – teve e terá um papel importante a desenvolver. Com os negócios bilaterais, diz Anselmo Teng, Macau poderá engrenar num desenvolvimento “saudável, estável e contínuo”. Teng assegura que o sistema bancário continuou a manter uma boa qualidade dos seus activos e as operações em yuan têm vindo a desenvolver-se de forma estável, ainda que, em finais de Dezembro de 2015, os depósitos nesta moeda tenham diminuído quase 40%. O relatório mostra ainda que a AMCM interpôs quatro processos a entidades bancárias, relacionados com supervisão, mas não avança detalhes.
Angela Ka SociedadeTerrenos | Concessões sem concurso “offline” ao fim de 15 dias Os registos das concessões de terrenos sem concurso público são apagados do website da DSSOPT ao fim de 15 dias. A FAOM e o deputado Ho Ion Sang criticam a decisão [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Lei de Terras determina que as informações referentes à concessão de terrenos sem concurso público devam ser publicadas no website da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Mas três anos depois da entrada em vigor da nova lei, os registos de oito terrenos concessionados por esta via foram apagados do website da DSSOPT ao fim de quinze dias, escreveu ontem o jornal Ou Mun. Lam U Tou, secretário-geral da Associação Choi In Tong Sam, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), e Ho Ion Sang, deputado que preside à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa (AL), defendem que a retirada das informações prejudica o princípio de informação ao público. Ambos pedem que o Governo melhore o processo administrativo para que as informações continuem online. O Ou Mun escreve ainda que já existem novos terrenos concedidos sem concurso público, cujas informações foram publicadas em Boletim Oficial (BO) mas continuam sem estar publicadas no website da DSSOPT. Questionado pelo jornal de língua chinesa, o organismo confirmou que as informações ficam disponíveis apenas por um período de 15 dias, sendo depois apagadas para “evitar a confusão” de quem as lê. Lam U Tou considera esta explicação “irracional”, já que, para o responsável da Associação ligada à FAOM, é possível à DSSOPT organizar e separar as diferentes informações. “O facto de não se publicar as informações antigas traz ainda mais confusão ao público”, apontou. Já o deputado Ho Ion Sang exige mudanças nos procedimentos adoptados, para que as informações “estejam sempre disponíveis”. O deputado citou ainda explicações da DSSOPT, que garantem que três terrenos foram concedidos sem concurso para a construção de três postos de abastecimento de energia eléctrica, algo que está dentro do princípio de interesse público. Quanto aos restantes casos, cujo pedido visa fins habitacionais ou comerciais, não é possível analisar.
Joana Freitas SociedadeGoverno adjudica empreitada a empresa de Judas Ung [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s residências de Santa Sancha vão ser remodeladas pela Companhia de Construção Vantagem. O anúncio foi ontem publicado em Boletim Oficial, num despacho assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo. As obras dizem respeito à concepção de um projecto e remodelação do complexo residencial dos Secretários, parte do palácio. No total, o Executivo vai pagar mais de 54,1 milhões de patacas pela empreitada, que chega depois de um processo de consulta a diferentes empresas e de diversas outras obras feitas no Palácio de Santa Sancha por uma outra empresa cujo administrador é o mesmo que o da Companhia de Construção Vantagem: Judas Ung. Em 2015, o Chefe do Executivo autorizou também a celebração de um contrato obras de remodelação das residências governamentais na Rua do Miradouro de Santa Sancha. Estas foram feitas pela empresa Judas Ung E.I., a quem foram pagos 29,9 milhões de patacas. A empresa esteve ainda envolvida em obras de melhoria dos aparelhos de ar condicionado da sede do Governo, em Maio e em Setembro de 2013, e em pinturas das paredes exteriores do palácio. Já em 2010, a empresa foi responsável pelo Projecto de Teste de um Sistema de Energia Solar Fotovoltaica, na Imprensa Oficial. Em 2000, o próprio Judas Ung ficou com a remodelação do edifício da Assembleia Legislativa, que voltou a ter em mãos quatro anos depois para “renovação e reparação”. Já a Companhia Vantagem recebeu, em 2010, a adjudicação da concepção e construção da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, que foi paga em 15,3 milhões de patacas pelos serviços. A Vantagem pertence, ao que o HM apurou, a Judas Ung e a Ung Su Fan, dois empresários da construção civil. Pelas obras, a empresa é paga em dois anos, sendo que recebe 15 milhões agora e 39 milhões em 2017.
Joana Freitas Manchete SociedadeCapital Estate, de Sio Tak Hong, pondera acção judicial por retirada de terreno [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empresa Capital Estate, de Sio Tak Hong, assegurou ontem que estava à espera de autorizações do Governo para avançar com a construção no terreno da empresa em Ká Hó, recuperado no mês passado. Tal como o HM tinha avançado a 28 de Julho, o terreno recuperado foi adjudicado à Sociedade de Investimento e Indústria Sun Fat, uma subsidiária quase total da Capital Estate, do empresário local. O terreno tem mais de dez mil metros quadrados e fica na Estrada Nossa Senhora de Ká Hó, em Coloane. Ao que o HM apurou na altura, os lotes foram concessionados na década de 1980, sendo que os terrenos foram pedidos inicialmente para a construção “de uma unidade siderúrgica para reaproveitamento de chapas e outros materiais de aço, incluindo escritórios, estacionamento e armazenagem”. Foi depois pedida a mudança de finalidade e, em 2012, a empresa terá entregue um projecto de arquitectura para a construção de seis casas, ainda que já tivesse demonstrado intenção de lá construir 46 moradias de luxo. Agora, num comunicado enviado ontem à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Capital Estate diz lamentar a decisão do Executivo, de quem, frisa ainda, nunca recebeu autorização para construção. “Pedimos aprovação em Maio de 2007 e submetemos um plano para construção em Novembro de 2007. Em 2012, fizemos uma revisão do plano, para construir antes moradias de luxo de baixa densidade, em menos espaço, na esperança de conseguirmos uma aprovação rápida para o espaço residencial. Até agora, a aprovação não foi conseguida. E sem essa aprovação a terra não pode ser desenvolvida”, pode ler-se. O Governo indicava no despacho do mês passado que o prazo de arrendamento expirou em 2 de Março de 2014 sem qualquer aproveitamento. A empresa diz ter recebido a notícia a 4 de Agosto e estar a preparar-se para eventuais processos em tribunal. “Estamos desapontados com a decisão e estamos à procura de aconselhamento legal sobre os passos que podemos dar nestas circunstâncias. O anúncio não terá um grande impacto na operação diária da empresa, mas poderão existir perdas que vão fazer afectar [a empresa].” Para já, a Capital Estate não tem números concretos, mas fala na possibilidade de perdas de 60 milhões de dólares de Hong Kong só pelo valor da terra. Sio Tak Hong é delegado de Macau à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e membro do Conselho Executivo da RAEM, sendo ainda fundador-presidente da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau. A empresa tem 15 dias para apresentar um recurso da decisão em tribunal.
Hoje Macau SociedadeSociedade de Jogos de Macau com quebra de 38,7% nos lucros [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Jogos de Macau (SJM), fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, anunciou ontem uma queda de 38,7% dos seus lucros no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015. Num comunicado ontem divulgado, a SJM refere que no primeiro semestre teve lucros de 1.097 milhões de dólares de Hong Kong. As receitas dos casinos da SJM caíram 20,7% entre Janeiro e Junho, para 20.884 milhões de dólares de Hong Kong, revelou a empresa. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) situou-se nos 1.634 milhões de dólares de Hong Kong, menos 27,8% do que no ano passado). O grupo diz que as receitas do jogo VIP (grandes apostadores) caíram 28,5% e que as do jogo de massas desceram 11,5% nos primeiros seis meses do ano. Citado no comunicado, o director executivo da SJM, Ambrose So, disse que “apesar de as condições desafiadoras persistirem” no mercado do jogo em Macau, “a SJM mantém a confiança no mesmo e o seu compromisso para com o futuro de Macau”. A empresa tem prevista a abertura do Grand Lisboa Palace, um novo ‘resort’ com casino, na ‘strip’ de Macau, para 2017. “Continuamos a fazer bons progressos na construção do nosso Grand Lisboa Palace, e por volta do fim do ano esperamos concluir a renovação do complexo Jai Alai, assim como renovações importantes no ‘lobby’ e quartos de hotel no Grand Lisboa”, disse Ambrose So. As receitas brutas dos casinos de Macau caíram 4,5% em Julho, comparando com o mesmo mês de 2015, para os 17.774 mil milhões de patacas, segundo dados oficiais conhecidos ontem. Em termos acumulados, nos sete primeiros meses do ano, as receitas dos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo, diminuíram 10,5% em relação ao mesmo período de 2015 (variação homóloga). Este foi o 26.º mês de quedas homólogas consecutivas nas receitas dos casinos de Macau, que são a fonte de mais de 80 por cento das receitas públicas da região e o pilar da economia local.
Hoje Macau Manchete SociedadeAmamentação | Governo promete 68 salas até fim do ano Os Serviços de Saúde anunciaram a abertura de 68 salas de amamentação, bem como nova legislação para estender a medida a todos os serviços públicos. A notícia foi avançada durante a cerimónia de entrega de louvores para a promoção de aleitamento materno, no sábado passado [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té ao final de 2016, o Governo pretende criar 68 salas de amamentação em 15 serviços da tutela do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. O anúncio foi feito pelo director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, durante a entrega de louvores a entidades envolvidas na promoção de aleitamento materno. O responsável fez saber também que será criada legislação no sentido de regulamentar a criação de salas obrigatórias em todos os serviços e entidades públicas, como aliás tinha já sido referido no hemiciclo. Com estas medidas, os SS esperam inspirar o sector privado e incentivar as instituições não-governamentais a fazer o mesmo. As medidas vão “no sentido de se criar um ambiente mais favorável para as mães que amamentam”, referiu Lei Chin Ion, citado num comunicado. A título de exemplo, o director dos SS referiu ainda que “todos os Centros de Saúde já possuem uma sala de amamentação (…) e que muitas entidades cívicas já implementaram medidas para apoiar as trabalhadoras e residentes que amamentam, disponibilizando espaços ou tendo criado salas de amamentação”. Segundo informações dos SS, em 2015 nasceram em Macau 5700 bebés entre os quais 5100 (cerca de 88%) foram amamentados por leite materno e mais de 630 (cerca de 11%) foram amamentados exclusivamente com leite materno durante quatro ou mais meses. Para o Governo, estes números evidenciam que as políticas desenvolvidas no sentido da promoção do aleitamento materno estão a obter resultados positivos, uma vez que, em 2013, as mães que amamentavam situavam-se nos 55%. Ainda assim, o Governo diz ser necessário desenvolver mais actividades de forma a apoiar e dar atenção às mães trabalhadoras que ainda possam sentir dificuldades para conseguir amamentar os seus filhos. Durante a cerimónia para a entrega de louvores, que contou com a parceria da Associação de Amamentação de Macau e de diversas mães, a presidente da Associação afirmou que “a promoção activa dos SS no apoio ao aleitamento materno tem permitido um aumento constante da taxa de amamentação”. A responsável acredita, por isso, que a “divulgação das directrizes dos equipamentos e de gestão da sala de amamentação irá permitir que mais serviços públicos possam melhorar as actuais salas de amamentação, incentivando que mais empresas privadas possam seguir o exemplo”.
Hoje Macau SociedadeMelco quer mesas VIP no Studio City mesmo com aumento das receitas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Melco Crown quer ter mesas para grandes apostadores no casino que abriu no ano passado e que inicialmente tinha decidido dedicar a 100% ao mercado de massas. O presidente-executivo da empresa, Lawrence Ho, disse que a expectativa é conseguir autorização do Governo para 30 mesas de jogo VIP no Studio City, que “melhorarão” os resultados do resort. “Ter alguma presença [de jogo] VIP irá provavelmente ajudar o resto da oferta não jogo” e posicionar melhor o Studio City, acrescentou Lawrence Ho, citado pelo site especializado em jogo GGRAsia, numa conferência com analistas na quinta-feira à noite, a propósito da apresentação dos resultados da Melco Crown no segundo trimestre deste ano. A empresa espera que o Governo tome uma decisão ainda este mês ou no início de Setembro e pretende dar a exploração de dois terços dessas mesas VIP a junkets. A 6 de Julho a agência Bloomberg havia já anunciado que o Studio City planeava abrir salas de grandes apostadores, mexendo na estratégia inicial que fez do complexo o primeiro sem espaços de jogo VIP em Macau. A operadora anunciou a semana passada que aumentou as receitas líquidas em 17% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2015, devido, em parte, ao novo resort. As receitas líquidas do grupo entre Abril e Junho ascenderam a mil milhões de dólares norte-americanos e o aumento deve-se, “em primeiro lugar” ao Studio City e ao aumento das receitas do City of Dreams Manila – nas Filipinas -, segundo um comunicado da Melco Crown. “O Studio City (…) está ainda em fase de crescimento e a posicionar-se para maiores aumentos de receitas e lucros no futuro”, considerou Lawrence Ho. De portas abertas desde 27 de Outubro de 2015, o Studio City nasceu totalmente focado no mercado de massas e, sobretudo, na classe média chinesa. A abertura de salas VIP tem como objectivo ajudar a compensar a diminuição de quase 83% nos lucros líquidos que a Melco Crown sofreu no ano passado, segundo as fontes da Bloomberg.
Joana Freitas Manchete SociedadeEmigrantes | Consulado garante salvaguarda de dados pessoais A imprensa portuguesa indica que o fornecimento de dados pessoais de cidadãos portugueses no estrangeiro está suspenso, enquanto se aguarda por um outro parecer, mas o Consulado em Macau garante que nada será fornecido sem autorização dos residentes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretaria de Estado das Comunidades terá já mandado suspender a possibilidade de serem fornecidos dados pessoais dos cidadãos portugueses no estrangeiro. Ainda assim, o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong assegura que não tem por hábito dispensar estes dados sem autorização. Um artigo da imprensa portuguesa dava na sexta-feira conta que, desde o dia 1 de Agosto, é possível serem disponibilizados o nome, a morada, o telefone e até número do cartão de cidadão de portugueses a residir no estrangeiro. O jornal “O Observador” indicava que o acesso aos registos sobre qualquer emigrante inscrito num consulado português é livre, podendo qualquer pessoa pedir estes dados junto dos serviços consulares do país ou região onde o cidadão se encontre, excepto nos casos em que o emigrante tenha dado indicação expressa de querer manter os seus dados confidenciais. A decisão teria resultado num parecer da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), publicado em inícios de Junho e que passou a ser posto em prática no dia 1 de Agosto, de acordo com o que a Secretaria de Estado das Comunidades garantiu ao jornal. Contudo, uma notícia deste fim-de-semana do jornal “Público” assegurava que os consulados que facultarem dados pessoais dos emigrantes a terceiros arriscam-se a serem multados ou mesmo a cometerem um crime. O diário citava a Comissão Nacional da Protecção de Dados e a Secretaria de Estado das Comunidades, que “veio dizer que tinha mandado suspender a disponibilização dos dados dos emigrantes, uma vez que estava à espera de um parecer da Comissão”. Tudo vedado Ao HM não foi possível confirmar a situação, devido à impossibilidade de contactar tanto a Secretaria em Portugal, como os conselheiros portugueses em Macau. Ainda assim, o Consulado-Geral português em Macau assegura que, seja qual for a situação, não vai fornecer dados. “No que diz respeito aos pedidos referenciados, nomeadamente em situações de ‘pedidos de paradeiros de cidadãos portugueses residentes ou localizados no estrangeiro, apresentados por particulares, na sua maioria familiares e amigos, que pretendem saber a sua morada e contactos, pelas mais variadas razões’, é nossa prática e procedimento comum consultar primeiramente o cidadão inscrito em causa informando-o do pedido que recebemos. Só no caso de concordância do mesmo é que fornecemos os seus contactos e, regra geral, o correio electrónico, a terceiros”, pode ler-se numa nota colocado na página do Consulado e confirmada ao HM pelo chanceler Ricardo Silva. O responsável confirmou ainda que os dados só são pedidos juntos do Consulado onde o cidadão estiver registado, o que significa que, no caso dos portugueses registados em Macau, o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal também não pode ceder os dados se o cidadão não deu autorização cá no território para que tal aconteça. Ainda que o Consulado garanta que não é costume ceder os dados, os responsáveis avisam que os cidadãos poderão enviar um email para macau@mne.pt para impedir que tal aconteça. As informações sobre a nova circular são escassas, desde logo começando pelo facto do parecer que dava autorização ao fornecimento dos dados não estar sequer disponível online. A cedência dos dados viria na sequência de “diversos pedidos” de familiares e amigos, “maioritariamente”, sobre o paradeiro de alguns portugueses, mas também poderá servir, por exemplo, para a instauração de processos judiciais.
Joana Freitas SociedadeHomem morto nos NAPE poderá afinal ter-se suicidado [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]homem que foi encontrado morto num hotel dos NAPE poderá, afinal, ter cometido suicídio. É o que diz a Polícia Judiciária, depois de, numa primeira versão, ter informado que o homem teria sido esfaqueado por duas outras pessoas. O caso remonta ao fim-de-semana passado, quando um homem foi encontrado numa casa-de-banho de um hotel “com uma perfuração de cerca de cinco centímetros no peito”. Seria um jogador que foi sequestrado por dois homens devido a um esquema de agiotagem. Agora, a PJ diz que o ângulo do ferimento provocado pela faca deixa em aberto a possibilidade de suicídio, tendo sido até o próprio homem a comprar a arma, devido “a dívidas de jogo”. “O falecido foi comprar uma faca num supermercado ali perto, sozinho. Não descartamos a possibilidade de ter sido um suicídio, de acordo com a perícia médica e a julgar pelo ângulo da ferida. Mas ainda estamos a investigar”, frisou à TDM um porta-voz da PJ. A vítima, da China continental, deveria cerca de 30 mil dólares de Hong Kong a um agiota. Segundo a TDM, era a segunda vez que tal acontecia, sendo que, da primeira, foi o filho quem pagou as dívidas. O homem voltou a pedir dinheiro ao mesmo agiota, o que o fez ser vigiado constantemente por dois homens contratados, que estariam no quarto com ele. Foram estes que chamaram a amiga da vítima que deu o alerta às autoridades. São suspeitos, mas ainda não foram encontrados pelas autoridades. Já o alegado cabecilha do grupo foi detido nas Portas do Cerco. A investigação continua, sem a PJ descartar tanto a possibilidade de suicídio, como homicídio.
Joana Freitas SociedadeTabaco | Mais de 35 mil acusados desde 2012. Cibercafés no topo Os cibercafés e os jardins são os locais onde mais infractores da Lei do Tabagismo são encontrados. Os Serviços de Saúde anunciaram a existência de mais de 35 mil acusações desde que entrou em vigor o diploma, sendo que só este ano já houve quase quatro mil [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um milhão de inspecções e mais de 35 mil acusações. São estes os números referentes à aplicação da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo desde que esta entrou em vigor, em Janeiro de 2012. Só este ano, já foram multadas quase quatro mil pessoas. “Desde a entrada em vigor da lei os agentes de fiscalização de controlo do tabagismo realizaram, no total, 1.161.012 inspecções a estabelecimentos e registaram 35.084 acusações a pessoas que foram identificadas a fumar em locais proibidos”, pode ler-se num comunicado. Os dados são dos Serviços de Saúde (SS), que indicam que foi feita uma média de 871 inspecções diárias só este ano. Assim, entre Janeiro e Julho foram realizadas 185.488 inspecções a estabelecimentos e registadas 3937 acusações. A maioria diz respeito a pessoas que fumaram em locais proibidos (3932 casos), tendo ainda sido detectados cinco casos de venda de produtos de tabaco que “não satisfaziam as normas de rotulagem”. A esmagadora maioria dos “fumadores ilegais” (92,2%) são homens, contra os 7,8% de casos registados entre mulheres. Mais de 1350 multas foram aplicadas a turistas, mas são os residentes que perfazem a maioria dos infractores (2404). Apenas 172 infracções foram cometidas por trabalhadores não-residentes. Em 150 casos foi necessário o apoio das Forças de Segurança, mas desde o início do ano que 81,3% dos infractores pagaram a multa. Por todo o lado Os cibercafés continuam no topo dos locais onde se continua a fumar sem autorização, perfazendo um total de 686 casos. Mas parques e zonas de lazer também figuram entre os sítios preferidos para acender o cigarro (12,6%), com os estabelecimentos de jogos e diversão a suceder na lista. Quem fuma ilegalmente nos casinos fica de fora das contagens gerais. No primeiro semestre deste ano foram feitas 282 inspecções aos casinos de Macau, de onde saíram 337 acusações – destas pessoas 269 eram turistas. Entre as 1800 chamadas telefónicas que os SS dizem ter recebido, 1259 foram queixas.
Angela Ka SociedadeEscolas da Diocese reagrupadas e renomeadas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]partir do ano lectivo 2017/2018, parte das escolas subordinadas à Diocese de Macau vai ser renomeada e reagrupada. A Escola do Santíssimo Rosário, que vai suspender o seu funcionamento já no próximo ano lectivo, será integrada na Escola Madalena de Canossa e no Colégio Diocesano de São José. Segundo o Jornal Ou Mun, a Diocese já solicitou à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) a sua integração na rede de ensino gratuito, assim como a mudança de nome para o Colégio Diocesano de São José de Toi San. Prevê-se que a partir do ano lectivo 2017/2018, esta escola possa oferecer ensino gratuito. O colégio, que se situa na zona Toi San, aumentou a propina três vezes em três anos consecutivos, o que levou os pais a entregar uma assinatura conjunta à Diocese no início do ano. Segundo resposta escrita do bispo, na altura, a Diocese iria estudar a viabilidade da integração da escola na rede de ensino gratuito. Também a Escola Madalena de Canossa, no Fai Chi Kei, vai integrar a Escola do Santíssimo Rosário e vai passar a chamar-se Escola Madalena e tornar-se num estabelecimento de ensino inclusivo, oferecendo também ensino especial. Além disso, a Diocese solicitou a isenção do exame dos alunos da escola para a entrada no Colégio Diocesano de São José de Toi San. Já o sexto Colégio Diocesano de São José, que se localiza na Ilha Verde e está em reconstrução, vai passar a chamar-se Colégio Diocesano de São José da Ilha Verde. Os colégios Diocesanos de São José, do primeiro ao quarto, vão ter o nome conjunto de Escola Primária Diocesana de São José, conforme a sua localização, que se separa nas secções de São Lázaro, Travessa dos Anjos e da Rua da Sé. A DSEJ já recebeu as solicitações e está em processo de análise.
Joana Freitas SociedadeDSEC | Intercensos durante mês de Agosto questionam factores económicos O Governo vai entrevistar 33 mil famílias para apurar a evolução demográfica da população, mas também para perceber se a queda nas receitas dos casinos afectou o emprego dos residentes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) vai realizar os Intercensos de 7 a 21 de Agosto. O objectivo passa por actualizar a base de dados da população, mas também tem uma vertente económica, querendo analisar quantas pessoas mudaram de emprego por causa da queda das receitas do jogo, de acordo com a rádio Macau. Um comunicado dá a conhecer o início da actividade, que vai questionar famílias em 33 mil casas seleccionadas, mas numa explicação à rádio, a DSEC indica que o impacto da recessão económica no mundo do trabalho é uma das grandes perguntas a responder, dada a diferença económica com que Macau se depara desde os últimos Censos, feitos em 2011. “Já vai uma diferença de cinco anos e queremos compreender a situação do emprego. Como estamos numa fase de mudança na economia de Macau também queremos aproveitar esta oportunidade para saber [informações] sobre a mudança de emprego e de posto de trabalho, para destacar esta situação na economia de Macau”, explica à rádio Mark Mak, subdirector substituto da DSEC. No questionário, que será feito electronicamente, DSEC quer também recolher informações sobre o dia-a-dia das pessoas com mais de 60 anos. O questionário não é, como de costume, feito porta a porta, sendo que dois funcionários do organismo vão deslocar-se às casas das pessoas apenas para confirmar os dados. A DSEC quer promover plenamente o uso do questionário electrónico e diz-se “atenta à segurança”. Segundo a rádio, foram recrutadas 840 pessoas para os Intercensos, cujos resultados provisórios vão ser divulgados em Setembro.
Claúdia Tang SociedadeIPIM aprova 33 pedidos para programa de convenções [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) recebeu até meados de Julho 48 solicitações para o “The Convention and Exhibition Stimulation Program”, segundo revela o Jornal Ou Mun. Desses pedidos, 33 foram aprovados e envolvem um valor de cerca de 13 milhões de patacas. O mesmo instituto recebeu também 20 solicitações para o “The International Meeting and Trade Fair Support Program” e aprovou 11, que envolvem aproximadamente nove milhões de patacas. O Presidente do IPIM, Jackson Chang, disse que as aprovações têm de ser feitas com rigor, isto é, tem de ser feita uma avaliação de forma geral e caso o tema corresponda ao desenvolvimento e à escala de Macau, pode avançar. As autoridades admitiram que o financiamento desceu em comparação ao ano passado, porém de uma forma geral o dinheiro, que pretende apoiar o sector das convenções, mantém-se. Nos últimos anos, o sector de Convenções e Exposições de Macau tem ganho reconhecimento a nível internacional, de acordo com um relatório do “The Global Association of the Exhibition Industry (UFI)” que indica que Macau foi o melhor mercado de Exposições na Ásia em 2014. “Macau é muito competitivo neste sector dado que os sítios da cidade se encontram próximos”, assegura o presidente. Foi recentemente criado pelo IPIM o serviço de “One-stop Service” para o sector das feiras, com vista a facilitar aos organizadores o reconhecimento de locais para a realização de exposições.
Joana Freitas Manchete SociedadeÁgua | Pedidos “incentivos” para qualidade nos privados, mas Macau não tem padrão Macau continua sem um padrão a ser seguido pelos donos de prédios privados para garantir a qualidade da água que sai das torneiras. Beber de lá, sim, mas só se fervida. Entretanto, representantes de Conselhos Consultivos vão pedindo ao Governo mais incentivos para que o problema possa ser resolvido. Até porque Macau não tem um laboratório privado para eventuais pedidos de análise [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]embros do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Norte pediram ontem ao Governo “incentivos” para que a qualidade da água nas habitações privadas seja garantida. Mas, o facto de não se conseguir estabelecer um padrão a seguir por proprietários e empresas faz com que beber água da torneira seja ainda uma acção a evitar. Numa reunião com a Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), Lam U Tou, membro do Conselho, instou o Executivo a fazer mais do que ao que está ao seu alcance para garantir que a água que sai das torneiras seja minimamente potável. O responsável sugeriu que a RAEM tome como referência o plano “Quality Water Supply Scheme for Buildings – Fresh Water”, de Hong Kong. O projecto permite que os prédios que nele participam possam fazer regularmente análises da água, de forma a que o abastecimento de água secundário atinja os padrões de qualidade definidos pela Organização Mundial de Saúde para a água sob gestão pública. Como a manutenção dos canos é “a principal forma de tal acontecer”, como se pode ler no site que apresenta o esquema, os donos dos prédios que aderirem ao plano podem pedir incentivos monetários para manutenções. Em contrapartida, se cumprirem a qualidade, os prédios recebem certificados que têm como intuito “aumentar a confiança” dos moradores face à água que lhes corre no corpo e para o copo. Padrão desconhecido Apesar da água que entra em Macau – e que vem, na sua quase totalidade, de Zhuhai – ser supervisionada e testada pelo Governo, que tem que cumprir padrões de qualidade específicos, não há qualquer lei em Macau que obrigue o Governo ou a Sociedade de Abastecimento de Águas (SAAM) a responsabilizar-se pela água que corre nas habitações privadas. A água que chega às torneiras dos prédios que não são de habitação pública não é sujeita a qualquer regulação e se é apropriada ou não para beber vai depender da vontade dos proprietários do prédio. Até porque, como explica Tiago Wong ao HM, não há um padrão que os privados tenham de seguir. “A nossa responsabilidade cinge-se até à rede pública. A responsabilidade de garantir a qualidade da água [nos prédios] privados é dos proprietários. E não há regulamento sobre como o Governo, ou a SAAM, pode garantir a qualidade da água dentro dessas áreas privadas”, começa por dizer o responsável da DSAMA e membro do Grupo de Trabalho para a Construção de Uma Sociedade Economizadora de Água. “Ainda não há qualquer referência sobre critérios ou padrão sobre a água da torneira dos privados e neste momento não é fácil criar um padrão ou lei para esses prédios.” Um dos problemas que Tiago Wong aponta para a inexistência desse padrão é a necessidade de recolher dados sobre outros locais do mundo “para perceber primeiro como é que se pode estabelecer” essa medida. O outro é que é “difícil chegar a um consenso”: se o Governo definir um padrão muito alto, defende, é difícil para as empresas de gestão de prédios ou proprietários individuais atingirem-no. Se, por causa disso, o padrão for mais baixo também acaba por não merecer a confiança suficiente da população de que a qualidade está garantida. [quote_box_left]“Ainda não há qualquer referência sobre critérios ou padrão sobre a água da torneira dos privados” – Tiago Wong, responsável da DSAMA[/quote_box_left] Promoções e pouco mais Como recorda Lam U Tou, e como o próprio Executivo admite, o Governo consegue garantir que a água potável atinja os critérios mundiais no momento em que chega de Zhuhai e entra em Macau. Na Estação de Tratamento de Águas Residuais “é garantida” a dessalinização e a limpeza. Mas esta água tem um outro percurso pela frente: do reservatório do Governo para o reservatório dos edifícios privados. E, se bem que alguns prédios, segundo um representante de empresas de gestão predial que preferiu não ser identificado, até tenham os reservatórios dos prédios limpos, os canos não estão. Essas canalizações, que são da responsabilidade dos proprietários, estão “enferrujadas, corroídas e cheias de bactérias”, como frisa o representante e como a própria SAAM expressou num relatório de contas lançado em Abril deste ano. Numa visita a um prédio na Taipa, o HM conseguiu comprovar isso mesmo. E, como referiu o responsável desse edifício ao HM, existe a intenção, em alguns edifícios, de substituir as canalizações, mas isso é “um trabalho infindável, especialmente se os prédios forem altos”. Tiago Wong alinha na mesma opinião. “Por exemplo, se os prédios forem até seis andares, normalmente, o abastecimento de água é directo da rede pública e não faz mal [beber]. O problema são os prédios altos e os canos.” Lam U Tou quer que o Governo entre em acção, ainda que, na falta de leis, o Executivo não possa obrigar os proprietários a reparar canos e a fazer limpezas dos reservatórios. Então, o que pode fazer, agora, o Governo? Tiago Wong, aqui no reservatório em Coloane A questão das habitações públicas está salvaguardada, como relembra Tiago Wong e como já referiu publicamente Susana Wong, directora da DSAMA, aquando escândalo de chumbo na água que atingiu os prédios públicos em Hong Kong. O Instituto de Habitação (IH) conseguiu chegar a acordos com os gestores das fracções de habitação pública, para que a água que sai das torneiras nos prédios de habitação seja minimamente potável. Para os que ficam fora da rede de habitação pública, Tiago Wong explica ao HM a solução que o Governo apresenta, para já: promoções e formação técnica. “Agora é o que podemos fazer, prestar informações e formação técnica para melhorar os conhecimentos sobre a manutenção do sistema dentro dos edifícios privados, ajudar a que tenham mais formação para ajudar a que mantenham as boas condições e usem os materiais adequadas [para a construção de reservatórios ou canalizações]. No caso destes prédios privados, como exemplificam ao HM, as taxas de condomínio não contam com a reparação das canalizações: são custos adicionais, que às vezes até obrigam ao aumento da taxa de condomínio em casos onde os prédios querem mesmo reparar as tubagens. Bebe o chá Na reunião de ontem do Conselho Consultivo, Choi Tat Meng, membro do grupo, revelou que a intenção do encontro foi pedir ao Governo que impulsione ainda mais a formação de técnicos e que estabeleça também um regime de licença profissional para estes profissionais, de forma a assegura que os reservatórios são bem limpos. O Governo, diz, precisa de tempo. Para já, portanto, cabe ao público preocupar-se com esta situação. Mas, e se quiser fazer análises à água que tem em casa? Essa pode ser uma situação complexa, porque Macau não tem um laboratório privado para análise. “Se quiser fazer a verificação sobre a qualidade da água tem de ir para Hong Kong ou outro local. Não há qualquer laboratório da empresa que possa fazer a análise à agua, só o do IACM ou da SAAM, mas não é privado. Não há capacidade para isso, o que é um problema. Os recursos financeiros também podem ser um problema, porque é preciso pagar”, frisa Tiago Wong ao HM. O IACM explica ao HM que, caso exista uma queixa por parte de um cidadão relativamente à qualidade da água de um edifício privado, o laboratório envia pessoal para verificar as condições do abastecimento de água. E “caso se observe uma situação anormal, o laboratório irá recolher uma amostra da água para análise.” Mas o responsável da DSAMA alerta: se todos os residentes fizessem isso, o IACM não teria capacidade para tratar do problema. “Se houvesse capacidade, eles fariam”, assegura. Lam U Tou apela por isso ao público para ter esta consciência e alertar também os proprietários dos prédios privados para o problema. Para já, beber água da torneira só se fervida ou depois de filtrada. Chá, como apurou o HM, é sempre a saída preferida. E a engarrafada? Por um preço como 35 patacas consegue comprar um garrafão de cinco litros de água. Mineral, de marca chinesa e com um rótulo onde se pode ler “inspeccionado”, este tipo de garrafões de água é um dos mais comummente utilizado por escritórios e locais públicos. Mas não existe, na realidade, qualquer selo de qualidade que garanta a qualidade do produto. Questionado sobre o assunto, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) assegura, ainda assim, a fiscalização. “Para garantir a segurança da comida, o Centro de Segurança Alimentar tem continuamente fiscalizações de rotina dos alimentos vendidos em Macau, onde se inclui a água engarrafada”, explica ao HM o IACM. “Desde 2014 que o Centro recolheu mais de 224 amostras de garrafões desta água para análises microbiológicos, químicos e de sensibilidade. As amostras incluem diferentes marcas e embalagens.” De acordo com o IACM, nos testes está incluída a despistagem do E. Coli, a presença de cloro, cianeto, tetracloreto de carbono, nitrato, nitrito e permanganato. “Até agora, todos os resultados foram satisfatórios e o Centro vai continuar a monitorizar a segurança da água engarrafa. Se houver qualquer anomalia, tomaremos logo acções”, promete ainda o instituto, que não dá, contudo, detalhes sobre a possibilidade de criação de um selo de qualidade. Revisão de Regulamento de Drenagem em 2017 Tiago Wong, da Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, garantiu ao HM que o organismo está a preparar a revisão do Regulamento de Drenagem de Águas Residuais, sendo que “uma proposta vai ser entregue em 2017”. O regime existe desde 1996, como relembrou Lam U Tou, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Norte. O responsável pede, por isso, que o Governo actualize o padrão para a qualidade de água e implemente ainda critérios para assegurar a qualidade “dos tubos de água recém-construídos”. Sabia que… A capacidade efectiva dos reservatórios locais é de 1,9 milhões de metros cúbicos de água? E que esta pode satisfazer apenas nove dias de consumo local? Quase toda a água de Macau é importada e a sua origem é o Rio Xi? Números 63,4 mil metros cúbicos de água são consumidos anualmente em Macau. Desta, 43% é consumida em casa 96% da água é importada de Zhuhai Mais infra-estruturas a caminho Para o próximo ano, segundo a DSAMA, será concluído mais um tubo para o transporte de 200 mil metros cúbicos de água por dia. Este vai ligar Macau e Guangdong, possibilitando o transporte da água directamente da Ilha da Montanha para a Taipa e Coloane. Já em 2018, o Governo prevê a conclusão das tubagens que vão ligar Pingang, em Zhuhai, à estação de transferência que se localiza em Guangchang. Depois a água vai entrar em Macau através das Portas do Cerco. O tubo vai ter um comprimento de 20 km e a quantidade de água transportada por dia conseguirá atingir um milhão de metros cúbicos.
Angela Ka Manchete SociedadeDSEJ | Sistema de avaliação uniforme para alunos em consulta pública Apesar do decréscimo da taxa de repetentes nas escolas do ensino não superior, a DSEJ avança com a uniformização da avaliação aos alunos. O projecto para a reforma do regime estará em consulta pública até ao final de 2016 [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Executivo vai lançar um novo regime de avaliação de alunos, que está marcado para ir a consulta pública até ao fim do ano, garante a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). A iniciativa está aliada à taxa de reprovação dos alunos do ensino não superior que, ainda que tenha registado uma quebra nos últimos anos, sempre foi alta. Agora, o regime de avaliação dos alunos tem o objectivo de regular os diferentes padrões utilizados na avaliação de cada escola do território, que ascende, neste momento, a mais de 120. A criação de um só padrão de avaliação para substituir os muitos existentes traz algumas novidades. A comissão especializada para o regime de avaliação dos alunos e constituída pelo Conselho de Educação para o Ensino Não Superior concluiu, após análise de vários casos, que é necessário impulsionar esforços num sistema diversificado, ao invés do que tem sido feito e em que o foco está num sistema de avaliação sumativo baseado nos resultados obtidos pelos alunos em provas escritas. Uma sugestão é uma proposta que elimine a possibilidade de chumbo dos alunos durante a escolaridade primária. Para o quinto e sexto ano está em aberto a fixação de uma taxa de estudantes repetentes não superior a 4% e 8% respectivamente. A DSEJ já está no processo da elaboração dos documentos consultivos e preparação dos trabalhos, de modo a que a consulta pública seja realizada antes do final de 2016. Em resposta a uma interpelação escrita de Chan Meng Kam, que questiona o Governo acerca das medidas para resolver o problema de alta taxa de repetência e que alerta para a existência em Macau de mais de 120 padrões de avaliação, a DSEJ não parece, contudo, concordar com o deputado. O organismo afirma até que é esta diversidade de sistemas de avaliação que tem contribuído para a diminuição da taxa de alunos repetentes pelo que se constata que “obteve resultados efectivos”, como afirma a entidade. Em 1999/2000, a taxa de repetição nas escolas primárias, secundárias gerais e secundárias complementares foi de 7,3%, 15,6% e 7,6% respectivamente. Em 2013/2014, a percentagem no ensino primário caiu para 2,5%, sendo que no primeiro ao quarto ano não se registaram chumbos em parte das escolas. A taxa da escola secundária geral foi de 8,5%, e da secundária complementar de 3,4%, indica a DSEJ que vai, contudo, avançar com o plano uniforme. O desenvolvimento dos currículos também tem lugar a alterações. Devido ao Quadro de Organização Curricular da Educação Regular o ano lectivo passou de um mínimo de 180 dias para 195. A iniciativa tem como objectivo diminuir o número de aulas diárias dos alunos dando aos pupilos mais tempo para entender os conteúdos que vão aprendendo.
Hoje Macau SociedadeBNU com aumento de lucros no primeiro semestre [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]BNU em Macau teve lucros de 278,5 milhões de patacas no primeiro semestre, mais 17% do que no mesmo período de 2015, disse à Lusa o presidente executivo do banco. Pedro Cardoso destacou que este resultado líquido segue “a senda dos últimos quatro anos”, sendo este “o quinto ano consecutivo de subida do volume de negócios e da rentabilidade” do BNU, que pertence ao grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD). Segundo os dados, o volume de negócios cresceu 16,9% no primeiro semestre, um ritmo de crescimento “mais moderado do que no passado” e “mais expressivo nos depósitos do que nos empréstimos” devido, essencialmente, à diminuição da procura de crédito associada à situação da economia local, por causa do ajustamento do sector do jogo. “Neste momento, estamos a crescer [no crédito] a um dígito percentual e no passado crescíamos claramente a dois dígitos”, explicou, acrescentando que “quando este ajustamento começou”, há mais de dois anos, “o banco estava num processo de reestruturação e a colher frutos da segmentação e esse efeito não foi imediato”. “Por outro lado, também é natural que numa fase do ciclo económico menos favorável” as instituições financeiras sejam “um pouco mais selectivas” em termos “de filtro” quando concedem créditos, disse ainda. Segundo Pedro Cardoso, a contracção do sector do jogo em Macau – pilar da economia, que fez cair o PIB da região mais de 20% no ano passado e 13,3% no primeiro trimestre de 2016 – tem ainda impacto, na actividade do banco, a nível “de negócio gerador de comissões”, relacionadas, por exemplo, com processamentos de pagamentos com cartões de crédito. No entanto, a evolução positiva de outras áreas “dentro desse universo”, ligadas às caixas automáticas, emissão de cartões de crédito ou seguros, “têm mitigado” o impacto associado ao jogo, afirmou. Na generalidade, e face à situação da economia local, o BNU está mais cauteloso “em termos de visto de crédito” e “ainda mais cuidadoso no controlo das despesas”, como “é natural”, explicou. Pedro Cardoso destacou que as despesas do banco subiram 2,8% em relação ao primeiro semestre de 2015 e sublinhou a “qualidade da carteira de crédito”, com o incumprimento há mais de 90 dias a não ir além dos 0,17%. Por outro lado, o BNU continuou a aumentar o número de clientes em Macau: no final de Junho eram quase mais nove mil do que há um ano e aproximavam-se dos 220 mil, perto de um terço da população da cidade.
Joana Freitas Manchete SociedadeSMG | Prevista revisão do sistema de chuvas, mas não de tufões Há um medidor de vento avariado na Ponte da Amizade, indicaram ao HM os SMG, que dizem estar a ponderar a reclassificação das chuvas fortes. Quanto ao sistema de tufões, fica como está [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer melhorar o sistema de emissão do sinal de chuvas intensas, mas não tem intenção de rever o procedimento de medição de tufões. É o que diz Fong Soi Kun, numa resposta à deputada Wong Kit Cheng e ao HM, onde também é confirmada a avaria de um medidor de vento e algumas dificuldades em previsões mais acertadas. A deputada questionava os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) sobre as medidas de melhoria na classificação do tempo, evocando “três falhas” só nos primeiros cinco meses do ano e criticando “as faltas de precisão”. Na resposta, sobre as chuvas, o director dos SMG indica que o organismo está a estudar “os dados de precipitação e a rever a situação do sinal de chuva intensa nos últimos anos, a fim de melhorar o sinal de chuva intensa”. Os SMG indicam revelam ainda que “tem em conta a necessidade social e de desenvolvimento de técnicas meteorológicas, a fim de prestar um melhor serviço meteorológico à população”. A ideia é que, frisa, todos os sectores sociais se possam preparar atempadamente “para responder ao mau tempo”, sendo que está mesmo a ser repensada a viabilidade de “reclassificação do sinal de chuva intensa”. Em Hong Kong, Taiwan e interior da China o sinal de chuvas intensas tem vários níveis, algo pedido para o território pela deputada. E o vento? Wong Kit Cheng interrogava também os SMG sobre novos equipamentos a introduzir. O HM também quis saber se o organismo tenciona fazer algum tipo de revisão ao sistema depois de, em 2006, o mecanismo de Hong Kong – no qual Macau se baseia – ter sido alterado devido a incidentes. A resposta não foi muito elucidativa, mas indica que não será feita qualquer alteração. “O sistema de Macau não sofreu, de momento, qualquer alteração pois na sua globalidade os dois sistemas são muito parecidos. Isto é, existem poucas diferenças entre ambos.” Que o sistema é semelhante, a Novo Macau já tinha referido nesta terça-feira, dia em que entregou uma carta aos serviços dirigidos por Fong Soi Kun a pedir esclarecimentos sobre o facto de não ter sido içado o sinal oito de tufão. Mas a Associação pró-democrata também mencionava a existência de uma revisão no sistema da RAEHK “por incidentes”. Ao que o HM conseguiu apurar, esses incidentes dizem respeito à introdução de um sistema que alerta para a mudança da velocidade do vento de dez em dez minutos, algo que falta a Macau. Já à deputada, Fong Soi Kun, que respondeu a 28 de Julho, diz existirem novos “wind-profiler” e radiómetros, “destinados à detecção da variação do vector do vento e humidade” e que ajudam nas chuvas intensas e em casos de tufão. Mas o director fala também em limites e “dificuldades grandes” face à previsão quantitativa do tempo “referente a hora e locais específicos”. Os SMG admitem também na resposta ao HM que há um – entre os 15 medidores de vento em Macau – danificado. “Está localizado na parte sul da Ponte da Amizade. Todos os outros estão em bom estado de conservação e por esse motivo fazem uma avaliação válida”, garantem os serviços. Mais deputados ao ataque Ainda no rescaldo do tufão Nida, foram vários os deputados que ontem criticaram os SMG, por “não terem um critério claro de lançamento de sinais e pela sua hesitação”. Ho Ion Sang e Ella Lei juntam-se aos que já expressaram a opinião na terça-feira para “exigir uma auto-avaliação” dos serviços. O deputado Ho Ion Sang diz que os SMG não conseguiram proporcionar dados meteorológicos correctos e que a sua explicação não foi aceitável. Já Ella Lei fala em falta de critérios e questionou o serviço sobre “se as instalações estão a funcionar bem e se reflectem a actual situação metrológica”. Pereira Coutinho não exclui a “possibilidade de conluio entre comerciantes e oficiais do Governo e exige a intervenção do Comissariado contra a Corrupção”, tendo marcada para hoje a entrega de um pedido de investigação.
Hoje Macau SociedadeMelco cria salas de aleitamento para trabalhadoras [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]alas de aleitamento “totalmente equipadas, especialmente criadas para dar um ambiente calmo e acolhedor” foram recentemente criadas pela Melco Crown. Os espaços são totalmente dedicados às trabalhadoras do grupo que foram recentemente mães. Os espaços, localizados no City of Dreams, Studio City, Altira Macau e nos escritórios da sede da empresa, foram ontem inaugurados. Um comunicado da operadora indica que as salas foram especialmente decoradas para terem um ambiente acolhedor e tranquilo, “dispondo de cadeiras confortáveis, fontes de água, luz ambiente, bombas para tirar leite e sistema de refrigeração para armazenamento do leite”. Sandra Lou, representante do Mocha Club, sala de jogo que fica dentro dos casinos da Melco, admite que “são ainda uma minoria as mulheres que decidem amamentar”, mas o objectivo da empresa é impulsionar nesse sentido, para que seja dado “o melhor” às crianças. Já Akiko Takahashi , chefe do Gabinete dos Recursos Humanos do grupo, diz que “olhar pelos empregados sempre foi uma prioridade para a empresa”. Para além das condições físicas, são também, dados mais períodos de intervalos para que as mães possam dar de mamar sempre que for necessário. A implementação destas salas surge depois de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, ter assegurado a intenção de se criarem salas de aleitamento nos serviços públicos, como forma de promover a amamentação, algo que não é comum em Macau.
Joana Freitas SociedadeTUI dá razão a Melco Crown em caso de dívidas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Melco Crown conseguiu sair vitoriosa de um recurso, depois do Tribunal de Última Instância (TUI) considerar que a empresa deveria ser compensada por um caso com um promotor de jogo. Mas o caso, que remete a 2011, começou com um processo anterior onde esse mesmo promotor de jogo seria a vítima. Foi em 2009 que dois promotores de jogo se apropriaram de fichas de jogo no valor de mais de 58,9 milhões de patacas, quando iriam “ajudar” o patrão de uma sala VIP de um casino da Melco a fazer o levantamento de receitas e fichas de uma outra sala. As autoridades ainda conseguiram descobrir parte das fichas furtadas e do dinheiro, tendo o Tribunal Judicial de Base (TJB) condenado os dois promotores a uma pena de quatro ano e três meses de prisão pelo crime de abuso de confiança. O TJB condenou ainda os homens a pagar uma indemnização ao patrão de mais de 42,6 milhões de dólares de Hong Kong, a restituição de fichas de casino no valor de 11 milhões de dólares de Hong Kong e dinheiro no valor de 130 mil. Ainda que estes bens tenham sido todos apreendidos nos autos, de acordo com o tribunal, o patrão da sala VIP celebrou, ainda enquanto o caso decorria, um acordo com um. Nesse acordo reconhecia que devia de mais de dez milhões de dólares australianos, tendo prometido, como o pagamento, o envio das fichas de jogo e dinheiro apreendidos no processo crime para a empresa. “Assinou ainda uma procuração, conferindo irrevogavelmente poderes à companhia, para que esta pudesse levantar directamente junto do Tribunal as fichas e o montante em dinheiro apreendidos nos aludidos autos do processo-crime”, pode ler-se no acórdão analisado pelo HM. Ao ataque Mas, em 2013 a Melco entra em acção e intenta um procedimento cautelar de arresto contra esse mesmo patrão. O juiz declara o arresto das fichas de jogo no valor de 11 milhões de dólares de Hong Kong e do montante em numerário, no sentido de garantir o cumprimento da obrigação no montante de 40,8 milhões de patacas que o patrão da sala deveria à Melco. Uma ordem do Tribunal de Segunda Instância, contudo, permitia que a empresa a quem eram devidos mais de dez milhões de dólares australianos ficasse com esses bens, considerando que estes já não pertenciam ao patrão e, por consequência, “não deveria ser decretado o arresto”. A Melco, por sua vez, interpôs recurso dessa decisão para o TUI. Este tribunal acabou por dar-lhe razão. O facto “de as fichas de casino não poderem ser objecto de direito de propriedade, já que constituem apenas um direito de crédito” foi uma das razões. “É de dizer que, na data em que foi decretado o arresto, os referidos bens não pertenciam à empresa, mas sim ao [patrão], podendo os mesmos ser arrestados. Face ao exposto, o tribunal julgou procedente o recurso interposto pela Melco Crown”, termina o acórdão. Croupier condenado por peculato O TUI condenou um arguido acusado de roubo de fichas por peculato com pena de três anos e nove meses de prisão. O processo decorreu entre Outubro de 2013 a Janeiro de 2014, altura em que o suspeito foi julgado pelo Tribunal Judicial de Base e foi dado como culpado pela prática em autoria material de 76 crimes de peculato. O arguido, juntamente com uma série de cúmplices, apropriava-se de fichas pertencentes ao casino onde trabalhava. O tribunal condenou-o a uma pena de sete meses por cada crime de que era acusado perfazendo uma pena única de seis anos de prisão, mas um recurso para o TSI resultou numa diminuição penal para um total de quatro anos e três meses de prisão. Ainda não conformado, o arguido recorre ao TUI que fixou a pena em três anos e nove meses de prisão.
Hoje Macau Manchete SociedadeUM | Descoberta “ajuda a entender” influência da Ciência Ocidental na China Um estudo recentemente descoberto por um professor da UM pode dar um novo entendimento sobre como a Ciência Ocidental foi introduzida na China durante a Dinastia Ming. O documento foi descoberto na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntónio Vasconcelos de Saldanha, professor da Universidade de Macau (UM), descobriu um documento que poderá ajudar a perceber como é que Ciência Ocidental chegou à China. A recente descoberta foi anunciada durante uma conferência na Universidade de Tubingen, na Alemanha, e remete para um diário pessoal do jesuíta Sabatino Ursis. Este padre foi um dos sucessores do Padre Matteo Ricci, geógrafo, cartógrafo e cientista renascentista italiano que esteve em Macau e que era considerado uma importante figura da corte na dinastia Ming. Sabatino Ursis trabalhou em parceria com Matteo Ricci e chegou mesmo a escrever um livro em Chinês. O manuscrito recém descoberto reforça como Sabatino Ursis discutia já problemas práticos e questões teóricas relacionadas com a Hidrologia e a gestão hídrica na sua obra. Aliás, o mesmo já tinha publicado em Pequim, em 1612, um tratado dedicado ao tema, intitulado “Hydromethods of the Great West”. Na altura, a divulgação foi patrocinada por “importantes figuras da dinastia” Ming, como indica um comunicado da UM, tendo mesmo um prefácio de Xu Guangqi – importante figura no intercâmbio cultural – antes de ser apresentado ao imperador Wanli. Segundo a UM, este estudo pode dar uma perspectiva mais abrangente de como os padres jesuítas influenciaram a introdução dos conhecimentos científicos ocidentais deste lado do mundo. De Portugal para cá Este manuscrito pertencia aos arquivos jesuítas em Macau, mas encontrava-se agora caído no esquecimento na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa, onde foi redescoberto e identificado pelo professor António Vasconcelos de Saldanha. O académico é especialista na História de Macau e da Companhia de Jesus, na China. O seu trabalho está a ser desenvolvido em associação com outros projectos de pesquisa “importantes e inovadores”, como indica a UM, sobre Ciência, Tecnologia e Medicina na dinastia Ming. Os jesuítas são tidos como uma referência no mundo das ciências e na divulgação de artigos científicos. Existem nomes sobejamente conhecidos, como é o caso de João Rodrigues, na área da Geografia, e Manuel Dias com o estudo “Uma explicação da Esfera Celestial”, datado de 1615. H.M.
Joana Freitas Manchete SociedadeImpressão a 3D | Revolução que começou há mais de 30 anos Foram criadas há mais de 30 anos, mas só agora estão a saltar para as luzes da ribalta. As impressoras 3D vêm com um carimbo de “revolução”, em descobertas que estão, essencialmente, a ajudar a melhorar a nossa vida. Em Londres, abriu esta semana o primeiro restaurante que recorre a impressão 3D [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ode pensar que as impressoras 3D chegaram agora, mas o facto é que estes objectos que começam a tornar a nossa vida mais fácil foram inventados já na década de 1980. Esta técnica de impressão está a revolucionar a indústria permitindo a criação rápida de chocolates e brinquedos, de casas e próteses, entre tantos outros produtos. Mas aquilo que aparenta ser uma tecnologia revolucionária completa, este ano, 32 primaveras. O que fez as impressoras 3D ascenderem à ribalta? Apesar da longa existência destes engenhos, a revolução aconteceu devido especialmente aos preços e à evolução dos aparelhos. A lentidão e imperfeição não ajudavam à utilização dos mecanismos na indústria e os equipamentos e produtos caros restringiam a criação: artigos simples eram a opção, apenas para completar grandes construções. Mais de três décadas depois, contudo, a tecnologia parece estar ao alcance do mercado, tendo aumentado a sua concorrência: de pequenas peças, passa-se agora a imprimir produtos inteiros, com algumas grandes marcas a prever que mais de 20% dos seus produtos sejam exclusivamente fabricados recorrendo a estas impressoras, segundo estudos de mercado e diversas notícias internacionais. Ainda ontem, foi notícia a abertura do primeiro restaurante exclusivamente dedicado à comida feita a 3D (ver texto ao lado). Mas as invenções sucedem-se e podem ser mais úteis do que nunca. As jóias, o carro e a casa Em 2011, vestidos da holandesa Iris van Herpen figuraram entre as 50 melhores invenções da revista americana Time. A estilista utilizou computador e impressora para criar roupa, sapatos e acessórios, mas já há quem venda biquínis e peças feitas com nylon, vidro, acrílico e até cerâmica. O mesmo tem acontecido com carros: em 2011, o Urbee foi lançado como o primeiro automóvel cuja carroçaria foi feita em 3D. Areion, um carro de corrida feito por um grupo de estudantes de engenharia belgas, foi o seguinte, podendo atingir uma velocidade até 140km/h. As impressões servem ainda para o fabrico de peças antigas, para carros que já não estão à venda. As casas foram também alguns dos itens que, assim que a evolução se deu, integraram a lista de produtos a fabricar por estas impressoras. Enrico Dini foi, de acordo com a revista Superinteressante do Brasil, um dos pioneiros, quando em 2007 criou uma mega-impressora 3D que usa areia e cola à base de magnésio para fazer casas. Não há nada de cimento, aço ou metal na obra, com a máquina – A D-Shape – a conseguir fazer casas em quatro vezes menos o tempo necessário normalmente. As ideias são inúmeras e podem passar por construir abrigos para sobreviventes de catástrofes e casas para população mais pobre. Comida é outra das grandes apostas, com algumas impressoras pioneiras a conseguir imprimir bombons de chocolate, nozes e avelãs. Agora, um novo mundo se abre com restaurantes dedicados especialmente a este tipo de cozinha. Na sala de operações Próteses, ossos, tecidos e até órgãos têm sido os bens mais falados recentemente no que à impressão a 3D diz respeito. Como relembra o jornal O Globo, os profissionais da área da Saúde, em particular, têm sido os mais rápidos a adoptar esta tecnologia, como uma forma de reduzir custos e melhorar os resultados. Os objectivos passam, por exemplo, por acabar de vez com a necessidade de transplantes. Implantes e próteses foram dos primeiras a ser fabricados. Mas há quem esteja já de olho na produção de tecido humano e órgãos. Anthony Atala, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, nos EUA recriou em laboratório a bexiga de sete voluntários, portadores de um grave defeito congénito. Segundo a Superinteressante, Atala usou células das próprias bexigas dos pacientes, injectou-as num molde e voltou a colocá-las nas pessoas. A experiência teve sucesso e a ideia é avançar com a criação de rins. A complexidade dos órgãos ou tecidos humanos criou um impasse. Mas a pergunta “como pôr a funcionar algo que é vivo?”, foi rapidamente respondida por uma equipa da Universidade de Harvard, que desenvolveu um método que permite a construção de tecidos formados por múltiplos tipos de células e com estrutura vascular. “A construção de grandes órgãos ainda está distante”, mas a evolução aponta para este sentido. Bio-impressão é o nome dado à técnica de impressão 3D que reproduz partes do corpo, como veias, cartilagens e pele. “A impressão 3D já provou o seu valor ao recriar uma variedade de tecidos anatomicamente idênticos aos naturais”, diz Michael Renard, vice-presidente da Organovo, empresa responsável pela criação da primeira bioimpressora 3D, em 2010. “Em pouco tempo, esses tecidos vivos funcionais poderão fazer a diferença no estudo de patologias ainda pouco conhecidas e, principalmente, na avaliação da eficácia e segurança de drogas ainda em fase de testes”, prevê, de acordo com a revista Superinteressante. A tendência é que a bio-impressão acabe também com a utilização de ratos, coelhos e outros animais nas investigações clínicas. Pais babados A criação da primeira impressora 3D é atribuída a Charles “Chuck” Hull, em 1984, mas uma investigação mais a fundo remete-nos para alguns anos antes. Em 1981, o japonês Hideo Kodama, do Instituto Industrial de Investigação de Nagoya foi pioneiro na criação de um modelo sólido idêntico ao que, três anos depois, Chuck Hull cria, em conjunto com a estereolitografia, que permite a criação de modelos 3D recorrendo a dados digitais. Poucos anos depois, Chuck Hull funda a 3D Systems Corp. e patenteia a sua criação. A empresa, que abriu portas à comercialização do produto, continua como uma das líderes de mercado actualmente. E o futuro? O que nos fazia querer estar a viver no futuro foi, afinal, um processo evolutivo que começou há mais de três décadas. Com base na invenção de Nagoya, Hull criou uma nova máquina e é com base nesta sua invenção que mais e mais investigadores se juntam ao processo de continuar a simplificar a impressão tridimensional. Mas, se enquanto a evolução é vista com bons olhos por uns, há outras criações que deixam alertas, mesmo que sem intenção. Como em todas as histórias, há um lado negro da impressão a 3D: “Liberator” é exemplo disso -uma arma de fogo completamente funcional, que utiliza balas reais e cuja “receita” está disponível na internet. Mas, os materiais já não se limitam ao plástico e a produção em massa está a bater à porta, bem como a utilização destas impressoras na casa de cada um de nós. Nas escolas. Nos hospitais. E em tantos outros lados. Para o bem e para o mal. Londres abre primeiro restaurante Em Londres abriu o primeiro espaço a servir exclusivamente pratos confeccionados a partir de uma impressora 3D. A notícia é avançada pelo Público, que explica que o Food Ink recorre pura e simplesmente à técnica de impressão a três dimensões para confeccionar toda a sua comida. Todo o processo acontece em frente aos clientes e, de acordo com a empresa, até os próprios talheres e mobília do restaurante foram construídos através de máquinas de impressão 3D. Segundo o Público, os ingredientes chegam em tubos e a impressora só consegue produzir sob a forma de uma pasta. Caviar de azeite, sobremesas de chocolate, biscoitos, ou humus são as possíveis opções do menu, com a cozinha a contar com a experiência de arquitectos, engenheiros, designers, artistas e “inventores e entusiastas de indústria e tecnologia”, afirma a empresa fundada por Antony Dobrzensky e Marcio Barradas. O restaurante quer passar por cidades como Berlim, Dubai, Seul, Roma, Tel Aviv, Barcelona, Paris, Amsterdão, Toronto, Nova Iorque, Las Vegas, Tóquio, Singapura e Los Angeles. Segundo alguns especialistas citados pelo Le Monde, há quem acredite que a impressão de comida em três dimensões poderá ser uma das soluções no combate às crises alimentares e fome. Como funciona? Modelo: antes de se criar um objecto, é preciso ter um modelo digital, que pode ser desenhado a 3D com um programa que, depois, o divide em diferentes camadas. Material: É aplicada uma fina camada da matéria-prima derretida sobre uma plataforma no interior da impressora. A matéria-prima, que pode ser resina ou plástico, por exemplo, endurece e forma a base do objecto, sendo depois sucessivamente colocadas mais e mais camadas do mesmo material. Produto: Com a sobreposição das matérias-primas, o objecto começa a formar-se. A impressão pode levar de poucos minutos a algumas horas e há até máquinas que, após a criação do produto, passam-no por uma fase de polimento Sabia que… A primeira réplica de um coração em 3D ajudou, em Março, ao planeamento de uma cirurgia num bebé de nove meses? A impressão em 3D é utilizada em diversos filmes para a produção de acessórios e decoração? A Estação Espacial Internacional tem uma impressora 3D a bordo para substituir eventuais partes danificadas de forma mais rápida, mas também para comida? Há uma impressora 3D no mercado (a Photonic Professional GT) que é capaz de criar objectos tão finos quanto um cabelo humano?